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segunda-feira, 30 de abril de 2012

O INVERNO ESTÁ CHEGANDO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/  


Maio só começa amanhã e o inverno já chegou. Brincadeirinha, estamos no outono, mas o frio acabou de chegar. Aquele tempinho bom de colocar uma roupa mais quente, fazer pão em casa e deixar aquele cheirinho delicioso tomar a casa inteira, junto com o cheiro do café feito na hora, aquelas sopas maravilhosas que em outras épocas a gente não tem oportunidade de degustar, o chá perfumado e fumegante, etc., etc.

Dias de se aconchegar com os nossos entes mais queridos, com a família, com os amigos, pois na casa da gente ou na casa dos outros, é muito bom nos reunirmos, nos aproximarmos mais.

O frio antecede a sua estação, mas já podemos encontrar a tainha fresca, no mercado, até com ova. Já disse em outra oportunidade que inverno sem tainha não é inverno e o fato de ter esfriado aumenta a presença da vedete das nossas mesas nos dias frios do litoral.

Até o manacá-da-serra, o jacatirão de inverno, já está começando a florescer, também por antecedência, pois o tempo dele é junho, julho. Só faltava a azaleia não atrasar este ano e se adiantar um pouco para o inverno todinho se deslocar para mais cedo.

Mantas, cobertores, casacos, meias e, quem sabe, luvas, cachecóis, botas, todos a postos. O inverno está aí.

sábado, 28 de abril de 2012

DIA DA EDUCAÇÃO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Com a greve dos professores acontecendo, nestes últimos, no Estado, não posso deixa de registrar a passagem do Dia da Educação. Se os professores são obrigados a entrar em greve para reivindicar o pagamento do reajuste anual, que o Estado quer pagar em suaves prestações até 2014 – quando é que vão pagar, então, os reajustes de 2013 e 2014? – então a educação não vai nada bem.

E não vai mesmo. A educação, não só a catarinense, mas a educação brasileira, está a caminho da falência. Não se dá a devida importância e atenção à educação, ao ensino público, faz muito tempo. A educação é fator primordial na vida de todas as pessoas, para que tenham bom desempenho no mercado de trabalho e, consequentemente, uma vida digna, um futuro promissor.

O que se vê, infelizmente, é o sistema de ensino cada vez com menos conteúdo, fragilizado, com professores sendo mal pagos, com escolas caindo aos pedaços, sem equipamentos e até com falta de recursos humanos. As modificações que têm sido feitas no ensino fundamental e médio, pelo MEC, nos últimos anos, ao invés de fortalecer a educação, a tem tornado menos eficiente e eficaz.

Sistemáticas de ensino que sempre funcionaram bem, como a alfabetização foram mudadas e a nova maneira de aplicá-la atrasou o aprendizado dos pequenos, fazendo com que algumas crianças tenham mais dificuldade, levem mais tempo para aprender a ler e a escrever.

De maneira que não há, infelizmente, o que comemorar. Precisamos de uma reforma muito séria nos ensinos fundamental e médio, no Brasil, para que a educação brasileira melhore um pouco e os estudantes cheguem ao vestibular aptos a enfrentarem um curso superior. E mais, que cheguem à vida adulta com um pouco mais de educação no sentido mais latente da palavra: o desenvolvimento intelectual e moral, a sensibilidade e a humanidade no trato com as pessoas ao seu redor.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

CRÔNICAS ANDARILHAS E D´ALÉM MAR

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Há algum tempo, foi publicada, num caderno de cultura e variedades de um grande jornal catarinense, uma matéria sobre a crônica. Nela, alguns escritores davam a sua opinião sobre a importância do gênero dentro da nossa literatura. A maioria deles classificou a crônica como um gênero menor, instantâneo e efêmero, sem sobrevida. Apenas dois a consideraram um gênero que pode ser rico e que pode perdurar, ser universal e perene. Eu prefiro aliar-me a estes últimos e penso que não estamos sós, pois a publicação de livros de crônicas tem aumentado, nos últimos tempos e o gênero tem conquistado novos leitores.

Bons exemplos disso são os livros “Crônicas Andarilhas”, de Enéas Athanazio e “Histórias d´Além Mar”, de Urda Alice Klueger, dois dos mais importantes escritores vivos de Santa Catarina.

“Crônicas Andarilhas”, do escritor Enéas Athanázio, é um grande livro, em tamanho e conteúdo. Nas duzentas páginas deste livro de viagem que eu chamaria de “livro de viagens literárias”, que fala de chão, de gente, de natureza, de literatura e de escritores, de poesia e de história, o cronista nos leva a viajar com ele para conhecer esse Brasil de ponta a ponta, nos revelando curiosidades e descobertas.

De início, um capítulo com título curioso e interessante: “A Amazônia que vi e li”, onde são reunidas crônicas sobre algumas viagens literárias (e todas elas não o são?) pela selva amazônica, desbravando suas matas, suas águas e conhecendo sua gente e sua literatura.

Os assuntos estão organizados e há capítulos sobre Canudos (o reduto do Conselheiro), sobre o Nordeste – sua beleza, seus rios, sua gente, seu cangaço; sobre “Figuras de perto e de longe” – Lima Barreto, do qual o Dr. Enéas é um estudioso, Câmara Cascudo, J. D. Salinger e Joyce Maynard, americanos; sobre Lobato, outra especialidade do autor; sobre o seu estado, “Terra Catarinense”; sobre o Contestado (Meu Chão); sobre o Cariri, as cidades de Gilberto Amado, o chão de “mestre Graça”, sobre “Utopia Campeira” e “Caminhos reais e imaginários”.

É possível considerar descartável um livro de crônicas como este? O conteúdo de “Crônicas Andarilhas” é história, é documento, é registro de um Brasil que muitos de nós não conhecemos, de diferentes espaços e tempos.

“Histórias d´Além Mar”, da romancista blumenauense Urda Alice Klueger, que tem se revelado, já há anos, excelente cronista, é outra seleção de crônicas que merece ser eternizada em livro. Ela também é uma escritora viajante, mochileira irrequieta e dinâmica, eu diria quase andarilha. E como Dr. Enéas, tem necessidade de relatar suas experiências e descobertas, o que resulta em crônicas deliciosas e interessantes. Uma diferença que encontrei entre os dois é que ele viaja pelo Brasil e ela tem se aventurado mais por outros países. O que já rendeu alguns livros de viagem, como “Entre Condores e Lhamas”, “Amada América” e “Recordações de Amar em Cuba II”.

E o mais recente livro de Urda é “Histórias D´Além Mar”, seleção de crônicas que falam de suas viagens envolvendo principalmente a Europa e um pouquinho da Ásia, como ela própria diz na apresentação da obra. Em textos alegres e bem humorados, às vezes um pouco mais sérios, quando é necessário, Urda nos leva de carona aos Pirineus, a Paris e Portugal, Moçambique, Espanha, etc. E nos dá a conhecer as gentes, os costumes, os cenários, os sabores e os cheiros de plagas bem distantes do nosso Brasil. Dá vontade de seguir os caminhos que desenha em seu livro, de conhecer pessoalmente os lugares por onde passou. Alguns eu já conheço, como Portugal, Espanha e até Marrocos, mas faço a travessia novamente, e logo, se Deus quiser, para conhecer os outros.

Urda é aquela escritora que escreve como se estive conversando com o leitor: você começa a ler e é difícil parar, é difícil abandonar o bom papo. Esse tom coloquial, aliado à percepção de detalhes curiosos que passariam despercebidos ao escritor comum, fazem da escritora loura dos dedos cheios de poesia, uma autora tão lida e tão querida.

Não deu vontade de ler esses dois livros de crônicas? Pois eu li e leio de novo, tão gostosos e reveladores eles são. Contatos com os autores: e.atha@terra.com.br e urda@flynet.com.br

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O BRASILEIRO E O HÁBITO DA LEITURA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


Muito pouco se faz, no Brasil, para que o hábito da leitura seja assimilado pelos leitores em formação, para que se possa dizer, mais adiante, que o brasileiro está lendo mais. Na contramão disso, o resultado da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil acaba de sair e constata que do ano de 2007 até a atualidade, o índice de leitura dos brasileiros caiu de 4,7 livros por pessoa para quatro títulos. O número de leitores saiu de 95 milhões e meio, há cinco anos, para 88 milhões no ano passado. E olhe que a população cresceu, nesse período.

A principal causa disso é a falência da educação brasileira, relegada ao esquecimento pelos detentores do poder. E a medida para melhorar esse estado de coisas é justamente melhorar o ensino público, estruturá-lo, dar-lhe atenção e a importância que ela realmente tem, capacitar os professores e pagá-los dignamente. O Estado precisa priorizar a educação e não desconstruí-la, como vem fazendo. E isso precisa ser feito logo. Ou será tarde demais.


(Participação desse escriba no debate sobre a questão "Quais medidas os governos devem adotar para incentivar o hábito da leitura no Brasil?", levantada pelo jornal O POVO, de Fortaleza")


terça-feira, 24 de abril de 2012

O BRASILEIRO E A CORRUPÇÃO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Há algum tempo, abrindo um jornal daqui da região, deparei-me com o editorial “O Brasileiro e a Corrupção”. Interessei-me pelo texto, porque no dia anterior tinha escrito sobre o tema no meu blog.

Falava eu, na minha crônica, do mau exemplo de nosso poder público, da nossa politicagem, atolada em corrupção e beneficiada pela impunidade, em relação às crianças e jovens desse nosso indefeso país. Ou indefeso povo, apesar de esse mesmo povo ter votado nos “políticos” que estão no poder, muitos deles comandando a corrupção que grassa descaradamente.

O editorial do jornal falava da reportagem publicada em um jornal espanhol, dando conta da corrupção em nosso país, com o título: “Por que os brasileiros não reagem à corrupção de seus políticos?”. A matéria do jornal estrangeiro era superficial, mas a pergunta é muito oportuna, pois nós, brasileiros, assistimos a tudo calados, aceitando tudo passivamente. Quem está lá fora está vendo a corrupção e a impunidade, mas quem está aqui parece não se importar.

Quando vamos nos levantar contra esse estado de coisas insustentável? Precisamos começar a fazer alguma coisa, precisamos protestar, exigir que usem o dinheiro público, que é composto da quantidade enorme de impostos que pagamos, em benefício do cidadão brasileiro e não contra ele. O cidadão brasileiro precisa se preocupar menos com novelas e futebol, instrumentos de manipulação que deram certo no Brasil, e atentar mais para os seus próprios problemas, para a sua vida. Precisamos parar de fazer vista grossa para quem está nos enganando e roubando, precisamos aprender a votar melhor, a não esquecer o que os políticos aprontaram em seus mandatos anteriores, para não votar mais neles. Depende de nós, somos nós que colocamos esses senhores corruptos no poder.

Se não houver em quem votar – e infelizmente essa possibilidade não pode ser descartada – podemos anular o voto. Anulando o voto, ele não vai valer para ninguém. E se muitos anularem seus votos, alguém terá que perceber que alguma coisa está errada. E se houver metade dos votos nulos mais um, terá de haver outra eleição, com outros candidatos. É a maneira mais eficaz de protestarmos, de fazermos ver que não estamos satisfeitos com o que está aí. E, ainda, o eleitor precisa saber que assim como colocou o candidato no poder, pode tirá-lo. Mas não interessa para os nossos “representantes” que seus eleitores saibam disso, não é?

sábado, 21 de abril de 2012

TERRA, NOSSO LAR

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/




Este domingo é um dia muito importante para todos nós, pois é o dia da Terra, do Planeta Terra. Terra, ah, nossa mal cuidada Terra... Nosso cantinho no mundo, o nosso lar no Universo, que insistimos em poluir, em destruir. Os detentores do poder, os governantes do mundo todo cuidam muito pouco dela e nós, cidadão conscientes e responsáveis, habitantes do planeta-lar, nem sequer sabemos administrar o nosso lixo doméstico.

Quando falamos de saúde, devemos pensar na saúde do ser humano e na saúde do Planeta Terra, na saúde do nosso meio ambiente: são coisas intrínsecas, inseparáveis. E todos sabemos que a saúde do planeta não anda boa, faz muito tempo. Não cuidamos da natureza, não respeitamos a natureza como ela merece ser respeitada e ela não aceita desaforo. Dá o troco. Então, se a saúde da Mãe Natureza não vai bem, a nossa também não, consequentemente. E a culpa é nossa.

Não cuidamos do lugar onde vivemos, fragilizamos a saúde do planeta, envenenamos o ar, a água, a terra, o mar. O resultado é a nossa saúde fragilizada. Precisamos devolver a saúde ao meio ambiente, ao planeta, para restabelecer a nossa própria saúde. Com muita urgência. Porque o tempo está se esvaindo. Há que se trabalhar, e muito, com muita urgência, pelo restabelecimento da saúde da Terra.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

PARA SEMPRE CORUPÁ


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Nos últimos anos – vários anos – andei fotografando as belezas de Corupá, como o Seminário – suas frentes diferentes, uma gótica e outra a igreja, o interior e até o Museu, fiz a Rota das Cachoeiras – fotografei todas elas, até a décima quarta, belíssima, outras cachoeiras, rios, o centro. Tudo para o site que publiquei há um bom tempo, mas que não está mais no ar porque ele estava hospedado no Geocities, que sofreu descontinuidade. E o site desapareceu.

Pois o material está todo guardado e vou começar a trabalhar nele de novo, acrescentar novas fotos, novas crônicas e iniciar um blog sobre a Cidade das Cachoeiras, minha terra natal. Até porque está nos meus planos um livro, também, sobre Corupá – vou reunir todas as crônicas que já escrevi sobre a cidade, mais fotos que eu mesmo fiz e compor não um volume sobre a história da cidade, mas uma linha do tempo com a realidade do Vale das Águas em épocas diferentes mas contíguas, mostrando as características, curiosidades, novidades, costumes e tradições. E a sua natureza prodigiosa.

O livro não sei quando vai sair, pois vou precisar de patrocínio, uma vez que ele vai conter fotos e será um pouquinho mais caro para publicá-lo. Mas o blog deve ser para logo, embora esteja trabalhando, atualmente, na produção de dois livros – seleção, editoração, revisão – um que recebeu menção honrosa nos Prêmios Cidade de Manaus no ano passado e outro com contos, poemas e crônicas de Natal.

É preciso divulgar as belezas da nossa serena e bela Corupá, ainda que preservando a vida tranquila e natural que ainda existe lá.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

DIA DO ÍNDIO



Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Hoje é o Dia do Índio. Não há muito o que comemorar, pois nossos índios, aqueles que ainda sobrevivem, vivem à margem, abandonados, discriminados. Então transcrevo o texto do meu livro infantil "Flecha Dourada":


Era uma vez um indiozinho, pequeno e inteligente, que vivia feliz em sua tribo, no meio da floresta, sem casa de tijolos, sem eletricidade, sem carros, sem água encanada, sem poluição nem roupas para cobrir-lhe a pele. Nem à escola ele ia, porque os índios, desde pequenos, aprendem tudo o que vão precisar para viver com os seus pais e com as pessoas da tribo mais velhas que ele.

Seu nome era Flecha Dourada. Ele não conhecia televisão, mas brincava muito, pois os índios pequenos como Flecha Dourada aprendem as coisas brincando.

Ele brincava nas árvores, que respeitava, como se deve respeitar um ser vivo: aprendera a cuidar delas, pois os índios só as cortam para fazer as ocas, onde vivem, e para fazer artefatos, como cumbucas ou tigelas, arco e flecha, canoas e outros objetos de adorno ou para sua sobrevivência. Além disso, elas servem de casa para os pássaros, dão sombra quando o sol brilha forte, mantém o ar que respiramos sempre puro e dão frutas que são o seu alimento.

Brincava nos rios, de águas limpas, de onde também tiravam água para beber e onde pescavam os peixes para comer. Flecha Dourada sabia que não devia jogar nenhum tipo de lixo nas águas do rio, para não poluí-lo e não deixá-lo morrer.

Brincava no meio das plantações de mandioca, fonte de alimento, pois com ela faziam farinha e biju. Além disso, eles comiam as frutas que havia em abundância, além dos peixes e da caça, que existia em grande quantidade.

Brincava também com os animais e as aves, suas amigas, pois era com eles que dividiam a floresta, sua casa.

Os índios só matavam aves ou animais para comer.

A tribo de Flecha Dourada não tinha religião, como a nossa, mas eles acreditavam numa força superior e a adoravam em forma de totens, esculturas feitas em troncos de árvores, trovões e alguns animais.

Eles sabiam fazer verdadeiras obras de arte, coisas que nós, brancos, chamamos de artesanato, como cestos de cipó, arcos e flechas e outros artefatos de madeira e também de pedra, como machadas, canoas, as ocas e tantas outras coisas, que a cultura indígena era rica e muito diversificada. Eles sabiam fazer tudo aquilo de que precisavam.

Não conheciam o homem branco, ou seja, nós, as pessoas da cidade, de pele mais clara do que a deles. Para eles, o mundo era aquela floresta, onde viviam: a sua floresta. E eram felizes assim.

Um dia, no entanto, apareceram na tribo alguns homens diferentes: cobertos de panos, cabelos engraçados, muitos pelos pelo corpo, enfeites estranhos, como coisas brilhantes penduradas no braço, coisas brilhantes no rosto, etc. Traziam muitos objetos que Flecha Dourada nunca tinha visto antes. Falavam uma língua que ele e os outros índios da tribo não entendiam. Fumavam não o cachimbo do Pajé, mas um canudo branco. Bebiam não o líquido fermentado que a tribo fazia, mas alguma coisa de cheiro muito forte que saía de um pote brilhante, não de barro como os índios faziam, mas de garrafas de vidro.

Traziam pequenas caixas pretas, que apontavam para todas as direções, soltando pequenos relâmpagos e faziam "clic", um ruído engraçado.

Todas aquelas novidades tumultuavam a vida tranqüila da tribo. Os homens brancos ensinavam hábitos novos aos homens da tribo, fazendo-os provar da sua bebida, mostrando-lhes objetos pesados de metal que imitavam o trovão e que depois Flecha Dourada entendeu serem armas poderosas. Os homens brancos presenteavam bugigangas e faziam os índios provarem comidas novas e prontas, confundindo os costumes tradicionais.

Flecha Dourada a tudo observava e pensou:

- Nós não precisamos de tudo isso. Nós já temos tudo o que precisamos.

E ele tinha razão. Aqueles homens brancos foram embora, mas outros vieram, pois agora sabiam o caminho. E os índios já não podiam mais ter a vida pura, tranqüila e feliz de até então: agora havia os costumes brancos, diferentes e nem sempre bons. Até doenças novas eles trouxeram, como a gripe, que antes não conheciam e que podia matá-los, já que não tinham nenhuma defesa contra ela.

Os índios ficavam doentes, os homens brancos traziam remédios e junto com os remédios outros costumes brancos e mais homens brancos. A tribo não era mais a mesma com aquela invasão que estavam sofrendo. A sociedade dos índios, perfeita e sábia, em comunhão com a natureza, estava se perdendo.

Flecha Dourada chorou.

- Por quê o homem branco não era igual ao índio? – perguntava – O que será de nós, agora, se não somos nem índios nem brancos?

Ninguém respondeu. Apenas um soluço doído e o pio de uma ave solidária com a sua dor se ouviu.

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IRMÃO ÍNDIO

Luiz Carlos Amorim

Cadê teu espaço,
tua terra?
Onde está a tua liberdade?
O homem branco veio,
invadiu teu chão, tua casa,
ensinou a mentira,
descaracterizou o teu povo,
desmanchou a sociedade perfeita
que a tua gente tinha...



Marginalizaram-te,
Índio irmão,
Tu, o brasileiro legítimo,
único dono destas terras
tupiniquins...

 
Estão te exterminando,
Índio Irmão,
e não te deixarão, jamais,
voltar a ser o que foste...
Tiraram-te a Pátria,
expulsaram-te da terra,
apressaram o teu fim...





quarta-feira, 18 de abril de 2012

VENDA DE LIVROS INVENDÁVEIS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Já falei algumas vezes do Projeto Floripa Letrada, aqui de Florianópolis, no meu blog. O projeto consiste em colocar à disposição dos usuários do transporte coletivo da capital, em pelo menos três terminais – um deles o do centro – estantes ou armários com livros recebidos em doação. As pessoas que transitam pelos terminais podem pegar os livros para ler ali mesmo no terminal, enquanto esperam, ou podem levá-los para casa. O objetivo é que os livros retornem ao projeto, para que outras pessoas possam usufruir deles. O que não acontece, infelizmente.

A verdade é que há quem pegue livros às pilhas, mas nem sempre é para ler. Já conversei com donos de sebos que me confessaram que já tiveram ofertas de livros para compra e revenda que tinham o carimbo do projeto Floripa Letrada. O que quase fez o projeto ser suspenso, pois escrevi a respeito e a crônica foi lida por alguém próximo ao prefeito.

Mas hoje aconteceu algo mais grave ainda. Uma pessoa próxima foi abordada no centro de Florianópolis, convidada a comprar livros que reverteriam em prol de uma associação de ajuda a filhos de presidiários. A pessoa interpelada, sensibilizada, comprou um livro de Cristóvão Tezza, por cinco reais, pensando estar a fazer uma boa ação. A chegar em casa, folheando o livro, encontrou carimbos do Projeto Floripa Letrada, da Prefeitura de Floripa, indicando, inclusive, que os livro não poderia ser vendido.

Então, infelizmente, constata-se que estão pegando os livros do projeto para vender, ainda. Como não deu certo com os sebos, estão enganando as pessoas de boa fé, contando histórias tristes e vendendo livros que não podem ser vendidos.

Muito triste isso. Pegar o livro no projeto, levar para ler e não devolver já é uma falta de respeito, pois o aluguel é gratuito e prevê a devolução. Mas pegar livros aos montes para vender, enganando as pessoas, aí é demais.

terça-feira, 17 de abril de 2012

FEIRA CATARINENSE DO LIVRO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/




Recebi, esta tarde, convite da Câmara Catarinense do Livro para a 5ª Feira Catarinense do Livro, que será realizada de 2 a 12 de maio, no Largo da Alfândega, ao lado do Mercado Municipal de Florianópolis.

Estava estranhando que não se falava nada da feira do livro da capital, pois sempre há uma no início do ano e outro no final do ano. Até comentei em uma crônica sobre a Feira do Livro de Joinville, que não havia nada, ainda, sobre o evento daqui.

Pois parece até um pouco irônico a Feira Catarinense do Livro ser anunciada, sem nenhuma atração importante, como um escritor de renome nacional, juntamente quando está acontecendo, em Joinville, a maior feira do livro já realizada aqui no nosso Estado. Grandes nomes da Literatura Brasileira, das Artes, da Cultura, como Martinho da Vila, Affonso Romano de Sant´Anna, Ana Maria Machado – presidente da Academia Brasileira de Letras, Fernando Moraes e os atores Marcos Palmeira e Eliane Giardini, entre outros, estão desfilando pela grande feira do livro que Joinville está fazendo.

Aqui, no entanto, a feira daqui de Florianópolis traz estandes para venda de livros. Como diz o próprio comunicado da Câmara Catarinense do Livro, “O principal objetivo do evento é o incentivo ao hábito leitura, levando a toda população livros novos, de todas as áreas do conhecimento, com preços acessíveis e momentos culturais como lançamento de livros, sessões de autógrafos, apresentações culturais e exposições de trabalhos literários, assim contribuindo com a cultura em Santa Catarina.” Espero que os preços dos livros sejam menores do que os praticados nas livrarias.

A gente acha que não pode ficar pior, mas de alguma maneira é possível, sim. Para completar, o comunicado anuncia, também, que “nessa 5ª Feira Catarinense do Livro, não haverá o Estande dos Escritores - os Lançamentos dos Livros e Sessões de Autógrafos acontecerão em mesas distribuídas no interior da feira em locais de circulação dos visitantes.” Podemos fazer lançamento de livro, mas a venda de nossos livros, durante todo o decorrer da feira, não será possível, pois não haverá, mais o Estande do Escritor Catarinense.

Como eu dizia, enquanto Joinville realiza a maior feira do livro catarinense, Florianópolis vê a sua diminuir cada vez mais... O que falta? Apoio oficial, apoio da iniciativa privada, o quê? Joinville conta, segundo os organizadores, com o patrocínio do Governo Federal, Ministério da Cultura, Transpetro e Britânia, além do apoio do Proler, Lei de Incentivo à Cultura e Univille. E nós?

domingo, 15 de abril de 2012

O RIBEIRÃO AÇORIANO EM FLORIANÓPOLIS



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Minha filha Fernanda está nos visitando e ela e o marido dela, que é francês, encontraram uma padaria francesa na Ilha. Trouxeram um delicioso pão francês, típico, com uva passa e nozes, e alguns pastéis de Belém. O pastel de Belém, doce típico português, deu uma saudade danada de Lisboa e de tantos outros lugares daquela terra irmã e também de Daniela. Vontade de voltar lá para visitar tudo o que faltou visitar, rever minha outra filhota que está por lá, fazendo mestrado, e comer aquele pão português que só se faz lá, beber aqueles vinhos fantásticos – do porto, verde, etc., provar de novo aqueles queijos deliciosos, aqueles azeites puríssimos, pastéis de Belém, pastéis de bacalhau...

Então, para matar um pouquinho da saudade, fomos visitar de novo o Ribeirão da Ilha, o lugar mais açoriano de Florianópolis e um dos lugares mais bonitos também. O Ribeirão da Ilha fica no sul da Ilha de Santa Catarina e é o lugar onde a colonização açoriana começou, pois ali é que se instalaram as primeiras famílias que vieram dos Açores.

Independente disso, o lugar é lindo e pacato, um reduto de paz e tranquilidade. É verdade que é longe do centro, mas isso talvez colabore para a serenidade que a gente ainda encontra lá. O caminho pode ser tumultuado, em alguns trechos, por causa do trânsito, mas chegar ao Ribeirão da Ilha é chegar a um oásis. As casinhas açorianas são a marca registrada. As ruas estreitas também. Há vários restaurantes que servem frutos do mar e a gastronomia é diversificada e boa.

Já falei, em outra crônica, do EcoMuseu, um museu que fica anexo a uma pousada e oferece, além de livros e muita informação sobre o início da colonização pelos açorianos, a oportunidade de se conhecer uma casa daqueles tempos idos exatamente como ela era usada pelos primeiros colonizadores. Assim como equipamentos agrícolas e autênticos engenhos de farinha de mandioca.

Há muitos lugares lindos na ilha. Mas esse pedacinho de terra na beira da praia que se chama Ribeirão da Ilha conquista o coração da gente e faz a gente voltar outra vez e outra vez. Tenho vontade de conhecer os Açores para comparar os vestígios açorianos que temos aqui com o original. Pretendo fazer isso. Breve.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

SEMANA DO LIVRO INFANTIL

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Florianópolis instituiu a Semana Municipal do Livro Infantil e a terceira edição do evento já começou, no dia 12 e vai até o dia 18. Muita contação de histórias, lançamentos de livros infantis, varal literário, sarau poético, teatro, música e oficinas de formação para mediadores de leitura estão acontecendo em vários pontos da capital. São atividades para reforçar o incentivo ao hábito da leitura nos leitores em formação, que merecem todo o nosso aplauso.

Precisamos incutir o gosto pela leitura em nossas crianças, cada vez mais, pois o índice de livros lidos por ano por cidadão está baixando, quando o ideal é que aumentasse. Há cinco anos atrás, a média de livros lidos por cada brasileiro era de 4,7. Atualmente esse número baixou para quatro. Tudo o que pudermos fazer para que nossos jovens leiam mais é importante, pois o sucesso na vida adulta vai depender do conhecimento e da cultura que eles puderem adquirir. Indo à escola, estudando nos livros, lendo muito, pesquisando sempre.

É na infância que se adquire os bons hábitos. Se adquirirmos o gosto pela leitura quando crianças, será muito mais fácil ler, estudar, atualizar-se e preparar-se para enfrentar o mercado de trabalho na juventude.

Nossa literatura infantil é muito rica e pode, com certeza encantar os pequenos leitores, despertando-lhes a curiosidade para ler mais, para continuar lendo sempre.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

SAÚDE EM SANTA CATARINA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ 


O SC Saúde, novo plano de saúde dos servidores estaduais em Santa Catarina virou piada. A verdade é que este plano, que substituiu a Unimed, dizia, antes de entrar em funcionamento, há dois meses e pouco, que tudo estava certo, organizado: médicos, clínicas e hospitais contratados, prontos para atender.

O que temos visto não é nada disso: jornais e emissoras de televisão de Florianópolis tem mostrado as provas das irregularidades no SC Saúde, diversas delas que deixam a maioria dos servidores sem assistência médica. Médicos sem registro na especialidade que a SC Saúde lista em seu site, médicos com a indicação que estão atendendo pelo plano mas nem sequer se inscreveram ou já pediram para serem retirados da lista, médicos listados duas ou três vezes na lista, o que dá um total considerável de credenciados, mas que não espelha nem de longe a realidade. E o usuário do plano fica sem médico, pois o médico que tinha no plano anterior não é mais credenciado e há especialidades nas quais o SC Saúde não tem nenhum médico aqui na capital, por exemplo.

É uma bagunça generalizada que vem sendo denunciada desde antes do plano entrar em funcionamento, mas parece que o governo não está muito preocupado com isso. O Secretário da Administração de SC foi entrevistado hoje sobre o que estava acontecendo e, apesar de mostradas as irregularidades, apesar de provadas as falhas do plano, aquele senhor insiste em afirmar, como sempre, que não há irregularidades no plano. Que ainda estão “organizando”, que o plano só tem setenta e poucos dias, etc.

Acontece que os problemas vem sendo denunciados desde o final do ano passado e, ademais, a organização deveria ter sido feito antes do plano entrar em funcionamento. Será que o ilustre secretário acha que todo mundo é idiota? Ele acha que ninguém está vendo as falhas, que o usuário que está sentindo na pele o drama de não encontrar médicos para ser atendido não está indignado com o descaso do governo com a saúde do seu servidor?

Atenção, senhor governador: será que não está na hora de trocar o secretário de administração, se é ele quem comanda o SC Saúde? Já faz quase meio ano que esta novela se arrasta, está na hora de tomarem providências.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O LIXO PESADO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Em uma matéria sobre coleta de lixo seletivo, no Jornal do Almoço, foi levantado o fato de que todos somos responsáveis pelo lixo que produzimos. E acho que isso deve ser lembrado, porque há quem pegue seu lixo não doméstico e jogue em qualquer lugar.

Há, também, o outro lado, o fato de que pagamos, e bem, para que nosso lixo seja coletado. Em Florianópolis, a Comcap faz duas coletas, a de lixo comum e de lixo seletivo. Desde o início de abril, está fazendo uma terceira coleta, de lixo pesado, aquele que as duas outras coletas não levam: eletrodomésticos velhos, como geladeira, fogão, etc., e móveis, por exemplo, para os quais não havia destino. Por isso acabavam sendo desovados em terrenos baldios.

A proposta inicial é passar em cada bairro uma vez por ano, já que são 76 bairros e o caminhão para fazer o serviço parece ser apenas um. Mas conforme vimos no site da prefeitura, se houver quantidade de lixo maior, deve-se entrar em contato para pedir o recolhimento.

Em São José, as coletas normais são feitas da mesma maneira, mas para lixo pesado é um pouco diferente. Conforme o setor responsável na prefeitura, a coleta de lixo pesado passa uma vez por semana nos bairros, mas como os bairros são grandes e eles não passam em todas as ruas, há um roteiro que os usuários não conhecem, a princípio. O morador pode ligar para lá e pedir que eles passem. Eles agendam e passam para pegar. Aqui em casa não vieram hoje, apesar de agendado, porque o tempo estava ruim.

De qualquer maneira, o fato de podermos pedir que o caminhão do lixo pesado passe quando temos coisas grandes para serem levadas é muito bom. Esperemos que funcione.

O que a prefeitura de São José deveria fiscalizar – e a de Floripa também – é o descarte de lixo como escombros, pneus, etc., que são deixados em vários locais e não só em terrenos baldios, como beiradas de rua, calçadas, lugares movimentados e perto de comércios, às vezes. Acho engraçado que o lixo é descarregado e ninguém questiona, não ligam para a polícia ou para a prefeitura para denunciar. Devemos coibir esse tipo de desrespeito, porque enfeia as nossas cidades.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O TEMPO, SECA, CHUVAS TORRENCIAIS...

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Há alguns dias, falei sobre o tempo que tivemos no último verão, aqui no sul e em algumas outras partes do país: ao invés das chuvas torrenciais, com grandes tragédias em áreas de risco, geralmente nos meses de janeiro, desta vez tivemos seca. Centenas de cidades em estado de calamidade pública, por falta de água, produção agrícola perdida em vários lugares, um calor escaldante.

Pois acho que falei demais. Neste mês de abril, já passado o verão, a chuva forte veio e trouxe a tragédia que, pensamos, havia sido evitada, com deslizamentos e mortes na região serrana do Rio de Janeiro. Tivemos, tambem grandes tempestades em Goiânia, no norte do Brasil e no sul também.

Precisamos de chuva, precisamos muito, mas espero que ela não venha mais em quantidade exagerada. O calor ainda persiste, a chuva está vindo mais amiúde, mas comportada, nos últimos dias, e esperamos que continue assim.

Eu ficava assustado, quando abria a torneira direto da rua, para encher o regador e molhar minhas plantas que estavam quase morrendo e não havia água, a torneira estava seca. Isso me lembrava uma parte da minha infância em Corupá, quando não tínhamos água de rede. Tínhamos um poço – a água era encanada, mas vinha de um poço nos fundos do quintal. Ele fora cavado na pedra, então não era muito fundo. E no verão faltava água. E faltar água numa casa com muitas crianças era difícil. Para cozinhar, buscávamos água numa vizinha, a umas cinco casas depois da nossa, que tinha um poço que oferecia água em abundância. Para lavar, trazíamos água do rio, que ficava também a uns quase quinhentos metros de casa. Eu era adolescente e carregar duas latas de água pesou bastante, tanto que fiquei com as costas um pouco arcadas.

Mas as secas, o calor intenso de hoje, assustam mais. Não há mais poços, para nos abastecermos com água do vizinho. A água é toda de rede e se ela não vem, falta para todo mundo. E as chuvas acumuladas também assustam, demais. É terrível ver áreas habitadas deslizando, soterrando casas e pessoas.

É bom que tudo o que aconteceu até agora com os descompassos do tempo sirva de alerta para todos nós. Será que aprendemos, será que percebemos a necessidade premente de que precisamos cuidar melhor do nosso meio ambiente? Se não respeitarmos a natureza, ela também não nos respeitará.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

AS BICICLETAS DA CIDADE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


O assunto da crônica de hoje em um jornal de Joinville são as bicicletas. Joinville já foi a Cidade das Biciletas. Hoje, nem tanto. Com o trânsito conturbado, os operários já não andam mais de bicicletas, eles têm de pagar o ônibus, mesmo.

Pois a cronista, Clarice Steil retoma o assunto, pois já havia escrito uma crônica com o título de “Cidade das Bicicletas” no dia 12 de março, logo após o aniversário de Joinville. Ela voltou a falar das bicicletas em Joinville, porque a professora Mariza Schiochet, minha amiga e conterrânea, fez uma trabalho em sala de aula, com suas turmas, e os alunos enviaram à Clarice nada mais, nada menos do que 74 cartinhas falando do que eles pensavam e sentiam a respeito do assunto. E ela escreveu uma belíssima crônica, aproveitando trechos das cartas.

Eu sei bem do trabalho da professora Mariza, ela faz milagres em duas escolas da cidade. Ela trabalha com textos de escritores da terra e depois os convida para ir lá, conversar com os seus alunos. E eles fazem de tudo com o texto da gente: eles recriam tudo, dando a sua versão do que foi lido, a sua interpretação, fazem teatro, vídeos, músicas, livros, poemas, entgrevistam a gente, é um sem fim de criatividade. E competência da professora. E depois a gente recebe os trabalhos, eu até já fiz crônica com alguns dos trabalhos que recebi. É muito gratificante ser alvo da professora Mariza e dos alunos dela.

Então fui procurar, no jornal, a crônica do dia 12, que eu não havia lido, para entender o começo da história. E constatei que Clarice fala da mobilidade na cidade, que anda péssima, como na maioria das médias e grandes cidades, da falta de ciclovias, da falta de respeito dos motoristas para com as ciclovias, onde elas existem.

Transcrevo um trecho da crônica: “Gostaria de dizer que quando eu ando de bicicleta eu cuido do ar que ela e seus filhos respiram. Quando eu ando de bicicleta, o trânsito fica mais aliviado para todos. Também ajudo a economizar os gastos públicos com saúde, a aliviar os espaços de estacionamento, a divulgar um meio de transporte que também é fonte de lazer, a poupar tempo e dinheiro.” Fiquei entusiasmado com o texto e não poderia deixar de mostrá-lo para meus leitores, pois eu ando a pé, ando o mínimo possível de carro e me dei conta de que também faço o que ela menciona acima.

Os administradores de nossas cidades precisam priorizar as ciclovias, tão escassas em todo lugar. Precisamos cobrar isso, pois é um direito que temos, já que o dinheiro público sai dos impostos que pagamos e, como a cronista escreveu, andar de bicicleta é cuidar do meio ambiente, pois com menos carros nas ruas, diminui a poluição, melhora a mobilidade, diminui os acidentes, etc, etc. Nossos prefeitos deveriam ler, todos eles, as duas crônicas de Clarice.

Parabéns, minha querida cronista. Sou seu fã. Parabéns, professora Mariza. Parabéns, alunos da professora Mariza. Vocês todos são geniais. Joinville não seria a mesma sem vocês. Aliás, Joinville não é mais, mas pode voltar a ser a Cidade das Bicicletas, se todos tivermos esse propósito. Tenho saudade dos tempos em que podíamos ver muitas, muitas bicicletas pelas ruas da cidade. Essa imagem que pode parecer romântica, mas na verdade é uma opção de sobrevivência das nossas cidades, tem que ser resgatada. Para o bem da cidade, do planeta, para o bem de todos nós.

sábado, 7 de abril de 2012

PEDÁGIO NO RIO GRANDE DO SUL: MUDANÇAS?

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor e editor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Tenho visto nos jornais, ultimamente, notícias de que as concessionárias de pedágio do Rio Grande do Sul estão com os prazos dos contratos para vencer e o governo não estaria pensando a renovar com elas. Ao invés disso, faria outras licitações para tentar colocar novas operadoras, para ver se o serviço melhora, pois as atuais cobram preços astronômicos, escorchantes, do usuário, sem que haja retorno correspondente para o valor que se paga, como acontece em quase todo o Brasil, infelizmente. E a impressão que se tem é que ninguém fiscaliza o cumprimento dos contratos com as tais concessionárias, pois o dinheiro é arrecadado aos borbotões mas muito pouco dele é aplicado na melhoria das estradas. Apesar de existir o DAER – Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, o Dnit, a fiscalização parecia não existir para verificar o cumprimento dos contratos. Felizmente os usuários estão começando a exigir o seu direito de cidadãos, mobilizando-se para cobrar resultados.

Então, com o risco de perder a “boquinha”, as operadoras estariam dispostas as diminuir os preço dos pedágios nas diversas praças – o menor é seis reais e setenta centavos, em estradas não duplicadas onde não se vê ninguém trabalhando – para quatro reais, que ainda é muito, muito caro, para o retorno que se tem – quase nenhum.

Viajo há mais de dez anos para cá e vejo o descaso com que se trata o assunto. O preço sempre foi exorbitante e as estradas nunca foram tão boas que justificassem o valor cobrado. Há anos que mando carta para os jornais gaúchos questionando o preço e o estado das estradas, mas notei que não se falava no assunto, no Estado, em nenhuma mídia. Nem em jornais, nem na televisão, em lugar nenhum. Vi que minhas cartas não eram publicadas, porque o assunto parecia ser tabu e ninguém queria mencionar o assunto. Parecia um pacto firmado entre mídias, poder público, etc, para não se falar em pedágio.

Até que, há uns dois ou três anos, alguém publicou uma das minhas cartas e, daí para a frente, o pacto foi quebrado e as reclamações em relação aos pedágios e as estradas começaram a se multiplicar nos jornais, reportagens a respeito começaram a aparecer em jornais televisivos, na internet, etc.

Atualmente a indignação das pessoas com o pouco caso das concessionárias com os usuários, arrecadando fortunas e não aplicando o dinheiro na melhoria das estradas.

Em Santa Catarina, no ano passado, o pedágio na região de Joinville, que estava em um real e vinte centavos, aumentou para um real e quarenta centavos. O público reclamou, o Ministério Público acionou e a concessionária foi obrigada a baixar o preço, já que não estava aplicando o valor arrecada na estrada.

Na Grande Florianópolis, um rodoanel previsto em contrato e que teve o percurso diminuído pela OHL para menos da metade, também foi questionado e a concessionária teve que retomar ao plano original, cumprindo o contrato.

Precisamos exigir nossos direitos, não podemos permitir que nos roubem contínua e impunemente. Os pedágios arrecadam fortunas incomensuráveis e o mínimo que têm que fazer é cumprir os contratos, fazendo a manutenção das estradas sob sua jurisdição, mantendo-as perfeitas, pois com os preços exorbitantes que cobram, deveríamos ter estradas com a qualidade das estradas européias. E ainda assim o valor cobrado ainda seria exagerado.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

PÁSCOA

Luiz Carlos Amorim


É tempo de celebrarmos
a Páscoa, irmão
Não com coelhos e ovos,
mas com o amor
que Ele ensinou,
morrendo por todos nós
e renascendo
em nossos corações.

Não se preocupe
com presentes, irmão.

Celebremos a Páscoa
exercitando o presente
que Ele nos deixou,
esparramando amor
por todos os lugares,
a todos os olhares,
através do sorriso,
de uma palavra amiga,
de um aperto de mão,
de um abraço apertado
ao irmão que está ao lado.
Celebremos a Páscoa!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

EDUCAÇÃO E LEITURA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Um leitor não é aquele que lê um livro – ou uma sinopse – apenas para dizer que o leu. Ou que nem sequer lê a sinopse porque tem dificuldade para entender um enunciado. Leitor de verdade é aquele que sabe interpretar o que leu, que sabe recriar um texto. É aquele que usa seus sentidos na recriação de um texto, que decodifica signos com emoção, com alma, com sentimento.

Infelizmente, no Brasil, temos muitos dos primeiros, que na verdade nem podemos chamar de leitores, pois leem pouco porque não sabem interpretar um texto, não conseguiram usufruir do letramento e não conseguem, quase, se comunicar. Escrever ou ler um bilhete é um problema, pois não conseguem se expressar nem entender uma pequena mensagem.

O leitor de verdade, então, esse não é muito comum. Aquele leitor que tem o hábito de ler, que lê dois, três, cinco, dez livros por mês, sejam eles comprados, alugados, emprestados, esses são poucos, em número muito aquém do que desejaríamos, considerando-se o tamanho da população desse nosso país.

O resultado da terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pela Fundação Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência acaba de sair e não é nada bom. Constata que do ano de 2007 até a atualidade, o índice de leitura dos brasileiros caiu de 4,7 livros por pessoa para quatro títulos. O número de leitores saiu de 95 milhões e meio, há cinco anos, para 88 milhões no ano passado. E olhe que a população cresceu, nesse período.

Isso pode ter muitas causas. Uma, sem dúvida, é a falência da educação no Brasil. Se a educação é ruim e não incentiva a leitura nos leitores em formação, então não podemos esperar que crianças cresçam com aquisição de cultura e informação suficientes para consumirem livros, para terem bons trabalhos e, consequentemente, poderem continuar, na vida adulta, a leitura de mais livros, adquirindo, assim, mais cultura e mais capacidade de progredir. Porque ler é adquirir conhecimento para a vida, é tentar entender o mundo. Ler é nos transformarmos, é nos adaptarmos com as mudanças a nossa volta, é ajudar a mudar o mundo – para melhor.

Então, precisamos repensar a educação brasileira, estruturá-la, dar-lhe atenção e a importância que ela realmente tem. O Estado precisa priorizar a educação e não desconstruí-la, como vem fazendo. E isso precisa ser feito logo. Ou será tarde demais.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O ABUSO DO SOM MUITO ALTO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Esta semana li uma matéria, em jornal local, sobre o abuso do barulho em São José. Os “sons” nos carros são ligados em altíssimos volumes, tanto de dia como de noite. Fiquei sabendo que desde 2009, o problema vem sendo alvo de discussão pela Câmara de Vereadores, embora até agora não tenha sido homologada nenhuma lei para reforçar o silêncio, pelos menos, depois das 22 horas.

A matéria foca o som automotivo muito alto no bairro Kobrasol. Sei como é, porque já morei lá, mas não é só lá, não. Moro em Barreiros, na divisa com Florianópolis, e tenho que agüentar vizinhos que colocam, a qualquer hora do dia e até à noite, o som a todo volume, tão alto que não dá para conversar ou assistir televisão dentro de casa. Já liguei diversas vezes para a polícia, mas ela não veio. Acho que vou ter que ir à delegacia formalizar queixa, mas não sei se isso resolve.

Segundo o jornal há uma campanha da Secretaria de Segurança, Defesa Social e Trânsito de São José, contra o som alto de automóveis pelas ruas, calçadas e jardins, na qual estão engajadas, também, a Polícia Civil e Militar, a Guarda Municipal e outros instituições.

Espero que funcione e que a situação melhore, pois é impraticável. São José tem Lei do Silêncio desde 2001, mas parece que não foi colocada em prática até então

segunda-feira, 2 de abril de 2012

MINHAS CRÔNICAS


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

O escritor Marcos Antonio Meira, aqui da terrinha, premiado pela Academia Catarinense de Letras pelo seu romance "Gurita", leu meu livro "Aphrodite e as Cerejeiras Japonesas", de 2009, reunindo crônicas publicadas em jornais de todo o Brasil naquele ano. E escreveu sobre o mesmo em seu blog "Sob o Céu de Barreiros" - http://soboceudebarreiros.blogspot.com/ - texto que eu transcrevo a seguir:


LIVRO DE CRÔNICAS

 Por Marcos Antonio Meira

Recebi o livro de crônicas do escritor Luiz Carlos Amorim, “Aphrodite e as Cerejeiras Japonesas”. E gostei de folhear suas páginas.

Dono de um estilo espontâneo e nada arrogante (traço condenável em muitos cronistas das folhas impressas), Amorim parece estar em sua casa, em seu quintal, tal é a simplicidade e a honestidade de suas palavras.

Não obstante toda essa cordialidade, em algumas crônicas Amorim eleva o tom; mostra-se inconformado com a realidade brasileira. E, semelhante ao Dr. Stockmann, personagem de Ibsen, em “Um Inimigo do Povo”, não teme navegar contra a corrente ou ficar sozinho, como fica explícito na crônica “O Livro Ilegível”.

Sem empregar termos rebuscados, Amorim convida o leitor a puxar uma cadeira e deixar a conversa correr solta.

E isso é singular, muito singular.