Por Luiz Carlos Amorim - Escritor,
editor
e revisor,
Fundador e
presidente do
Grupo
Literário A
ILHA, com 35
anos de
trajetória,
cadeira 19 na
Academia
SulBrasileira
de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
O
título desta
crônica
deveria ser
“Todas as
Saudades”. Mas
meu livro mais
recente,
“Portugal,
Minha
Saudade”, que
reúne crônicas
que falam de
várias
saudades
diferentes,
também merece
este nome.
Então, começo
mudando o
título da
crônica e,
quem sabe, na
segunda edição
do meu livro,
mudo também o
título dele?
Ou, pelo
menos,
adiciono um
subtítulo.
Então
vamos falar de
saudades.
Quanta saudade
cabe em um
dia? Ouvi
isso, outro
dia, em um
comercial e
fiquei
pensando a
respeito.
Lembrei da
nossa pinscher
Xuxu, que
quando a gente
saía, ficava o
dia inteiro no
portão,
sentada perto
da grade da
garagem,
esperando a
gente. Podia
estar frio,
ela podia
estar com fome
ou com sede,
mas não
arredava pé.
Minha mãe
ficava
admirada com
isso, quando
ficava em casa
para cuidar
dela. Quando a
gente chegava,
era uma festa
só, com
latidos,
correrias,
lambidas, etc.
Dá
pra medir a
quantidade da
saudade que se
sente? Tenho
saudades de
lugares, de
coisas que
vivi, mas
tenho mais
saudades de
pessoas. E
também
pergunto:
quanta saudade
cabe em um
dia, em uma
semana, em um
mês, em um
ano, em uma
vida?
Tenho
saudades da
minha
filharada, que
cresceu e foi
embora e
deixou uma
casa enorme
para trás, que
insiste em me
lembrar que
minhas meninas
não são mais
crianças, que
agora têm as
próprias
casas, tão
longe da
nossa.
Tenho
saudades da
nossa primeira
filha,
Vanessa, que
chegou, há
muitas
primaveras, e
logo se foi,
tão rápido.
Mas dói como
se tivesse
sido ontem,
embora a
saudade se
acumule há
muitos, muitos
anos.
Tenho
saudades dos
meus irmãos,
mais dos que
já se foram,
tenho saudades
da minhas
avós, dos meus
avôs, de
amigos
queridos que
foram conhecer
o outro lado
da vida ou
estão muito
longe para que
possamos
vê-los e
abraçá-los.
Tenho
saudades de
mim, da
criança que
fui, em tempos
idos. Tenho
saudades de
meus outros
eus. Preferia,
às vezes, não
ter saudades,
mas a saudade
é a prova
maior de que
vivemos bons
momentos, de
que fomos
felizes. De
maneira que
quanto mais
saudades
temos, tanto
mais felizes
temos sido ou
estamos sendo.
Então
que venha a
saudade, que
sempre cabe
mais uma
pequena
felicidade nas
nossas vidas,
até uma
felicidade bem
grande, muito
grande, que
vai acabar se
transformando
em uma enorme
saudade.
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