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sábado, 11 de abril de 2020

DIARIO DA PANDEMIA - 11.04.2020


  Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 40 anos em 2020. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.brhttp://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Hoje, dia onze de abril, ao contrário de ontem, acordamos tarde. Já que não devemos sair, que o vírus está lá fora e se ficarmos em casa impedimos a sua propagação. Ficamos um pouco mais na cama, até porque logo vai começar a esquentar e daí não vai ter esse aconchego quentinho do frio. Contraponto, não é? Mas é isso mesmo.
Eu estava lendo os jornais e olhando o correio, quando Rio veio bater a porta. Então já começamos o dia brincando com ele. Ele também acordou tarde, lá pelas dez, como nós, acho que estava cansado da festa de aniversário de ontem, que foi um sucesso. Como disse Babu, ele comeu o bolo dele até com os pés. Os convidados também gostaram muito, foi uma festa diferente, inovadora, com direito à música nova para o aniversariante.
Depois do café da manhã que estava mais para brunch, li mais um pouco do livro “Três Estórias (pouco) Doces”. Estou gostando, apesar de o primeiro dos três contos ser um pouco triste. Mas o cantador de histórias é muito bom.
Então, jornais lidos, correio lido, leitura feita, um pouco de Rio, que já é um Rio tão grande, tão caudaloso que está mais para mar, fui à mercearia da dona Ana. Coloquei máscara, é claro, botei a roupa de sair, levei lenços com álcool e lá fui eu. As ruas estão, ainda, quase desertas, bem pouca gente saindo, como eu, para fazer compras. Turista é quase raro, mas ainda tem algum, que a gente reconhece fácil.
No caminho, uma notícia boa: a loja de ovos moles, aqui quase em frente de casa, na nossa rua, aqui no Chiado, estava aberta, aleluia. Ovos moles são tradicionais em Portugal, típicos doces de Aveiro, ao norte, feito de ovos com açúcar, tipo a “chimia” que a nossa mãe ou a nossa avó faziam para a gente passar no pão, lembram? O sabor é o mesmo. Aquele creme de ovos vem numas massinhas parecidas com hóstia em forma de bichinhos, peixes, objetos como conchas, etc. É muito bom, tem gosto de infância. E, cá pra nós, faz sete meses que a gente não soboreia um doce assim, pois está tudo fechado e esse doce não tem no supermercado. Mas não são só os ovos moles que a loja tem, apesar de ser esse o nome dela: há, lá, um bolo de laranja especial, delicioso, que na verdade é um rocambole. E eu estava roxo para comer o tal bolo. E comprei, na volta da dona Ana.
Por falar em dona Ana, cheguei lá e havia três pessoas na minha frente. Fila com dois metros de distância entre as pessoas, claro, do outro lado da rua. Esperei meia hora, pois a maioria das pessoas vai com uma lista enorme e dona Ana, em algums intervalos de um cliente para outro, prepara os pedidos feitos por telefone. Fiquei pensando, cá com meus botões, que a gente que vai lá, espera na fila por quem pede por telefone. Mas paciência, esperei mais um pouco quando chegou a minha vez, pedi a minha lista, que hoje era pequena e ficou ainda menor, pois não tinha canjica – português não tem a tradição que nós, brasileiros, temos de fazer canjica na Páscoa, ela nem sabia o que era. E os morangos gigantes estavam no fim, havia só o restolho. Então não comprei.
De volta, parei nos Ovos Moles, para pegar o bolo de laranja, como já disse, e fui para casa para tomar um banho e então almoçar um escondidinho de bacalhau com a mandioca africana que comprei na penúltima vez que fui à mercearia. Estava delicioso. Daniela e Stela são craques na cozinha. Pierre também, quando é a vez dele.
Depois, uma laranja excelente como sói ser a laranja em Portugal e fomos fazer festa com Rio. Quando ele foi dormir o soninho dele da tarde, fui estudar um pouco de francês, que hoje havia duas lições, pois ontem não fiz nenhuma. E, pra compensar, fiz três. Estudei bastante, hoje, porque trouxe as apostilas de francês do Brasil e aproveitei o tempo para rever.
À noite, depois de dar a comidinha do Rio, que ele gosta de jantar, comi do bolo de aniversário, que hoje estava ainda melhor. E depois ajudamos um pouquinho de nada na arrumação do palco para o concerto Rua das Pretas, que hoje tem, é sabado. Aí, enquanto o concerto tá rolando, on line, no Instagram e no Zoon, eu escrevo este diário.
O Concerto, como disse, é on line. Então, amantes da boa música, assistam e fiquem em casa, ok? Se vocês não podem ir aonde está a música, a música vai até você. Feliz Páscoa para todos! Um Menino que nasceu pra nós em dezembro de um ano lá longe, mas que renasce de novo todo ano, é morto e sobe aos céus. Por nós. Não nos esqueçamos disso. É época de renascimento, de renovação. E precisamos muito nos renovarmos, ressurgir das cinzas. Feliz Páscoa.

3 comentários:

  1. Muito bom Luiz...que beleza este seu diário...estes ovos moles eu gostei muito..e o bolo rocambole deu agua na boca...e finalizou muito bem...Parabéns.Uma Feliz Pascoa para vocês.Abraços a todos.😘😘😘😘😘👏👏👏👏👏👏👏❤

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  2. Muito bom Luiz. Fiquei com água na boca pelos ovos moles e o rocambole de laranja, sem contar o bolo do aniversário. Abraços.

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  3. A cada dia uma nova emoção. Parabéns, Amorim, é uma delícia vivenciar teu dia a dia, mesmo estando tão longe, me sinto pertinho. Uma Feliz Páscoa para vocês, também.

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