Por Luiz Carlos Amorim – Escritor,
editor e revisor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.b
Passou o
aniversário de nascimento de Cruz e Sousa, em novembro, passou o aniversário da Capital e passou o
aniversário da morte do maior poeta catarinense, em 19 de março, tudo em
branco. Cento e desessete anos que o poeta, filho desse chão catarinense de
renome mundial, se foi e nem a reforma do seu “Memorial”, um puxadinho atrás do
Palácio Cruz e Sousa, inaugurado em 2010, depois de anos de atraso, abandonado
desde então, foi providenciada.
O Memorial
ficou entregue ao tempo, sem nunca ser usado, nem com eventos culturais, nem
para visitação, finalidades primeiras do lugar, só deteriorando sem nenhuma
manutenção. Várias promessas já foram feitas, por sucessivas “administrações”
da Fundação Catarinense de Cultura, mas nenhuma obra sequer foi iniciada. Anos
se vão e novos anos se iniciam, sempre com promessas, mas nunca nenhuma foi cumprida.
A morada do grande ícone do Simbilismo virou depósito de móveis velhos, caindo
aos pedaços. Que Estado é esse que não respeita seus maiores nomes? Pra que
Secretaria de Esporte, Cultura e Turismo, Fundação Catarinense de Cultura,
etc., se não preservamos a memória do maior representante da cultura e da arte deste Estado?
Mas tem
mais. Filipe Mello, à frente da Secretaria do Esporte, doTurismo e da Cultura,
em Santa Catarina – ele é contrário ao desmembramento da pasta, para que se
crie uma secretaria esclusiva para a cultura - deu entrevista a três jornais catarinenses,
no último final de semana, sobre as ações principais que deve implementar nos
próximos cinco anos no cargo.
Muito
louváveis as providências que serão tomadas – e necessárias, inadiáveis. Mas
pelo menos um ítem causa estranhamento. Como todo o imenso atraso, até agora,
na reforma do Memorial Cruz e Sousa, olhem o que o secretário diz sobre a sua
“reforma”: “O Memorial Cruz e Sousa foi inaugurado em 2010 e o Deinfra, que fez
a fiscalização da obra, entendeu que a forma de execução da empresa contratada
na época não foi correta. Há uma ação judicial proposta pela Procuradoria do
Estado para que a empresa devolva os recursos e seja penalizada.
Independentemente disso, já estamos desenvolvendo um projeto de reutilização
dos jardins do Palácio Cruz e Sousa, que prevê a disponibilização do espaço,
por meiod e uma taxa cobrada pela FCC, para apresentações artísticas,
casamentos, lançamentos e eventos de negócios, por exemplo.”
Perceberam
que não se falou da reforma do Memorial, mas “utilização dos jardins”? Quer
dizer que o Memorial Cruz e Sousa vai virar um salão de festas de aluguel?
Grande homenagem ao maior poeta catarinense, não? Será que depois de todo este tempo abandonado,
por incompetência do Estado, ele vai
desaparecer definitivamente? Seria a cereja do bolo. O cúmulo do desrespeito,
primeiro para com Cruz e Sousa e depois para com o povo catarinense.
A presidente
da FCC também foi à televisão falar do Memorial, e deu a seguinte desculpa para
não terem feito nada com relação às reformas no decorrer de todos esses cinco
anos: não mexeram na construção, para que pudessem cobrar da construtora, que
não fez o serviço corretamente. E esperaram cinco anos, sem “mexer” para cobrar
de uma construtora falida? Desculpa esfarrapada, não? E a fiscalização da FCC e
do governo do Estado, que não viu que o serviço estava sendo mau feito?
Com a palavra, o Estado.