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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

CRÔNICA SEMANAL DA PANDEMIA – 19-25.12.2021


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 41 anos em 2021. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

Semana movimentada e feliz, apesar do tempo chuvoso. E com vento. No dia 25, houve uma ventania em Lisboa e as ruas ficaram forradas com as folhas que caíram das árvores, notadamente de plátano. Muitas árvores que estavam desfolhando um pouco a cada dia, ficaram peladas de uma vez só. Chegou o inverno. Escrevi pouco esta semana, trabalhei só um um pouco no novo livro de viagem, mas li um pouquinho. A filha Fernanda chegou da França e fica conosco por alguns dias e a família está reunida. Rio está feliz, com tanta gente para brincar com ele. É um feliz Natal.

No domingo, Rio teve visitas: Cláudia Abreu, os filhos e o marido e Grassi e a filha. Rio brincou um pouco com uma miúda da idade dele e também brincou com os meninos um pouco mais velhos do que ele. Na segunda amanheceu com resfriado, mas apesar do nariz escorrendo, brincou e estava de bom humor. Foi testado, mas deu negativo para covid. Na terça já estava um pouco melhor e recebeu a visita do Walter, o baixista amigo dele e Geiza, que faz parte da produção do RUA DAS PRETAS, de quem ele também gosta muito. Brincaram muito, como sempre. O tempo continua ruim, por isso ele não tem saído para os parques. Na quarta, papai e mamãe foram fazer compras, que o Natal está aí e vovó ficou com ele. Vovô foi à noite para jantar com ele. E a sexta chegou, véspera de Natal. Ele adorou quando a noite baixou e, antes do jantar, abriu alguns presentes e depois do jantar mais alguns. Rio é uma criança feliz, mas ficou muito, muito feliz com tantos brinquedos. Ganhou um cozinha de chef, para cozinhar com o papai, mas ela veio para montar, então conseguimos convencê-lo que nós montaríamos com ele quando ele acordasse, na manhã seguinte, pois já tinha passado da hora de dormir. Ele protestou, mas acabou dormindo. E antes de dormir brincou com a moto da polícia que fazia barulho de sirene, com vários livros e com outros tantos brinquedos. Assim que ele dormiu, todos juntos montamos a cozinha e ela ficou prontinha para ele. O carrinho de controle remoto que ele pediu a vovó também deixou para a manhã seguinte. No sábado ele acordou e adorou ver a cozinha montada e brincou muito, pois além dos utensílios que a cozinha trazia com ela, a Dinda Fernanda trouxe de presente outros tantos e a cozinha ficou completa. Ele brincou o dia inteiro na cozinha e com o carrinho de controle remoto, com a moto, com os livros, uma alegria só. A gripe (ou resfriado) já quase não há mais, só ficou uma tossezinha que aparece às vezes. Tivemos bacalhau no almoço do dia 25 e na noite do dia 24, um capão recheado. Tudo estava uma delícia. Falamos com Rio de um Menino que estava nascendo e provavelmente ele não entendeu, mas é cedo ainda.

Sobre a pandemia, os números de novos casos, por causa da Ômicron estão aumentando cada vez mais, embora o número de mortes não aumente na mesma proporção, graças a Deus. O fato de haver muita gente vacinada, com uma, duas, três doses influencia muito para que não haja mais casos graves. Na verdade, quase todos os casos graves que estão nas UTIs dos hospitais são de pessoas que não tomaram a vacina.

Na segunda, o governo publicou novas regras e exigiu passaporte de vacina para viajantes que chegarem ao Brasil. Será que as companhias aéreas estão cumprindo a nova regra? O Ministério da Saúde decidiu reduzir o prazo mínimo para a aplicação das doses de reforço vacinal contra a Covid. A partir de agora, o intervalo para a aplicação do reforço é de quatro meses. A Polícia Federal abre investigação para apurar ameaças contra servidores da Anvisa. Ameaças do senhor presidanta, que quer a cabeça da Anvisa, por autorizar vacina contra covid para crianças. É possível uma coisa dessas? E o Ministranta da Saúde está dizendo que "não há pressa para vacina as crianças", vai ver isso em janeiro.

Há pouco mais de um ano no mundo – e um pouco menos de um ano no Brasil – as primeiras doses das vacinas contra a Covid-19 eram aplicadas. A pandemia ainda existe e não se sabe até quando. Mas... o que já é possível afirmar sobre a imunização contra o coronavírus? Onde a ciência evoluiu e aonde ela chegou? Ainda há muita especulação e ainda se sabe pouco.

Na quarta, estudo da Fiocruz aponta que apenas 16% das cidades brasileiras têm mais de 80% da população com vacinação completa contra a Covid. Anvisa entrega os pareceres públicos de aprovação da vacina da Pfizer para crianças e pede retificação em texto da consulta pública para a campanha de imunização da faixa etária.

Na quinta, o ConecteSUS, sistema que emite o Certificado Nacional de Vacinação Covid-19, voltou a funcionar após 13 dias fora do ar. O sistema ainda apresenta oscilações, como para emitir o Certificado Nacional de Vacinação. O problema também afetou o sistema de notificação de casos e mortes da doença. O e-SUS Notifica, que reúne informações sobre casos e mortes por causa de Covid-19, estava inacessível havia 11 dias, mas voltou ao ar na tarde de terça-feira (21), segundo o Ministério da Saúde. É por isso que os números da covid 19 andam tão baixos nas últimas duas semanas. Não espelham a realidade.

“Ninguém está seguro até que todos estejam vacinados”. Alerta da ONU pede mais empenho para acelerar o ritmo da vacinação assegurando pelo menos 70% da população vacinada até 2022. As 10 maiores economias mundiais detêm maior taxa de imunização. Já países de baixa renda, especialmente os africanos, têm em média 0,8% de vacinação. ONU acredita que é possível alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde de levar a vacina a todos com 11 bilhões de doses e ampliar a cobertura de imunização prevenindo o surgimento de novas variantes.

Sem dados de cinco estados e do Distrito Federal, o Brasil registrou no sábado, dia 25, 28 mortes por Covid-19, com o total de óbitos chegando a 618.457 desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias ficou em 96.

O balanço é feito a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. Nove estados não forneceram registros de mortes neste sábado: AC, AL, AP, CE, GO, MT, RO, SC e SE.

A média móvel de mortes não ficava abaixo de 100 desde 11 de abril de 2020. Os números atuais têm sido influenciados pelo apagão de dados. Nem todos os estados estão fazendo a divulgação diária de casos e mortes. E assim os números vão baixando, sem que esses números espelhem a realidade. Estamos no escuro, infelizmente.

Então precisamos cuidar, pois não sabemos, na verdade, o que está acontecendo.

 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

NATAL COM PANDEMIA, DE NOVO


   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 41 anos em 2021. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

 

O terrível ano de 2021, não sei ainda se mais ou menos do que o ano de 2020, está acabando, graças a Deus. E termina com a descoberta de uma nova variante do vírus, mais contagiosa que as anteriores, cogita-se. Estão fazendo estudos para saber o quão contagiosa ela é, se as vacinas existentes vão cobrí-la e se ela é mais letal ou não. Espera-se que as vacinas que estão aí tenham eficácia e combatam também esta nova cepa do coronavírus. Tomara, pois justo agora que se via o fim deste flagelo que contaminou o mundo todo e que já matou mais de cinco milhões pelo planeta, aparece uma notícia dessas. Mais um Natal com pandemia, infelizmente.

O fato é que a data maior da cristandade está aí e 2022 está para começar e temos que confiar que a renovação, o renascimento que o Natal nos traz fortificará a nossa fé no Universo para que o novo ano seja melhor. E será. As vacinas anti-covid hão de ser eficazes e seguras para a nova e temerosa cepa, uma boa parcela das pessoas pelo mundo estão  imunizadas, apesar do negacionismo e das campanhas anti-vacinas. Teremos que continuar com os cuidados, ainda em 2022, enquanto as vacinas seguem sendo administradas em todo o planeta, sim, para que o flagelo diminua e possamos respirar mais aliviados, falar com as pessoas de perto, abraçar e beijar nossa família, nossos amigos, nossos amores.

Poderemos trabalhar, ir à escola, a restaurantes, ao teatro, visitar os amigos, reunirmo-nos novamente, voltar ao “normal”, mesmo que não seja o normal de antigamente, mesmo que seja um novo “normal”. Porque a falta de proximidade, a solidão, a falta do abraço e da convivência em 2020 e parte de 2021 nos mudou, a pandemia mudou todo o mundo e precisamos nos adaptar a um  “novo” normal. Mas se passamos por dois anos  de pandemia, terríveis, como não nos adaptarmos a um “novo” normal? Desde que a ameaça seja afastada, enfrentaremos tudo, e há muito que enfrentar, pois a economia está seriamente prejudicada, a inflação está subindo a olhos vistos e não há trabalho para todos que ficaram sem ele, mais do que antes da pandemia. Temos muita dificuldade pela frente, mas se for sem a covid 19, com uma covid 19 mais amena, venceremos.

O Natal será feliz, o ano de de 2022 será melhor, se Deus quiser. Que venha 2022, o ano do abraço, do beijo, do sorriso com os dentes à mostra, do abraço de mãos. Nunca imaginei que não poder ver o sorriso do outro doeria tanto em nós. Mas aprendemos a sorrir com os olhos, não foi? Então o novo ano do abraço, do beijo, das mãos abraçadas será o ano do sorriso com dentes, que acompanhará, finalmente, de novo, o sorriso dos olhos. Tenho plena consciência do valor disso tudo, pois nesses dois últimos anos abençoados deixei  de abraçar meu neto, minhas filhas, meus irmãos, minha mãe, meus amigos. Sei a falta que isso faz. Então vamos fazer um Natal feliz, sem aglomerações, com cuidado, pois o vírus ainda está circulando por aí. Vamos pedir de presente de Natal que o vírus fatídico perca a força, que vire só “uma gripezinha”, mesmo que fique indefinidamente por aí e que tenhamos que tomar vacinas todos os anos, como fazemos para a gripe.

Feliz Natal para todos. E quando digo isso, não é da boca pra fora, não é uma formalidade. É um desejo forte, uma certeza como nunca tive antes. Precisamos comemorar o Natal segundo o que ele realmente é. E Natal não é Papai Noel, simplesmente, que é no que ele se transformou, infelizmente. Natal é um Menino nascendo nos corações das pessoas, é renascimento, é renovação. Não esqueçamos disso. Vamos comemorar o aniversário do Menino com ele presente. Na nossa alma, em nosso coração.

domingo, 12 de dezembro de 2021

CRÔNICA SEMANAL DA PANDEMIA – 28.11-04.12.2021

 

   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 41 anos em 2021. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

 

Uma semana excelente, mesmo com a nova variante da covid. Trabalhei na divulgação da revista SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA, que ficou pronta e ficou muito boa: 84 páginas de muita prosa, muita poesia e muita informação literária e cultura. Li um pouco de Agualusa e Oscar Wilde, assisti séries de humor e até um filme. Vi noticiário brasileiro e internacional – Bolsonaro não está nada bem na fita pelo mundo – e escrevi um pouco. No mais, nos divertimos com o neto Rio, que está cada vez mais fofo, montamos a árvore de Natal para entrarmos mais no espírito da data, nossa revista revê mais de mil acessos em um dia,  e vimos um megashow de André Rieu ao vivo e a cores. Por falar em ao vivo e a cores, aqui na Europa não tem jacatirão para anunciar o Natal, mas precisam ver as cores das folhas de inúmeras arvores no outono daqui. É um beleza só. A foto de hoje é uma delas.

No domingo, fizemos piquenique nos Jardins da Estrela e o Rio aproveitou para andar de bicicletinha. Eu levantei o selim da bicicleta menor dele, assim as pernas não ficam tão dobradas e é mais fácil correr para impulsionar o bólido. Não tem pedal, então é impulsionada com os pés, mesmo, e ele vai que vai. Na segunda ficamos com o Rio à noite, pois papai tinha participação em um show e mamãe foi junto, pois é a produtora. Brincamos muito e também vimos desenhos como Léo, o Caminhão, Patrulha Pata e Blipi – só criança mesmo para gostar dele, pois a dublagem (brasileira) é péssima. Na terça, vovó ficou com o Rio enquanto mamãe e papai trabalhavam. Fomos à piscina, eu e vovó, com o Rio, à tardinha, para vê-lo na água com mamãe. Ele disse, à noite, que “foi incrível!”, assim mesmo.  Mais tarde, teve jantar com os artistas do concerto Rua das Pretas. Vovó e mamãe fizeram umas comidinhas à la brasileira bem gostosas. Pra honrar o país e a época em que estamos, tinha até castanha portuguesa assada, que a Dani, mamãe do Rio, colocou para assar, depois de fazer um talho na casca de cada uma – a casca delas é um pouco dura – até cortou o dedo. Na quarta, Vovó trouxe o Rio para nossa casa e ele almoçou e ficou conosco até a noite. Antes de chegarem casa para almoçar, passaram no shopping Amoreiras aqui ao lado e ele dirigiu um carro de corrida e brincou no escorregador em caracol. Tirou um soninho muito bom à tarde e quando acordou fez um lanchinho de banana amassada com canela e mel, pão de canela e croissant. Voltamos à noite para a casa dele e ele foi se encantando pelo caminho com as árvores de natal iluminadas.

Na Quinta, Vovó foi antes do vovô para a casa do Rio e à noite fomos os dois para jantar e montar o quê, o quê? A árvore de Natal, claro. Mamãe deu banho no Rio e ele vestiu roupa de duende e fomos todos para a saleta que dá para a varanda, nos fundos. A árvore já estava lá e mamãe Dani pegou as caixas com enfeites e abriu-as e Rio ficou maravilhado com tantos enfeites diferentes e coloridos. Foi uma festa inesquecível o Rio escolhendo as coisas para pendurar na árvore e colocando ele mesmo, alguns. Ele pulava de feliz. Sabem a imagem da felicidade? Era isso, exatamente isso. Fiz um filme, mas ficou muito longo, mais de dez minutos, então não pude mandar para a família e amigos no Whats. Tive que editar para enviar alguns trechos, mas ficou muito bom. É uma lembrança que não dá pra não ter.

Na sexta fomos levar o Rio na parquinho do Eduardo Sétimo, que ele adora ir lá, pois tem brinquedos mais “ousados”, como uma tirolesa que eu tenho que segurar ele e sair correndo na velocidade que aquilo vai e ele adora. O Eduardo Sétimo está cheio de barracas e pista de patins e outras atividades, virado num parque de Natal. Lembra a Feira do Livro, todo ocupado e cheio de gente. E tem uma imensa roda gigante. Passamos por ela e Rio ficou encantado, acho que vamos ter que voltar para ele andar nela. Não entramos na área das barracas porque é preciso ter teste de covid ou certificado de vacinação. Precisamos obter nosso certificado europeu. Mas fizemos o teste de covid, porque ainda estávamos voltando do parque quando Daniela mandou mensagem no Whats dizendo que tínhamos bilhetes para o concerto de André Rieu à noite. Imenso presente de Natal. A Altice Arena, aqui em Lisboa, que comporta mais de doze mil pessoas, estava lotada e, apesar do mar de gente que estava ao redor do domo onde fica a Arena, quando chegamos, foi tudo muito organizado e num instante estávamos sentados na num excelente lugar excelente, perto do palco. Foi soberbo. Ao vivo é outra coisa. Depois de duas horas de concerto, André Rieu tentou encerrar, mas não conseguia, ainda ficou quase meia hora apresentando mais números. Foi magnífico. Um tributo à música. Orquestra fabulosa, cantores espetaculares. Música na veia, música no coração. Inesquecível. No sábado, fomos almoçar com Rio, mamãe e papai, que a Daniela fez uma lasanha de berinjela com molho a bolonhesa que ficou deliciosa. Brincamos muito com o Rio e quando ele foi tirar o soninho da tarde, fomos embora, que tínhamos que passar no supermercado. À noite, Rio foi passear um pouco para ver as luzes de natal. Ele sempre fica encantado com muita luz e muita cor.

A semana foi ótima, mas a pandemia continua, agora com a nova variante, que a gente não sabe ainda o quão grave é. Na segunda, imagem computadorizada da variante ômicron do coronavírus revelou que ela tem mais que o dobro de mutações da delta. A representação computadorizada desta nova cepa foi feita por pesquisadores do hospital Bambino Gesù de Roma, na Itália, que disseram ainda ser cedo para tirar conclusões e que ter mais mutações não significa necessariamente que a ômicron seja mais perigosa. Na terça, o Instituto Adolfo Lutz confirmou dois casos positivos da ômicron no Brasil – são os primeiros registros, no país, da nova variante do coronavírus. Na quarta, foi confirmado o terceiro caso da ômicron no Brasil. O Ministério da Saúde confirmou  mais dois casos da ômicron no Brasil. Com as outras três infecções já detectadas em São Paulo, o país tinha na quinta cinco pacientes com a nova variante do coronavírus. O ministranta da Saúde defendeu que ainda não é o momento para um "fechamento total da nossa economia" e disse que o ritmo de vacinação traz "tranquilidade" para enfrentar todas as variantes. Sabe tudo, a anta travestida de ministro.

No sábado, STF determina abertura de inquérito contra Bolsonaro por associação falsa entre vacina e HIV. Decisão do ministro Alexandre de Moraes contraria a PGR e atende a pedido feito por parlamentares da CPI da Covid. Já não era sem tempo, mas sabemos que vai dar em nada, pra variar.

Então, não sabemos nada, ainda, sobre a ômicron. É bom nos cuidarmos.

domingo, 5 de dezembro de 2021

O GÊNERO “NEUTRO” OU A “NEUTRALIZAÇÃO” DE GÊNERO

      Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 41 anos em 2021.     Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Tenho visto algumas matérias sobre a “neutralização” do gênero na língua portuguesa, no Brasil, algumas contra e algumas a favor. Digo no Brasil, porque em Portugal não vejo isto. O que também não tenho visto é alguém usar essa novidade, nem em jornais, nem em revistas, nem na televisão, nem na internet, nem ao vivo e a cores. Tá certo que tenho mais de sessenta anos, mas tenho muitos jovens nas minhas páginas em redes sociais, pois sou professor e escritor. Importante frisar que leio meia dúzia de grandes jornais brasileiros todos os dias.

Mas vamos ver primeiro o que é o “gênero neutro”, que alguns insistem que são de emprego corrente, atualmente: “uso de feminino marcado no caso de substantivos comuns de dois gêneros – exemplo: “ a presidenta” – pergunto: vai ser “a estudante”, também?; emprego de formas femininas e masculinas, sobretudo em vocativos, em vez do uso genérico do masculino – exemplo: alunos e alunas, ao invés de Alunos!; inclusão de novas marcas no final de nomes e adjetivos, como “x” e “@” – exemplos: “amigx, amig@” (que coisa absurda, não? Isso não é linguística, nem gramática: o símbolo @ nem ao menos é uma letra); ampliação da função de marcas já existentes, como a terminação “e” – exemplo: “amigue”; e alteração na base de pronomes e artigos – exemplo: “ile”, “le” (outra vez: que absurdo, nunca vi nada disso).

De novo: não vi, ainda, em lugar nenhum esses disparates como “amigx”, “amig@”, “ile”, “nile”, “dile”, “aquile”, etc. Essa não é uma questão linguística, pois essas novidades não são de uso comum, não são de uso geral, pelo contrário, é de uso bem restrito. Línguística é o estudo da língua como ela é falada, mas o presente caso da “neutralização” de  gênero está se constituindo mais em uma imposição, por que não é de uso geral. Para que querer fazer mudanças na língua – mudanças que não são relevantes, nem inteligentes, nem necessárias – numa época tão difícil, quando precisamos priorizar a educação, que está falida em nosso país? Tivemos dois anos sem aula nas nossas escolas, infelizmente, devido à pandemia, a educação já vem sendo sucateada de há muito tempo, o abandono do ensino no Brasil é flagrante, então por que querer fazer mudanças, bagunçando ainda mais o sistema linguístico? Não temos obrigação de saber a preferência sexual de cada um e nem todas as pessoas homo querem ser identificadas, porque o que fazem na vida privada é direito de cada um, não interessa a mais ninguém. E se não soubermos isso, como usar as “neutralidades”?

Então o tratamento para as pessoas do  “terceiro” gênero é uma questão de educação, de novo, para não esquecer. E  de respeito. Precisamos tratar com respeito todas as pessoas, para merecermos que sejamos tratados com respeito também. Se nos tratarmos com respeito, não é preciso inventar palavras novas para identificar o “gênero” de uns e de outros.

Precisamos parar de dar destaque a debates sobre assuntos que não são prioridade geral e dar importância a temas prementes, como o resgate da educação no Brasil. E quando falo educação estou falando de ensino, conforme reza o dicionário português. Ensino,  coisa tão menosprezada em nosso país. Há que se estruturar o ensino para que tenhamos um povo que possa escolher o que realmente é prioridade e assimilar, se for o caso, uma nova atualização na língua, desde que linguisticamente amparada, é claro. Porque a mudança que querem fazer parecer necessária é uma imposição arbitrária e descabida, beirando o ridículo. Respeito quem acha que ela é necessária, mas respeito também a grande maioria do povo brasileiro que nem sabe do que se trata. Que as mudanças sejam usadas entre as pessoas que querem usá-las, tudo bem. Se o uso se generalizar, o que duvido muito, quem sabe será o caso de voltar a discutir a sua inclusão?

sábado, 4 de dezembro de 2021

CRÔNICA SEMANAL DA PANDEMIA – 21-27.11.2021


   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 41 anos em 2021. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

 

Mais uma semana de trabalho. Trabalhei direto na revista: uma vez preparado o material, há a conferência/revisão da editoração e termino a semana com a edição do SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA de dezembro pronto, para colocar no ar na semana próxima. O domingo foi todo de trabalho, nem saímos. Li um pouco de jornais, li um pouco de Agualusa e um pouco de Eloah, escrevi um pouco, mas pouco mesmo.

Rio viajou, passou o final de semana numa quinta, mas no domingo estava de volta e foi almoçar na casa de amigos. Lá um vavau  o “mordeu” um pouquinho acima do tornozelo direito – na verdade foi só um arranhão, mas foi uma aventura para ele. Mamãe passou neomicina e cicatrizou rapidamente, pois foi bem superficial. Na segunda  só a vovó foi lá no Rio, eu fiquei revisando a primeira versão da editoração da revista. Na terça, houve sarau na casa do Rio, com presença de Ana Carolina, a cantora brasileira e do escritor português José Luis Peixoto, além de Tito Paris, cantor caboverdeano e cantores brasileiros e portugueses.

Na quarta, Vovó ficou com o Rio na casa dele, enquanto papai e mamãe foram trabalhar e jantamos todos juntos, inclusive eu, que me dei uma folga e fui brincar um pouco com o lindão. Quinta-feira foi um dia meio chuvoso, na Luzboa, então não saímos de casa, mas o Rio foi à piscina e adorou, como sempre. Na sexta, Vovó ficou com o Rio lá na casa dele, saiu com ele e foram ao parquinho – a principio ele não queria ir, mas depois gostou e brincou muito – e à noite eu fui ter com eles, pois a revista estava quase pronta, faltando ainda só a arte final. Fizemos bolinhos de chuva doces (com banana) e salgados, para a janta. Como prato principal, Dani fez abóbora com carne de sol, muito bom. O Rio gostou do bolinho de chuva salgado, mas adorou o bolinho de chuva com banana. Tivemos que esconder para ele não comer demais. No sábado choveu e não arredamos pé de casa , porque estava muito frio. Rio saiu um pouquinho, foi à feira do Príncipe Real, mas não apanhou chuva. Lemos e eu escrevi um pouco. Também vi um pouco de noticiário e vi que o mundo está em polvorosa com a nova variante Ômicron.

O mundo inteiro em alerta: quando pensávamos que as coisas estavam melhorando, no que diz respeito à pandemia, foi descoberta uma nova variante, na sexta, na África, extremamente contagiosa, a Ômicron. Já está também na União Européia (Bélgica), Hong Kong e Israel. Começaram, de imediato, estudos para saber se as vacinas cobrem esta nova variante e países estão  tomando providências para tentar evitar o alastramento da nova ameaça: cancelamento de voos de e para os países da Africa que estão com casos, volta do uso da máscara e até confinamentos. O desgovernante do Brasil, Bolsonaro, descarta, na TV, qualquer providência. Vamos ter que nos cuidar ainda mais do que antes.

Na segunda, os laboratórios Pfizer e BioNTech diziam que sua vacina contra a Covid ofereceu forte proteção de longo prazo contra o vírus em um estudo de fase 3 conduzido em adolescentes de 12 a 15 anos. A pesquisa mostrou também que o imunizante teve 100% de eficácia nos jovens dessa faixa etária. No Brasil, a vacina da Pfizer é a única autorizada para essa idade.

Na terça, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde para Acesso a Medicamentos, Mariângela Simão, afirmou que o mundo está entrando em uma 4ª onda da pandemiade Covid, sem saber que pouco mais tarde eclodiria uma nova variante perigosíssima da covid.  Para ela, apesar dos dados positivos, o Brasil não pode relaxar no controle da doença. A mobilização em torno do carnaval é um dos pontos de preocupação apontados por Mariângela. Algumas cidades já cancelaram, mais os maiores centros, até agora, vinham mantendo o evento para 2022. Vamos ver como fica agora, com a nova variante chegando.

O governo de São Paulo anunciou na quarta-feira (24) que vai tirar a obrigatoriedade do uso da máscara em ambientes externos a partir do dia 11 dezembro. Agora, como surgimento da nova variante Ômega, como é que fica?

A Europa voltou a ser o epicentro da pandemia de Covid. Em meados da semana, diversos países do continente reúniram esforços para controlar o avanço da doença antes das festas de fim de ano. Eslováquia e Áustria decretaram lockdown parcial. Portugal voltou com restrições em hotéis e restaurantes. A Alemanha, que tem novo recorde de infecções, quer ampliar a vacinação.  Mas as mortes e hospitalizações estão mais baixas do que em outras ondas da doença — sinal do avanço da vacinação em alguns países.

Na sexta, a Organização Mundial da Saúde  declarou  que a B.1.1.529 – a nova cepa do coronavírus – é uma "variante de preocupação" e deu a ela o nome de ômicron. Descoberta inicialmente na África do Sul, ela passa ao mesmo grupo de versões que já causaram impacto significativo no avanço da pandemia: alfa, beta, gama e delta. A ômicron é considerada de preocupação porque tem 50 mutações. Ainda não se sabe se ela é mais transmissível ou mais letal, mas já estão sendo feitos estudos para saber isso.  A própria OMS diz que precisará de semanas para compreender melhor o comportamento da variante. Ao menos 9 países e/ou territórios já anunciaram restrições a voos de nações africanas.

No sábado, o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco, disse que o enfrentamento ao coronavírus deve ser uma prioridade no País nesse momento. "Conter a pandemia e conter a fome e miséria no Brasil são focos que nós temos que estabelecer como prioridades absolutas nesse momento", disse Pacheco durante o "Fórum Brasil de Ideias".

Então, resumindo: com a nova variante chegando, sem sabermos ainda, ao certo, o seu grau de transmissibilidade e se as vacinas atuais são válidas para ela, precisamos nos cuidar. Mais ainda.