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terça-feira, 31 de maio de 2016

O IMORTAL JÚLIO DE QUEIROZ







Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, completando 36 anos de literatura neste ano. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br -  http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

O mês de maio deste ano de 2016 acaba triste, muito triste. Nosso grande amigo Júlio de Queiroz, um dos maiores escritores dos últimos tempos, foi tornar o andar de cima mais culto, mais alegre e cheio de poesia. Aquela alma generosa, aquela criatura doce, um dos homens mais cultos, mais inteligentes e mais sinceros, não nos receberá mais com aquele sorriso cativante, que nos abraçava e nos acarinhava.
As literaturas catarinense e brasileira ficam mais pobres sem a serenidade e o talento, sem o carisma e a aguçada visão de mundo e da vida, de Júlio. A sua acolhida, a sua amizade verdadeira, o carinho que não tinha vergonha de externar, farão muita falta.
Nossas reuniões das quinta-feiras, que aconteciam há tanto tempo, não têm mais razão de ser, porque Júlio não estará mais lá. Não é, Jairo, não é Rita, não é, Sérgio? Bebíamos do manancial de cultura e sabedoria daquele ser humano especial, único. Usufruíamos da amizade da uma criatura grandiosa, mas humilde, de uma simplicidade a toda prova.
Júlio era escritor – talvez o maior contista e o maior poeta dessa nossa terra, era filósofo e tradutor, um dos mais importantes tradutores de Shakespeare. Falava várias línguas, publicou cerca de trinta livros, de contos, de poesia, de ensaios, etc. Mas além de toda a cultura, além do intelectual, além do cultor da palavra, estava o homem, carismático, gentil, doce, que sabia do valor da vida, da amizade, da humanidade.
Muito triste a ausência de Júlio. Incomensurável a lacuna que aquele ser iluminado deixa nas vidas de todos os seus amigos, que não eram poucos. Ainda bem que a obra, monumental obra-prima dele, é imortal. E ele continuará vivo em sua literatura e em nossos corações.
E, acima de tudo, sempre foi um orgulho poder dizer: Júlio de Queiroz é meu amigo!



domingo, 29 de maio de 2016

LIVROS PELO MUNDO



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, completando 36 anos de literatura neste ano. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br -  http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Fazer parte da IWA – International Writers & Artists Association, que agrega escritores de vários países, faz com que conheçamos estilos e cosmovisões diferentes na literatura de outros pontos do mundo, com costumes e tradições bem diferentes da nossa.

Faz muito tempo que a Dra. Teresinka Pereira, brasileira radicada nos Estados Unidos há várias décadas, convidou-me a fazer parte da IWA. Ela é uma professora que atua em universidades americanas e, além de professora, é escritora. Ela já publicou livro meu por lá em português e um outro, em co-edição com as Edições A ILHA, em inglês.

Ser um membro dessa associação internacional de escritores possibilita, como já disse no início, o intercâmbio com escritores e editores de diversos países. Publicamos textos deles aqui no Brasil, vertidos para o português, e eles publicam coisas nossas lá em seus países, vertidos para a sua língua. É assim que tenho poemas, crônicas e contos publicados na India, na Grécia, nos Estados Unidos, na Rússia, em Cuba, na França e em vários outros países.

Foi ao sabor dessa troca que recebi, recentemente, o livro “Vela no Horizonte”, do poeta austríaco Kurt F. Svatek. O livro, é claro, é em português, publicado aqui no Brasil. E constato, mais uma vez, que a poesia é uma língua universal, porque embora as estações sejam em épocas diferentes, o clima não seja o mesmo que o nosso, os hábitos e costumes sejam outros, a emoção, o sentimento que transborda em cada verso é o mesmo em qualquer lugar, a alma é igual a de qualquer mortal, o céu que todos vemos é exatamente o mesmo.

Então, não interessa muito a origem do poeta. Interessa, sim, o conteúdo do seu poema. Isso é o que vai mostrar a alma, o coração do poeta. E “Vela no Horizonte” evidencia toda a sensibilidade e lirismo do seu autor. Como no poema “Sesta”: “A erva alta / brinca com o vento sussurado / e os paraquedas brancos / do dente-de-leão / elevam-se em direção ao céu / como uma pequena nuvem / cheia de sonhos.” Ou como em “Distintivo”: “Não existem almas pretas / nem brancas; / não existem almas vermelhas / nem morenas ou amarelas pálidas // Existem simplesmente / apenas almas de seres humanos / cheias de sentimentos. / E para sentir não é preciso ter cor.” Ou ainda, como em “Desilusão”: “Olho uma segunda vez / pela janela: / é um floco de neve tardio / e nenhuma borboleta.” Ou como em vários outros dos poemas que compõe o livro.

sábado, 21 de maio de 2016

CRÔNICA, LITERATURA ELEGANTE E ATUAL

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, completando 36 anos de literatura neste ano. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Gosto de ler e admiro o escritor que consegue ser objetivo, com vocabulário claro e apropriado, sem se perder em excessos narrativos e descritivos ou no emprego de palavras rebuscadas e fora de uso.
Sempre fui leitor crônico de romances, contos e poemas e descobri, também, há bastante  tempo, a crônica. Adoro a crônica, mas detesto aquelas massudas, extensas, esticadas demais, prefiro as mais enxutas, elegantes, que dizem apenas o necessário para transmitir a sua mensagem.
Há quem pratique o gênero e ache que escrever bem significa produzir textos imensos, perder-se em divagações inúteis sobre um determinado tema. E ainda usando “palavras difíceis”, na ilusão de que isso enriquece o texto.
Isso me lembra de um “escritor” que conheci – e que felizmente não escreve mais ou, pelo menos, não tem publicado – que escrevia a sua crônica e depois de pronta, ia ao dicionário e trocava umas quantas palavras usuais e inteligíveis por outras, fora de uso e desconhecidas. Ele achava que isso transformava o seu texto em grande obra. Ora, o texto já era ruim: tema mal definido, mal desenvolvido, com vocabulário simples, quase vulgar, pouco conhecimento de regras gramaticais. Imagine um texto assim, salpicado de “palavras difíceis”. Se esse “escritor” produzisse poesia, com certeza usaria rima – e seria uma rima muito pobre!
Mas, como dizia, gosto do texto claro e saboroso, rápido mas denso, com conteúdo, aquele que diz apenas o necessário para comunicar com eficiência. Um texto não precisa ser extenso para ser bom. E se ele for mais longo porque havia necessidade disso, por imposição do tema, do desenvolvimento do assunto, sem deixar de lado a objetividade e a dinâmica da palavra, deverá ser interessante e gostoso de ler como se fosse curto.
Comunicar ideias é ser conciso, claro, com linguagem atual e bem articulada, é conversar com o leitor sem menosprezá-lo, sem querer apenas impressioná-lo. É colocar temas em discussão contando a sua verdade, aceitando que ela pode ou não ser a verdade do leitor.

sábado, 14 de maio de 2016

O FIM DA CULTURA



       Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, completando 36 anos de literatura neste ano. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br -  http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Vejo o noticiário deste final de semana com o destaque, entre outras coisas, que o cenário “político” está fervendo, em nosso país, que o Ministério da Cultura foi extinto, pelo “novo” governo que acaba de tomar posso e passa a dividir espaço com o Ministério da educação. Mais um retrocesso, que causa mais indignação ao cidadão brasileiro e aos produtores de cultura neste país, já tão relegados a segundo plano. Isso me lembrou de uma entrevista, no Estadão, há algum tempo, quando Antônio Fagundes protestava contra a falta de uma política cultural no Brasil: “Quando falo de política cultural, quero dizer tudo: educação, hábitos que não foram criados, o dinheiro que, para a cultura, não existe. Sim, porque 0,2 %, apenas, da dotação orçamentária, vai para a cultura.”

Também lembrei de outra publicação, na época, onde o presidente da Academia Catarinense de Letras, Péricles Prade, cobrava do governador de Santa Catarina mais atenção à cultura, pedindo a criação de uma secretaria exclusiva para a cultura do Estado, exigindo uma política cultural que não existe.

Eu já havia escrito, dias antes, no meu blog, a crônica “Política Cultural para Santa Catarina”, que foi publicada, também, em alguns jornais de cidades catarinenses.

Os escritores, artistas e produtores culturais de vários pontos de nosso estado fizeram manifestações, nas principais cidades, à época, reivindicando do Estado uma política cultural atuante e abrangente, que contemple todas as artes que são praticadas em qualquer canto dessa nossa terra catarina.

Então podemos ver que muitas vozes estão se juntando em uníssono, para conscientizar os nossos governantes de que estão em dívida para com a nossa cultura, de que é hora de parar de dizer não às reivindicações culturais, coisa que Raimundo Colombo é pródigo em fazer, como bem disse o presidente da Academia Catarinense de Letras. E essas vozes têm que voltar a se levantar, agora para combater o descaso com a cultura por parte da União, que agora se escancara ainda mais, com o fim do Minc.

Um povo sem cultura não tem identidade. A cultura é o bem mais valioso de um povo. Por que nossos políticos parecem não dar nenhum valor a ela? Na hora de se candidatarem, de pedirem votos, eles até prometem dar prioridade à cultura. Mas depois que se elegem, esquecem dela, aliás, fazem questão de enterra-la. Precisamos atentar para isso, lembrar disso na hora de votar. A cultura, como a educação, como a saúde, está sendo cada vez mais relegada a último plano.

terça-feira, 3 de maio de 2016

DE MÃES E DE FILHOS



     Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 36 anos de literatura neste ano de 2016. Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
 
Dias das Mães é sempre um dia importante e de muita comemoração, porque elas, as mães, são as criaturas mais importantes desse mundão de Deus. São elas que nos trazem ao mundo. São elas que são filhos aos seus companheiros, que dão netos aos avós e assim por diante.
É a nossa mãe que se dedica a nós, seus rebentos, pela vida afora. E quando a gente cresce e vamos viver a nossa vida para recomeçar o ciclo, ela fica esperando que os filhos voltem para uma visita, nem que seja rápida, trazendo os netos.
Fico matutando, aqui, quando o Dia das Mães vai chegando, que ver a filharada debandar dói um bocado para nós, pais, imagine para as mães. O coração fica apertado, a saudade toma proporções astronômicas e a casa fica enorme, imensa, vazia, silenciosa e triste.
Nossa filha Fernanda veio passar um tempo conosco, inclusive para ajudar, que a mãe fez uma cirurgia delicada, no final de 2015. E quando maio estava quase chegando, ela teve que ir embora, ela e o marido vão morar na França.
E então tudo se repete. Depois de mais de quatro meses, a casa volta a ficar grande demais, maior ainda. A saudade, que já estava instalada porque Daniela está bem longe, do outro lado do Atlântico, em Portugal, consegue ficar maior, aumenta de novo… Era muito bom ter a casa ocupada, viva de novo…
E no Dia das Mães, a mãe estará sozinha de novo e a casa, tão grande, não terá barulho de criança. Da nossa filharada.