A Páscoa
está chegando
e chega bem a
propósito,
pois o mundo
esta
precisando de
renovação, de
renascimento,
de libertação,
tudo o que ela
significa. O
mundo está por
demais
conturbado,
está doente,
está em
quarentena. O
mundo parou.
Chance para
nós, seres
humanos, nos
revisitarmos e
nos
reconstruirmos.
O ser
humano está
perdendo a sua
essência, o
seu rumo, a
sua
humanidade, e
a violência e
o ódio estão
tentando calar
a voz da paz,
da harmonia,
da tolerância.
Então
precisamos,
todos,
refletir sobre
o sentido da
Páscoa e
procurar o
caminho do
renascimento
deste nosso
mundo, o
caminho da
união e do
perdão, da
capacidade que
ainda temos de
sermos
generosos, da
conscientização de que precisamos mudar. Precisamos mudar, porque até na
desgraça
maior, uma
pandemia que
assola os
quatro cantos
do mundo, as
pessoas estão
brigando por
diferenças
políticas.
Apesar de
tudo isso, Páscoa me traz a lembrança boa, mais
uma vez do meu
avô Lúcio.
Digo que a
Páscoa faz com
que ele se
faça mais
presente na
lembrança,
porque ele
morava em
Corupá, quando
eu era
criança, mas
quando eu
tinha uns 6 ou
7 anos ele
mudou-se para
Joinville. Ele
era
ferroviário,
assim como
quase todos na
família, e a
imagem dele
chegando a
nossa casa com
uma cesta de
vime pendurada
no braço
direito não me
sai da
memoria. Nossa
casa ficava
distante da
estação
ferroviária,
em Corupá,
mais ou menos
uns dois
quilômetros.
Mas lá vinha
ele, a pé, com
a cesta cheia
de guloseimas
para nós, os
netos. Ele
trazia aquelas
balas grandes
e coloridas,
do tamanho de
um ovo de
galinha, que
hoje já não
existem mais,
trazia babaçu
maduro, um
coco amarelo
do tamanho de
um ovo de
galinha,
também, com
uma ou duas
amêndoas
dentro, do
tamanho de uma
castanha do
Pará, talvez,
coisa que já
não vejo há
décadas por
aqui,
infelizmente.
Trazia tucum
maduro – uma
fruta parecida
com butiá, mas
preta - a
gente come a
casca e o
coquinho que
tem dentro.
Trazia
goiabas,
trazia
maria-mole,
trazia aquelas
balas
coloridas que
eram cortadas
em fatias
grossas, que
tinham um
desenho no
interior, nem
sei se elas
ainda existem.
Era uma
festa a
chegada do meu
avô a nossa
casa em
Corupá. Acho
que ele ficava
colecionando
todas essas
frutas e doces
para encher a
cesta e, num
seu dia de
folga, tocar
para Corupá
para entregar
tudo aquilo
pra gente.
Coisas
simples, mas
que eram
oferecidas com
carinho e
tinham um
valor
incomensurável.
Tinham um
gosto de
Páscoa, pois
ele provava e
renovava o seu
carinho pelos
netos.
Hoje os
avôs não dão,
absolutamente,
esse tipo de
presente. Hoje
os avôs dão
brinquedos
eletrônicos,
como jogos,
smartfones,
tablets,
consoles, etc.
Mas aqueles
tempos do meu
avô eram
felizes e dá
uma saudade
muito grande.
Não lembro mais do rosto do meu
avô, só lembro
que ele era
careca, tinha
apenas uma
coroa ao redor
da cabeça.
Acho que
lembro disso
porque também
estou ficando
careca e
talvez fique
igual a ele.
E, engraçado,
apesar de não
lembrar do
rosto dele, eu
ainda o vejo
chegando com a
cesta no
braço, cheia
de oferendas.
Como se fosse
a Páscoa
chegando.
Saudade.
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