Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 40 anos em 2020. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Hoje, dia
onze de abril, ao contrário de ontem, acordamos tarde. Já que não devemos sair,
que o vírus está lá fora e se ficarmos em casa impedimos a sua propagação. Ficamos
um pouco mais na cama, até porque logo vai começar a esquentar e daí não vai
ter esse aconchego quentinho do frio. Contraponto, não é? Mas é isso mesmo.
Eu estava
lendo os jornais e olhando o correio, quando Rio veio bater a porta. Então já
começamos o dia brincando com ele. Ele também acordou tarde, lá pelas dez, como
nós, acho que estava cansado da festa de aniversário de ontem, que foi um
sucesso. Como disse Babu, ele comeu o bolo dele até com os pés. Os convidados
também gostaram muito, foi uma festa diferente, inovadora, com direito à música
nova para o aniversariante.
Depois do
café da manhã que estava mais para brunch,
li mais um pouco do livro “Três Estórias (pouco) Doces”. Estou gostando,
apesar de o primeiro dos três contos ser um pouco triste. Mas o cantador de
histórias é muito bom.
Então,
jornais lidos, correio lido, leitura feita, um pouco de Rio, que já é um Rio
tão grande, tão caudaloso que está mais para mar, fui à mercearia da dona Ana.
Coloquei máscara, é claro, botei a roupa de sair, levei lenços com álcool e lá
fui eu. As ruas estão, ainda, quase desertas, bem pouca gente saindo, como eu,
para fazer compras. Turista é quase raro, mas ainda tem algum, que a gente
reconhece fácil.
No caminho,
uma notícia boa: a loja de ovos moles, aqui quase em frente de casa, na nossa
rua, aqui no Chiado, estava aberta, aleluia. Ovos moles são tradicionais em Portugal,
típicos doces de Aveiro, ao norte, feito de ovos com açúcar, tipo a “chimia” que
a nossa mãe ou a nossa avó faziam para a gente passar no pão, lembram? O sabor
é o mesmo. Aquele creme de ovos vem numas massinhas parecidas com hóstia em
forma de bichinhos, peixes, objetos como conchas, etc. É muito bom, tem gosto
de infância. E, cá pra nós, faz sete meses que a gente não soboreia um doce
assim, pois está tudo fechado e esse doce não tem no supermercado. Mas não são
só os ovos moles que a loja tem, apesar de ser esse o nome dela: há, lá, um bolo
de laranja especial, delicioso, que na verdade é um rocambole. E eu estava roxo
para comer o tal bolo. E comprei, na volta da dona Ana.
Por falar
em dona Ana, cheguei lá e havia três pessoas na minha frente. Fila com dois
metros de distância entre as pessoas, claro, do outro lado da rua. Esperei meia
hora, pois a maioria das pessoas vai com uma lista enorme e dona Ana, em algums
intervalos de um cliente para outro, prepara os pedidos feitos por telefone. Fiquei
pensando, cá com meus botões, que a gente que vai lá, espera na fila por quem
pede por telefone. Mas paciência, esperei mais um pouco quando chegou a minha
vez, pedi a minha lista, que hoje era pequena e ficou ainda menor, pois não
tinha canjica – português não tem a tradição que nós, brasileiros, temos de
fazer canjica na Páscoa, ela nem sabia o que era. E os morangos gigantes
estavam no fim, havia só o restolho. Então não comprei.
De volta,
parei nos Ovos Moles, para pegar o bolo de laranja, como já disse, e fui para
casa para tomar um banho e então almoçar um escondidinho de bacalhau com a
mandioca africana que comprei na penúltima vez que fui à mercearia. Estava
delicioso. Daniela e Stela são craques na cozinha. Pierre também, quando é a
vez dele.
Depois, uma
laranja excelente como sói ser a laranja em Portugal e fomos fazer festa com
Rio. Quando ele foi dormir o soninho dele da tarde, fui estudar um pouco de
francês, que hoje havia duas lições, pois ontem não fiz nenhuma. E, pra
compensar, fiz três. Estudei bastante, hoje, porque trouxe as apostilas de
francês do Brasil e aproveitei o tempo para rever.
À noite,
depois de dar a comidinha do Rio, que ele gosta de jantar, comi do bolo de
aniversário, que hoje estava ainda melhor. E depois ajudamos um pouquinho de
nada na arrumação do palco para o concerto Rua das Pretas, que hoje tem, é
sabado. Aí, enquanto o concerto tá rolando, on line, no Instagram e no Zoon, eu
escrevo este diário.
O Concerto,
como disse, é on line. Então, amantes da boa música, assistam e fiquem em casa,
ok? Se vocês não podem ir aonde está a música, a música vai até você. Feliz Páscoa para todos! Um Menino que nasceu pra nós em dezembro de um ano lá longe, mas que renasce de novo todo ano, é morto e sobe aos céus. Por nós. Não nos esqueçamos disso. É época de renascimento, de renovação. E precisamos muito nos renovarmos, ressurgir das cinzas. Feliz Páscoa.
Muito bom Luiz...que beleza este seu diário...estes ovos moles eu gostei muito..e o bolo rocambole deu agua na boca...e finalizou muito bem...Parabéns.Uma Feliz Pascoa para vocês.Abraços a todos.😘😘😘😘😘👏👏👏👏👏👏👏❤
ResponderExcluirMuito bom Luiz. Fiquei com água na boca pelos ovos moles e o rocambole de laranja, sem contar o bolo do aniversário. Abraços.
ResponderExcluirA cada dia uma nova emoção. Parabéns, Amorim, é uma delícia vivenciar teu dia a dia, mesmo estando tão longe, me sinto pertinho. Uma Feliz Páscoa para vocês, também.
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