Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor, Fundador
e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 36 anos de trajetória, cadeira 19
na Academia SulBrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
– http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
Já fiz mais de dez cruzeiros pelo Brasil e pelo mundo e já tinha
viajado pela Costa Cruzeiros e não tinha gostado. Como queria levar de novo
minha mãe e na data pretendida só havia vaga naquela companhia, encaramos de
novo a Costa. Embarcamos no Costa Fascinosa para a Argentina e Uruguai, em
quase fim de Janeiro para tornar no início de Fevereiro.
As “inconsistências” já começaram cedo: o cartão
chave não foi entregue na entrada do navio, como em todas as outras companhias.
Ficamos sabendo, depois de perguntar para ter alguma notícia, que o cartão
estava dentro do quarto. Só que quando chegamos ao quarto, ele estava fechado. É
que as malas também são deixadas dentro do quarto, e quando o entregador saiu
deve ter deixado bater a porta e pronto: tive que sair pelo navio a procurar o
deck da recepção - atendimento ao hóspede, para fazer um novo cartão. Chegando lá, havia uma fila enorme de pessoas
com o mesmo problema. Além de indignado com o fato de não poder entrar, fiquei
receoso pela falta de segurança: e aquelas portas que ficam só encostadas, em
quartos com a bagagem e o cartão da gente lá dentro, ao alcance de qualquer um
que tenha más intenções? Falei sobre isso na recepção, mas a atendente
simplesmente respondeu: aqui na Costa é assim.
Diferente de outras companhias, onde
há café, suco, comida e às vezes até sorvete todo o tempo, naquele navio da
Costa só tem café disponível no café da manhã e no café da tarde. Suco, só de
manhã. Água e gelo apenas em dois ou três lugares e em alguns horários.
A comida no restaurante a la carte
também não correspondeu à expectativa: num jantar havia um espetinho frito: carne de boi dura, carne de galinha e de porco
lavados, com uma cobertura à milanesa, tudo molenga e gorduroso. Outro dia
serviram um peixe com legumes, tudo boiando em gordura. Serviram também, num
dos dias, um prato de bacalhau, que consistia em uma pilha de fatias de batata
com uma pasta rala de peixe entre elas. Gorduroso. Houve também uma casquinha
de siri, no menu, que pedi imediatamente logo que vi, animado, mas siri não
tinha nenhum: parecia macarrão. E assim por diante. Então resolvemos comer só
no restaurante self service, onde até encontramos bons pratos, ao longo dos
dias: salada de polvo, camarões grandes, postas de bacalhau, etc. O navio é de
origem italiana, então as massas eram muito boas.
Mas a cereja do bolo foi o que fez um garçom, em um
dos bares: debitou meu pedido em outra conta e de outro hóspede no meu cartão e
trocou os cartões de pagamento e o outro
hóspede que recebeu o meu cartão
comprou com ele. Várias compras. A primeira eu consegui
estornar no dia seguinte, pois o atendente da madrugada anotou, assim que eu
descobri a troca e fui devolver o cartão que não era meu. As outras, no
penúltimo dia ainda não tinham sido estornadas, porque apesar de terem tirado
cópia de respectivo recibo e comprovado que a assinatura não era minha, o
estorno não foi feito porque tinha que ser feito pelo garçom que me atendeu.
Esperei que falassem com o garçom e quando voltei, lá pela sétima vez à
recepção, a recepcionista me disse que o garçom lhe disse que não havia nenhum
problema, que ele tinha falado comigo e acertado tudo. Se ele tivesse voltado e
falado comigo, teríamos acertado, destrocado os cartões e nada daquela
incomodação – para mim – estaria acontecendo. Além do erro de debitar a minha
conta na conta do outro hóspede e do outro hóspede na minha conta e entregar os
cartões e contas trocados, ele mentiu. Sem contar que a recepcionista
mostrou-me uma comanda no meu nome com uma assinatura que não batia com a
minha, o que comprovava que a compra não fora feito por mim e então eu,
aliviado, disse: então está provado, pode verificar as outras comandas que vão
estar com a mesma rubrica, que não é minha. Ao que a recepcionista olhou para a
comanda e para mim e disse: pois é, mas qualquer um pode fazer uma assinatura
diferente da verdadeira. Quer dizer: eu devolvi o cartão que não era meu assim
que descobri a troca, não comprei absolutamente nada em uma conta que não era
minha, o outro hóspede fez várias compras com o meu cartão e eu é que fui
chamado de desonesto e ladrão. Porque a recepcionista insinuou, muito diretamente,
que eu poderia ter falsificado a minha assinatura para não pagar a conta. Mas
eu não fiz nenhum barraco, só questionei que nunca mudei a minha assinatura,
ela sempre foi a mesma, e eu não falsificaria por tão pouco nem por muito mais,
pois sabia que se encrencasse, nunca estornariam o que não fui eu que comprei e
era capaz de aparecerem outras compras. No último dia do cruzeiro fizeram o
estorno.
Coisinhas menores: o garçom do restaurante a la
carte insistia em trazer em dobro os pedidos da gente: pedia uma garrafa de
alguma coisa, vinha duas. E não era problema de idioma, pois eu falo também
inglês e usava sinais, para não haver dúvidas. Acabamos desistindo. No quarto,
a gente precisava pedir a reposição de sabonete, de toalhas, por exemplo, que
deveriam ser repostos automaticamente.
E para encerrar com chave de ouro, o fechamento da
conta, na Costa, não pode ser feito na última noite, como em outras companhias,
somos obrigados a enfrentar uma fila quilométrica na manhã que devemos deixar o
navio para o encerramento: pegar dinheiro de volta ou pagar diferença.
Num país com uma costa enorme como a do Brasil, com
apenas dois cruzeiros, um para a Argentina e outro para Salvador e um mini para
o litoral de São Paulo e Rio, com apenas duas ou três companhias fazendo
cruzeiros, ficamos sujeitos a esse tipo de coisa. E os problemas não foram só
conosco: nas filas, que eram muitas, ouvi muitas outras histórias parecidas:
uma delas, uma senhora ganhou num concurso um jantar num restaurante pago. Foi
com o marido usufruir do jantar e lá dentro do restaurante, na mão dos garçons,
o cartão de pagamento sumiu e ninguém mais conseguiu encontra-lo. Tiveram que
fazer outro.
Então, quem não viajou ainda por essa companhia, que
não é das mais baratas, frize-se, melhor pensar duas ou três vezes. São muitos
pontos negativos e muito poucos positivos. Infelizmente. Sem contar um
atendente e uma atendente na recepção atendiam muito mal o hóspede. E a avaliação
do cruzeiro, dos serviços do cruzeiro, por parte dos hóspedes, que até o ano
passado era feito no final da viagem, no navio, e agora mudaram para ser feito
on line depois de terminada a viagem, não aconteceu. Pediram, no navio, o nosso
e-mail para recebermos em casa, após 48 horas do desembarque, o formulário de
avaliação,l mas hoje já faz uma semana que desembarcamos e nada chegou. E acho
que nem vai chegar. Mas marketing veio.
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