Por Luiz Carlos Amorim
– Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA,
que completa 37 anos de literatura neste ano de 2017. Cadeira 19 da Academia
Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br – http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
O título é
ambíguo, pode parecer que vou falar da Poesia de Fernando Pessoa. Mas desta
vez, não. É sobre uma pessoa conseguir personificar a poesia. Viver a poesia.
Ser a poesia.
Sempre
achei que saber declamar um poema é um dom. Eu nunca tive esse dom. Escrevo
poemas mas não sei declamá-los. Apenas os leio. E muito mal. Sei que uma boa
declamação valoriza o poema. Em compensação, um poema mal dito, mal lido, faz
parecer que ele é menos bom do que realmente é.
Então,
reputo da maior importância a existência de bons declamadores. Existe, em
Jaraguá do Sul, no norte de Santa Catarina, um concurso de declamação. A edição
deste ano é a vigésima sexta e o concurso revela as pessoas que sabem declamar
bem, sejam poemas próprios ou de outros autores. Já fiz parte do júri dese
certame, por alguns anos, e foi uma honra poder constatar a revelação de
talentos na arte de declamar.
De maneira
que não é comum encontrar bons declamadores. É até bastante raro. Mas
recentemente, em um sarau poético, tive o privilégio de conhecer uma
senhorinha, que com seus noventa anos, deu um show de declamação. Poesia de
cor, na ponta da língua, expressão corporal, voz no tom e nas nuances certas,
interpretação impecável! Dona Marilde é pura inspiração e pura juventude!
Eu até
poderia dizer que fiquei com inveja, mas na verdade é pura admiração pela
performance daquela criatura fabulosa e linda, transpirando talento e poesia
por todos os poros. Terminado o sarau, eu e Stela fomos conversar com ela e ela
esbanjou simpatia e dinamismo, declamando, só para nós, mais outros poemas.
Quero
chegar aos noventa anos assim, com toda aquela disposição, com aquele
entusiasmo, com toda aquela vida explodindo também em mim, como em dona
Marilde. Declamar de verdade é isso, minha querida Dona Marilde. Prazer em
conhecê-la. Nem que eu viva noventa anos vou esquecê-la, porque a senhora é a
imagem da poesia. Viva e perene poesia.
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