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quinta-feira, 31 de maio de 2012

BIBLIOTECA PÚBLICA DE SC: 158 ANOS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A Biblioteca Pública de Santa Catarina, uma das mais antigas do Brasil, completou 158 anos de fundação no dia 31 de maio. Com um acervo formado por mais de 115 mil volumes e publicações dos séculos 17, 18 , 19 e 20, a Biblioteca Pública foi criada em 1854 e inaugrada em janeiro de 1855.

A festa, que deveria ter acontecido no di 31 de maio, foi transferida para junho. Mas a biblioteca não tem muito o que comemorar. Ou os seus usuários, melhor dizendo. A começar pelo empenho do Estado em mantê-la.

O escritor Amilcar Neves, em crônica no DC, esta semana, denuncia o descaso para com a Biblioteca Pública do Estado: ele revela que o ex-governador Luiz Henrique da Silveira, hoje senador da República, questionava o fato de a bilbioteca de Joinville ser municipal e a de Florianópolis ter que ser estadual. Ele deve ter “esquecido” que Florianópolis tem a sua Biblioteca Municipal Prof. Barreiros Filho, localizada no Estreito. O fato é que, conforme o cronista, sustou a liberação de recursos para manutenção do acervo, durante o seu governo. Então, apesar do empenho de acabar com a biblioteca, ela continua com suas portas abertas.

Esperemos que o novo governador que aí está não faça o mesmo, embora tenha sido muito pródigo em dizer “não” à cultura.

terça-feira, 29 de maio de 2012

HOMENAGEM MERECIDA A JÚLIO DE QUEIROZ


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Hoje estava me preparando para um grande dia, a entrega do Prêmio Vilson Mendes de Literatura Desterrense ao nosso grande e querido escritor Júlio de Queiroz. Então fui procurar no correio e na internet o endereço e horário certinhos para não me atrasar. Aí descubro, constrangido, que a sessão solene na Câmara de Vereadores de Florianópolis em homenagem a esse importante ícone da literatura catarinense, pela Academia Desterrense de Letras, foi ontem.

Estou muito decepcionado comigo mesmo, pois não sei porque achava que a entrega do prêmio a esse importante escritor que é Júlio de Queiroz seria hoje. Eu não poderia deixar de compartilhar com esse grande amigo um dia tão importante, quando a Academia Desterrense de Letras dedica a sua homenagem a ele.

Aliás, Júlio merece esse reconhecimento não só pela sua obra, que é magnífica, mas também pela pessoa humana, carismática e amável que ele é. É difícil, senão impossível, conhecer Júlio de Queiroz e não gostar dele. Urda Alice Klueger me falava dele e eu ficava pensando se ela não exagerava. Mas depois que o conheci, percebi que ela tinha toda a razão. Júlio é aquela criatura solidária que emana paz, serenidade, amizade. A gente o conhece hoje e parece que o conheceu a vida inteira.

Eu já o comparei a Quintana. Eu gosto dos dois, não sei ainda se Júlio gosta de Quintana, mas a mansidão, a serenidade, a boa acolhida que dá à gente me lembram Quintana. Nunca me encontrei com Quintana, mas pelos testemunhos que tive de pessoas que o conheceram, penso que ele seria um pouco assim como Júlio. E também pela obra. A obra de Júlio é consistente, é profunda, é prazerosa de ser lida, mas não é uma coisa que se lê e que se esquece. A literatura de Júlio tem conteúdo, é objetiva, tem estilo e faz a gente refletir, pode provocar até mudanças na gente. Tanto a prosa quanto a poesia de Júlio vão permanecer por muito e muito tempo, como a de Quintana, porque estão sempre atuais e porque mechem com a emoção, com o sentimento, com a sensibilidade de cada um de nós.

Por tudo isso e muito mais não vou me perdoar ter errado o dia da homenagem ao grande escritor e amigo, por não ter ido abraçá-lo no seu dia. Parabéns, mestre. Minha falha é imperdoável, mas eu sei que havia lá muita gente que o abraçou e o festejou como merece. Minha admiração e minha gratidão por todo o apoio que tenho recebido, em tão pouco tempo que o conheço.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A GREVE DOS ÔNIBUS EM FPOLIS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A greve do transporte urbano em Florianópolis acontece, de novo, porque os donos das empresas não cumprem o acordo feito na greve passada, não pagam o que é devido aos trabalhladores e obrigam eles a entrarem em greve de novo, para que os usuários coloquem a culpa neles. Essa história é velha, essa novela é reprise. O público que depende dos ônibus culpa os motoristas e cobradores e não se lembram que os donos de empresa - nem o poder público, que deveria regular isso, nem o Deter - não honram o que é acordado à época dos reajustes salariais.

E não é só o usuário do transporte público que é prejudicado com essa irresponsabilidade dos donos de empres – e das prefeituras, que dão a consessão para a realização do serviço, além do Deter, que não se pronuncia – as pessoas que andam de carro ficam presas nos engarrafamentos, numa cidade onde a mobilidade já é um dos maiores problemas.

Falta honestidade e bom senso para certos "empresários". E quem paga o pato da falta de responsabilidade dos senhores empresários é o cidadão, que não consegue se locomover pela cidade, seja de ônibus ou de carro.

Vale lembrar, mais uma vez, que a passagem de ônibus urbando é uma das mais caras do Brasil em Florianópolis, com o agravante de que a prefeitura paga um “subsídio” de mais de um milhão de reais - dos cofres públicos, dinheiro público – às empresas. Isso publicado na mídia, há algum tempo. O valor já pode ter aumentado.

Essa greve me faz lembrar a greve dos professores, quando o governador saiu-se com essa: “Professor tem que trabalhar por amor à camisa. Se for pelo dinheiro, tem que procurar outra coisa”. Será que ele deixaria de receber e continuaria a trabalhar, para dar o exemplo?

Será que as empresas estariam executando o serviço – mal e porcamente – se não estivessem tendo lucro? A desculpa de que só podem atender às reivindicações dos trabalhadores do transporte público se aumentarem o valor das passagens é chantagem. A prefeitura, que dá a concessão, deveria rescindir o contrato, pois uma das partes não o está cumprindo. Que façam outra licitação e deem a execução do serviço a outras empresas. Para que o usuário tenha um serviço mais decente, já que paga passagens bem caras e, cá pra nós, paga duas vezes, pois o “subsídio” que a prefeitura dá às empresas é composto do dinheiro que o contribuinte paga de imposto.

E cadê o Deter, que não se mete na conversa?

domingo, 27 de maio de 2012

A QUARTA LIGAÇÃO ILHA-CONTINENTE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


O novo acesso à Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, está indefinido de novo. Havia sido decidido, no ano passado, se não me engano, que seria uma ponte de concreto, do lado esquerdo da ponte Hercílio luz, visto do continente¸ mas recentemente voltaram a falar na possibilidade de um túnel submarino. A verdade é que a necessidade de um novo acesso é premente, e não é de agora, mas um túnel embaixo do mar parece um pouco de exagero, sem contar que o custo pode ser maior. Parece a escolha por um projeto megalomaníaco para impressionar em época de eleição, não parece?

Mas a melhor notícia, mesmo, é que qualquer que seja o tipo de acesso escolhido, vai ser cobrado pedágio. Não é interessante? O preço inicial é cogitado em dois reais e cinquenta centavos. Já é um absurdo cobrar pedágio, mais ainda um valor assim. Cinquenta centavos já seria muito caro, pois afinal já trabalhamos a metade de cada ano de nossas vidas só para pagar impostos.

É um problema bastante grande, pois se cobrarem pedágio, as pessoas evitarão o pagamento, continuando a usar as opções já existentes, as outras duas pontes. Quer dizer: o problema continuará o mesmo, os gargalos continuarão aumentando, prejudicando a mobilidade na Ilha e no continente.

Mas aí os donos do poder vão querer colocar pedágio também nas outras pontes. Esses pedágios dentro da cidade, para passagem de trechos tão curtos, não são inconstitucionais? Será que estão pretendendo acabar, finalmente, a obra de recuperação da Ponte Hercílio Luz e substituir, mudar a galinha dos ovos de ouro?

Vamos ver se sai e quando sai esse novo acesso, uma nova ponte ou o túnel submarino. Para então ver como as coisas ficarão.

sábado, 26 de maio de 2012

SARAU POÉTICO EM SÃO JOSÉ

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Venho da terceira edição da Noite Poética Josefense, que acontece das 19h30min até 21h30min, no Teatro Adolpho Melo, no Centro Histórico de São José. O sarau estava muito bom, pois além da poesia, houve também dança e canto coral. A dança cigana arrebatou a plateia e o coral emocionou.

A homenagem feita à poetisa Zoraida Guimarães foi um espetáculo à parte. Zoraida já participou do Grupo Literário A ILHA, desde o seu início, poetisa que tem dedicado sua vida à poesia.

Encontrei lá o nosso grande poeta Júlio de Queiroz, que deu mais brilho à noite, encontrei o escritor Isaac Pilati, confrade da Academia Sul Brasileira de Letras, a escritora Karine Alves Ribeiro, de Blumenau e muitos outros escritores da grande Florianópolis.

Sentimos a falta da Secretária da Cultura de São José. Nossos parabéns à organizadora, Hiamir, que acertou na medida o tempo de duração e no conteúdo do sarau.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"VELA NO HORIZONTE"

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Fazer parte da IWA – International Writers & Artists Association, que agrega escritores de vários países, faz com que conheçamos estilos e cosmovisões diferentes na literatura de outros pontos do mundo, com costumes e tradições bem diferentes da nossa.

Faz muito tempo que a Dra. Teresinka Pereira, brasileira radicada nos Estados Unidos há várias décadas, convidou-me a fazer parte da IWA. Ela é uma professora que atua em universidades americanas e, além de professora, é escritora. Ela já publicou livro meu por lá em português e um outro, em co-edição com as Edições A ILHA, em inglês.

Ser um membro dessa associação internacional de escritores possibilita, como já disse no início, o intercâmbio com escritores e editores de diversos países. Publicamos textos deles aqui no Brasil, vertidos para o português, e eles publicam coisas nossas lá em seus países, vertidos para a sua língua. É assim que tenho poemas, crônicas e contos publicados na India, na Grécia, nos Estados Unidos, na Rússia, em Cuba, na França e em vários outros países.

Foi ao sabor dessa troca que recebi, recentemente, o livro “Vela no Horizonte”, do poeta austríaco Kurt F. Svatek. O livro, é claro, é em português, publicado aqui no Brasil. E constato, mais uma vez, que a poesia é uma língua universal, porque embora as estações sejam em épocas diferentes, o clima não seja o mesmo que o nosso, os hábitos e costumes sejam outros, a emoção, o sentimento que transborda em cada verso é o mesmo em qualquer lugar, a alma é igual a de qualquer mortal, o céu que todos vemos é exatamente o mesmo.

Então, não interessa muito a origem do poeta. Interessa, sim, o conteúdo do seu poema. Isso é o que vai mostrar a alma, o coração do poeta. E “Vela no Horizonte” evidencia toda a sensibilidade e lirismo do seu autor. Como no poema “Sesta”: “A erva alta / brinca com o vento sussurado / e os paraquedas brancos / do dente-de-leão / elevam-se em direção ao céu / como uma pequena nuvem / cheia de sonhos.” Ou como em “Distintivo”: “Não existem almas pretas / nem brancas; / não existem almas vermelhas / nem morenas ou amarelas pálidas // Existem simplesmente / apenas almas de seres humanos / cheias de sentimentos. / E para sentir não é preciso ter cor.” Ou ainda, como em “Desilusão”: “Olho uma segunda vez / pela janela: / é um floco de neve tardio / e nenhuma borboleta.” Ou como em vários outros dos poemas que compõe o livro.

Poeta é poeta em qualquer lugar, em qualquer idioma.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

ABRAÇO APERTADO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Ontem foi o Dia do Abraço. Só fiquei sabendo hoje, nem sabia que existia, mas uma mensagem no Face, postada pela mana Sandra, me chamou a atenção: “Queria te dar um abraço apertado. Feliz Dia do Abraço.”

Pois eu queria dar um abraço em tanta gente... Pessoas queridas que estão longe ou que não estão mais aqui... A comunicação hoje é tão fácil, podemos falar com qualquer pessoa, esteja ela onde estiver. Mas a presença, o abraço, o olho no olho, isso tudo é insubstituível. Se não podemos estar próximos, para nos abraçarmos, vale, é claro, falarmos e até nos vermos, com toda a tecnologia que há hoje.

Não poder abraçar as pessoas porque estão muito longe me dá um pouco de tristeza, porque me lembro da nossa Vó Mariana, que morava em Joinville. Ela, com seus noventa e tantos anos era uma poetisa atuante e todos os poetas da cidade eram seus netos. Todos a chamavam de Vó. Um dia, lá no final dos anos noventa mudei para Florianópolis. De vez em quando eu voltava para o norte do Estado e a procurava. Num certo dia, cheguei em sua casa, bati na porta e uma pessoa atendeu. Ela estava descansando e eu pedi que não a acordassem. Na minha ida a Joinville depois disso, procurei-a novamente, para dar-lhe o abraço e o beijo atrasados, mas me comunicaram que ela não estava mais conosco.

Então aprendi que nunca se deixa um abraço para depois. Braços são para abraçar. Sempre. Queridos e queridas, de qualquer lugar, onde quer que estejam agora, considerem-se abraçados.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

E A CULTURA?

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Vejo hoje, no caderno 2 do Estadão, Antônio Fagundes protestando contra a falta de uma política cultural no Brasil: “Quando falo de política cultural, quero dizer tudo: educação, hábitos que não foram criados, o dinheiro que, para a cultura, não existe. Sim, porque 0,2 % da dotação orçamentária vai para a cultura.”

Chamou-me a atenção, porque o presidente da Academia Catarinense de Letras, Péricles Prade, publicou artigo no DC de sexta-feira passada cobrando do governador de Santa Catarina mais atenção à cultura, pedindo a criação de um ministério exclusivo para a cultura do Estado, cobrando uma política cultural que não existe.

Eu já havia escrito, há quase duas semanas, aqui no blog, a crônica “Política Cultural para Santa Catarina”, que foi publicada, também, em alguns jornais de cidades catarinenses.

Os escritores, artistas e produtores culturais de vários pontos de nosso estado fizeram manifestações, nas principais cidades, há poucas semanas, reivindicando do Estado uma política cultural atuante e abrangente, que contemple todas as artes que são praticadas em qualquer canto dessa nossa terra catarina.

Então podemos ver que muitas vozes estão se juntando em uníssono, para conscientizar os nossos governantes de que estão em dívida para com a nossa cultura, de que é hora de parar de dizer não às reivindicações culturais, coisa que Raimundo Colombo é pródigo em fazer, como bem disse o presidente da Academia Catarinense de Letras.

Um povo sem cultura não tem identidade. A cultura é o bem mais valioso de um povo. Por que nossos políticos parecem não dar nenhum valor a ela? Na hora de se candidatarem, de pedirem votos, eles até prometem dar prioridade à cultura. Mas depois que se elegem, esquecem dela. Precisamos atentar para isso, lembrar disso na hora de votar. A cultura, como a educação, como a saúde, está sendo cada vez mais relegada a último plano.

domingo, 20 de maio de 2012

VAI UMA GOTA DE POESIA?

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Minha amiga e conterrânea Mariza Schiochet, os leitores do blog já sabem, é uma agitadora cultural, é a professora que faz a diferença na educação deste nosso Brasilzão de Deus, é como todos os professores deveriam ser, apesar de não serem valorizados como deveriam.

A professora Mariza, mais uma vez inova, toma a iniciativa e realiza. Ela já tinha incentivado os seus alunos do primeiro grau de duas escolas de Joinville a escreverem cartinhas para os doentes da ala de oncologia do Hospital São José, a fim de tornar mais ameno o tempo que passam internados os doentes com câncer. E os estudantes fizeram isso com dedicação e carinho. O que, sem dúvida, levou momentos mais felizes aos doentes que estão no ambiente no mínimo triste de um hospital.

Pois ela continua incentivando que seus alunos escrevam as cartinhas endereçadas aos doentes, agora com uma novidade. Ela levou livros de poetas como Vinícius de Moraes, Quintana, deste cronista e de outros poetas, para que os estudantes escolhessem poemas para mandar para os doentes internados, em suas cartinhas.

Não é um trabalho pioneiro? Além de levar atenção e carinho aos doentes, a professora faz com que a sensibilidade e o lirismo da poesia vá amenizar a dor dos pacientes da ala de oncologia. E fazendo isso, ela está, ainda, divulgando a poesia, incutindo o gosto pela poesia, incentivando a leitura, tornando nossos poetas mais conhecidos.

Parabéns, professora. A poesia é necessária e a senhora sabe disso. A poesia tem que estar em todos os lugares, porque ela torna as pessoas mais humanas, mais sensíveis, mais abertas para a vida.

Obrigado pelo seu trabalho desbravador. Eu, os poetas e os pacientes que recebem as cartinhas lhe agradecemos. Sempre.

sábado, 19 de maio de 2012

CANÇÃO DO OUTONO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Peguei um jornal de classificados, outro dia, porque precisava pesquisar algumas coisas, e me surpreendi com o que achei nele: um poema de Quintana. Não é normal encontrarmos poesia em jornal nenhum, quanto mais de classificados. E o poema é de Quintana.

E encontrar um poema já é bom. Encontrar um poema de Quintana, então... Trata-se de Canção de Outono: “O outono toca realejo / No pátio da minha vida. / Velha canção, sempre a mesma, / Sob a vidraça descida... // Tristeza? Encanto? Desejo? / Como é possível sabê-lo? / Um gozo incerto e dorido / De carícia a contrapelo... “ (...)

Ah, Quintana, meu querido Quintana... Só você, para definir o outono, ainda que eu sinta uma certa melancolia nesses versos. Mas outono é isso mesmo, é transição, é a estação da indefinição ou da espera da definição que se dará logo adiante. O outono é a antessala do inverno, é quando a gente vai se preparando para o frio que vai chegar.

O outono tem dias cinzentos, outros nem tanto. No final da estação, algumas folhas começam a cair, mas também é quando as flores do jacatirão começam a desabrochar, abrindo brancas e tomando cor a medida que vão se abrindo.

“O outono toca realejo no pátio da minha vida”. Sim, há música no outono, também. Os passarinhos vêm cantar no meu telhado, no meu jardim, na minha janela. “Tristeza, encanto?” Eu diria encanto, poeta. Uma carícia, sim, um encanto. Como o seu poema.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A INTERNET E A ESCOLA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A internet é uma central de informações mundial e pode ser uma boa aliada da escola. Mas precisamos considerar que a grande rede não tem só boas informações: há muita coisa ruim nela. Assim como há bons conteúdos, comunicações confiáveis, há muita mentira travestida de verdade, muita afirmação sem correção, muito tráfego criminoso, até.


Então a internet pode ajudar na formação de nossos estudantes, mas eles têm que ser orientados nesse garimpo, tem que ser guiados no sentido de saber identificar o que é correto e descartar o que é entulho.

Há uma variedade infinda de conteúdo na internet. E alguns de nossos estudantes, até os de grau superior, que precisam pesquisar assuntos de estudo para fazer seus trabalhos, suas teses, suas monografias, acabam copiando, não raro, textos prontos e apresentando como seus. Está lá, à disposição, é muito fácil lançar mão deles. E o problema não é só a desonestidade de se apoderar de um trabalho intelectual que não é de sua autoria: o estudante pode ter escolhido um texto sem qualidade, com informações equivocadas, que pode prejudicá-lo e penalizá-lo, pois além de uma nota zero, se descoberto, pode receber castigo mais severo. E isso não o formará para a vida, pelo contrário: estará tolhendo a sua formação.

Para aqueles que apelam para a internet a fim de complementar o estudo de assuntos importantes, podem aprender lições erradas, pois qualquer um pode postar qualquer bobagem, inclusive em locais que deveriam ser confiáveis, como enciclopédias.

Fico preocupado quando ouço, de algumas pessoas, que em havendo alguma dúvida sobre qualquer assunto, inclusive gramática e vocabulário, consultam imediatamente sites de busca, Wikipédia, etc., etc. Isso é muito temeroso, pois dependendo de onde a pessoa obteve a informação, ela pode não ser correta. Temos que saber onde buscar a informação e conhecimento na internet, saber separar o joio do trigo. E isso não será fácil, se não tivermos fontes confiáveis, sites ou sítios fidedignos, se não soubermos avaliar e comprovar a veracidade dos conteúdos. E para isso, não podemos depender só do que está na grande rede, há que tenhamos alguma cultura, algum conhecimento prévio, que a escola pode dar.

Precisamos saber como usar a internet, para que ela trabalhe a nosso favor. E a escola tem papel fundamental nisso, pois ela pode ensinar nossas crianças a buscar o que ela tem de melhor.

terça-feira, 15 de maio de 2012

OS LIVROS QUE ELES AMAM

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Descobri um programa sobre livros, muito interessante, na televisão, coisa que não é comum, hoje em dia. Não se fala muito em livros na televisão. Trata-se de “Livros que amei”, no qual os convidados, geralmente pessoas ilustres ligadas às letras, de alguma maneira, falam dos livros que marcaram mais a sua vida, seja pela qualidade da literatura ou pelo que eles representaram em suas vidas.

Os convidados falam sobre o autor e o livro, leem trechos e nos dão a conhecer a obra e seu construtor. Mas não são simples resenhas: além do convidado, há a participação de comentadores encarregados de fazer as apreciações críticas e comentários especializados, mostrando-nos, assim, visões de ângulos diferentes de um mesmo livro.

É gratificante ver que o livro ainda pode ser o tema de um bom programa na nossa televisão. É claro que não é um canal comercial, seria mais um canal de cultura, digamos assim, pois estamos falando do canal Futura.

Vale a pena conhecer, às terças à noite. O programa estreou em março e tem treze episódios, nessa que pode ser a primeira de várias temporadas.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O ABSURDO DOS ABSURDOS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Eu achava engraçado ver as pessoas escreverem “presidenta”, até cheguei a escrever assim em algum artigo meu, de gozação. Mas na verdade sempre achei muito estranho o fato de a própria Dilma querer ser chamada de “presidenta”. A verdade é que nunca levei isso muito a sério, pois não acreditava que a presidente levasse.

E, apesar de ver a lei publicada no site da presidente – www.planalto.gov.br - e no Blog Diário do Congresso – www.diariodocongresso.com.br , ainda acho que isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto. Existe uma lei, sancionada por Dilma, que determina a obrigação da flexão de gênero em profissões. Ou seja, agora é presidentA, gerentA, pilotA, estudantA, chefO, psquiatrO, etc… Eu, agora, além de cronistO, articulistO, sou jornalistO.

Trata-se da lei 12605, de 3 de abril 2012. Como disse o Tas, “Já que eu não consigo falar corretamente, então mudo a lei, obrigando a todos falarem errado!” Veja você mesmo nos sites indicados. Eu fui lá e vi, mas continuo não acreditando.



Presidência da República


Casa Civil


Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.605, DE 3 DE ABRIL DE 2012.


Determina o emprego obrigatório da flexão de gênero para nomear profissão ou grau em diplomas.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o As instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido.

Art. 2o As pessoas já diplomadas poderão requerer das instituições referidas no art. 1o a reemissão gratuita dos diplomas, com a devida correção, segundo regulamento do respectivo sistema de ensino.

Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 3 de abril de 2012; 191o da Independência e 124o da República.


DILMA ROUSSEFF

Aloizio Mercadante

Eleonora Menicucci de Oliveira

É por essas e outras que a educação está em estado de falência no nosso país. Deve ser a herança do Lula, que conseguiu acabar com a educação no Brasil. Estão apenas continuando o trabalho.



sexta-feira, 11 de maio de 2012

MERCADO EDITORIAL

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ 

Autores nacionais não conseguem publicar seus livros através de grandes e médias editoras, as quais preferem enlatados, que já vem com todo o material promocional no pacote, muita informação sobre a obra e índices de venda muito bons em outros países.
Talvez a culpa não seja das editoras, que precisam vender o seu produto, como qualquer outra empresa, e por isso investem com mais segurança nos sucessos internacionais.
O fato de o brasileiro não comprar tanto livro quanto deveria, faz com que o mercado seja pequeno demais para que tanto os sucessos importados, já com referência e indicação garantidos, e os livros de novos autores brasileiros possam disputar em proporções pelo menos equivalentes, as chances de publicação. Já autores brasileiros consagrados não têm que se preocupar muito com isso, pois já têm status de estrangeiro: vendem até pelo próprio nome.
Uma matéria interessante sobre a performance de escritores estrangeiros e nacionais no mercado editorial brasileiro foi publicada há algum tempo em um grande jornal de circulação em todo o país. Foram entrevistados editores, livreiros, agentes literários, escritores e leitores e a conclusão a que o trabalho chegou foi que o sucesso de vendas dos livros importados não é a razão da falta de espaços nos prelos das editoras e nas prateleiras das livrarias para os novos bons escritores da terra. Alguns acham que a coisa está equilibrada, que o índice de enlatados já foi muito maior. Outros acham que o mercado é que é pequeno, constatação antiga. E outros, ainda, acham que a seleção é que está mais criteriosa, mais exigente, hoje em dia.
Há, ainda, a corrente a constatar que o mercado brasileiro é obrigado a consumir os livros didáticos e falta, então, recurso para comprar o chamado livro literário. É outra velha discussão, mas tem o seu sentido: o livro é caro – isso também foi discutido na série de reportagem, mas não houve uma conclusão definitiva, pois o editor continua achando que não, que o livro não é caro, mas o público leitor sente na pele o custo dele - então não há o que escolher: primeiro o livro escolar, que é preciso estudar, para que o nível de vida melhore e se possa, então, escolher que livro comprar.
Outro fato relevante levantado pela reportagem é o fato de que as reedições aconteceram em maior quantidade do que as publicações de títulos novos, o que evidencia a preferência das editoras em reeditar títulos já conhecidos e bem sucedidos ao invés de novos títulos, de retorno não garantido.
E os mesmos números levantados pela reportagem – que obteve apenas retorno ao pedido de dados de 151 livrarias, de mais de quinhentas consultadas - mostram estatística onde o número de exemplares de livros vendidos em meados da década passada foi quatro vezes maior para livros nacionais, embora o número de títulos traduzidos tenha sido metade dos títulos brasileiros publicados naquele ano. Embora estes números não discriminem a quantidade de livros literários vendidos, englobando tudo o que foi publicado, ou seja, refere-se a obras gerais, o autor nacional leva vantagem, ainda que o título de traduzidos venha aumentando ano a ano. E as vendas também.
Não sei até que ponto estas estatísticas podem ser confiáveis, e a própria reportagem coloca essa dúvida: “O público prefere o produto made in Brasil. Será? Ou será preocupante que num país de 170 milhões de almas, apenas menos da metade tenha comprado, em um ano, um livro não didático, nacional ou estrangeiro?”. Isso não muda, no entanto, o fato de que o brasileiro ainda lê pouco – não porque não goste de ler, mas por não ter acesso à leitura, ao consumo de livros - e isso foi muito bem discutido e esclarecido na reportagem.
Repetimos aqui, novamente, o que já foi dito tantas vezes, em oportunidades diversas: para se vender mais livros em nosso país, o brasileiro precisa ter o hábito da leitura. E para que isso seja realidade, o leitor precisa conviver com o livro desde muito pequeno, desde antes de saber ler, em casa: a responsabilidade de colocar a criança em contato com o livro não é só da escola, isso precisa começar em casa, nos primeiros anos da criança.
E precisamos de mais bibliotecas: as municipais, as escolares, as de associações, de clubes, de empresas. Precisamos até das bibliotecas particulares, como bem disse minha amiga Irene Serra, pois conhecemos bons exemplos disso, de pessoas que acabaram transformando seus pequenos acervos em bibliotecas de bairros, de comunidades, pois aos livros que a gente tem vão se juntando outros, por doação, e o número de títulos vai aumentando.
E as bibliotecas precisam ser atualizadas e bem equipadas, sempre. Não há como chamar de biblioteca um lugar onde se empilha alguns livros e eles permanecem os mesmos por anos, como a maioria daquelas poucas – porque são poucas as bibliotecas - que existem por aí, até as das universidades, com a eterna desculpa de que não há verba para comprar novos títulos. Ou então, como acontece, não raro, um lugar onde se coloca um acervo de algumas centenas de livros e depois de algum tempo, não sobrem mais do que dois ou três exemplares, como é comum acontecer, fato constatado pela equipe que fez as matérias.
Há hegemonia de pelo menos um gênero no mercado editorial brasileiro: a literatura infanto-juvenil, que detém, segundo a matéria lida, cerca de noventa por cento das publicações. Já é alguma coisa, embora grande parte dessas publicações sejam fábulas e contos de fadas que não exigem mais pagamento de direito autoral. Isso pode e deve significar que uma parte – esperemos que uma boa parte – dos leitores em formação estão tendo contato com livros.
Isso talvez nos leve, no futuro, a ter um índice maior de leitura abrangendo outros gêneros. É claro que isso implicaria em mudanças estruturais na vida do brasileiro, principalmente do mais humilde, mas temos que nos mobilizar para exigir de nossos representantes no poder uma educação de melhor qualidade, mais bibliotecas e bibliotecas mais bem equipadas e qualificação de pessoal para trabalhar nessas bibliotecas. Que os Estados e municípios coloquem bibliotecários nas bibliotecas das escolas, também. E espaço nos conteúdos programáticos do ensino de primeiro e segundo graus para os professores abordarem os autores da terra, que é assim que eles poderão ter seu trabalho conhecido e reconhecido, se tiverem valor.
Temos direito a tudo isso. Mas não podemos deixar tudo como está, pois estaremos compactuando com o descaso que faz com que não tenhamos condições de comprar mais livros e, quando compramos, muitas vezes é traduzido.



quarta-feira, 9 de maio de 2012

E A POLÍTICA CULTURAL PARA SANTA CATARINA?

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/



Lendo, esta semana, uma matéria sobre a reivindicação, pela classe artística e produtora de cultura, de transparência na gestão cultural do Estado, lembrei-me que li outra, há algum tempo, o editorial “Questão de Cultura”, sobre a demora do “novo” governo em colocar um prática uma política cultural para Santa Catarina. Até então, só promessas, como sempre. O editorial citava até um “político” (tinha que ser político) que teria dito que cultura é supérflua e coisa de elite, atestando o nível de informação e esclarecimento de nossos representantes.

Já estamos no final do terceiro semestre do novo governo, em nosso estado, e as coisas não foram muito diferentes: muito se fala em cultura, mas de concreto, nada ainda. Cadê uma política cultural estável, funcional, que contemple todo o Estado, coisa que está faltando de há muito tempo? O CIC – Centro Integrado de Cultura, onde funciona a FCC, o maior teatro da capital e outras entidades culturais, está em reforma há mais de três anos e pouca coisa foi feita, apesar dos muitos milhões de dinheiro público gastos lá. Estamos esperando que a coisa ande com mais celeridade e que responsabilidades sejam apuradas. O Teatro do CIC ainda não está funcionando, está fechado o maior teatro de SC.

Contamos com nova edição do Prêmio Cruz e Sousa, também, e com o segundo Edital para compra de livros de autores catarinenses para distribuição às bibliotecas municipais, prometido para o ano passado, mas que não saiu. Trata-se de uma lei que há quase vinte anos não vinha sendo cumprida e que teve, finalmente, um edital na gestão de Anita Pires. Precisamos de bibliotecários nas escolas públicas, coisa que o Estado não supre. Aliás, falta professores, falta equipamento, falta manutenção, falta salário, falta tudo para a educação catarinense. E falta integração da capital com a cultura de todo o Estado, mais atenção da Secretaria de Cultura e da FCC a todas as manifestações culturais catarinenses, de qualquer cidade catarinense. Esperávamos que as coisas andassem melhor, neste novo governo, mas não mudou nada até agora.

Na verdade, precisamos muito de uma política cultural que funcione, que contemple todas as modalidades de arte. Mas não basta que se estude, que se discuta, que se planeje, que se faça leis que não são cumpridas, que se prometa. Temos, em SC, boas iniciativas que funcionaram, como o Prêmio Cruz e Sousa de Literatura, que concedeu os maiores prêmios em dinheiro do país, além da publicação dos livros, para autores não só catarinenses, mas também a nível nacional.

Prêmios que poderiam ser menores, talvez, para que se pudesse viabilizar outros projetos, como o cumprimento da Lei Grando, por exemplo, que teve apenas um edital, entre outras coisas. Uma boa política cultural não seria dividir os recursos de maneira que mais projetos culturais fossem contemplados e que um público maior fosse agraciado, beneficiado?


terça-feira, 8 de maio de 2012

A FEIRA DO LIVRO DE FLORIANÓPOLIS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Começou a Feira Catarinense do Livro, sem nenhuma atração importante, como um escritor de renome nacional, uma palestra interessante, seminários, debates, nada. Ela começou no dia 2 e vai até o dia 12 de maio, no Largo da Alfândega, em Florianópolis. Infelizmente a feira reduziu-se, pura e simplesmente, à venda de livros: estandes de livrarias e/ou editoras oferecendo seus livros, às vezes ao mesmo preço praticado nas lojas.

Chega a ser engraçado, pois em Joinville terminou, há alguns dias, a maior feira do livro já realizada aqui no nosso Estado. Grandes nomes da Literatura Brasileira, das Artes, da Cultura, como Martinho da Vila, Affonso Romano de Sant´Anna, Ana Maria Machado – presidente da Academia Brasileira de Letras, Fernando Moraes e os atores Marcos Palmeira e Eliane Giardini, entre outros, estiveram abrilhantando o evento.

Em Jaraguá do Sul, acontece, também, do dia 29 de maio, uma das feiras do livro de Santa Catarina que vem crescendo a cada ano. Além de outras atrações paralelas, contará com a participação de Ziraldo, Roseana Murray, Lobão, Xico Sá, Lourenço Martinelli e outros.

Aqui, no entanto, a feira do livro de Florianópolis traz estandes para venda de livros. Como diz o próprio comunicado da Câmara Catarinense do Livro, “O principal objetivo do evento é o incentivo ao hábito leitura, levando a toda população livros novos, de todas as áreas do conhecimento, com preços acessíveis e momentos culturais como lançamento de livros, sessões de autógrafos, etc.”

Quando achamos que não pode ficar pior, o comunicado anuncia, também, que “nessa 5ª Feira Catarinense do Livro, não haverá o Estande dos Escritores - os Lançamentos dos Livros e Sessões de Autógrafos acontecerão em mesas distribuídas no interior da feira em locais de circulação dos visitantes.” Podemos fazer lançamento de livro, mas a venda de nossos livros, durante todo o decorrer da feira, como era feito nos anos anteriores, não será possível, pois não haverá, mais o Estande do Escritor Catarinense.

Como eu dizia, enquanto Joinville realiza a maior feira do livro catarinense, Florianópolis vê a sua diminuir cada vez mais... O que falta? Apoio oficial, apoio da iniciativa privada, o quê? Joinville conta, segundo os organizadores, com o patrocínio do Governo Federal, Ministério da Cultura, Transpetro e Britânia, além do apoio do Proler, Lei de Incentivo à Cultura e Univille. E a Câmara Catarinense do Livro, por que não tem apoio do município, do Estado?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

VALORIZANDO A LITERATURA DE HOJE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Recebo mais uma carta do professor Celestino Sachet, escritor catarinense estudioso da literatura catarinense. Ele lê tudo o que se produz no Estado. É dele o livro “ A Literatura Catarinense, que registra tudo sobre a produção literária em nosso estado, desde a sua origem mais remota até a época da publicação do livro. A primeira edição do livro saiu em 1985, mas ele está preparando uma nova, atualizada, que deve sair este ano.

Pois o professor Celestino lê tudo, tim-tim por tim-tim do que lhe cai na mão. Por isso ele sabe o que está acontecendo quando se trata da produção literária em Santa Catarina. Mando-lhe regularmente a revista Suplemento Literário A ILHA, do grupo do mesmo nome, do qual sou editor, e ele lê e me retorna comentando o que leu.

Pois a carta que recebi dele é sobre a leitura da edição de número 120 da revista do Grupo Literário A ILHA. Entre outras coisas, ele diz: “Apreciei o texto “Tecnologia de ponta na escola pública”. Também penso que de pouco adianta entupir menininhos e menininhas com os últimos inventos da tecnologia digital. Entendo que adquirir informação não é aprender. Aprender é transformar essa informação empacotada em capacidades para instalar em nossos educandos o hábito da inovação – capacidade para domesticar a informação que nos passam – não importa o meio pelo qual ela chega a nós – e tirar dela o que nos serve para criarmos valores que nos valham na hora em que o desconhecido nos agarrar pela perna.”

Não é a mais pura verdade? Professor Celestino fechou com chave de ouro o meu artigo. E ele continua: “Vamos aos poemas que enfeitam a revista. Há tantos... Fico com “A falta que eu quero”, na última estrofe: ´posso ensinar a fazer / a sentir a minha ausência / melhor, / sentir a falta de outro / que sentir a falta de si´. Está aí um excelente desafio à inovação a partir do próprio título: A falta que eu quero, onde a necessidade pessoal vai além de todas as convenções filosóficas e linguísticas. Sentir a falta do outro é o que a humanidade está precisando.” (O poema é de Adriana Niétzkar e Vanucci Deucher).

Obrigado, professor Celestino, por apreciar a nossa revista. Isso a valoriza.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A NOVELA SE REPETE



Por Luiz Carlos Amorim

Os professores estão de novo em greve, levados a isso pelo governo do Estado, que não cumpriu o que prometeu na greve passada. Aliás, não cumpriu o que a lei determina. O piso salarial é lei e tem que ser cumprida.

Aí o governo não cumpre o que foi acertado, negociado, e não paga o que é devido. Os professores têm que ir à luta para cobrar o que é de direito e acabam ficando de vilões, como se, simplesmente, não quisessem trabalhar. E os representantes do governo se negam a receber os representantes dos professores, “lamentando o fato de que “não podem negociar” com os professores parados. Se não negociam com os professores parados, com os professores trabalhando vão continuar empurrando o cumprimento das promessas sempre para a frente, como sempre.

Quem trabalha quer receber o pagamento pelo seu trabalho. E quando uma das partes não cumpre o contrato, a prestação do serviço tem que descontinuar, é o óbvio.

Essa novela já é velha. O governo promete e não cumpre, deixa que os trabalhadores protestem e que o público os professores pela falta de aulas dos filhos.

terça-feira, 1 de maio de 2012

EU E A FERROVIA

             Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Hoje é o Dia do Trabalho e ontem foi o Dia do Ferroviário. Então prefiro falar do Dia do Ferroviário, que eu nem lembrava que existia, pois eles são grandes trabalhadores.

Aliás, eu sou natural de Corupá, uma cidadezinha pacata e cheia de belezas naturais, num vale de cachoeiras belíssimas ao pé da Serra do Mar, que viveu, até algumas poucas décadas atrás o ciclo da ferrovia. A economia da cidade girava em torno da estrada de ferro – muitos dos moradores eram trabalhadores da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina – e havia os trens de carga, trens de passageiros, que iam de São Francisco a Curitiba, passando por Corupá e “litorina”, espécie de vagão autônomo, que ia de Corupá a Joinville e vice-versa.

Então minha infância e minha adolescência eu vivi perto da ferrovia, ouvindo o apito de trem, o resfolegar das Marias Fumaças e depois o barulho das locomotivas. Viajei muito de trem, de Corupá para Mafra, para Curitiba, para Joinville e até para São Francisco do Sul.

Minha mãe era ferroviária, meus avós eram ferroviários, meus tios eram ferroviários. Infelizmente, nos anos 90, a Rede de Viação Paraná Santa Catarina já não estava tão bem e foi encampada peça Rede Ferroviária Federal e alguns anos depois tudo foi vendido para a América Latina Logística, que passou a trabalhar, desde então, apenas com carga para o porto de São Francisco do Sul, pelo menos nesse trecho da estrada que vem para o litoral.

De maneira que a ferrovia sempre fez parte das nossas vidas e deixou saudades. Mas Corupá sobreviveu bem à decadência da estrada de ferro e hoje, além da agricultura, que ainda existe, tem uma indústria consolidada e o comércio, também, além do turismo, que poderia ser mais forte.

Parabéns a todos os ferroviários, corupaenses ou não, que trabalharam duro para transportar pessoas e cargas em meados do século passado.