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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

FEIRA DO LIVRO DE NATAL

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

A Câmara Catarinense do Livro divulgou, no último final de semana, a realização da 24ª Feira do Livro de Florianópolis, a acontecer de 9 a 20 de dezembro, no Largo da Alfândega, pertinho do Mercado Municipal. É uma feira especial de Natal e além dos livros para a gente se presentear e dar de presente, haverá atrações paralelas, como apresentações de corais, de Boi-de-Mamão, folclore tradicional da região, de Jazz, de Ternos de Reis e grupo de flautistas.
A Câmara Catarinense do Livro havia colocado dúvida, no ano passado, quanto à continuidade da realização de duas feiras do livro por ano, mas a verdade é que, apesar da sentida ausência de grandes nomes da literatura para abrilhantar o evento, esta é segunda edição da feira este ano.
Nos anos anteriores, a Câmara sempre disponibilizou um estande para os escritores catarinenses colocarem seus livros à venda e realizar sessões de autógrafos, sem que aqueles que usufruíam do espaço tivessem que pagar qualquer taxa à anfitriã. Na primeira feira deste ano, o estande para os escritores catarinenses foi disponibilizado, mas foi cobrado uma taxa de cada um que fez uso do espaço.
No comunicado da Câmara aos escritores, convidando para participação na feira, ela apenas disponibiliza o estande Escritores Catarinenses, mas não fala em cobrança.
Vamos ver como vai ser.
O Grupo A ILHA estará participando, como sempre. No dia 19, das 16 as 18 horas, estaremos fazendo o lançamento do novo livro de crônicas “Aphrodite e as Cerejeiras Japonesas”, a nova edição revista e ampliada do Livro de Natal e a edição 111, especial de Natal, da revista Suplemento Literário A ILHA.

domingo, 29 de novembro de 2009

CORUPÁ E A HIDRELÉTRICA




Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Existe um projeto de criação de uma PCH – Pequena Central Hidroelétrica em Corupá, no Rio Bruaca, antes da cachoeira do mesmo nome, aquela que a gente vê quando está chegando na cidade. Acontece que, apesar da promessa de que os impactos ambientais serão pequenos, eles existirão. E não é só isso. A Cachoeira da Bruaca, uma das mais belas de Corupá, terá seu volume de água diminuído, pois parte dele será desviado para a hidroelétrica.
O projeto já foi apresentado para as lideranças políticas da cidade e à comunidade, em setembro e os estudos dos impactos ambientais estavam sendo realizados, com conclusão prevista para outubro. Com o relatório desses estudos, será realizada uma audiência pública, em fevereiro ou março, para aprovação ou não do projeto. Caso aprovado, a construção da hidroelétrica no Rio Bruaca será iniciada em outubro de 2010, com duração prevista de oito meses.
A defesa da empresa que administrará a PCH Corupá é de que o município aumentará a receita em trezentos e quarenta e três mil reais e que Corupá deixará de ser ponta de linha do fornecimento de energia, evitando, assim, quedas de energia e apagões.
E esses apagões são tão constantes assim em Corupá? Como será feita a comercialização gerada na pequena hidroelétrica? Essa energia estará disponível para consumo da cidade? Como seria feita essa integração para fornecimento entre a Celesc e da PCH?
Essas são algumas das perguntas de pobres mortais leigos no assunto, que não foram respondidas ainda, pois o relatório de impactos ambientais não está disponível.
E o patrimônio ecológico e natural da cidade, do qual faz parte a Cachoeira da Bruaca, a primeira de dezenas delas que todos podemos ver quando estamos chegando à cidade – quem vem do sul – e que terá o volume de água diminuído? O impacto ambiental que essas mudanças causarão, valerá a pena?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

LIVRO & LEITOR

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor -Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Num desses programas que mostram costumes e tradições singulares de países vários, vi uma prática que me chamou a atenção. Num país distante – não me perguntem qual, pois infelizmente não lembro – chás de bebês têm um detalhezinho diferente daquele que conhecemos e praticamos aqui no Brasil. As pessoas convidadas que comparecem ao chá dão de presente para o bebê que está para nascer e para os pais – adivinhem o quê? Livros! Isso mesmo: os convidados dão livros de presente, livros que representaram muito na vida de quem os está dando, aqueles considerados os melhores e mais importantes, e que poderão acrescentar algo à vida da criança que está chegando. Não é fantástico?Ao invés de levar apenas um pacote de fraldas, uma roupa, um brinquedo – que serão consumidos rapidamente – dá-se um presente para a vida inteira.No Brasil, um grupo de pessoas reúne livros – pede doação, recolhe-os aqui e acolá – e junta obras de vários gêneros para sair à rua, de madrugada, e distribuir àqueles que trabalham à noite ou moram na rua.São idéias geniais para incentivar a leitura, começar a formação de novos leitores e, conseqüentemente, tornar mais fácil o acesso ao conhecimento e à viagem nas asas da fantasia e da imaginação.Eu ousaria sonhar mais, espichar essas boas idéias, apanhando crianças nas periferias das nossas cidades, das áreas mais carentes, onde nem as escolas têm bibliotecas, para levá-las a conhecer e freqüentar uma verdadeira biblioteca. É certo que seria muito melhor levar a biblioteca até elas, e já fiz isso – levei livros meus, do meu acervo particular e também os muitos livros infantis e infanto-juvenis e os didáticos das minhas filhas que já cresceram, - para iniciar bibliotecas em escolas do interior, onde elas não existiam. Mas enquanto as bibliotecas não são realidade em todos os lugares onde há crianças estudando, há a necessidade de que alguns de nós leve essas crianças até onde existam livros para que elas possam usufruir deles.As idéias são boas, tanto a de doarmos os livros que temos em casa e que ninguém abre, para iniciar uma biblioteca numa escola que não a tem, como levar as crianças que não têm acesso aos livros até onde eles estão. O que é preciso para melhorá-las, é colocá-las em execução, como aquele pessoal pioneiro, que de dia pede livros a quem quiser doá-los e de madrugada os leva para aquelas pessoas que trabalham à noite ou que vivem nas ruas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O SOM DA POESIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Sempre gostei de ouvir alguém declamar um poema - alguém que saiba fazê-lo. Há muita diferença em ouvir alguém ler um poema e ouvir alguém declamar um poema. A leitura, pura e simples, quase sempre deprecia o poema, não lhe faz jus. Ao contrário, uma declamação bem feita, apropriada, valoriza o poema.
Infelizmente, a arte da declamação é cada vez menos praticada. A arte de saber dizer um poema é cada vez mais restrita a uns poucos privilegiados e é uma coisa que não há onde aprender. Não existem cursos, é uma qualidade nata, que algumas pessoas têm. Eles só precisam ser descobertos, precisam ter oportunidade de desenvolver o seu talento.
Temos muita necessidade de que existam pessoas que saibam dizer poemas, que saibam recriar a emoção e a sensibilidade que o poeta imprimiu em seus versos, arrancar todo o significado das palavras.
Porque eles são muito poucos, nos dias atuais, em que tanto precisamos de um pouco de poesia em nossas vidas. Eles existem, mas são poucos.
Tenho alguns amigos comunicadores que trabalham no rádio, que sabem declamar poesia, pois já o fizeram em seus programas. Eles dão vida aos poemas de poetas consagrados, mas também dão espaço ao trabalho de poetas novos como nós. Declamar é um dom. Acho que quem tem esse dom é abençoado, por conseguir dar som e significado aos nossos versos, por conseguir fazê-los encontrar o caminho que os leva direto ao coração de quem ama a poesia.
Por tudo isso, reputo de grande importância o concurso anual de declamação que existe em Jaraguá do Sul, cidade ao norte de Santa Catarina, pois ele faz com que pessoas que têm esse dom sejam reveladas e sua arte possa chegar até nós. Sempre no mês de julho, em pleno frio do inverno, os jaraguaenses ganham o calor do som e da força da poesia. Há também outros eventos em que a declamação tem relevante importância, quando não se reduz apenas à leitura do poema: no saraus, que voltaram à voga em Santa Catarina, em São Paulo, no Paraná e outros estados. Também nas Feiras de Arte, como em Joinville, onde existia o “Palco da Liberdade” e os poetas podiam subir lá e dizer os seus poemas ou de outrem – talvez não declamar, mas pelo menos lê-los. E é assim, havendo oportunidade, que surgem os bons declamadores.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

AS LIVRARIAS TRADICIONAIS E AS NOVAS LIVRARIAS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Assisti, novamente, ao filme “Mensagem para você”, uma comédia leve, divertida, quase verossímil. Não que seja um grande filme, mas ele mostra, como cenário do romance das personagens principais, a ascensão de uma livraria e a queda de outra.
Há duas cenas marcantes no filme, pelo menos para mim. A primeira é a visão da livraria tradicional, com dezenas de anos de existência naquele lugar, vazia, no apagar das luzes, no cerrar das portas, depois de ter sido esmagada pela mega-store dos livros que fora inaugurada perto dela. A livraria, com as prateleiras vazias, deserta, apenas com a dona olhando em derredor, relembrando os bons tempos quando vendiam livros para toda a comunidade, é de uma solidão e uma tristeza infinitas. Quase comparável à incomensurável solidão do menino robô de “Inteligência Artificial”.
A outra cena é o oposto da primeira: a dona da livraria tradicional, que tivera a sua casa fechada, visitando a mega-livraria que roubara seus clientes-leitores. Passeando pela seção de livros infantis, ela viu crianças, muitas crianças, algumas de pé nas prateleiras, outras sentadas às mesas, outras sentadas pelo chão, todas folheando livros. A visão daquelas crianças em meio àquela imensidão de livros parecia quase redimir a super-livraria de ter causado a sua queda.
Essas duas imagens me chamaram a atenção por serem antagônicas e ao mesmo tempo semelhantes. Explico: a livraria tradicional, aquela que conhecia todos os clientes, a família desses clientes, vendia os livros para todos da família, desde a criança menor, começando com o livro infantil, praticamente sem texto, contando histórias quase que apenas com ilustrações, passando pelos estudantes, com os livros didáticos e juvenis, até os pais, com os livros técnicos, literários, religiosos, etc. Essa livraria chamava os clientes-leitores pelos nomes, sabia o que cada um gostava e por isso dava um atendimento personalizado, mais que isso, amigável.
Hoje, as mega-livrarias já não conseguem essa quase intimidade com o leitor, mas tem muito mais variedade e espaço para oferecer. É claro que, falando em variedade, deveríamos falar também em qualidade, mas o conteúdo dos livros publicados atualmente é assunto para outra crônica. Quanto ao espaço, há mais conforto nas grandes lojas de livros atuais e elas ainda oferecem produtos diferenciados, como o café, o chá, o lanche, o birô de informática, com internet, etc.: elas se transformaram no que muitos de nós, leitores de carteirinha, esperávamos há muito tempo – ponto de encontro de leitores (e por que não de escritores?) para comentar obras lidas, dar e receber indicações de leitura, trocar idéias, fazer amizades.
Eu ainda preferiria a livraria antiga, aquela em que a gente era amigo do dono, mas reconheço que a evolução pode e deve ser benéfica. Se considerarmos que o livro rompeu a barreira das paredes da livraria convencional e foi se colocar à disposição do leitor nas bancas de revistas (por preços menores!), nos supermercados, farmácias e até nas caixas automáticas, feito jornal, na rua, a transformação pela qual as casas de livro passaram e estão passando é natural.
Uma coisa com a qual continuo não concordando é o preço do livro: ele ainda é um produto – de primeira necessidade – muito caro. Digo de primeira necessidade, porque todos nós precisamos dos livros para estudar, para aprender, para adquirir o conhecimento mínimo necessário desde os primeiros anos das nossas vidas.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

GARRAFAS LITERÁRIAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Vi, outro dia, uma notícia que refrigera a alma da gente, que vive tentando achar maneiras de propiciar que leitores em formação, mesmo adultos, tomem gosto pela leitura.
Uma professora de uma escola municipal de Jaraguá do Sul, no norte de Santa Catarina, seleciona textos literários, como contos, crônicas, poemas, histórias infantis e os coloca dentro de garrafas pet. Depois, ela coloca tudo dentro de um carrinho de supermercado e sai a distribuir pelas salas de aula, para que as crianças levem para casa e leiam junto com pais e irmãos, com a vizinhança. A cada mês, a professora seleciona os textos de acordo com o nível das classes, coloca nas garrafas e distribui. Há alunos que fazem até resumo dos textos, de tanto que gostaram da ideia.
Não é fantástico? Fico impressionado a cada nova ideia nova que surge para difundir a leitura, e essa é muito original. Além dos textos que a professora coloca dentro das “garrafas literárias”, ela convence a criançada a levar, também, para casa, revistas que ela arrecada aqui e ali, de notícia e informação e até de quadrinhos
A iniciativa é uma variante do “passe adiante”, que já foi tentando algumas vezes com livros, e a professora tem tido sucesso, pois além das famílias dos alunos, parentes e amigos, os textos são repassados até para estranhos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SAUDADES DE QUINTANA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Assistindo a um programa sobre Mário Quintana, senti uma saudade infinita daquele velho menino jovem (ou seria jovem menino velho?), a poesia personificada, viva e eterna. Nunca o conheci pessoalmente, conheço apenas a sua obra, conheço-o apenas pela sua poesia, mas consigo, através dos seus versos, vislumbrar o ser humano. E agora, vendo as entrevistas mostradas neste programa, vem-me a impressão de já tê-lo encontrado, de já ter convivido com ele e então sinto uma saudade imensa.
Só fui a Porto Alegre, terra onde o mágico artista das palavras viveu a maior parte de sua vida, bem depois da morte dele, e me surpreendo com esta saudade enorme que sinto do menino poeta. É interessante ter saudades de alguém que você nunca viu de perto. Mas é possível. Coisa de Quintana, tão lírico e tão travesso, construtor de emoções. Não é à toa que seus eternos cantares cativaram tantos leitores pelo Brasil afora, quiçá pelo mundo.
Ele sempre dizia que a sua poesia não era um simples exercício de ficção, que cada poema seu era uma confissão sua. A poesia era ele, ele era a poesia. Então, em se tratando de Quintana, é plausível, conhecendo os seus versos e a sua prosa cheia de poesia, que eu tenha conhecido o poeta. E é natural, conseqüentemente, que eu sinta saudades dele.
O grande poeta, perguntado sobre qual seria o seu maior sonho, certa vez, respondeu: “Fazer um bom poema”. Talvez aí resida toda a sua grandeza: ele não só era humilde, era simples e autêntico, verdadeiro como a sua poesia.
Quando morresse, “levaria junto apenas as madrugadas, por-de-sóis, algum luar, asas em bando, mais o rir das primeiras namoradas”, como ele mesmo escreveu.
E como diria Érico Veríssimo: “Vou revelar a vocês um segredo: descobri outro dia que o Quintana, na verdade, é um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao vestir o casado, suas asas ficam de fora”. Quem ousaria desmenti-lo?
Outros poetas, aprendizes, como tantos, passarão. Quintana, o nosso menino Quintana, nosso eterno Quintana, apenas passarinho...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FESTA DAS CORES


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Primavera é tempo de cores e de natureza e é tempo de festa na Cidade das Flores. O ipê já brilhou e se foi, com seus vários sóis a refletir ouro por toda a cidade. Mas os jacatirões estão se enchendo de pétalas, colorindo todas as matas e encostas até o meio do verão, dando as boas vindas à Festa das Flores de Joinville. E a orquídea, rainha das flores, vai exibir toda a sua beleza e majestade na festa mais tradicional da cidade. São milhares de exemplares, da menor a mais encorpada, de todas as cores, de todos os tipos. É uma diversidade imensa de formas e cores.
A 71ª edição da Festa das Flores de Joinville marca a volta de um dos maiores eventos da cidade para o Complexo Expoville e também traz algumas novidades, a principal delas no que diz respeito ao conceito, pois agora já não se restringe apenas à exibição de flores, o que já é um grande motivo para visitá-la, mas também agrega atrações culturais, como música e dança e também gastronomia.
E a festa merece ser ampliada, pois é um dos patrimônios culturais mais importantes da cidade, o grande motivo para que Joinville continue ostentando o título de Cidade das Flores em âmbito nacional. Visitantes de todo o Brasil e também de outros países vêm para admirar a beleza das flores que desfila pela vitrine que é a festa.
Precisamos trazer de volta também a poesia para a Festa das Flores, como o Grupo Literário A ILHA fazia nos anos 80 e 90, quando ganhava um estande para exibir o seu Varal da Poesia especial, só com poemas dos poetas da praça em homenagem à cidade e às flores. Até lançamentos de livros de poemas foram feitos naqueles espaços poéticos. Quem sabe pensamos nisso para a próxima edição?
Dos muitos poemas exibidos no Varal da Poesia, um era “Festa das Cores”: Na esquina do sol / e da chuva, / na esquina das cores, / brota uma cidade: / a Cidade das Flores. // Joinville da poesia, / da primavera sem fim, / Joinville dos sotaques... // Em todas as estações, / ela se banha de luz / e floresce a orquídea, / a azaleia, a petúnia, / o ipê, o jacatirão. / E é a festa das Cores...
Venha para Joinville, até o dia 22, e aproveite para encher os olhos com a beleza das orquídeas e tantas outras flores e comemorar os 180 anos de imigração alemã da cidade.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

RETALHOS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Até ontem eu estava viajando. Hoje estou de molho porque fiz uma cirurgia na boca – um enxerto que não ficou bom – então vou de retalhos.
Primeiro, minha crônica sobre a “seleção” de escritores que escolheu a si própria, com exceção de dois dos componentes, para ir à Feira do Livro de Porto Alegre, não foi publicada no meu espaço como cronista no AN de sexta-feira passada. A justificativa foi a de que eu estava “legislando em causa própria”. A referida crônica foi primeiramente publicada aqui no blog e depois em vários jornais aqui no Estado e pelo país, como Roraima em Foco, Repórter Diário, de São Paulo, Folha do Espírito Santo, Gazeta New, de Aracaju, Jornal União, de Tocantins, São José em Foco e Jornal Notícias do Dia, daqui da grande Florianópolis, então vocês sabem o teor dela.
Outra coisa é a história da moça da minissaia, aluna da Uniban. Os alunos foram preconceituosos, a universidade não soube lidar com o assunto e todos ajudaram a promover a garota, que está em evidência e era isso mesmo que ela queria. Vai até posar para uma grande revista, então a “exposição” deu certo.
Mas já encheu o saco. Faz semanas que não se fala de outra coisa. Vi um jornal, semana passada, que tinha uma crônica sobre o assunto na página de opinião, tinha uma carta sobre o mesmo assunto na seção de cartas, mais uma coluna abordou o mesmo assunto. E ainda hoje continuam falando sobre o assunto. Não há nada mais importante para se falar? Vou mudar de assunto que eu também estou chovendo no molhado.
Eu disse que estava viajando, lá no início, pois não? Estive em Corupá e Jaraguá. E lá no norte do Estado, finalmente as árvores de jacatirão nativo, que por lá são muito numerosas, finalmente estão começando a florescer. Estão atrasadas, deveriam ter começado no final de outubro, então já faz quase um mês, mas dou as boas vindas às cores dessa árvore tão bela e tão generosa, que espalha flores brancas, vermelhas e lilazes por todo o nosso caminho.
O ipê floresceu até o começo do mês, em raios dourados muito rápidos, embora cheios de beleza, pois choveu e as flores caíram mais rápido. Uma pena. Mas o jacatirão fica mais tempo colorindo a vida da gente, ele comemora o Natal e dá as boas vindas ao novo ano, entrando pelo verão afora.
Então era isso. Nem vou dizer pra vocês que Stela fez camarão na moranga, porque na verdade estou à base de líquidos e pastosos, então não vou comer, mas vou pedir pra congelarem um pouquinho para eu comer depois.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

NOVAS LETRAS PARA VELHAS CANÇÕES

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor e editor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Em uma de minhas crônicas, um tanto polêmica, falei das canções infantis tradicionais, aquelas que vem sendo cantadas por crianças de sucessivas gerações o que me lembra outra crônica, mais polêmica ainda, sobre as fábulas, os contos de fadas importados e antigos que encantam nossas crianças.
O tema foi polêmico, porque mencionava as letras de canções como "Atirei o pau no gato", "O Cravo brigou com a rosa" e outras mais, onde encontramos cenas de violência em cima de músicas gostosas e cadenciadas. Recebi muitas mensagens, de pessoas que concordavam, de outras que nunca tinham parado para pensar mas perceberam que realmente havia alguma coisa e de outras que achavam que era exagero.
Achei ótimo ter provocado uma discussão a respeito e essa discussão ter resultado em mudanças, que podem ser até localizadas, mas que já começaram a acontecer. E o melhor resultado disso foi uma matéria em um programa na TV a cabo, atingindo todo o país, sobre as inovações implantadas nas conhecidas canções infantis por professores e educadores aqui de Florianópolis. E o programa tem o poder de difundir a idéia, de disseminar a novidade.
A matéria mostrava educadores de crianças na pré-escola, cantando com suas crianças aquelas mesmas famosas canções infantis que tínhamos denunciado pelo conteúdo aparentemente inocente, embora tendendo à violência, mas com letra reescritas, repensadas. Politicamente corretas, como disseram, termo que eu nem considero muito simpático, embora talvez seja apropriado.
"Atirei o pau no gato" ficou mais ou menos assim: "Não atirei o pau no gato / porque isso não se faz / O gatinho é nosso amigo / Não devemos maltratar os animais / Jamais!" E "O cravo brigou com a rosa..." está sendo cantado assim: "A rosa deu um remédio / e o cravo logo sarou / O cravo foi levantado / E a rosa o abraçou." Não ficou melhor? Transmite uma mensagem positiva e a música continua gostosa e vibrante.
O "boi da cara preta" virou "boi do Piauí" e por aí vai. As crianças gostaram, pois perguntadas pela reportagem, disseram que preferiam as novas versões, como "NÃO atire o pau no gato" e explicaram o porquê.
Uma doutora em educação, perguntada a respeito pela repórter, disse não concordar porque acha exagero pensar que as crianças possam ser influenciadas pelas letras das músicas. Eu peço licença para discordar, porque as próprias crianças já responderam a ela, crianças de dois, três, cinco anos. Quando pediram a elas que justificassem porque preferiam as novas versões, responderam que não se deve maltratar nenhum animal, nenhum ser vivo, nunca. Então não é correto dizer que as crianças não prestam atenção ao conteúdo das letras. Elas entendem, sim, e até copiam. Elas são pequenos discos rígidos vazios que gravam tudo.
Melhor se pudermos passar-lhes boas mensagens, para que sejam adultos mais responsáveis amanhã.

sábado, 14 de novembro de 2009

UM ESPETÁCULO DE DANÇA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – HTTP://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Acabo de chegar do TAC – Teatro Álvaro de Carvalho, da capital, onde fui assistir um espetáculo de dança contemporânea. Trata-se de “Resiliência”, apresentado por Uma Companhia de Dança”, um dos grupos dos quais minha filhota Daniela participa. O grupo é composto por mais oito bailarinas.
“A concepção do espetáculo surgiu após a pesquisa de biografias de pessoas que tiveram a vida marcada por tragédias e conseguiram reagir aos desafios, desenvolvendo habilidades para suas vidas. Só é possível ser resiliente quando se tem esperança no futuro e são as situações de desafio que fazem com que essa capacidade se desenvolva”.
Pois o grupo Uma Cia. de Dança soube enfrentar muito bem o desafio, uma vez que apresentou um espetáculo sensacional, uma performance que prendeu a atenção dos espectadores durante todo o seu desenrolar e fez com que a audiência aplaudisse de pé, ao final.
Então fico eu cá orgulhoso pela dedicação e pela seriedade com que Daniela e seu grupo encaram a dança, preparando peças que nos proporcionam imenso prazer ao apreciá-las.
Se houver oportunidade, numa próxima apresentação não deixe de conhecer. É um trabalho magnífico.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

VENDER LIVROS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://luizcarlosamorim.blogspot.com

Vocês lembram das “paradas de sucesso” no rádio, na televisão, as listas de discos mais vendidos e executados em revistas e jornais, anos atrás? Pois é. Alguns discos acabavam vendendo porque estavam nos primeiros lugares, pela sugestão da mídia, por martelarem tanto no rádio na TV. A super exposição acabava fazendo com que nos surpreendêssemos cantando músicas que, de princípio, não gostávamos. Nem sempre era verdade que o disco era o mais vendido, mas aparecia em boa colocação (alguém “talvez” pagasse para que ele aparecesse nos primeiros lugares), justamente para induzir a venda.Um fenômeno parecido acontece com os livros. E com os filmes, também. Tudo o que é “campeão de bilheteria” nos Estados Unidos passa a ser sucesso também aqui. E até o que não se deu bem lá fora, com uma boa campanha, faz sucesso aqui, nem que seja em vídeo.Numa matéria sobre mercado editorial de um grande jornal, leio que as grandes livrarias cobram pelo destaque que é dado a alguns livros nas prateleiras que se constituem em espaço “nobre” em relação ao leitor que entra nela. A máxima “quem é visto é lembrado” aqui funciona como uma boa ferramenta de marketing, pois quem vai à livraria sem saber de antemão o que vai comprar, vai acatar as dicas que estiverem mais visíveis, com certeza. E os livros acabam vendendo, justificando a despesa da editora que pagou uma taxa à livraria para que o livro ficasse no caminho do leitor.As editoras pagam taxas, também, para expor títulos seus em lugares de destaque nos sites das livrarias virtuais, pois a venda de livros on-line é uma realidade no Brasil.Aí emerge a questão da qualidade da obra. Já aconteceu a você, leitor, de comprar um livro influenciado por propaganda, por estar semanas entre os mais vendidos, por estar exposto em lugar privilegiado na livraria que freqüenta e, depois de começar a lê-lo descobrir que ele não é aquela obra-prima alardeada aos quatro ventos? Só que então o livro já foi comprado e vai engordar as estatísticas dos mais vendidos.Isso não é muito raro, pois campanhas caras e eficientes são feitas, principalmente para os livros importados, que já vêm com o material de divulgação atrelado à obra. E um produto bem promovido e com apresentação impecável vende. É claro que o livro não é como um outro produto qualquer, pois você compra apenas um. Se fosse como um produto comum de consumo continuado, compraríamos um e, verificando que por trás da boa aparência não existe qualidade, não compraríamos mais. Mas livro a gente só compra um. Se o conteúdo não for bom, se não conseguirmos lê-lo todo, não há como devolver, ele já estará aumentando a quantidade de exemplares vendidos, aumentando o seu sucesso.A gente aprende, com o tempo, a procurar saber alguma coisa sobre a obra antes de comprá-la, mas muitos são induzidos a adquirir títulos que farão com que se sintam frustrados, ao lê-los. Há quem compre o livro para ler apenas o prefácio e a orelha, para poder dizer que leu, mas isso é outra história.Luta-se pela divulgação e distribuição do escritor regional, sem sucesso, enquanto campanhas milionárias, inclusive encarecendo o preço final do livro para o leitor, são feitas para obras que, às vezes, ou vendem-se por si só, porque são boas, ou não merecem todo o aparato em volta delas.Gostar de ler é, também, saber escolher.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DIREITO AUTORAL EM DISCUSSÃO

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Aconteceu, em São Paulo, nos últimos dias 9, 10 e 11, o 3º Congresso de Direito Autoral, movimentando a área da cultura em debates sobre a revisão da lei de direitos autorais. O governo federal apresentou texto que pretende seja a base da nova legislação e que não agradou a todos os interessados. Alguns acham que o Estado está interferindo naquilo que é um direito privado. Outros apoiam, porque acham que a legislação antiga estava prejudicando os produtores de cultura.
Algumas mudanças propostas pelo Minc: Criação do Instituto Brasileiro do Direito Autoral, com o objetivo de atuar na mediação de conflitos que tratem de direitos autorais; a entidade vai dizer se a tabela de preços, os regulamentos de cobranças e a arrecadação são adequados. O Instituto fará cumprir normas do setor e assegurará equilíbrio e o pleno exercício dos direitos autorais. Vai, também, se manifestar judicialmente e extrajudicialmente em relação a questões relativas ao direito do autor. Terá o poder de estimular a criação de entidades de gestão coletiva e organizar e regulamentar registro de obras. Cobrará “eficiência e economicidade” das associações e “razoabilidade” na distribuição dos valores aos titulares e exigirá demonstração documental. Vai se pronunciar sobre a renovação de concessões de organismos de radiodifusão.
Segundo a organização do evento, o congresso terminou com “consenso em torno da necessidade da criação de um órgão estatal regulador para o tema”, conforme publicado hoje no site do Estadão. Embora o governo tenha sido criticado pelo “intervencionismo” em parte de sua proposta.
A verdade é que, pelo que se pode observar, o tal congresso só discutiu direitos autorais relativos à musica. Não se fala nada do direito autoral do escritor, da obra literária. Não era para se discutir o direito autoral de qualquer obra de arte e cultura? E a literatura? Vai continuar tudo igual?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Torna-se cada vez mais difícil educar nossos filhos, pequenos e adolescentes, diante da corrupção, irresponsabilidade e falta de vergonha na cara daqueles que deveriam dar exemplo de retidão e correção neste país. Como esperar que os jovens de hoje se tornem adultos dignos e honestos com a falta de ética e de moral grassando por todos os lados, começando pelos detentores do poder, as autoridades que comandam os destinos e o futuro de nossa gente e de nossa terra?
Só para exemplificar, cito um dos tantos casos: aí está o escândalo com o presidente do Senado sob uma enxurrada de acusações graves – e segundo a mídia, acusações com provas – e ele continua no cargo, acabando definitivamente com a credibilidade que o Congresso poderia ter junto ao povo, os eleitores, seus representados. Esse é o Brasil que queremos, onde a corrupção e a impunidade são lugar comum?
Há muito mais, mas só isso já seria demais para manter o equilíbrio entre o bem o mal, entre o certo e o errado. E a corrupção e a impunidade ainda trazem, atreladas a elas, a violência. Violência que se dissemina dia a dia, em todas as áreas, banalizando-a cada vez mais. É esse o futuro que queremos para nossas crianças?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A EFICIÊNCIA DA POLÍCIA RODOVIÁRIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Existem coisas que a gente não consegue entender – ou consegue entender mas não aceita, tão absurdas são. Fomos ao enterro de um tio meu, à tarde, no cemitério de Barreiros. Era meio da tarde e chegamos quase na hora do sepultamento, então as vagas para estacionar que havia dentro da área do cemitérios já estavam todas ocupadas. Tivemos que deixar o carro na marginal da 101. E já havia muitos, muitos carros estacionados e chegando mais.
Após o enterro, quando voltamos para pegar o carro, percebemos que havia um carro da polícia rodoviária passando pela marginal bem devagar. Temíamos que eles estivessem anotando as placas para multar, mas não queríamos acreditar nisso, porque mesmo que não fosse permitido estacionar na marginal, era força maior, tínhamos um ente querido sendo sepultado e dava pra ver que não havia mais lugar dentro do cemitério. Naquela tarde ou naquela hora da tarde havia duas pessoas sendo sepultadas, então dá pra imaginar a quantidade de gente que havia lá.
Algumas pessoas que estavam vindo pegar o carro para ir embora, como nós, também queriam saber o que estava acontecendo e fomos perguntar aos policiais. Sim, estavam multando.
Não sei quanto à lei, mas na referida rua, marginal da 101, não havia nenhuma placa proibindo o estacionamento. E parece muito fácil multar carros que estão ali por não mais de uma hora e apenas porque não há outra alternativa. As pessoas que vieram para se despedir de um parente ou amigo que se foi, não podem deixar o carro estacionado naquela marginal por uma hora, mas em ruas mais movimentadas no centro e periferia da cidade, carros estacionam em fila dupla, estacionam em cima da calçada, obrigando o pedestre a passar pela pista de rolagem, correndo o risco de ser atropelado, e não há ninguém para multá-los.
Não é interessante?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A OPORTUNIDADE DOS CONCURSOS LITERÁRIOS

Apesar da quantidade expressiva de livros de autores novos que vem sendo publicados nos últimos anos, grande parte publicada às expensas do próprio autor, existem muitos escritores, a maioria sem nenhum livro publicado ainda, com seus originais à procura de uma editora ou de uma maneira alternativa de publicar sua obra. Para muitos, o custo da edição de um livro não é compatível com suas posses, e custear o próprio livro pode ser uma grande decepção, pois a qualidade do conteúdo pode não ser a ideal, o que é comum, e as vendas podem não acontecer.
E as editoras, cada vez mais têm menos disposição em investir em autores novos, coisa que significa arriscar recursos que poderiam ir para uma reedição de livro de sucesso, de livro de autor conhecido ou de um título importado com venda garantida.
Mas voltando a falar da qualidade do conteúdo, uma alternativa para conseguir a publicação de um livro - e de quebra a avaliação de quem entende do assunto - quase sempre - é a participação em concursos literários. Para os escritores novos, que estão com a gaveta cheia e produzindo mais, qualquer que seja o gênero, a melhor maneira de ter a qualidade da sua obra reconhecida - se essa qualidade existir, é claro - é ficar atento a todos os concursos que aparecerem e participar: enviar um, dois, três textos, um livro inteiro, conforme for solicitado.
Mesmo que o prêmio não seja a publicação de um livro, mesmo que seja apenas um certificado, um troféu, a participação em uma antologia, o escritor deve participar. Não deve pagar taxas de inscrição exorbitantes, mas devem participar. No que diz respeito a participação em antologia, quando for o caso, atenção: não pague para entrar nela. Se o concurso oferece a publicação em antologia, não há o que cobrar, pois é prêmio. Se tentarem cobrar, o concurso não é honesto, é apenas fachada para vender páginas em antologias que não têm qualidade nenhuma, via de regra, pois não há seleção.
O fato de ter um trabalho ou uma seleção de textos classificado e premiado, seja qual for o prêmio, indica que o autor está no caminho certo, que a sua obra deve ter alguma qualidade e que ele terá boas chances em outros certames. Esse reconhecimento dá mais segurança para que haja continuidade na produção. E sabemos que quanto mais praticamos, mais poderemos melhorar no que fazemos.
Se o prêmio for a publicação de um livro, tanto melhor, teremos reconhecido o nosso talento e teremos o ponto de partida, qual seja a nossa obra na praça. Por isso, é interessante ficar de olho nos concursos que aparecem e participar daqueles que contemplam os gêneros que praticamos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

IPÊ AMARELO


Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje, ao descer a minha rua, notei que ela tinha o seu próprio sol, um sol particular.Um ipê floriu espetacularmente e rivalizou bravamente com o astro-rei, que proporcionou um calor muito grande, como nos últimos dias, diga-se de passagem, antecipando o verão. Estamos na primavera, mas até parece verão.
Fico extasiado com o fato de poder contemplar um espetáculo tão grandioso. A natureza nos oferece dádivas imensas, coisas que só ela mesmo pode criar. Não há nada como a beleza e majestade de um imenso ipê todo coberto de flores, todo coberto de luz, a iluminar nossos olhos e nossa alma. Temos o ipê roxo, o ipê rosa, o jacatirão, mas as flores chamejantes de luz a resplandecer seus raios sobre nós, filhos da terra, e os tapetes dourados estendidos pelos nossos caminhos, só o ipê amarelo pode proporcionar.
Minha rua, ontem, hoje e amanhã, tem seu próprio e reluzente sol e nós, caminhantes dela, temos calçadas que são tapetes de luz. Depois, não sei, pois o tempo promete chuva. Mas um Midas – posso chamá-la assim, Mãe Natureza? – passou pela minha rua e tocou nela transformando uma árvore em ouro.
Minha rua tem um ipê amarelo. Precisa mais?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

BIBLIOTECAS E BIBLIOTECAS

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Hoje estive na Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, pois precisava conferir uma ficha catalográfica e não me ocorreu lugar melhor para pedir socorro. Ao chegar lá, dirigi-me ao balcão de atendimento, onde uma senhora logo me atendeu. Expliquei-lhe que precisava falar com uma bibliotecária (ou bibliotecário), para a revisão de uma ficha catalográfica. Ela prontamente pegou o telefone e ligou para alguém. Ao desligar, disse-me que a pessoa que entendia do assunto não estava. Insisti, perguntando se não havia mais ninguém que entendesse de ficha catalográfica. Ela pegou novamente o telefone e ligou para outra pessoa. Falou um pouco com a pessoa do outro lado e me passou o aparelho, dizendo que queriam falar comigo. Eu perguntei com quem estava falando e a senhora se identificou como a administradora da Biblioteca. Nem disse o nome. Foi logo dizendo que ali na Biblioteca Pública eles não têm obrigação de fornecer ficha catalográfica, que não é um serviço que eles prestam e que, de qualquer maneira, se prestassem, seria cobrado. Eu disse que pagaria, mas ela sugeriu que eu me dirigisse a um outro lugar e desligou.
Concordo que a Biblioteca não tem a obrigação de me ajudar na minha ficha catalográfica, mas eu estava ali tentando falar com alguém que tivesse conhecimento sobre como se organiza uma ficha, para poder conferir a minha. Pagaria, até, se fosse preciso. Mas não consegui nada. Fico pasmo de ver que uma biblioteca do porte da nossa, estadual, não tenha alguém que possa dar uma simples informação sobre um assunto corriqueiro do seu dia a dia. Pasmo também com a falta de simpatia e presteza da “adminstradora”.
Em contrapartida, fui à Biblioteca Municipal de Florianópolis, no Estreito, onde fui encaminhado para D. Vera, a bibliotecária da casa, que me atendeu com a maior simpatia, verificou a minha ficha, corrigiu muitos erros que havia nela e nem sequer me cobrou, embora esse seja um serviço pago.
Meus respeitos à senhora, D. Vera. Como eu lhe disse, a senhora deu de dez a zero na “administradora” da Biblioteca Pública de SC. Foi educada, prestativa, simpática e provou que sabe fazer muito bem o que faz. Fico lhe devendo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

GRANDES EVENTOS LITERÁRIOS E SC EM PORTO ALEGRE

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje se encerra o Forum das Letras, promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, concebido com a intenção de promover o diálogo entre autor e público participante, além de valorizar a importância de Ouro Preto, cidade pela qual passaram ou viveram escritores de várias escolas ao longo da sua rica história cultural. Além de promover o contato entre adultos e autores, o Fórum das Letras orgulha-se de estimular a aproximação das crianças e o universo literário.
O evento, que iniciou em 29 de outubro, está na quinta edição e é um dos acontecimentos culturais mais importantes do país, ao lado da Flip. Dezenas de escritores, inclusive de outros países, participaram do Forum.
Em Maceió, começou no dia 30 de outubro e vai até 8 de novembro mais uma Bienal Internacional do livro de Alagoas, uma das mais importantes do país.
Dez países estarão participando da IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas, difundido sua literatura e cultura: México, Peru, Costa Rica, Colômbia, Portugal, França, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné Bissau; sendo a França o país homenageado, em comemoração ao Ano da França no Brasil. Já estão na cidade autores internacionais, como Ignacy Sachs (França), Ondjaki (Angola) e Juan Felipe Córdoba Restrepo (Colômbia). Autores nacionais como Ignácio de Loyola Brandão, Rubem Alves, Ana Paula Pedro, Celso Antunes e Maitê Proença também participam da Bienal, não somente para autógrafos, como também para palestras e momentos de bate-papo.
E no Rio Grande do Sul, começou a 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, cujo estado convidado é Santa Catarina. Sobre a “seleção” de escritores catarinenses que foram à feira, já falamos bastante. Cedemos espaço, hoje, para a escritora Yedda Goulart para comentar a respeito:

“Já muitos dias são passados desde os acontecimentos que culminaram com a escolha de escritores catarinenses para representar Santa Catarina na 55ª Feira de Livros de Porto Alegre. Outros escritores já demonstraram sua insatisfação pela maneira como as coisas ocorrem em Santa Catarina.
Temos nos entristecido ao perceber como a nossa identidade cultural é ignorada no país, a não ser pela efetiva propaganda que favorece o turismo ao divulgar as belezas catarinenses que na verdade são obras da natureza, do artista maior que nos favoreceu com praias belíssimas, baías recortadas com tanto carinho, montanhas apontando o escultor que as criou, climas diversificados, etnias variadas, folclore riquíssimo, história e quantas riquezas mais.
Porém, quando se trata de prestigiar autores catarinenses , divulgá-los, estimular a produção regional para que cresça se aperfeiçoe estimulada por políticas públicas justas, democráticas, possibilitando pela divulgação dos projetos uma participação de todos os interessados, aí as coisas ficam complicadas e restritas.
Admiro o povo rio-grandense que divulga orgulhosamente suas belezas naturais assinalando desde uma simples cascata no meio do nada até a realização de 55 anos de feiras do livro.Mais de meio século de persistência e oportunidade para a cultura daquele Estado.
Recentemente, foram convidados escritores para representar Santa Catarina naquele tão importante evento, pela Câmara Riograndense do Livro.
E o que aconteceu?
O convite, recebido pelas instâncias superiores de nossa administração cultural, naturalmente divulgou exaustivamente tal convite possibilitando o engajamento de todos os interessados?
Que maravilha! Assim deveria ser!
No entanto, mais uma vez fomos surpreendidos pela notícia tardiamente divulgada, boca a boca ou deveria dizer ouvido a ouvido, em surdina, de que alguns escritores haviam sido escolhidos para representar nosso Estado.
Participamos de uma Associação de Literatura Infantil e Juvenil com representação em vários Estados brasileiros e contamos com muitos e talentosos escritores e ilustradores em Santa Catarina.
Um seminário de Literatura Infantil e Juvenil do Rio Grande do Sul, foi organizado para acontecer durante a Feira de Porto Alegre e poderíamos representar este segmento naquela ocasião.Fomos convidados por aquela Associação.
Seria ótimo que fôssemos unidos o bastante para que alguns autores da AEILIJ de Santa Catarina fossem incluídos na escolha oficial de nosso Estado.
Mas, pelo que se observa, apesar da exposição na mídia através de entrevistas, lançamentos, seminários, visitas em estabelecimentos de ensino fundamental e até superior, somos absolutamente desconhecidos.
Para esta divulgação não existe boca a boca, interesse, consideração.
Na verdade não é uma grande surpresa. Nem ficamos sabendo quando livros são analisados e escolhidos para distribuição nas escolas e bibliotecas do Estado.
. Só tomamos conhecimento pelo mesmo estilo de divulgação citado anteriormente, que tantos mil livros foram selecionados em mais de uma ocasião também neste ano em curso, sendo todos de autores de outros Estados Nada contra. Não desejamos exclusividade, muito menos segregação. Apenas consideração e divulgação justa e ampla.
Desejamos participar, somar, divulgar a criação catarinense.”