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quinta-feira, 26 de junho de 2014

ENCONTRO DA MÚSICA BRASILEIRA COM A PORTUGUESA



   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O dia 25 de junho foi um dia memorável para Florianópolis, pois tivemos aqui no Teatro do CIC o show fabuloso do cantor português Antonio Zambujo e do violonista brasileiro Yamandu Costa e a participação da guitarra portuguesa de Luiz Guerreiro. Tive a oportunidade de assistir esse espetáculo imperdível por obra e graça do Pierre Aderne, cantor, compositor, poeta, apresentador e produtor que vive em Portugal e do Tiago Cação, da produção do cantor português, aos quais muito agradeço.

Eu confesso que não sabia bem o que esperar, mas quando o espetáculo começou, eu não vi mais o tempo passar. Eu esperava, é claro, ouvir fados, mas não esperava tudo o que eu tive o privilégio de ouvir. O violonista brasileiro, um virtuose. Que talento, que energia, que bom gosto no repertório.  A guitarra do xará português, que eu acho que já conheço porque tenho a impressão que ele tocou no show de lançamento do CD de Cuca Roseta no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, foi sensacional. E a voz do cantor Zambujo, ah, meus amigos... Vou repetir o que o Yamandu teria dito: a voz de Zambujo ilumina as palavras. Porque é a mais pura verdade. Um vozeirão que pode ser suave e intenso com uma facilidade incrível, alcançando os tons mais altos e mais baixos com a maior naturalidade. Uma voz cristalina, que a gente ficaria ouvindo muito além das duas horas do espetáculo, que passaram num átimo.

Que feliz encontro, esse, de talentos portugueses e brasileiro. O teatro do CIC lotou, com seus quase  mil lugares, evidenciando o interesse por este tipo de espetáculo, intimista e interativo. Os músicos, tanto cantor como instrumentistas, fantásticos e o local apropriado, pois o som do teatro estava perfeito. Podia-se ouvir a voz de Zambujo limpa e clara e clara e os instrumentos sem distorção alguma.

Realmente um privilégio pode ter um espetáculo dessa envergadura na nossa capital. Que venham mais vezes, que venham de novo. A plateia agradece e aplaude. De pé.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

INVERNO COM COR DE JACATIRÃO



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Meus pés de jacatirão (ou manacá-da-serra, que é como se chama essa variedade de inverno) acabaram de florir. Atrasados, em relação aos outros, mas estão florindo lindamente. É que os outros tantos pés de jacatirão, por aí, já começaram a florir há mais de mês, por conta da desorientação das estações, que não estão muito fiéis aos seus tempos, chegando antes, chegando depois, às vezes quase não chegando.
Com esse desequilíbrio, quase nada floresce no tempo certo e os manacás-da-serra, o nosso belíssimo jacatirão de jardim adiantou-se bastante e chegou antes do inverno. Só os meus, parece, estão florescendo no tempo correto. Tenho um manacá-da-serra, o tradicional jacaitrão de inverno e tenho um jacatirão roxo, que ganhei da mana Sandra, esse floresce o ano inteiro.
As primeiras duas ou três flores que desabrocharam, com suas pétalas brancas, me deixaram muito feliz, pois é como se a primavera visitasse meu jardim, em pleno inverno. E as pétalas foram ficando mais vermelhas, a cada dia, e novas brancas foram aparecendo.
Este ano não plantei amor-perfeito e petúnias, por isso meu jardim estava um pouco triste. Mas, por outro lado, já estou colhendo morangos, tenho bastante manjericão para temperar peixe e fazer molho pesto, hortelã, cana-limão, sálvia, guaco e alecrim, para fazer chá e enfrentar a gripe que vem por causa do frio e salsinha, cebolinha, os temperinhos verdes que não podem faltar.
E ainda há tempo para plantar os amores-perfeitos e petúnias, para fazerem companhia aos jacatirões floridos e assim deixarem mais colorida e feliz a minha casa. Dos dois pés de funcionárias que lá existiam, um ainda insiste em florescer. O outro, os mesmos bichos que comem minhas folhas de couve comeram ele todo, deixando só a raiz.
Mas nem ligo, porque meus jacatirões floresceram.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

INVERNO


  Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


E o inverno chegou. Com frio, como deve ser, mas com muita chuva. As enchentes, deslizamentos, árvores caídas, casas ruindo deixaram muita gente desalojada. Muitos ficaram só com a roupa do corpo, de novo. O sol até tem aparecido, tímido, mas os dias continuam cinzas e a chuva teima em voltar.
Está sendo um início de inverno nada típico, pois parece que as enchentes de início de ano migraram para o meio deste 2014. A natureza anda muito descontente com o ser humano, que não a vem respeitando há muito tempo, que não tem cuidado como deve do seu meio ambiente, do lugar onde vive.

Precisamos atentar para os sinais da Mãe Natureza. Precisamos tentar não abusar, como temos feito até agora. Senão, que será do inverno tranquilo, quando só nos preocupávamos em repartir o agasalho com as pessoas menos privilegiadas que nós? Quando aproveitávamos os dias frios, com uma chuvinha amena, pra se fazer bolinho de chuva, chocolate quente, uma sopa caprichada, pão de queijo com café bem quente, até um quentão, quem sabe?

O inverno chega chuvoso demais, mas as tainhas também chegaram, apesar de tudo. Em quantidades generosas, em tamanhos superlativos, superando algumas das últimas safras. Até quando? Inverno não é inverno sem tainha, aqui no sul, mas muita tainha com inverno ruim também não é nada bom. Então vamos torcer para que a estação seja melhor do que o seu prenúncio, que tenhamos sol em doses suficientes e chuva também em doses equilibradas.

O inverno, no litoral catarinense, é esperado não só pelo frio, mas principalmente pela safra da tainha. Se não der tainha, é inverno pela metade. Abençoada terra, abençoado mar, abençoada natureza, que tão maltratada por nós, a despeito de nosso desrespeito para com ela, nos presenteia com o que ela tem de melhor. Não é à toa que ela é chamada de Mãe Natureza. Por isso precisamos respeitá-la, retribuindo tudo o que ela nos dá, a despeito de nosso descaso para com ela.

Que venha o frio, que venha a tainha, mas que a chuva torrencial e o vento, as tempestades e as enchentes sejam apenas uma lembrança ruim, para pararmos de poluir o nosso planeta Terra. Que o sol brilhe, mas que a água, este elixir da vida que pode ser trágico, se vier em doses muito grandes, venha em quantidades amenas. Que façamos para merecer um tempo melhor, que aprendamos a cuidar melhor do nosso meio ambiente. Porque se há um culpado pelo descontrole do tempo, somos nós, que não cuidamos da água, do ar, do nosso solo, há muito tempo.

domingo, 8 de junho de 2014

DESRESPEITO A MACHADO DE ASSIS


     Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Http://www.luizcarlosamorim.blogspot.com.br

A moda agora é “reescrever” clássicos da literatura “para torná-los mais inteligíveis, mais acessíveis para as gerações atuais”. Tomara que não peque, mas foi o que fez  Patrícia Seco, com a obra “O Alienista”, de Machado de Assis, para “facilitar” a leitura aos leitores iniciantes. Vejam com quem ela foi se meter. Será que ninguém disse a ela, nunca, que alterar a obra de outrem é plágio, é adulteração, é crime? E o Ministério da Cultura, que avalizou a coisa, não percebeu o absurdo?

Foram impressos nada menos do que 600 mil exemplares de “O Alienista”, que serão distribuídos pelo Instituto Brasil Leitor a escolas e bibliotecas. Além do livro de Machado de Assis – ou deveria dizer do Mestre em “parceria” com Patricia Secco? - que será lançado neste mês de junho, em homenagem – homenagem? – ao aniversário de nascimento do escritor ícone da literatura brasileira, em 21 de junho, outro livro também foi liberado pelo Ministério da Cultura para ser “reescrito” e publicado: “A Pata da Gazela”, de José de Alencar. O maior nome da literatura nacional não merecia esse desrespeito, ainda mais na época do seu aniversário.

Pois é, tem o dedinho do Ministério da Cultura neste angu, pois foi ele que liberou a captação de recursos com lei de incentivo para a “co-autora” – para não ser delegante vamos dizer “co-autora” – publicar os dois livros já citados. É isso, os seiscentos mil livros da obra machadiana adulterada  foram impressos com o dinheiro público. A mutilação da obra de Machado de Assis e José de Alencar está sendo patrocinado por nós, com o suado dinheiro que pagamos de impostos, dos mais caros do mundo, com a bênção do Ministério da Cultura. E havia mais, o projeto previa, ainda, “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo e “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antonio Almeida. Esperemos que Mec ponha a mão na cabeça e volte atrás, impedindo que o despropósito se repita com as outras três obras.

Será que, além de cometer a irresponsabilidade de adulterar a obra do grande Machado de Assis, a dona Patrícia está consciente de que está dizendo para as pessoas que não precisam mais consultar o dicionário? Ela facilita ao leitor iniciante, para que ele receba tudo mastigado e não precise pensar. Ela percebeu que está tornando muitas pessoas incapazes de ler os clássicos, porque resolveu decretar a inutilidade dos dicionários? Isso é justo? Isso é inteligente? Isso é conhecer um clássico da nossa literatura? Clássico que não será mais clássico, depois que passar pela “facilitação” de dona Patrícia, é claro. Incentivar o não uso do dicionário é defasar ainda mais o ensino em nossas escolas e fora delas. A educação brasileira já vem sendo sucateado o bastante pelos nossos governante, não precisamos de mais ajuda para isso.

Nossos leitores em formação, sejam jovens ou não, precisam aprender a usar o dicionário, precisam habituar-se a consultá-lo sempre, para exercer uma leitura plena de compreensão de qualquer texto. Não podemos desencorajar o hábito de recorrer sempre ao dicionário, pois não é só para o texto dos clássicos que precisamos adotá-lo, temos que tê-l o sempre por perto para qualquer dúvida que haja em qualquer enunciado, seja literatura ou qualquer outro tipo de texto. Isso significa compreensão do que se lê, significa letramento, significa ampliação de vocabulário, significa aprendizado.

Não é desculpa para mudar a obra de outrem, o fato de que seu texto contenha palavras mais rebuscadas ou fora de uso, no presente caso por ter sido escrito em uma época diferente da nossa. Dicionário existe para isso, para nos dar o significado de palavras que não conhecemos. E tem que ser usado para isso. Dicionário é aquele livro que pode até ficar ensebado, com orelhas de burro pelo uso intenso. E uma obra literária tem que ser lida no original, nunca através de “resumos” e “reescrituras facilitadoras”, que só deturpam o texto escrito pelo autor verdadeiro, dono absoluto do que ele escreveu, não importa quanto tempo tenha passado.

Não estou julgando a obra da escritora, destinada ao público infanto-juvenil, em absoluto. Eu não conheço a obra dela, que deve ser excelente, pois são mais de duzentos e cinquenta livros publicados. Mas a ideia da “simplificação” das obras de autores consagrados, ícones da nossa literatura, foi muito infeliz.

terça-feira, 3 de junho de 2014

O LUGAR ONDE VIVEMOS


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Estamos na Semana Mundial do Meio Ambiente e o dia 5 é o Dia da Ecologia e do Meio Ambiente. Como o Dia da Água, todo dia é dia do meio ambiente, todo dia é dia de ecologia. E está mais do que na hora de nos conscientizarmos disso, pois a natureza está cansada de esperar que o ser humano se dê conta de que é preciso preservar o lugar onde vive. Ela está se rebelando, mostrando o resultado de tanto tempo de descaso e desrespeito. Estamos vendo isso pelo mundo todo.

O que Mãe Natureza precisará fazer para que nos convençamos de que estamos destruindo nosso meio ambiente, nosso planeta? Como diziam meus avós, ela sempre pega o que é dela de volta. Ainda mais em ela vendo que não estamos cuidando nada do nosso planeta, não estamos levando a sério o fato de que se não tratarmos dele, ninguém o fará por nós. E tratar dele, tratar do meio ambiente é tratar de nós mesmos.

A Semana Mundial do Meio Ambiente está aí, então, para pararmos e refletirmos sobre nossas ações, tão irresponsáveis e nada preventivas para que tenhamos nosso planeta mais saudável para nós, para nossos filhos e netos.

Que meio ambiente deixaremos para o futuro, para os nossos filhos e netos? Haverá futuro para o meio ambiente, para a vida, se continuarmos a agredir a natureza, destruindo o ar, a água, o mar, o solo?

Não cuidamos do lugar onde vivemos, fragilizamos a saúde do planeta, envenenamos o ar, a água, a terra, o mar. O resultado é a nossa saúde fragilizada. Precisamos devolver a saúde ao meio ambiente, ao planeta, para restabelecer a nossa própria saúde. Com muita urgência. Porque o tempo está se esvaindo. Há que se trabalhar, e muito, com muita urgência, pelo restabelecimento da saúde do planeta. Como poderemos nos redimir, se cometemos incomensuráveis crimes contra o meio ambiente, não cuidando direito da coisa mais elementar, do mais básico, que é o nosso lixo? É assim que cuidamos da natureza?

Infelizmente nós, os seres humanos, fazemos questão de não aprender. Com todas as tragédias que vêm acontecendo nos últimos anos, em função das variações do clima, parece que não aprendemos e continuamos a agredir a nossa Mãe Natureza, poluindo-a de todas as maneiras possíveis. Quando vamos aprender? Haverá tempo?