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terça-feira, 30 de agosto de 2016

DE NOVO, ELEIÇÕES



           Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 36 anos em 2016. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br


E começou a propaganda eleitoral na televisão. Ainda bem que é só na TV aberta, que eu assisto muito pouco, quase nada, pois ficou insuportável. E tem mais, vamos ter que aguentar os santinhos nos jornais, os out-doors e placas que começam a aparecer pelas cidades, aumentando a poluição visual, os carros de som fazendo a maior poluição sonora, os santinhos, que começam a mandar pra gente, entupindo nossas caixas de correio e nossos e-mails.

E até as redes sociais estão ficando impraticáveis. Eu e outras pessoas, dentre os muitos amigos que tenho no Facebook, já postamos vários pedidos para que as pessoas não façam propaganda eleitoral naquela rede. Mas infelizmente não adianta. Nas últimas eleições, deletei alguns cabos eleitorais e este ano já apareceram outros tantos que insistem e também serão defenestrados. Acho chato ter que fazer isso, mas já chega dessa política podre que está em todo lugar. Pedi várias vezes para deixarmos a propaganda política de lado ali, que talvez a plataforma mais apropriada seja o Twitter. Melhor nenhuma.

Os espaços são democráticos, mas se a maioria não quer esse tipo de propaganda, que não serve para sabermos o que os candidatos podem fazer pelo povo, mas o quanto eles podem mentir, então que a minoria ache outro veículo. Existem muitos lugares onde a propaganda política, do jeito que ela é feita, não vai conseguir nenhum voto a favor do candidato, muito pelo contrário. Acaba-se adquirindo mais aversão pela coisa e a gente marca o nome do candidato para NÃO votar nele.

Aliás, votar é uma coisa quase impossível, pois está difícil encontrar um candidato decente. Aí alguém poderá dizer: mas é necessário conhecer os candidatos para poder escolher. Como escolher, se a gente só ouve mentiras, promessas que nunca serão cumpridas, promessas que só servem de parâmetro para eles, os políticos, fazerem exatamente o contrário? Aliás, no caso das eleições municipais, como a deste ano, os vereadores reaparecem para dar tapinhas nas costas dos eleitores, apertar as mãos, prometer coisas que não cumprirão. Dizem que não podem fazer isso fora destes poucos meses antes da eleição, porque seria campanha fora de época, dizem eles. Desculpa esfarrapada, outra mentira deslavada. Ah, então atender o cidadão, saber o que as comunidades precisam e tentar melhorar a vida das pessoas de sua cidade, que é o trabalho deles, o dever deles, não é feito para não parecer campanha. Mas esta é a melhor campanha que um político pode fazer: ir até o eleitor saber do que ele precisa para providenciar a realização de obras e melhorias.
 Dizem também que não podemos perder a oportunidade de votar, de exercer a nossa cidadania. Mas votar em quem? Se houver candidato em quem a gente puder votar, tudo bem, seria ótimo colocar na política alguém que realmente cumprisse o seu papel, trabalhando em prol da comunidade, do povo, e não em benefício próprio.

Precisamos renovar os agentes que nos representam, substituindo essa política corrupta que aí está. Só precisamos de bons candidatos, honestos, decentes, o que está difícil. Se não houver em quem votar, votemos nulo, para manifestar a nossa insatisfação, o nosso protesto contra a corrupção e impunidade que grassa nesse país. É a única maneira de perceberem que não estamos satisfeitos com o que aí está.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A VOZ DA POESIA



    Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 36 anos em 2016. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.brhttp://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br


Já falei, aqui no blog, da poesia de Júlio de Queiroz, que eu reputo o mais importante escritor contemporâneo de Santa Catarina e, quiçá, do Brasil. Exagero? É só ler a obra que ele deixou, para entender. Quando ouvi um CD com o qual ele me presenteou, há uns dois anos, com declamações dos seus poemas por ele mesmo, fiquei impressionado. A poesia dele, tão densa, tão bela, tão cheia de conteúdo, já havia me encantado, mas não sabia que ela ficaria ainda mais bonita, mais forte, mais lírica, declamada pelo próprio poeta. Foi um presente ímpar, espetacular. Gosto de todos os poemas, mas Minha Cidade, Paisagem com aceno, Um amor tão de leve merecem destaque. São belíssimos, são obras primas.

Então enviei, na época, mensagem a ele dizendo isso, e ele respondeu: “Meus Deus, amigo, não faça isso comigo.” Ora, meu grande amigo poeta, eu tinha que fazer, porque é a mais pura verdade. Como disse na resposta ao Júlio, a gente lê poesia boa, excelente, mas também se lê muita coisa fraquinha, hoje em dia, quando prolifera muita coisa que nem poesia é. De maneira que, quando descobrimos alguém que faz poesia de verdade, plena de essência, há que se dizer a todos que temos um poeta com P maiúsculo.

O CD é muito bom, o poeta está de parabéns por dar ainda mais vida aos seus já perfeitos poemas. Talento de poeta é isso. Talento inteiro, completo, verdadeiro. Esse CD é um bônus que Júlio de Queiroz nos deixa, além de toda a sua obra em gêneros como conto, poesia, ensaios, nos quais ele é mestre. Faz parte do grande legado que ele nos deixa, pois ele levou todo o seu talento, intelectualidade, sabedoria e carisma para o andar de cima, para tristeza de nós, seus amigos e seus leitores e para alegria da plêiade de poetas que já está por lá, como Drummond, Coralina, Quintana, Pessoa e tantos outros.
Que bom poder ter a voz do poeta na sua poesia viva, poder continuar a ouví-lo para tê-lo ainda mais perto de nós, agora que ela foi fazer poesia na eternidade, imortal que é e continuará sendo em nossos corações.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

SER PAI



    Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 36 anos em 2016. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.brhttp://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br

Dia dos Pais se aproximando e deixa mais vivo na memória que minha filharada está tão longe, que a casa está vazia e isso dá uma saudade danada. Fernanda mora em Nice, na França – embora more quase perto do local do atentando, ela não tinha ido ao desfile, ufa!  -, mas embarca pelo mundo e não tem ficado muito lá. Daniela está em Lisboa e ela e Pierre Aderne também viajam bastante, mas não têm vindo ao Brasil.
Estivemos em Lisboa em junho, eu e Stela, para matar um pouco da saudade de Daniela e Pierre e Fernanda esteve aqui nos primeiros meses de 2016, para ajudar na convalescenca da mãe, que fez um cirurgia delicada no final de 2015. Mas ah, que falta que elas fazem!
E o Dia dos Pais não só aumenta a saudade, mas me faz pensar no privilégio de ser pai. É interessante que até algum atrás, quando era um pouco mais jovem, eu achava que era um ótimo pai. Mas o tempo foi passando, a gente começa a ver tudo com mais clareza e comecei a tomar consciência de que não fui aquilo tudo como pai das minhas filhotas.
Queria ter ficado mais tempo com elas, queria ter vivido mais a infância delas, queria ter aprendido mais com Fernanda e com Daniela, queria ter trabalhado menos e vivido mais a adolescência delas. Queria ter aprendido com elas a dar mais carinho, a expressar melhor os sentimentos, queria ter sido mais pai. Queria não ter ficado longe delas por dois anos, por causa do trabalho, vendo a família só no fim de semana. Isso faz falta.
Sei que fizemos alguma coisa certa, eu e Stela, pois nossas meninas são pessoas educadas, inteligentes e capazes, assim como solidárias e carismáticas. Mas sei também que eu poderia ter sido um pai melhor.
Então, o grande presente que tenho, sempre, em qualquer dia, até no Dia dos Pais, é ter sido pai de pessoas de almas e corações tão grandes e abençoados. O tempo de vê-las crescer foi o tempo mais feliz da minha vida.
PS.: Já passou tanto tempo, mais de trinta anos, mas ainda não consigo escrever sobre a perda de nossa pequena Vanessa, que se foi muito rápido, no dia seguinte ao de sua chegada. Ainda dói muito.