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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

EM ALTO MAR


 Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com

Estou num cruzeiro da Royal Caribean, pela quarta vez. Desta vez de Barcelona para Santos. Já viajei com outras duas companhias, mas preferia a Royal. Pois estou decepcionado. A hotelaria está boa, o atendimento é ótimo, mas a programação de lazer está deixando a desejar.

Eu vinha fazendo propaganda com amigos e parentes sobre o fato de haver salão específico para dança de salão nos navios da Royal, além de outros lugares adicionais. Até convenci algumas pessoas a  virem neste cruzeiro longo, de volta da Europa, e estou com a cara no chão. Pois nas outras viagens em navios da Royal, os dançarinos do corpo de dança, que apresentavam os espetáculos no teatro, mais os integrantes da equipe de animação e entretenimento sempre estavam lá nos bailes de dança de salão para dançar com as damas que estivessem desacompanhadas. Isso era um diferencial. Agora parece que nem sequer há um corpo de dança. E como o lugar para a dança agora é no centrum, um lugar reduzido, também não vão lá os integrantes da esquipe de animação.

O salão de dança, muito amplo, não é usado mais para os horários de dança de salão. Antes tínhamos dança de salão no salão apropriado para isso, com pista de dança, mesas e poltronas, e no centrum, um espaço no meio do navio onde uma banda toca e há um pequeno espaço para se dançar. Além de outros. Pois agora o Top Hat – que em outros navios da Royal pode ter outro nome – só tem programas de auditório e coisas que tais, pois na reforma recente que o navio sofreu foram feitas duas salas  vips para os clientes do plano de fidelidade da companhia e, pelo que me disseram os atendentes, não são feitos mais programas naquele lugar antes das 10h45minutos, onze horas, pois o barulho incomodaria os clientes das novas salas. Não confirmei isso ainda com o diretor do cruzeiro, mas estivemos hoje lá, de novo, após as nove horas da noite e não havia nada, nem o bar estava servindo para quem quisesse ficar por lá.

Quer dizer: estão priorizando o atendimento de algumas pessoas em detrimento da maioria. Para se ter uma ideia do absurdo, hoje, das nove e meia até as dez e meia, não havia nada no navio, a não ser um barzinho. Nem o espetáculo no teatro, que sempre aconteceu todo dia, hoje não aconteceu, exibiram um filme no lugar de show ao vivo. Ontem, das onze a meia noite, também não havia absolutamente nada, a não ser o barzinho.  Digo até meia noite, porque nesse horário começa a discoteca, no deck mais alto do navio.

Será que a Royal acha que porque há um grande número de pessoas de idade, ninguém dançaria? Acho um tanto temeroso, preconceituoso, até, pensar desta maneira, pois se eles estão lá no centrum, dançando, onde há poucos lugares para sentar e onde fica muito gente olhando alguns poucos dançarem, se o local apropriado para a dança de salão, no Top Hat, estivesse funcionando, muito mais pessoas poderiam dançar.  E mais, com as pessoas sentadas, o navio venderia muito mais drinkes, pois quem está de pé dificilmente pede alguma coisa.

O fato de diminuir o salão de dança para ceder espaço a salas para clientes vips é, infelizmente, um absurdo que não poderia ter acontecido. Isso, como já disse, faz com que não façam acontecer ali eventos como dança de salão, para “não incomodar” os cientes do programa de fidelidade.

É uma pena, pois vi mais gente indignada com o marasmo, com o tédio que invade o navio em alguns horários. Estamos começando a travessia do Atlântico, que vai levar vários dias, cinco ou seis. Como serão esses dias, se não houver uma programação mais eclética, mais racional, para ocupar o grande número de hóspedes?

E tem mais: a internet, que custa 65 centavos por minuto, não funciona e eles não avisam a gente quando compramos. As postagens no face e os e-mais que envio todos os dias, não são recebidos por ninguém. Estou invisível na internet, não tenho como mandar meus artigos para os jornais, por exemplo.

Precisamos começar a pensar em outras companhias para os próximos cruzeiros, porque a Royal não está proporcionando tudo o que poderia aos seus hóspedes. Ou pelo menos não está continuando um bom atendimento que tinha.

domingo, 25 de novembro de 2012

PORTUGAL E O FADO


 
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Vir à Portugal e não ir a uma casa de fado é conhecer o país pela metade. Pois eu não fui, ainda, a uma casa de fado, mas assisti aos shows de nosso anfitrião, o cantor Pierre Aderne e seus convidados, no Teatro São Jorge. Foram dois espetáculos primorosos, com cantores e músicos  brasileiros e portugueses que valeram, e muito, o privilégio de poder ouvir, ao vivo, fadistas contemporâneos dos mais importantes dessa terrinha abençoada,  ao mesmo tempo que ouvimos também música brasileira, com músicos  brasileiros e cantores como Luanda, por exemplo. Fico pensando como pude ficar sem conhecer, sem ouvir essa grande cantora brasileira.

Pierre Aderne, que comandava o show, cantou, também, claro, um fado, dele próprio, com a Cuca Roseta num dia e com a Susana Travassos, noutro. “O fado dos barcos” fez parte da trilha da novela “Aquele Beijo”, no Brasil. Os cantores de fado que soltaram a voz nas tertúlias foram, além da Susana Travassos e Cuca Roseta, Marco Rodrigues, Susana Félix e Cristiana Pereira.

Vou tentar, mas é difícil explicar o que é ouvir um cantor ou uma cantora interpretarem um fado ao vivo. A gente tem que estar lá, ouvindo e sentindo aquela música que é toda emoção e sentimento. A voz poderosa que canta invade a alma da gente, o coração da gente, e a gente flutua levado pela cadência da música, pela emoção que ela desperta em cada um de nós.

O Fado é uma instituição que exprime e transmite, como nenhuma outra música, o sentir e o viver do povo português. E ele entra na nossa essência e nos percorre todos os meandros, parecendo que vai explodir pela nossa pele. Um fadista domina a voz como ninguém. Um fadista tem uma voz como ninguém.

Ouvir fado não é, simplesmente, ouvir música. É sentir a música. É interiorizar a música.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CULTURA E HISTÓRIA


 
 
Acima o Coliseo por dentro e a terceira foto, de fora.
  
 Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www,prosapoesiaecia.xpg.com.br

Muitas coisas têm me encantado nestas visitas a países da Europa, como Portugal, França, Itália, Espanha, Suiça. Mas uma coisa que não posso deixar de notar é a quantidade de livrarias na França, na Itália, em Portugal. Aqui na Suiça ainda não andei muito, cheguei recentemente, mas em Portugal existem livrarias que atravessam uma quadra inteirinha. São enormes, uma beleza. Na França também são muitas delas. Na Itália, até em Veneza elas são numerosas. Em algumas das vielas vi diversas, uma ao lado da outra.

Em Roma, ao lado do nosso hotel havia uma e, na volta do jantar, à noite, havia como que um auditório nela e um clube de leitura estava em plena atividade. Então leitura é uma coisa que faz parte do dia a dia das pessoas daqui e pode ser até que o número de livrarias não pareça muito grande para quem vive aqui, mas comparado ao que temos no Brasil, a diferença é bem gritante.

Cultura é um diferencial aqui, com certeza. A história, secular de algumas cidades, milenar, como o caso de Roma e Veneza e algumas outras, é uma coisa que marca a gente. Não há como andar em Veneza sem pensar que estamos pisando em chão que foi pisado por personagens dos mais importantes da história do mundo.

A cultura que se respira, que se pode testemunhar em lugares históricos, em cidades e monumentos tomados como patrimônios da humanidade é uma coisa que impressiona sobremaneira.

A viagem de trem, de Roma para Genebra é de uma beleza indescritível. As vinhas, em Montreau, Sion e outras cidades pelo caminho, lembram o Douro, em Portugal. Mas há lagos, há os picos nevados, há a arquitetura, há também as árvores que aqui ficam com as folhas mais amarelas do que  em Portugal, França e Itália.

Viver essas visões, essas sensações, absorver toda essa beleza e toda essa informação e toda essa cultura não tem preço. É uma experiência única.
 
Aqui, outras ruínas perto do Coliseu. O complexo histórico é muito grande

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O SUPRASSUMO DA ARTE


  Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Chegamos à Paris ontem. Hoje visitamos alguns lugares importantes da cidade, como a Torre Eiffel, é claro. Mas o tempo estava ruim, muito nublado e a parte mais alta dela esta encoberta pela cerração. O frio estava (ou está) bem intenso, três ou quatro graus, se não me engano. Mas com vento a sensação era de menos que isso.

Passamos quase toda a tarde no Louvre. Vimos apenas uma terça parte, mas valeu a pena. E não há como explicar, não adianta eu tentar discorrer sobre tudo o que há lá. Apenas uma constatação: a gente não sabe o que é arte antes de conhecer o Louvre. É uma loucura! Não há como não ficar maravilhado, quando se vê a capacidade do ser humano de criar maravilhas.

Amanhã tem mais.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO E SEGURANÇA




 
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

 
Explorando os bairros e as ruas de Lisboa, descubro sempre mais singularidades, mais diferenças que me chamam a atenção e me encantam. São costumes diferentes, palavras novas, palavras conhecidas com sentidos diferentes e similitudes – palavra bonita, essa, como diria o Pierre Aderne, nosso anfitrião, o cantor-compositor-poeta, brasileiro/português, que na verdade é francês de nascimento - ou semelhanças, ou singularidades, como queiram.

Vejo numa rua, da qual não lembro o nome, imperdoavelmente, um cartaz onde está escrito, em bom português: “ – professores + alunos = pior ensino. Se a educação é cara, experimente a ignorância.” Não é uma situação bem nossa conhecida, bem conhecida dos brasileiros? Pois então. Acho que aqui em Lisboa o problema é menor, a crise econômica está diminuindo o número de professores nas salas de aula. Isso, com certeza, como já vimos no Brasil, vai comprometer a qualidade do ensino. E isso é só o começo.

No Brasil, a educação está comprometida não só por isso: além das salas com número excessivo de alunos, o salário é baixo, as escolas estão mal equipadas e a sua manutenção é precária. As modificações no ensino fundamental e médio, feitas pelos últimos dois governos, sucatearam ainda mais a educação, ao invés de melhorá-la. O prazo para alfabetização, no primeiro grau, foi dilatado pelo poder público, para tapear a má estrutura, o sucateamento da educação, assim como a redução das treze ou mais matérias em apenas quatro “áreas” – o que na verdade significa redução do conteúdo programático, para parecer que o ensino público está dando conta do recado, para parecer que está tudo bem, quando na verdade estão legalizando a derrocada do ensino das nossas crianças e jovens. O que vai refletir no ensino superior, que formará profissionais cada vez menos preparados.

Então desejo veementemente que a educação portuguesa não chegue a este ponto. Acho, mesmo, que os governantes portugueses não deixarão que isso aconteça.

Uma impressão daquelas com matrizes vazadas, com spray, também me antenou: “Sorria! A sua liberdade está a ser violada”. E não é que é verdade? Há câmaras em todos os lugares, as pessoas são vigiadas constantemente. Nas ruas, em qualquer lugar, pelas câmaras, na internet, em programas de relacionamento, todo tipo de programa de comunicação que há agora disponível e até nos telefones.

Ao ler a denúncia, lembrei de um caso recente acontecido em Florianópolis, que ilustra bem esse tipo de coisa: a gente é vigiado, mas quando essa vigilância pode nos ser benéfica, nada acontece. Minha cunhada mora no mesmo bairro que eu e recentemente foi colocada uma câmara 360 graus na esquina da casa dela. Até então, nada havia sido roubado da casa dela. Pois logo depois da instalação da câmara, ela chegou em casa à noite e não havia energia elétrica, pois haviam roubado os fios que levam a eletricidade do poste, na rua, até o interior da residência.

Até que ponto precisamos de toda essa exposição, essa vigilância, se quando precisamos ela não reverte em nosso benefício? Há outro caso de roubo de documentos em um restaurante, mas as câmeras no lugar onde aconteceu o roubo e dos lugares onde os ladrões compraram também não serviram para nada, pois ou as imagens não foram cedidas, ou a polícia não as usou para prender os culpados.

domingo, 11 de novembro de 2012

ALTO DOURO, TRÁS OS MONTES




   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Passar rapidamente por Portugal é uma coisa. Ficar aqui por um tempo e visitar pontos diferentes, várias cidades, olhar tudo com atenção, encher os olhos, é outra coisa. Não se consegue ver tudo, pois há muito, muito pra se ver. A riqueza de detalhes, a beleza da natureza, que foi muito generosa com este pedaço de chão, a sua arquitetura e a sua gente são seus maiores patrimônios. A gastronomia, os seus vinhos, os seus queijos, são um caso à parte, temos ido a lugares em Lisboa, no Porto, no alto Douro e experimentado pratos fabulosos. É claro que experimentamos a comida mais popular, como a “francesinha”, na casa mais premiada do Porto.

Mas o Douro, ah o Douro. Por mais que eu tente explicar, não vou conseguir expressar todo o meu encantamento por aquele quadro de um grande mestre. As vinhas estão por todo o lugar, nas encostas, nos morros, nos baixios, nos terraços pedregosos, com suas folhas coloridas, que oscilam do verde até o roxo e o marrom, passando pelo amarelo, alaranjado, vermelho... E existem, ainda outras árvores que se vestem de amarelo, quase como o ipê, há o plátano, que também fica com suas folhas coloridas, algumas de suas árvores ostentando tons de vermelho fabulosos.

E o Rio Douro e outros rios oferecem paisagens fantásticas, que não nos enchem só os olhos, enchem nossos corações, enchem nossas almas de beleza e de uma sensação de leveza, que nos faz quase que sair de nossos corpos e pairar sobre essa tela divina.

Entendi que conhecer Portugal sem conhecer o alto Douro não é conhecer esse país belíssimo. É claro que deve haver muito mais, ainda, para ver e sei que ainda vou me surpreender, mas o Douro é muito lindo. E há muita, muita oliveira, há nogueiras, há amendoeiras, os pés de avelãs...

Como ter vivido sem ter visto e sentido Trás os Montes?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

DESCOBRINDO PORTUGAL

 
Mosteiro dos Gerônimos
 
 
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Andar pelas ruas de Lisboa, passear pelos bairros de Lisboa proporciona à gente, sempre, um leque de descobertas. Não é só o fato de estarmos no lugar histórico do qual herdamos muito da nossa cultura, das nossas tradições e costumes. É a emoção de poder absorver toda a beleza dessa terra onde o moderno se mescla com o histórico, com o antigo, com o tradicional, numa harmonização incrível.

Voltei à Baixa Chiado e redondezas para rever a arquitetura tão característica dessa terra mãe, fui em Belém para visitar lugares por onde passei rapidamente em outra oportunidade. Fui comer, desta vez, o pastel de Belém original, incomparável.

Nos dois primeiros dias na terrinha, andei por bairros dos quais nem lembro o nome, mas todos com seus encantos e atrações. Vi vários prédios muito antigos sendo restaurados, o que me deixou muito feliz. Ainda há muitos para restaurar, mas sabemos que o custo é bem alto e o país atravessa um crise, como todos sabem. O curioso é que, com todo o tamanho da crise divulgado, apesar de termos andado por vários lugares, a impressão que fica é que o Brasil está com muito mais problemas que Portugal. Até vimos alguns mendigos, coisa que não tínhamos visto na visita anterior, há alguns anos, e isso evidencia a falta de vagas no mercado de trabalho

Estive na faculdade de motricidade humana, onde minha filha Daniela faz mestrado na área de dança e fiquei conhecendo um complexo esportivo gigantesco. Foi lá, inclusive, que fiquei surpreso e encantado com uma coisa que vi, algo inesperado, mas que tem muito a ver conosco, brasileiros, principalmente do sul do país. Havia um canal que dava para o mar e a maré estava subindo. Pois passando por uma ponte sobre o canal, prestei atenção nos peixes se avolumando na água que ainda estava rasa, mas ia subindo. Um cardume cada vez maior, uma quantidade imensa de peixes que não me pareciam ser estranhos, não muito grandes, mas também não muito pequenos. Era o meio da tarde e o tempo estava um pouco nublado, mas estava claro, com o sol aparecendo de vez em quando. E o peixes, conforme a sua dança, como se fora uma coreografia do grande grupo, brilhavam suas escamas prateadas, exibindo-se para nós.

Perguntei a uma senhora que passava, moradora da região, que peixe era aquele. Tainhas, respondeu-me ela. E eu fiquei ali, admirando a subida do cardume pelo canal, enquanto a maré subia. Faz todo o sentido, pensei. Estamos em meados do outono, aqui, o frio está chegando. E sabemos, nós do sul do Brasil, que a tainha chega para nós em julho, quando é inverno.

Interessante é que não havia ninguém pescando por ali. Agradeci à Mãe Natureza por ter permitido que eu tivesse assistido aquele espetáculo. Mais um ponto de convergência entre nós, brasileiros e portugueses. Lembrei da cambira que faço, no tempo da tainha, lá em Florianópolis.

Então pegamos o trem, depois o metrô e fomos fazer um lanche. Comemos um prego, cada um. Muito bom. À noite, a comemoração do aniversário de Daniela. Muita gente interessante e simpática, inclusive brasileiros que vivem aqui. Muito vinho do bom, que aqui é comum, uma moqueca com pirão e bolo de aniversário.

No final da noite, um show do Pierre Aderne, exclusivo para nós. Ele cantou para nós todas as músicas do seu novo CD, “Bem me quer, mar me quer”, e mais algumas. Um espetáculo particular.

No dia seguinte, depois de andar mais por Lisboa, à noite fomos no Bairro Alto, no restaurante/bar do Pedro, um português boa praça que nos serviu pratos deliciosos: bacalhau, polvo, porco, pato, sopa e muito vinho. E um vinho do porto de trinta anos. Uma loucura.

Hoje voltamos do Douro, depois de uma viagem agradabilíssima, e ainda estou embriagado, não do vinho de ontem, mas da beleza daquele lugar. É uma coisa indescritível, é um lugar de uma beleza sem par. Mas falo disso amanhã, depois de tirar mais algumas fotos para tentar mostrar esse lugar fantástico, onde a geografia e o clima favorecem o cultivo da uva e as vinhas estão em todo o lugar. E a gente não quer mais ir embora.

sábado, 3 de novembro de 2012

VERDE VALE EM BRAILE

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O primeiro livro da romancista e historiadora Urda Alice Klueger, "Verde Vale", está sendo publicado pela Fundação Cultural de Blumenau, em braile.
É uma iniciativa das mais importantes, continuar publicando obras em braile, principalmente de autores catarinenses, ainda mais de uma escritora catarinense que representa fortemente a nossa literatura para o Brasil e para o mundo.
Feliz dos leitores com deficiência visual que tem uma Fundação Cultural como a de Blumenau, que vem publicando, sistematicamente, obras em braile. Há algum tempo atrás foi uma antologia com autores da terra, que teve a participação de, entre outros, Enéas Athanázio.
Parabéns pela iniciativa. E mais livros em braile venham a ser publicados, para este público que ainda tem poucas opções.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

CRÔNICA TRISTE


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Hoje minha crônica não vai ser literária, nem romântica, nem poética. Vai ser apenas triste. Porque é dia 2 de novembro, dia daquela saudade de nossos queridos que se foram doer um pouquinho mais. E a primavera me traz flores e vida, esperança e desejo de renovação, mas também me traz uma enorme sensação de perda.
O início de novembro tem Finados e o final de um outubro antigo levou um pedaço de mim, há muitas primaveras. Trinta primaveras, para ser exato. Então, esse dia de saudade, para mim, é um dia no qual aquela dorzinha escondida, que fincou raízes lá no fundo do peito, doendo um pouquinho sempre, agora dói um tanto mais.
Saudades, saudades infinitas de uma convivência que poderia ter existido, mas não aconteceu. E ter saudades de alguém que chega e já se vai, sem deixar nada para ser lembrado, é ainda mais doído. Até me disseram, quando Vanessa se foi, no dia seguinte ao do seu nascimento, que era melhor assim, era melhor do que se ela tivesse ficado algum tempo e depois tivesse ido, doeria menos. Eu não concordo.
Ficou um vazio enorme, uma saudade de ter do que ter saudades, aquela imagem nítida da luta pela vida, ferrenha, mas perdida.
E uma imagem quase romântica, no meio de tanta aridez: no dia em que Vanessa se foi, as primeiras flores dos primeiros jacatirões nativos se abriram. Fiz até um poema, que depois virou lápide: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”
Mas os jacatirões estão florescendo novamente, este ano, e amanhã eu vou estar melhor, prometo. E volto a falar de poesia e de livros. Porque a vida é assim. O que seria dos momentos felizes, se não fossem os tristes, para valorizá-los?