Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da
Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A
ILHA, que completa 40 anos em 2020. Http://lcamorim.blogspot.com.br – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
O novo coronavírus que veio da China está parando o mundo e, infelizmente,
há que parar, para que mais pessoas não fiquem doentes. Temos que ficar em
casa, todos nós, para que não contraiamos a doença e para que não a passemos,
se estivermos infeccionados. Temos que seguir o protocolo de higiene,
largamente e repetidamente divulgado e sair de casa só o estritamente
necessário: para ir ao supermecado, à farmácia, ao trabalho, se não houver
maneira de levar o trabalho para casa, se bem que muitos locais de trabalho
estão fechando, para que não haja pessoas muito perto umas das outras.
E ficando em casa, temos que nos ocupar, temos que encontrar atividades
para ocupar o tempo, pois chega uma hora em que tudo o que podia ser feito em
casa já foi feito. Então temos que ter livros para ler, bons programas e filmes
para ver, música para ouvir, jogos para nos entretermos, brincadeiras e um
menino Rio, esse ser iluminado, para curtir e alegrar tudo, se for possível.
É tempo de solidariedades e há muitas delas. Queria falar de algumas,
dessas que em tempos de ficarmos em casa, nos encantam e nos fazem abençoar o
tempo disponível. Falo de iniciativas como a do espetáculo Rua das Pretas, que
era apresentado todos os sábados num palacete do bairro Príncipe Real, aqui em
Lisboa, pelo cantor e compositor Pierre Aderne. Ele cantava e trazia cantores
brasileiros, portugueses – o fado não pode faltar, é claro -, americanos,
caboverdianos e por aí afora, numa tertúlia intimista deliciosa, como se fosse
na sala da gente, regada a ótimos vinhos.
Não podendo mais abrir o palácio do Príncipe Real, Pierre faz o espetáculo
on line, virtual, e a gente pode ter o Rua das Pretas no aconchego do nosso
lar. Pierre fica no palco costumeiro do espetáculo e cada cantor, de sua casa
mesmo, seja no Brasil, em Portugal ou outro lugar, é colocado na tela do
Instagram junto ao apresentdor e canta, para deleite da gente, dentro de nossas
casas. E assim, nos dão de presente o seu melhor produto, o que sabem fazer
melhor: a sua música. Para nos embalar a alma, para apaziguar o coração e nos
lembrar que, apesar de tudo, não estamos sós.
Essa solidariedade me emociona. Como a da professora de dança Renata, em
Florianópolis, que também lança mão da tecnologia e dá aulas de alongamento via
instragram. Ela pensou em nós, no fato de ficarmos em casa parados e nos
possibilita alongar-nos, com a sua ajuda. Isso não é fantástico?
Como a minha filhota Fernanda que, a partir de sua casa em Nice, na França,
nos dá aulas de pilates, para a gente manter uma boa atividade física, para nos
mantermos ativos, saudáveis. Isso não é fenomenal? São humanidades, diria eu!
Como a nossa filhota Daniela, que pode nos dar aulas de educação física, no
nosso apartamento na Luzboa, o que também nos ajuda a manter-nos em forma, em
tempos tão singulares. E o Rio ainda ajuda a mãe dele nesse trabalho solidário
e tão importante para todos nós, com sua alegria de viver contagiante.
Isso é tudo! Essas, dentre tantas outras solidariedades, são algumas das
solidariedades que podem mudar nossas vidas. A generosidade de alguns seres
humanos privilegiados que podem salvar a vida de outros seres humanos.