Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 40 anos em 2020. Http://lcamorim.blogspot.com.br – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Hoje, 9 de
abril de 2020, quinta-feira, choveu a manhã toda, mas à tarde a Luzboa ficou
apenas nublada. Na verdade, é bom o barulho da chuva na janela, sempre gostei,
desde criança, do tamborilar dos pingos nos vidros e no telhado. Dá uma vontade
de ver todo dia aquela luz única de Lisboa, aquele céu de bridadeiro, mas até
acho bom que caia bastante chuva, nestes dias tenebrosos de pandemia porque, chovendo, as pessoas saem menos à rua.
Acordamos tarde, pois a chuva convida a isso, eu li os jornais – Correio da
Manhã, Notícias do Dia e Correio do Povo, li metade do livro “Três Estórias
(pouco) Doces”, de contos, do escritor português Augusto José de Monteiro,
muito bom. Tomei café da manhã quase meio dia e brincamos com o Rio até o
soninho antes do almoço e lá pelas três almoçamos, que ninguém têm pressa.
Então,
devemos ficar em casa mesmo, sair só para aquelas coisas indispensáveis, como
ir ao supermercado, à farmácia e por aí vai. Mas acontece que Rio faz
aniversário amanhã, dia 10 de abril. Ele completa um aninho. E há que se
comprar um presente, fazer uma festa. Então nos vestimos com a roupa de sair,
eu e Stela, colocamos máscara, luvas, nos munimos de lenços com álcool e lá
fomos nós ao El Corte Inglés para comprar alguns dos pertences para fazer o
bolo dele e o presente, também, é claro. Tinha pouca gente na rua e ao chegar ao
El Corte Inglés, nos deparamos com uma fila quilométrica no primeiro andar, onde
fica o supermercado. Mas quilométrica mesmo: ela dava a volta em metade do
andar – e olhe que aquilo é grande pra caramba – e ainda fazia uns vaivéns na
frente do cinema, onde tinha mais espaço. E que havia muita gente querendo
entrar, como sempre, mas atualmente não pode entrar tudo de uma vez. Então, à
medida que outros clientes vão saindo, vai entrando mais. Eu não contei, mas
devia ter mais de cem pessoas na fila e esperamos nela uma hora e quinze
minutos para entrar. Um povo todo desse na fila com intervalo de um metro e
meio, mais ou menos, entre as pessoas, imagine o tamanho.
E nós
firmes, de máscara, luva e celular para ajudar a passar o tempo. Enfim
entramos. Compramos fraldas, ovo de páscoa de chocolate, bacalhau, etc. e
compramos também pão de figo com amêndoas, que é um doce de figos portugueses
misturados com pedaços daquela castanha deliciosa. ´Comprei meio quilo. É bom
demais e só tem aqui.
O El Corte
Inglês é enorme, tem vários andares de departamentos diferentes, mas agora só
estão funcionando, se não me engano, o andar do supermercado e um outro,
abaixo, com papelaria e presentes, então fomos lá comprar o presente do Rio.
Na volta, a
gente preferiu andar – o Pierre tinha nos dado uma carona na ida – e passamos
pelo Parque Eduardo Sétimo para pegar a Av. da Liberdade e então ir até a praça
do Rocio, que daí é só subir até os Armazéns do Chiado que estamos em casa.
Era pra
passar na dona Ana, da mercearia, mas não deu tempo. Queria comprar mais
morangos portugueses, daqueles gigantes e saborosos. Mas fica pra amanhã.
Rio estava
nos esperando e fez uma festa, queria que o pegássemeos no colo, mas como
chegáramos da rua, tínhamos todo um ritual para depois chegar perto dele, que é
preciso ter cuidado, nesta época de coronavírus. Deixamos os sapatos do lado de
fora da porta, como sempre, tomamos um banho e aí, de roupa limpa, fomos falar com o Rio. Ele contou um monte de
novidade e nós rimos muito com ele.
Depois
jantamos um sushi de atum fresco que o Pierre fez, tomamos um bom vinho e
Daniela e Stela começaram a preparação da festa de aniversário do Rio. Sim,
porque vai haver festa, mesmo nesses tempos de isolamento, nos quais a gente
não pode receber ninguém. Foram convidados padrinhos e a família, alguns amigos
mais chegados, que estarão presentes on line, através de aplicativos de vídeo como
zoom, face e outro que não lembro o nome, partyhouse, se não me engano. Então
comemoramos todos o primeiro aninho do neto Rio. Amanhã eu conto mais. Tem até
uma música nova para o aniversariante, que o pai dele fez – já está no face,
inclusive na minha página. Como diria o Mário Mota vamos fazer uma boa noite?
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