Por Luiz
Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo
Literário A ILHA, que completa 37 anos de literatura neste ano de 2017. Cadeira
19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
– http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
Eu venho “esquecendo” livros em aeroportos, navios, portos,
em lugares públicos em outros países, inclusive, há vários anos. Foi uma ideia
que surgiu inadvertidamente, sem nenhuma pretensão, mas que trazia prazer em
fazer, pois é muito bom imaginar que alguém vai achar o livro e vai levá-lo
para ler. E o que é melhor ainda, pode passá-lo adiante, depois, para que
outras pessoas possam lê-lo, também.
Então fico sabendo, há pouco tempo, que minha amiga Norma,
escritora e cronista da nossa Ilha de Santa Catarina, também faz isso há um bom
tempo, sempre “esquecendo” livros por onde quer que vá. E ela até fica à
espreita, às vezes, para ver a reacção da pessoa que vai achar o livro. A
pessoa vai levar o livro, vai lê-lo ali mesmo e depois deixá-lo no mesmo lugar?
Ela me disse que já se surpreendeu com o que viu. Por exemplo: uma pessoa
apanhou o livro, inspeccionou-o, olhou para os lados, como para ver se alguém
estava olhando, colocou-o na bolsa e foi embora, de fininho. Como se achasse um
tesouro. Não é interessante?
Dia destes, recebi uma mensagem de um outro escritor, o
poeta Roney, que anunciava o projeto “Esqueça um livro e espalhe conhecimento”,
já na segunda edição neste ano de 2017, ou seja: está instituído o “Dia de
esquecer livros”, no dia 25 de julho. O projeto conclama a todos a esquecerem
livros na padaria, no banco da praça,
nos pontos de ônibus, dentro do ônibus, dentro do trem, dentro do metrô, no
restaurante, em todo lugar público. Até sugeria um bilhete para se deixar no
livro a ser esquecido: “Você achou este livro, agora ele é seu”. Eu
acrescentaria, como fazia na página de dedicatória dos livros que “esqueci” por
aí: Leve o livro, leia e, se puder, esqueça-o em algum lugar público para que
outra pessoa venha a lê-lo.
Tudo isso para dizer que essa gesto de “esquecer” um livro
pode fazer a gente muito feliz. E faz. Outro dia, numa reunião de escritores
que fizemos em Santo Antonio de Lisboa, deixei no restaurante um livro com a
mensagem sobre a qual já falamos: leia e deixe o livro num local como este,
para que outra pessoa o ache e possa ler. Pois no último final de semana, em
outro encontro, uma nova adesão da nossa Confraria do Pessoas, a escritora
Cláudia Kalafatás, com esse nome bonito e tudo, me dizia que foi ela a leitora
que pegou o livro que deixei lá em Santo Antonio de Lisboa. E que ela já tinha
copiado alguns poemas e já o tinha “esquecido” em outro lugar. Não é
sensacional? Conheci uma das pessoas que
encontrou um de meus livros, e ela me disse que gostou de alguns poemas e que
até os copiou. É pra ficar feliz, vamos combinar.
E ainda ganhei de presente o livro da escritora, poetisa de
mão cheia, que escreve coisas belíssimas como “Dimensão: Quero que meus olhos /
contem aos teus / o quanto me és.”
Então, “esquecer” livros é fundamental. Quantos leitores
lerão nossos livros “esquecidos”? Um, nenhum, muitos? Não importa. O que
importa é que isso significa a oportunidade de ler, de gostar de ler, de ter e
manter o hábito de ler para muitas pessoas. Significa incentivar a leitura. E
leitura é tudo. É descoberta, é conhecimento, é entretenimento, é cultura. É
oportunidade de uma vida melhor, pois estudar é ler, ler é estudar. E estudar é
se preparar para a vida, é garantir para cada um de nós uma vida digna.
Gostei da ideia e penso
ResponderExcluirQue semear a cultura
Deixa nossa alma segura
Que a mente usou o bom senso.
Não sou um santo ou pretenso
Salvador, sou criatura
De mente sã e alma pura
Que só com o bem me convenço
Em praticar boa ação.
Livros esquecidos são
Mais que obras, são sementes
De uma outra dimensão
Que proliferam e que dão
Frutos mais inteligentes.
Excelente postagem! Parabéns! Amo Florbela Espanca. Grande abraço. Laerte.
Gostei, Laerte. Obrigado. É preciso lançar as sementes. Parabéns pelo poema. Grande abraço.
Excluir