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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

CORES PARA 2012


                         
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Os turistas que vêm para o verão em Santa Catarina, pela BR 101, têm um espetáculo de luz e cor incomparável: as duas margens da estrada, derramando flores e cores sobre os passantes, qual uma alameda enfeitada para receber os visitantes. Cidades como Joinville, São Francisco do Sul, Jaraguá do Sul, Corupá e tantas outras são privilegiadas, por terem seus acessos ladeados pelas flores da grande e majestosa árvore, tão generosa a oferecer essa festa brilhante de vida. Elas começam a florescer no final de outubro, começo de novembro e vão até janeiro, fevereiro, anunciando o verão, enfeitando o Natal e colorindo a entrada dos novos anos. Em janeiro, os jacatirões nativos começam a florescer no Paraná, em São Paulo e outros Estados, e o espetáculo se transfere, enchendo de matizes vermelhos as matas cortadas pelas estradas tantas, como a que leva a Santos, por exemplo.

É a natureza, pródiga, a nos presentear com suas obras mais belas, apesar de cuidarmos tão pouco dela. Nós, homens, continuamos desmatando, cortando árvores indiscriminadamente. Ainda se cortam pés de jacatirão para se fazer lenha. Haverá crime maior do que esse? Queimar a árvore que é um dos arautos da natureza, o enfeite natural de nossos natais, a flor que anuncia o ano novo...

Há quem, felizmente, faça o caminho inverso. Planta o jacatirão no jardim de sua casa, onde pode admirá-lo e cuidar dele ao mesmo tempo. Ou então colhe as suas sementes, depois da florada, para espalhá-las nas regiões aonde ele ainda não chegou.

Algumas pessoas sequer enxergam as vibrantes árvores floridas de jacatirão, desde meados da primavera até quase o fim do verão. Não que tenham problemas visuais – elas não dão nenhuma importância ao belíssimo fenômeno da mãe natureza que é a profusão de flores por todos os lados. Já disse antes, mas vale repetir o que Cecília Meirelles escreveu, com maestria e propriedade, em “A Arte de Ser Feliz”: “é preciso olhar e ver”. Às vezes, apenas olhamos, mas não vemos. Se você não viu ainda, olhe para o alto, para os lados, para as matas, para as alamedas, para os morros, para as margens dos caminhos, dos rios, das lagoas e veja: elas estão lá, singelas, humildes, mas majestosas e iluminadas. São elas que dão as boas vindas aos novos anos que se iniciam, colorindo-os com suas cores, lembrando-nos que a vida é o maior presente que podemos ter.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

JACATIRÃO E COCÔ DE PASSARINHO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Neste ano fui passar o Natal em Jaraguá do Sul, onde mora minha mãe e andei passeando por Joinville, Corupá, Barra Velha. Os jacatirões nativos, que estão espetacularmente florescidos nesta época do ano, anunciando o Natal, anunciando o verão e anunciando o Ano Novo, são um espetáculo à parte em todas as encostas, em todos os morros, em todos os caminhos, em todas as matas que ladeiam as estradas. É o enfeite da Mãe Natureza para comemorar com a gente o Natal, o ano novo que começa, o verão que acabou de chegar.

Aliás, o sol foi tanto que até desbotou um pouco o vermelho das pétalas das generosas árvores. Ainda a chuva veio e o tempo quase esfriou. Assim, as flores do jacatirão ficaram ainda mais coloridas.

E falando da minha ida a Joinville, fui visitar amigos que fazia tempo eu não via. Na saída da casa de Zé Mauro e Dalva, notei alguma coisa singular na garagem. Os carros estavam com os espelhos retrovisores cobertos com um tecido preto. Não fazia a mínima ideia da razão daquilo e não me contive. Perguntei para Dalva porque o revestimento dos espelhos. Então ela me explicou que quando ia pegar o carro para sair, de manhã, ele estava sempre com as laterais respingadas com manchas brancas e acinzentadas. Sabem por que? Os passarinhos vinham dormir empoleirados no espelho e faziam cocô, que caía pelas portas e pelos paralamas, sujando tudo.

De maneira que, para não ter que limpar tudo antes de sair, todos os dias, ela fez sacos de tecido preto e os coloca sobre os espelhos, pois com isso, os passarinhos não vêm. Lembrei-me da minha crônica “Cocô de Passarinho”, que deu origem ao livro de crônicas do mesmo nome e dei um exemplar do mesmo para os dois amigos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A VALORIZAÇÃO E A FALÊNCIA DA SAÚDE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Acabo de receber uma mensagem da minha amiga e conterrânea,a professora Mariza Schiochet, com fotos da festa realizada na Casa do Adalto, em Joinville, para as crianças com câncer. Como ela mesmo disse, foi uma festa de esperança, de amizade, de solidariedade e de esperança. A Casa do Adalto é uma casa de apoio à criança com câncer e a professora Mariza é a pessoa que mobilizou as escolas onde trabalha e a sua comunidade para tornar a ala de Oncologia do Hospital São José um lugar mais alegre, mais aconchegante, mais humana. Ela é gente que faz. Além de ser uma grande professora, Mariza é um ser humano incomensurável. O adjetivo parece fora de lugar, mas é isso mesmo.

Então vendo esse trabalho de humanização da professora Mariza, não pude deixar de me lembrar das denúncias contra o abandono do Hospital Celso Ramos, aqui em Florianópolis, exatamente o oposto do que acontece em Joinville. Alguém filmou, com uma câmara fotográfica, a situação caótica do hospital e a gravação foi parar na televisão. Banheiros sujos de sangue, muita sujeira, doentes pelos corredores, falta de atendimento, etc. etc.

E u poderia até achar que é exagero, que poderiam ter maquiado o lugar para denunciar. Mas eu já estive naquele hospital e sei que o que mostraram é verdade. E há muito mais. Os pacientes não mal atendidos porque não há pessoal suficiente para trabalhar, não há suprimento, muitas vezes e não há equipamento.

A gente que acompanha um paciente procura ajudar, para amenizar, como levar suprimento que o hospital não tem, comprar um colchão para evitar que as costas dos pacientes virem feridas, pois o hospital não os tem em número suficiente, atender pacientes que precisem de ajuda para ir aos minúsculos banheiros, até curativos a gente ajuda a fazer.

O Secretário da Saúde do Estado foi chamado para uma entrevista na televisão, mas não foi, mandou um preposto, que afirmou que não é bem aquilo que foi mostrado, que aquelas imagens não são o espelho do que acontece no hospital, e assim por diante. O que nos deixa mais indignados é esse descaso do governo para com a saúde, assim como também pela educação e pela segurança públicas.

O Hospital Celso Ramos foi reformado, recentemente. Mas reformaram e não colocaram pessoal suficiente para trabalhar, não estão suprindo a casa com equipamentos e tudo o que é necessário para o bom atendimento para os pacientes, que são tratados como se estivessem sendo atendidos de favor, como se o Estado estivesse dando alguma coisa de graça para os seus usuários.

Senhor governador, está na hora de olhar para o Celso Ramos, para a saúde de nosso Estado. Já está completando um ano que o senhor está no comando. Que em 2012 nós vejamos o senhor tomando providências para que este cenário mude. Para melhor.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O QUE ESPERAMOS DE 2012

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Este ano de 2011 que está se encerrando foi o ano da corrupção e da impunidade. Os brasileiros viram, mais do que nos anos anteriores, talvez, os políticos sendo denunciados por roubos e desvios de dinheiro público, sem que ninguém nunca devolvesse nada ou fosse preso por isso. Isso não só na esfera federal, mas também nas esferas estaduais e municipais. Quando muito, alguns ministros saíram do cargo, mas continuam nos seus partidos, incólumes, cheios de poderes, sem prestar contas a ninguém. A “faxineira”, que diz não dar mais trégua à corrupção, parece ter perdido o entusiasmo.

Para o ano de 2012, esperamos que a ética e a moral voltem a ser qualidades valorizadas tanto para nossos “políticos”, quanto para a nossa justiça, que no corrente ano mostrou muito bem que de justa não tem nada.

Que a corrupção e a impunidade sejam combatidas veementemente e que a justiça pare de passar a mão na cabeça de políticos ficha suja, como fez neste ano. Aliás, por culpa da “justiça”, a lei da ficha limpa ficou sem efeito, pois os tribunais não julgaram a validade da lei e reconduziram políticos corruptos a cargos públicos.

Queremos apenas políticos que não legislem apenas em causa própria, que se preocupem com o cidadão brasileiro, que se preocupem com a saúde pública, com a segurança pública, com a educação, que foram destruídas nos últimos tempos.

Queremos para 2012, políticos honestos, que realmente representem o povo brasileiro. É pedir demais? Queremos ver menos notícias de roubos, assaltos, mortes, apropriação indébita do dinheiro público, superfaturamentos, desvios de valores.

Sabemos que não será um mar de rosas, mas sabemos também que 2012 poderá ser melhor. Precisamos avaliar melhor os candidatos, nas próximas eleições, para que possamos renovar essa corja de “políticos” que temos aí, na sua grande maioria. E se não houver candidato decente, que votemos em branco, para manifestar nosso protesto contra os candidatos que almejam a vida pública apenas para enriquecerem.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MAIS DESUMANIDADES

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Numa crônica anterior sobre o Natal, mencionei que Natal é mais Natal quando se tem crianças em casa, porque criança simboliza o Menino que está nascendo, sempre, em nossos corações, para manter a fé, a esperança, a renovação da vida. E até disse que é preciso ter crianças e/ou animais de estimação, pois não raro, um cão ou um gato são como filhos da gente, fazem parte da família. Não estou substituindo uma criança por um animal de estimação, mas eles realmente são o bebê em muitas casas, ou porque as crianças cresceram, ou porque as próprias crianças que existem na casa amam o bichinho.

Pensando nisso, não dá para entender como alguns “seres humanos” pode ser tão cruéis a ponto de torturar um cãozinho até a morte, como fez uma moça recentemente, na frente de uma criança, filha dela.

Como usar de tamanha crueldade com um ser vivo que nos dá carinho, que nos dá amor incondicional? E não é um caso isolado. De vez em quando se tem notícia de um cão que foi queimado vivo, ou que foi arrastado por uma moto ou um carro, ou que jogaram água fervente em cima, ou que enterraram vivo, e assim por diante. Os requintes de crueldade são inacreditáveis.

Já escrevi em outras ocasiões, mas a verdade é que muitas pessoas compram um cão, sem querer saber que tamanho ele vai ter quando for adulto, que temperamento ele terá quando crescer, se ele se adaptará à vida preso o dia inteiro em um apartamento, por exemplo. Então quando o bicho cresce um pouco abandonam, se fica doente abandonam, se vão viajar abandonam, etc., etc. Como se o animal fosse uma coisa que pode ser jogado fora.

Acho que deveríamos aproveitar a época para refletir sobre isso. Deveríamos aprender com os cães a sermos mais humanos, mais leais, mais honestos, mais sinceros.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O LIVRO ELETRÔNICO FRACIONADO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


O e-book – livro eletrônico ou digital – teve uma alavancada, no início desta década, mas não ameaçou, ainda, o livro tradicional, impresso. Até porque o preço, não raro, tem se equiparado ao preço da versão impressa das obras, como no Brasil, por exemplo. Mas não é só aqui que isso acontece. Mesmo sem o maquinário, a mão de obra, o papel, tinta e outras matérias primas envolvidas na confecção do livro como o conhecíamos até bem pouco tempo atrás, os livros eletrônicos – arquivos digitais para serem lidos em leitores digitais ou tablets, como o I-pad ou Kindle, smartfones e computadores – têm preços bastante altos, em alguns casos equiparados com o valor dos seus equivalentes em versão impressa.

Então as grandes editoras procuraram inovar para incrementar as vendas dos e-books e estão lançando novos selos editoriais que vendem apenas partes, frações de livros, ao invés da obra completa. Por exemplo: você não precisa comprar uma antologia inteira, pode comprar apenas o conto do seu autor preferido. Aquele livro de ensaios maçudo de um grande pensador não precisa ser comprado na íntegra, compre apenas o ensaio que lhe interessa. E assim por diante.

No Brasil, uma das editoras está oferecendo essas versões reduzidas de e-book, que estão sendo chamadas, em outros países, de e-singles, mini e-books e-short-books, por até mais de dez reais, o que evidencia que continuam muito caras. Ainda bem que não são todas. Outras oferecem por valores entre um real e cinco reais.

A finalidade primeira, obviamente, é vender mais. Com livros mais baratos, poder-se-ia alcançar a classe C, que não compra livros porque eles são muito caros. Será que eles teriam o equipamento para ler os livros digitais? Mas há um outro interesse embutido na novidade: é dar uma amostra, para que o leitor compre a obra completa. Só que o preço precisa se estabilizar num patamar menor, senão nenhuma das duas finalidades será plenamente alcançada.

Será que o escritor independente, aquele que não consegue uma editora, finalmente conseguirá publicar sua obra, mesmo que em doses homeopáticas, sem o agravante do aparato industrial que envolve o livro impresso?

A nossa Biblioteca Nacional está para implantar o projeto “Livro Popular”. Será que esse seria um caminho para que a leitura possa estar mais acessível para qualquer cidadão brasileiro? Não conheço o projeto, não sei se ele prevê as duas formas de publicação, mas que venha o livro popular. Se ajudar a incentivar a leitura neste nosso imenso Brasil, um grande objetivo se terá cumprido.

sábado, 17 de dezembro de 2011

FEIRA DO LIVRO FANTASMA

Por Luiz Carlos Amorim – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Começou no dia 8 e vai até o dia 23 de dezembro a 26ª. Feira do Livro de Florianópolis, realizada pela Câmara Catarinense do Livro.

Estive lá no dia 10, para o lançamento da segunda edição da minha antologia poética, “NAÇÃO POESIA”, que está de cara nova, com nova capa, com prefácio de Urda Alice Klueger e posfácio de Enéas Athanázio. Estive lá durante a semana e também hoje, dia 17, quando repeti a seção de lançamento da antologia.

Mandei releases para divulgação do lançamento para todos os jornais, mas não saiu uma linha em nenhum deles. Aliás, eu não imagino o que está acontecendo, pois os jornais da capital, e não só eles, não publicaram nada, até agora, sobre a Feira do Livro de Florianópolis. Já estamos com mais de uma semana de feira e nenhum jornal publicou uma nota sobre o evento. É bem estranho.

Os jornais da capital sempre fizeram cobertura da feira, mesmo que não houvesse convidados importantes, como tem acontecido nos últimos anos. E esta edição está passando em branco, nenhuma matéria, nenhuma nota de qualquer colunista, um mistério.

Ainda temos uma semana de feira, vamos ver se algo acontece.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O MILAGRE DO JACATIRÃO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Estamos no final do ano, quando o jacatirão nativo floresce no norte do nosso Estado Catarina, machando com ilhas vermelhas o verde das matas. Mas é só no norte, em Joinville, São Bento, Corupá, Jaraguá do Sul, Barra Velha, São Francisco e algumas outras cidades da região. A florescência do jacatirão começa no início de novembro, às vezes no final de outubro e vai até fevereiro. É arauto colorido da natureza, anunciando o verão, enfeitando o Natal e os anos novos. Em janeiro, ele começa a florescer no Paraná, em São Paulo e outros estados. E a festa das cores vai subindo, espetáculo impar da Mãe Natureza.

Pois na nossa região, de Itajaí para baixo, não temos o jacatirão nativo. Aqui só temos o manacá-da-serra, uma versão híbrida do jacatirão, para jardins, que floresce no inverno, em julho, e mais para o interior e para o sul do estado temos a quaresmeira, outro tipo de jacatirão que floresce na época da Páscoa. É a mesma flor, só que de tamanho menor e cor mais acentuada.

Então, eis que em pleno dezembro, vejo por aqui manacás-da-serra cheios de flores, como se tivéssemos jacatirões nativos. E fico maravilhado com esses milagres da natureza, enchendo meus olhos com as flores de uma árvore que floresce em julho e que este ano no dá uma segunda florada, em pleno verão, como se quisesse enfeitar a vinda do Menino Cristo como se fora o jacatirão do qual se origina.

É um privilégio ter flores de jacatirão nesta época do ano, ter uma segunda florada do manacá-da-serra, essa variedade de inverno que emerge espetacularmente fora da sua época brindando-nos com essa beleza de cores que não tínhamos até então.

Obrigado, Mãe Natureza. Obrigado por enfeitar com a flor do manacá-da-serra, a flor do jacatirão, o nosso Natal e o nosso Ano Novo, tornando-os mais felizes. Obrigado por nos lembrar do nascimento do Menino que significa paz, harmonia e renovação.



E por falar em jacatirão, vou reproduzir aqui a crônica de Donald Malschitski, também sobre jacatirão:

JACATIRÕES, OS PRECURSORES

Esta crônica é dedicada a Luiz Carlos Amorim

Na semana passada escrevi que Nísia Andrade da Silva definiu os cronistas como “espiões da vida”. Pensando bem, levo isso muito a sério, mesmo que seja somente para mim. Quando dá para compartilhar com os leitores, melhor, mas mesmo não sendo possível fazê-lo, não me afasto da missão de espionar e constatar a maravilha da diversidade em cada instante vivido, cada espaço olhado, cada pegada pisada. Nada, absolutamente nada se repete, há nuances ou diferenças brutais entre um metro quadrado e outro, um nascer do sol ou seu ocaso e outro e qualquer espaço ou suspiro no meio deles. Nos recentes dias do calorão, subi a Serra Dona Francisca em diferentes dias, coincidentemente na mesma hora e, todas as vezes, a combinação do ângulo da luz e do céu exageradamente azul me davam um “bem-vindo” inesquecível. Um “bem-vindo” que variava do branco ofuscante ao lilás pomposo, perfazendo o caminho com todas variações possíveis. Eram os jacatirões emoldurando a estrada com a ousadia da juventude e a dignidade da maturidade reunidas nas mesmas árvores.

Clima alguns graus mais ameno e o convite irresistível: o compromisso pode esperar um pouco, o espetáculo, não, e o pé ficava mais gentil com o acelerador. Mais beleza: neste ano as bromélias também resolveram mostrar suas fantasias com ousadia.

O jacatirão, além de sua beleza, tem uma missão edificante: é uma espécie de João Batista da natureza: vive, no máximo, 20 anos e faz parte da vegetação do estágio médio de regeneração da floresta, preparando o ambiente para as árvores de crescimento lento e vida muito longa. Quando tudo está pronto, ele morre e essas tomam seu lugar. Uma chegada precedida por flores. Ah, se todas as chegadas fossem assim.

Agora veio a chuva e veio o vento (em Joinville um tornardo andou aprontando um pouco além da conta) e muitas flores o seguiram, imitando borboletas desenfreadas, mas outras já se mostram, de outra forma, em diferentes buquês, afinal, sua missão não depende do reconhecimento, mas da vida. E ainda dão as boas vindas a quem sobe a Serra. Ou será que só indicam o caminho aos viajantes e perguntam: “Pressa pra quê?”

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

LITERATURA INTERATIVA


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


O terceiro livro da escritora Célia Biscaia Veiga, paranaense radicada em Joinville há duas ou três décadas, acaba de sair. Ela já publicara, antes, um livro de poemas, outro de crônicas, e agora nos apresenta um projeto que poderíamos chamar de romance. Ou novela.

Trata-se de “O nome dele era Pedro”, uma série de crônicas interativas que ela havia publicado no Jornal A Notícia. A cada capítulo ela oferecia alternativas diferentes para o rumo da história de Pedro e os leitores participavam, fazendo as suas escolhas, ajudando a escrever aquela nova experiência literária. E a novidade - literária e jornalística – foi um sucesso e escolas se mobilizaram para participar e uma até convocou a escritora para ir até lá conversar com eles.

No jornal, é claro, as escolhas de opções levaram a um final. Mas, conforme as escolhas em cada capítulo, outros dezesseis finais poderiam acontecer. Então no livro, a autora teve condições de reunir todas as possibilidades e deixar a cargo do leitor a escolha do final que achar melhor.

É um livro interessante que, além da novidade da interatividade, nos mostra que nunca é tarde para aprender, que saber ler e gostar de ler faz toda a diferença na vida de qualquer pessoa.

Não é um livro de autoajuda, acho que posso chamá-lo de novela, mas é muito bom de se ler. A gente fica querendo pular adiante, para saber das outras possibilidades, depois quer voltar pra trás para lembrar uma escolha que já tinha lido.

A capacidade criativa e a inventividade de Célia tornam o livro uma das boas novidades literárias dos últimos tempos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

O GRUPO A ILHA NA NOITE POÉTICA JOSEFENSE

Na foto: Celino, Célia, Fátima, eu, Karine e Jacqueline


 
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Hoje eu e a Jacqueline Aisenman, de Genebra, estivemos lançando nossos livros na  26. Feira do Livro de Florianópolis. À noite, estivemos participando da segunda Noite Poética Josefense, apresentada pela poetisa Hiamir Polli, com o apoio da Fundação Municipal de Cultura de São José. Além do recital de poemas por poetas das diversas academias de letras da Grande Florianópolis, de Associações literárias e do Grupo Literário A ILHA, outras atrações artísticas foram oferecidas: o Grupo Vozes da Ilha trouxe uma grande seresta, a Orquestra de Câmara de São Pedro de Alcântara deu um belíssimo concerto e houve, ainda uma apresentação teatral pelo Grupo de Teatro Fiapo no Avesso.

A apresentação da jovem Orquestra de Câmara de São Pedro de Alcântara foi um espetáculo à parte. Vários números, entre clássicos e duas músicas de Natal culminaram com o público aplaudindo de pé. Um grande espetáculo.

O tempo foi pouco, apesar da duração de três horas, pois duas atrações, mesmo assim, ficaram de fora: um trio musical e uma de dança.

Na primeira edição da Noite Poética Josefense, a Fundação Municipal de Cultura e Turismo de São José havia conferido às Academias de Letras e Associações Literárias da Grande Florianópolis uma placa e um certificado, homenageando a cada uma. Como algumas entidades não foram contempladas naquela ocasião, a continuação da homenagem deu-se nesta segunda edição. E o Grupo Literário A ILHA, em atividade na Grande Florianópolis nos últimos 12 anos, dos seus 31 anos de existência, recebeu esta homenagem, junto com outras duas academias.

Seis integrantes do Grupo Literário A ILHA, dos mais de trinta que se espalham por Santa Catarina e por outros Estados, marcaram presença tanto no recital de poemas quando no recebimento da homenagem: Célia Biscaia Veiga e Johnny Celino Veiga, de Joinville; Karine Alves Ribeiro, de Blumenau; Jacqueline Aisenman, de Genebra(Suíça); Maria de Fátima Barreto Michels, a Fátima de Laguna e este cronista.

O Grupo agradece o reconhecimento pelos 31 anos de atividades em prol da literatura catarinense e brasileira.

Foi uma bela festa. Como já disse em outra oportunidade, uma ótima iniciativa em prol da popularização da poesia. Mais que isso: um evento que promove a integração de várias artes: literatura, música, teatro, artes plásticas.

Nesta foto, os escritores do Grupo Lit. A ILHA na Feira do Livro de Fpolis


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

REDESCOBRINDO CORUPÁ

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Passear por Corupá, minha terra natal, a cidade das cachoeiras, é uma redescoberta. Ela é uma pequena cidade ao pé da Serra do Mar, pertinho de Jaraguá do Sul, que por sua vez fica perto de Joinville, na Santa e bela Catarina, no sul do Brasil. Sua riqueza maior é a natureza, pois ela tem dezenas de cachoeiras. Só no Parque Emilio F. Battistela existe uma rota com quatorze delas, a última com cento e vinte e cinco metros de queda livre.

Costumo repetir que "a natureza tem uma queda por Corupá", pois as mais belas quedas dágua estão lá.

O centro da cidade não mudou muito, ainda conserva vários dos prédios de quando eu era criança, mas também há construções novas, grandes lojas, asfalto nas ruas, urbanização que a tornou mais bonita.

Estava acostumado a transitar pelas ruas centrais, com aquela arquitetura já conhecida, embora estranhasse a existência de grandes supermercados, grandes lojas de variedades, pois achava que não havia demanda suficiente para tanta oferta. Então, um dia desses fui procurar o terreno onde minha avó viveu, nas terras atrás do cemitério. Fiquei surpreso com a quantidade de novas casas construídas, um novo bairro na minha pequena Corupá. Depois soube que a ocupação na cidade é constante, que muita gente mora em Corupá, mas trabalha em Jaraguá, e outros núcleos como aquele existiam ali por perto.

Aí entendi, também, as grandes lojas, grandes supermercados, vi que há demanda, sim.

Foi bom constatar que, apesar do progresso, a cidade ainda conserva suas características antigas, de um lugar pacato e tranquilo.

Mas o que me deu mais prazer foi andar pelos campos, pelas plantações de banana, pois Corupá é eminentemente rural, apesar da enorme vocação turística que não é bem aproveitada - lembram da rota das cachoeiras? Sua agricultura ainda impulsiona o município.

Revivi minha infância e adolescência, farta de laranjas, goiabas, araçás, tangerinas, abacates, cambucás, jabuticabas, pêssegos, atas, grumixamas e tantas outras frutas.

E ainda pude admirar belíssimos jacatirões nativos pejados de flores – que já é dezembro e eles começam a florescer no início de novembro – colorindo a mata, enchendo de ilhas vermelhas o verde do Vale das Águas. Eles chegaram para anunciar, com suas cores, o verão, o Natal e o novo ano que vem aí.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O TESTAMENTO DE UM MENDIGO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Das muitas coisas que mandam pra gente em apresentações do Power Point, algumas valem muito a pena. Acabo de receber o “Testamento de um Mendigo”, de autor não revelado. Quem quer que tenha escrito a poema, tenha sido ou não um mendigo, bateu fundo no coração de cada um de nós. Nós, que reclamamos da vida por qualquer coisinha, que vivemos nos lamentando, que nunca estamos contentes com o que temos.

Precisamos, todos, ler esse poema que tomo a liberdade de transcrever quase na íntegra, para que reflitamos e possamos valorizar mais o que temos. Porque por menos que tenhamos, temos muito, comparado a algumas pessoas que não têm absolutamente nada. Para que possamos pensar em tudo que conseguimos, em tudo que nos foi dado, de maneira que passemos a dar valor a cada conquista, a cada pequena vitória, a cada pequeno sucesso.

O ser humano nunca está contente com o que tem e isso o faz infeliz. Será que se exercitarmos a solidariedade, dividirmos o pouco que temos, não receberemos mais paz e mais felicidade em nossas vidas?

Leia o poema. Não é preciso explicar nada. Só precisamos ler e absorver, assuntar:

“Agora, no fim da vida, / me sinto preocupado, / me pergunto, embaraçado, / se faço ou não testamento.

Pra quem é que vou deixar / se fizesse um testamento, / minhas calças remendadas, / o meu céu, minhas estrelas, / que não me canso de vê-las / quando ao relento, deitado, / deixo o olhar perdido / distante, no firmamento?

Pra quem é que vou deixar / minha camisa rasgada, / as águas dos rios, dos lagos, / águas correntes, paradas, / onde às vezes tomo banho?

Pra quem é que vou deixar / vaga-lumes que em rebanhos / cercam meu corpo de noite / quando o verão é chegado?

Pra quem é que vou deixar / todo o ouro que me dá / o sol que vejo nascer / quando acordo na alvorada? Os meus bandos de pardais, / que ao entardecer, nas árvores, / brincando de esconde-esconde, / procuram se divertir?

Pra quem é que vou deixar / estas folhas de jornais / que uso pra me cobrir? / Meu chapéu todo amassado, / onde escuto o tilintar / das moedas que me dão / os que têm alma boa, / os que têm bom coração?

Pra quem é que vou deixar / o grande estoque que tenho / das palavras “Deus lhe pague”? E todas as folhas de outono / que trazidas pelo vento / vêm meus pés atapetar?

Pra quem é que vou deixar / minhas sandálias furadas / que pisaram mil caminhos / estradas por onde andei / em andanças vagabundas? Minhas saudades profundas / dos sonhos que não sonhei / para quem é que vou deixar?

Pra quem é que vou deixar / os bancos dos meus jardins / onde durmo e onde acordo / entre rosas e jasmins? E todos os raios de luar / que beijam as minhas mãos / quando num canto da rua / eu as ergo em oração?

Pra quem é que vou deixar / meu cajado, meu farnel / e a marca deste beijo / que uma criança deixou / em meu rosto, perguntando / se eu era Papai Noel?

Testamento não farei! / Agora estou resolvido: / o que tenho deixarei / para qualquer outro mendigo / rogando a Deus que o faça / depois que eu tiver morrido / tão feliz quanto eu sou.”

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PRÊMIOS A ESCRITORES DO GRUPO LITERÁRIO A ILHA


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Os integrantes do Grupo Literário A ILHA têm se destacado no cenário das letras de nosso Estado Catarina. Primeiro foi Harry Wiese, que teve seu livro “A Sétima Caverna” premiado pela Academia Catarinense de Letras na categoria romance, em 2009.

Este cronista que vos escreve, foi eleito Personalidade Literária de 2011 pela Academia Catarinense de Letras e Artes e recebeu o Prêmio Paschoal Apóstolo Pítsica, no dia 2 de dezembro, em seção solene no Tribunal de Contas do Estado. A escolha deveu-se ao lançamento da segunda edição da antologia poética “Nação Poesia”, que terá lançamento na Feira do Livro de Florianópolis neste sábado, as 15 horas, e pelo meu trabalho à frente do Grupo Literário A ILHA nos últimos 31 anos

E agora, o livro de contos de Jacqueline Aisenman acaba de ser premiado na categoria conto, pela Academia Catarinense de Letras.

Coincidentemente, a escritora Jacqueline, natural de Laguna, mas que mora em Genebra, na Suiça, está no Brasil, para participar da homenagem ao Grupo Literário A ILHA, que ocorrerá também no sábado, na Noite Poética Josefense, no Teatro Adolfo Melo, às 20 horas.

Parabéns à Jacqueline. Seu livro de contos breves é inovador e merece destaque, eu já dizia isso na época do seu lançamento, em crônica publicada aqui no blog.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

NOITE POÉTICA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


No próximo sábado, dia 10, será realizada a segunda edição da Noite Poética Josefense, no Teatro Adolfo Melo, em São José. De novo as academias, associações e grupos de escritores da Grande Florianópolis estarão presentes para participar do sarau e desta vez o Grupo Literário A ILHA foi lembrado e foi convidado para ser homenageado.

Como anunciou a organizadora do evento, o objetivo do projeto é promover o encontro de todas as artes com a sociedade, principalmente a literatura, numa noite que reunirá apresentações musicais, dança, teatro, recital de poemas e exposição de artes plásticas.

Dentre as apresentações musicais estão a Orquestra de Câmara de São Pedro de Alcântara, a Camerata de Florianópolis e o Grupo de Seresta Vozes da Ilha. O Recital de Poesias contará com a participação de poetas de todas as Academias de Letras da Grande Florianópolis e Associações e Grupos Literários da Ilha, somando 16 entidades.

O Grupo Literário A ILHA ser fará presente com escritores daqui de Florianópolis, de Joinville, de Laguna, de Gaspar, de Balneário Camboriú e de Genebra, na Suíça.

Será uma grande noite de Letras e Artes.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

UMA POESIA ELOQUENTE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Em novembro, compareci a um lançamento coletivo na Livros e Livros, aqui em Florianópolis. Vários livros estavam sendo lançados, de autores do norte do Estado: Jaraguá, Joinville, Corupá, etc. Os livros não estavam sendo vendidos, eram gratuitos, de maneira que trouxe meia dúzia deles para casa, com gratas surpresas, pois alguns autores eu não conhecia.

Um dos bons livros lançados foi “Uma palavra muda”, de Adriana Niétzkar e Vanucci Bernard Deucher, os dois de Jaraguá do Sul. Um livro escrito a quatro mãos, mas a quatro mãos mesmo: todos os poemas foram feitos pelos dois, não há identificação de um poema assinado por um e outro poema por outro. A começar daí, já é original, pois não é muito comum encontrar um livro inteiro de poemas feito todo em parceria.

O título também é original: uma palavra pode mudar ou simplesmente não precisa ser pronunciada, não precisa de som? A verdade é que as figuras usadas pelos poetas são belas, bem trabalhadas, e o jogo de palavras, como no título, tornam tudo mais interessante. Sem deixar de lado o lirismo, a sensibilidade, a emoção.

São percepções, constatações, um ver a vida diferente do que normalmente vemos. Olhar a vida, o mundo e ver com olhos de poeta, com razão e lucidez, às vezes nem tanta, o que torna tudo mais vibrante.

Como em “Senti / as gotas / da chuva / seus tons e gostos. / Permite-me perceber / as multiplicidades, / porque a uniformidade é estupidez.” Ou então, pérola no meio do poema: “Talvez sua arte cale almas”. Ou então: “Amarram brilhos / engolem saltos / para acumular sentenças”. E “quem sabe a ânsia de falar seja apenas a necessidade de sentir...” Ou, ainda, “Os ruídos de fora arranham minha alma / Quero estar com a solidão / Longe do mundo / Perto de mim”.

Mas nem sempre a poesia dos dois poetas é comportada assim, embora prenhe de conteúdo. Eles inventam palavras, combinam palavras, misturam palavras... E a poesia se faz.

A poesia de Adriana e Vanucci é eclética e dinâmica, pode mudar conforme a alma e o coração deles, mas não é, absolutamente, muda: ela grita sentimentos, verdades, sensações.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O ECOMUSEU E A HISTÓRIA DE FLORIANÓPOLIS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Ontem estive de novo no Ribeirão da Ilha, o berço da colonização açoriana em Santa Catarina. Como o nome bem diz, o bairro fica na Ilha de Santa Catarina, que por sua vez compõe, com parte do continente, a cidade de Florianópolis. Pois o Ribeirão é um lugar lindíssimo, é um cartão postal à beira-mar, é uma paisagem paradisíaca.

Voltei ao local onde foi realizada a minha posse e de outros dois escritores catarinenses na Academia Sul Brasileira de Letras. É uma propriedade à beiramar do escritor Nereu do Vale Pereira, outro que tomou posse no dia 18 de novembro. Nela está localizada uma pousada, um restaurante à beiramar que funciona nos finais de semana e o EcoMuseu.

Fui almoçar no restaurante, que a comida lá é muito boa. Mas aproveitei também para rever os diversos tipos de orquídeas que há na propriedade e para visitar o EcoMuseu.

O EcoMuseu, uma atração turística da Ilha, é formado por um auditório onde é exibido um vídeo muito interessante e esclarecedor sobre a história da colonização açoriana na então Desterro, com a chegada de seis mil pessoas vindas dos Açores, entre 1748 e 1856, acompanhado de palestra sobre o assunto. Também faz parte do EcoMuseu uma autêntica casa açoriana, construída em 1921, com móveis antigos, equipamentos domésticos artesanais, peças sacras e folclóricas e um engenho artesanal de farinha de mandioca.

Visitar aquele lugar é ter uma fenomenal aula de história.

sábado, 3 de dezembro de 2011

PRÊMIO PASCHOAL APÓSTOLO PÍTSICA


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Ontem, dia 2, Estive na solenidade da Academia Catarinense de Letras e Artes para receber o Prêmio Pachoal Apóstolo Pítsica, por ter sido eleito a Personalidade Literária do ano de 2011.

A sensação de enfrentar um teatro lotado é um pouco assustadora, mas o reconhecimento que o prêmio representa, por décadas de trabalho tentando abrir espaços para a nova literatura produzida por aqui dá uma alegria muito grande. Ver que o trabalho foi notado, que o que foi feito e está sendo feito é valorizado faz muito bem e dá fôlego para eu continue na luta.

Ter sido escolhido entre tantos nomes importantes da nossa literatura é uma honra muito grande. Agradeço aos acadêmicos da Academia Catarinense de Letras e Artes pela deferência, em especial ao seu presidente, Senhor Wesley Collyer – não sei se posso chamá-lo de confrade, sendo acadêmico de outra academia, a Academia Sul Brasileira de Letras – e mais, pela acolhida naquela casa, pelo prêmio, por tudo.

É um grande presente de Natal ser reconhecido por intelectuais do quilate dos acadêmicos da Academia Catarinense de Letras e Artes.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL DO SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

A edição 119 do Suplemento Literário A ILHA, referente ao mês de dezembro, já está no portal do Grupo Literário A ILHA, em Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br . Além da homenagem a Cruz e Sousa, pela passagem do seu sesquicentenário, matérias como “A ILHA no Congresso Brasileiro de Escritores”, “Escritores Catarinenses na Feira do Livro de Ribeirão Preto”, “Poesia na Rede Social”, “Um Natal na África” e mais crônicas, contos e poemas natalinos, além de muita informação literária e cultural.


Esta edição do Suplemento Literário vem com mais páginas, porque além dos eventos nos quais o Grupo Literário A ILHA é homenageado, há outros em que o coordenador do mesmo recebe honrarias, como o titulo de Personalidade Literária de 2011 e a posse na Academia Sul Brasileira de Letras.

A edição impressa também já está circulando. Para conhecer o conteúdo da revista, acesse o portal Prosa, Poesia & Cia., do Grupo Literário A ILHA.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

LIVROS "ESQUECIDOS"

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Tenho falado muito de ideias e iniciativas novas e criativas no sentido de incentivar a leitura, de incutir em cada vez mais pessoas o gosto de ler. Sempre que aparece alguém fazendo isso de uma maneira diferente, eu volto ao assunto.

Pois acabo de saber de mais uma iniciativa assim. Não é original, mas reciclar boas ideias também vale. Aqui em Florianópolis temos o projeto Floripa Letrada, do município, que consiste em coletar livros doados pela comunidade e colocá-los à disposição dos usuários do transporte coletivo, em três terminais da Ilha. Os livros ficam em estantes distribuídas pelos terminais urbanos e as pessoas que vão pegar o ônibus podem escolher livros para lerem enquanto esperam ou levá-los para ler em casa. Os livros são emprestados sem nenhuma burocracia, é só pegar e levar, mas a intenção é que eles sejam devolvidos para que outros pessoas possam levá-los, mas pouquíssimas pessoas devolvem, talvez nenhuma. Mesmo assim o projeto existe há um ano e cumpre o seu papel.

Já em Joinville, a Biblioteca Municipal e a Confraria do Escritor, uma associação de escritores criada este ano para congregar todos os autores da cidade, juntamente com a Biblioteca Municipal da cidade, idealizou o projeto “Soltos na Cidade”. Soltos na Cidade é uma das ações do município que fazem parte do Programa Joinville, Cidade dos Livros, e consiste em "esquecer" em vários pontos da cidade, vários livros de literatura. O projeto pretende deixar em praças, pontos de ônibus, bares ou qualquer outro lugar, livros que podem ser levados para casa e apreciados sem compromisso.

A primeira coisa que a pessoa lerá, ao abrir um livro do projeto “Soltos na Cidade” será o seguinte: "Esse livro chegou até você. Ele não pertence a ninguém. Está Solto na Cidade! Após ser lido, ele poderá ser deixado (esquecido) em praças, pontos de ônibus, bares ou qualquer outro local público, para que seja achado por alguma pessoa interessada em lê-lo. Faça o mesmo, libere os seus próprios livros para que outros possam aproveitá-los!”

Não é interessante? Ideia boa deve ser copiada. Se você tem livros que já leu e não tem onde guardar, se tem livros em duplicata, se é um escritor ou escritora e tem livros para doar, “esqueça-os” por aí, com uma anotação parecida com aquela aí de cima.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

MEU HOBBY E A DANÇA

  Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Mania? Passatempo? Um hobby faz mais do que deixar seu dia mais divertido. Passar algumas horas numa atividade leve e que traz relaxamento contribui para o seu equilíbrio físico e também para o controle das emoções. O seu passatempo preferido também contribui para desenvolver o senso de disciplina. Enquanto relaxa os pensamentos, você melhora o convívio social, diminui a ansiedade e ganha mais gás para manter a rotina. Um hobby é uma atividade que pode tornar a vida mais gosotsa. Pode ser uma coleção, pode ser um esporte, criar arte, um mundo de possibilidades.

Senão, vejamos:

Pra que melhor do que nos divertirmos na balada? Dançar é um dos melhores hobbies. Soltar o corpo, a mente, deixar a alma e o coração leves, a flutuar no embalo da canção.

E ler um conto de fadas, ah, voltar a ser criança, embalar os sonhos...

Fotografar é um dos hobbies mais praticados. Capturar o momento, poder recriar uma lembrança feliz, ver o instante exato de novo...

Pois o meu hobby é te amar. Não é só hobby, é uma constatação e a direção do futuro. É a minha vida.

Ir no Arraiá é o hobby anual: sair da rotina, virar caipira, dançar a quadrilha...

Jogar videogame é um hobby que eu gosto muito, mas com o qual tenho que ter cuidado, para não virar vício.

Um hobby que quase todos temos é ir ao cinema. Não importa qual o tipo de filme do qual gostamos, ver bons filmes na telona é ótimo, ainda mais com as novas tecnologias que vão surgindo.

Já fazer balé é um hobby que exige muito de quem o pratica, mas a magia de saber dançar, de dar leveza e flexibilidade ao corpo é compensadora.

Pescar o próprio peixe, praticar a paz e paciência da espera é uma ótima terapia. E comer o peixe pescado é melhor ainda.

Flertar é um hobby muito popular. Quem não o pratica? Olhos nos olhos, sorrisos abertos, aproximação. Quem não gosta?

Nem todo mundo sabe cozinhar, mas culinária é um hobby muito útil. Além de ser para quem o pratica, ele é muito bom, também, para os amigos do cozinheiro.

E um hobby pouco praticado é fazer serenata. É bem verdade quem nem todos sabemos cantar, mas deveria haver mais serenatas acontecendo por aí.

Outro hobby que não é muito comum é tocar um instrumento musical. Executar uma música com qualquer que seja o instrumento é um dom.

Dançar, ah, dançar. A música, poesia do som, embala a emoção, aguça os sentidos, transborda o coração, explode por todos os poros e faz-se movimento, dança, enlevo e encanto...

Brincar é coisa de criança. Mas é hobby de adulto. Quem não quer brincar, ser criança de novo, esquecer que é adulto?

E o nado sincronizado também é um hobby de tempo integral, pois demanda muito treino. Mas é lindo como poucas coisas neste mundo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A CORRUPÇÃO E O PODER

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


E o “ministro” do Trabalho – só no Brasil, mesmo, para uma piada como esse tal de Lupi ser ministro – continua no cargo. Apesar das idiotices que andou dizendo em rede nacional, quando afirmou que não havia a menor possibilidade de que ele saísse do Ministério do Trabalho, que ninguém o tiraria, que só sairia derrubado por arma de grosso calibre, ele não saiu. Apesar de ser acusado de um sem número de “mal feitos”, como ter usado avião de empresário de empresa beneficiada pelo Ministério, de estar envolvido com desvio de verbas pagas a Ongs, etc., a presidente teria feito vista grossa e dito que “passado é passado” e ele continuaria.

E as denúncias continuam, dia após dia, nos jornais, nas revistas semanais de informação. Como disse hoje uma repórter, ele já caiu, mas não saiu. E dona Dilma, vai deixar que ele tire a sua autoridade? Sim, pois se ele não se demitir e se a presidente não o colocar para fora, ela estará endossando o que o “ilustre” ministro disse. Vai ficar assim? Provado por A mais B que ele manda mais que a autoridade maior desse país? (Há controvérsias). A situação fica cada vez mais vergonhosa, cada vez mais insustentável, não para ele, mas para Dilma, para a “politicagem” desse nosso Brasil.

Que país é este que tem o poder público loteado entre partidos, que tem ministros desqualificados e corruptos como este “senhor”? Cadê a limpeza que a presidente deveria estar fazendo para melhorar esse cenário? Já desistiu, porque o seu Lupi achou um ponto fraco?

Quando é que essa corrupção generalizada, essa impunidade vergonhosa e criminosa vai acabar? Será que esse “ministro” do Trabalho vai continuar no governo, apesar de todos os atestados de ignorância e de falta de ética, de moral e de honestidade que deu até agora? Mente descaradamente, desafia a presidente do país, desrespeita o povo brasileiro e continua incólume?

domingo, 27 de novembro de 2011

NATAL EM CORUPÁ

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Neste final de semana estive em Jaraguá do Sul e aproveitei para voltar a Corupá. Sempre acabo voltando a Corupá. A cidade está linda como sempre, talvez mais agora, pois floresceu o jacatirão e há várias ilhas de vermelho na mata. Também há muito orquídea, uma infinidade imensa, uma orgia de cores e beleza.

A Cidade das Cachoeiras continua honrando o seu nome, com centenas de quedas d´água, incluindo a Rota das Cachoeiras, no Parque Ecológico Emilio Batistela, e seus rios, patrimônios extremamente valiosos, emprestando outro cognome a esse pedaço de chão abençoado: Vale das Águas.

E está mais linda, agora, a pequena e pacata Corupá, com a sua decoração de Natal. De dia, há incontáveis pontos turísticos, cartões postais como as cachoeiras, o Seminário. À noite, agora temos as luzes da decoração natalina. Parabéns à Corupá, por conseguir ficar ainda mais bonita.

Mas Corupá tem, também coisas simples e muito importantes, como a hospitalidade da sua gente. Minha tia Maria e meu tio Ovídio são ótimos exemplos, assim como meu irmão Ivan, meus primos e minha tia Rosa.

Aliás, estive no sábado e domingo na casa de tia Maria e Tio Lila (ele é mais conhecido pelo apelido). Parece que eles estão esperando a gente com aquele café delicioso e um bolo de laranja ou uma cuca de carambola, feitos em casa. Ou ainda um almoço de domingo que parece um banquete. Nesse domingo, almocei lá. Tinha cascudo ensopado (há quanto tempo!), churrasco, pernil assado e sabem o que mais? Pepinos azedos feitos com folha de parreira. Ah, me dá água na boca, só de lembrar. Acho que é só em Corupá que a gente pode encontrar uma coisa dessa. E isso faz parte de minha infância vivida na cidade.

Sempre é bom voltar à Corupá. Sempre é bom voltar para casa. Porque casa é lugar que mora no coração da gente. E Corupá, minha terra natal, cabe inteirinha dentro do coração. Com todas as suas mais de sessenta cachoeiras, com seus grandes rios, com toda a sua beleza e história. Com todos os seus Natais mágicos e felizes. Esse vale encravado no pé da Serra do Mar é um lugar privilegiado e é sabido, alguém já disse, que “a Mãe Natureza tem queda por Corupá.” Nada mais verdadeiro.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O ANIVERSÁRIO DO POETA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://prosapoesiaecia.xpg.com.br/

A crônica abaixo deveria ter sido postada ontem, dia 24, quando Cruz e Sousa completaria 150 anos de nascimento, mas por causa da dona GVT, minha internet não estava funcionando e o texto só vai para o ar hoje, dia 25.



Hoje o maior poeta catarinense de todos os tempos, Cruz e Sousa, completaria 150 anos de nascimento. Para comemorar, a terra onde ele nasceu, Florianópolis (ou Desterro, na época), preparou vários eventos. O Simpósio Cruz e Sousa debateu, com grandes nomes da literatura catarinense e brasileira, a vida e a obra do Cisne Negro, em quatro dias. Um selo em homenagem ao poeta foi lançado hoje, pelo Correio. Também hoje, as 18 horas, trinta e um atores declamaram poemas de Cruz e Sousa nos terminais de ônibus de Joinvile, Florianópolis, Criciúma, Itajaí, Araranguá, Blumenau, Curitibanos, Chapecó, Caçador e Lages. Após a apresentação dos poemas, foram distribuídos livros com a obra do poeta aos espectadores.

Dois filmes sobre o poeta foram exibidos na Fundação Cultural Badesc. E um CD com cinquenta poemas de Cruz e Sousa, declamados por cinquenta escritores catarinenses foi elaborado pela Fundação Catarinense de Cultura.

E mais eventos já foram ou serão levados a efeito. O reconhecimento que o grande poeta não teve em vida. Mas nada será o bastante para apagar o abandono em que o poeta morreu.

Pena que as homenagens, nenhuma delas das muitas que foram feitas, teve lugar no Memorial que leva o nome do poeta, ao lado do Palácio Cruz e Sousa, onde estão depositados os restos mortais dele. O local é muito pequeno e, apesar de ter sido feito para abrigar eventos culturais, não é apropriado para receber público, a não ser que seja bem pequeno.

Nosso respeito e nossa admiração por você, grande poeta. Feliz aniversário. De presente, meu poema em sua homenagem:

SAUDADE

(Luiz Carlos Amorim)

A poesia Catarina

tem um nome:

Cruz e Sousa.

A nossa poesia tem cor:

tem a cor da sua pele,

a cor alva dos seus dentes,

tem a cor do seu olhar,

tem a cor da sua alma,

a cor do seu coração;

tem todas as cores.

A poesia tem idade,

a idade da saudade:

mais de cem anos

de saudade do poeta.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O CANTO DA LIBERDADE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor e editor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Na academia ou clínica onde faço Pilates, ouço sempre uma cantoria apaixonada e em alto e bom som, de passarinhos dos quais não sei o nome. Como eles cantam continuamente, percebi que se tratava de pássaros presos. Hoje, ao chegar, eu os vi, na casa do vizinho, dentro de gaiolas minúsculas.

Fico muito triste, mais que isso, fico indignado com a crueldade do ser humano. Por que prender seres vivos, inocentes, como os passarinhos, por exemplo, cujo único crime é o seu cantar mavioso? E não são só os pássaros que sofrem com isso, outros animais têm a mesma sorte. É muito comum a gente ver cães presos a uma corda ou corrente de um ou dois metros, o que faz com o animal quase não consiga se mexer. Eles passam a vida inteira ali, sem poder andar, muitas vezes, sem água e sem comida por dias inteiro, pois quase sempre o dono só volta para casa à noite.

Que pessoas são essas, que condenam um ser vivo a viver o tempo todo encerrado em um pequeníssimo espaço? O que os leva a cometer tamanha maldade? Será ingenuidade, ignorância, ou será que alguns não têm, mesmo, alma e coração?

Se os “donos” dos passarinhos ao lado da clínica gostam do cantar daqueles passarinhos, por que não deixá-los cantar livre, na natureza? Seu cantar não seria muito mais sonoro, muito mais feliz, se pudessem voar livres pelo céu, pela mata, por entre nossas casas?

Na minha casa não há gaiolas, penso até que deveria haver uma lei que proibisse qualquer pessoa de usar essa arma. Mas a passarinhada vem, todos os dias, cantar no meu telhado, nas minhas calhas, no meu jardim, às vezes até entram na cozinha para ver se não há nenhuma migalha no chão. Então, para que não deixem de nos visitar, Stela, minha esposa, coloca quirera, pão ou frutas no jardim, para atrair mais deles. E eles vêm, eles cantam e encantam.

Não poderia ser assim, também, com os donos das gaiolas? Ao invés de aprisionar os pássaros, deveriam oferecer algum mimo para que eles viessem cantar na sua área de serviço, no seu jardim, na sua janela.

Vamos combinar uma coisa? Podemos pedir aos nossos amigos que tem pássaros aprisionados em gaiola que os soltem e que ofereçam à passarinhada em geral uma fruta, um alpiste, que eles vêm cantar para a gente ouvir.

Liberdade é um direito de todos, não só dos homens. Será que as pessoas que encerram pássaros em gaiola gostariam de ficar presas como os passarinhos? Será que essas mesmas pessoas cantariam, se estivessem presas? Não desejo nada do que não quero pra mim, a ninguém.

Há que se respeitar a liberdade do próximo, pois a nossa pode ser tolhida, em contrapartida. E certamente nós não vamos gostar nada de sermos impedidos de ir e vir. Somos irmãos gêmeos da natureza. Por que, então, maltratá-la?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

POEMAS SONOROS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/



Outra iniciativa interessante e meritória para popularizar a poesia. Ao invés de distribuir a poesia impressa, ou exibi-la em varais como se fosse roupa, no meio do caminho do leitor, ou ainda recitá-la em lugares diversos, que as maneiras mais tradicionais de apresentar esse gênero literário, além novo suporte muito democrático que é a internet, nos dias de hoje, descobriu-se uma nova maneira de levar poemas até o público.

São os “poemas sonoros”, inventados por um grupo de Joinville, que seleciona peças das obras de poetas catarinenses e os entrega a compositores da cidade para musicá-los. Então esse grupo canta os poemas musicados para o público. Este ano eles estarão contando poemas na Livraria Midas, mas já é o terceiro ano que fazem isso.

Não é uma boa iniciativa? Eu tenho um poema musicado por um compositor pernambucano e sei que esse é um recurso belíssimo, aliar música à poesia, integrar música ao poema. A música “O Natal que eu quero” é meu cartão de Natal, que envio todo ano por e-mail a amigos e para a família.

Não que já não existam poemas de poetas consagrados musicados por grandes compositores, gravados por grandes nomes da música popular brasileira. Mas é uma grande ideia, sem dúvida nenhuma, pegar os poemas de poetas catarinenses e torna-los letras de músicas, para tornar a poesia catarinense mais conhecida e apreciada.

É a descoberta de um novo caminho para fazer a poesia chegar até o leitor. E precisamos de novas alternativas para tornar a poesia um gênero mais lido, mais apreciado. Porque a poesia é necessária. Sem poesia, o mundo é mais duro, mais cruel, menos sensível e menos humano.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

LEITURA SEJA AONDE FOR

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Existem muitas iniciativas, por esse Brasil afora, para disponibilizar livros de maneira gratuita nos mais diversos lugares: botecos, hospitais, empórios, praias, etc. Existe muita gente dedicada e abnegada que quer difundir a leitura, incentivar o hábito de ler, seja por meio de livros literários, ou mesmo através de revistas, gibis, jornais.

Em Florianópolis existe até a Barca do Livro, que é uma biblioteca na beira da Lagoa da Conceição e que também é volante, pois os livros são levados de barco para serem distribuídos em toda a orla.

Mas uma enfermeira do Hospital Universitário que colocou em prática, sozinha, o projeto de angariar livros, revistas e quadrinhos para poder oferecer para os doentes internados na casa. Há seis anos, ela começou a distribuir, nos quartos, alguns livros e algumas revistas. O projeto foi crescendo e hoje existe, no hospital, a Sala de Leitura Salim Miguel, com um acervo de cinco mil volumes, além de computadores com internet.

O sonho de levar leitura aos pacientes é uma realidade e, mesmo aqueles que não podem sair do quarto, usufruem da biblioteca do hospital: os livros são levados aos quartos dos que não podem ir até a Sala de Leitura.

Iniciativas como essas, que ajudam na convalescença dos doentes, ao mesmo tempo que ajuda a adquirir o hábito da leitura, existem muitas e de diversas maneiras. Sempre há alguém disposto a ajudar, a emprestar seu esforço para que o livro chegue até o leitor, seja qual for o local.

sábado, 19 de novembro de 2011

MENÇÃO HONROSA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A edição anterior dos Prêmios Cidade de Manaus, em 2009, não teve apuração, infelizmente. Neste ano de 2011, felizmente o concurso literário, um dos mais importantes do país, foi reeditado.

São vários prêmios: para o melhor romance, para o melhor livro de contos, para o melhor livro de poesia, para o melhor livro de crônicas, para o melhor texto teatral para adultos, para o melhor texto de teatro infantil, para o melhor ensaio socioeconômico, para o melhor ensaio sobre tradições populares, para o melhor ensaio histórico, para o melhor ensaio sobre literatura, para o melhor livro de memória, para o melhor texto de jornalismo literário, para o melhor livro de literatura infantil. Há prêmio em dinheiro e a publicação do livro.

Eu enviei meu livro “O Rio da Minha Cidade”, para concorrer ao prêmio Péricles Moraes, destinado ao melhor livro de crônicas. Pois levei Menção honrosa, mas apesar de o resultado ter saído no início do mês de outubro, só agora fiquei sabendo.

Mas foi uma boa notícia, pois publicarei o livro no próximo ano e com esse aval dos Prêmios Cidade de Manaus ele vem à lume com uma boa indicação.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

POSSE NA ACADEMIA SUL BRASILEIRA DE LETRAS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Acabo de chegar sessão solene da Academia Sul Brasileira de Letras, que reúne escritores do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Tomei posse, ocupando agora a cadeira 19, assim como Nereu do Vale Pereira, que ocupa a partir de agora a cadeira 50 e Augusto Cesar Zeferino, que ocupa a cadeira 50.
Uma festa estupenda, num lugar paradisíaco, o Eco Museu. O anfitrião, agora acadêmico da Academia Sul Brasileira de Letras, foi Nereu, que recebeu a todos com enorme simpatia e amabilidade. Os acadêmicos do Rio Grande do Sul, inclusive a presidente da Academia, Olga Maria Dias Ferreira, conduziram a cerimônia de posse e ficaram encantados com a beleza do sul da Ilha.
Transcrevo a segunda parte do meu "discurso":

A publicação de meu primeiro livro – de contos – aconteceu em 1979, quando estava na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, de Joinville. O segundo saiu no ano de fundação do Grupo Literário A ILHA, 1980, também de contos. Edições do autor, brochura, de apresentação bem modesta, mas que tiveram boa aceitação, embora hoje em dia eu não os publicasse. Meu primeiro livro publicado por editora foi “Vida, Vida”, também de contos, no Rio de Janeiro. O segundo foi “Uma Questão de Amor”, poemas, por iniciativa do saudoso Odilon Lunardelli, dono da Editora Lunardelli. Depois vieram outros livros por outras editoras, mas Odilon foi o grande editor do Estado, aquele que dava oportunidade a muitos escritores catarinenses. Aproveito para render aqui a minha homenagem a este grande senhor, que por décadas imprimiu e publicou quase tudo o que se produzia aqui no Estado. Então, não posso deixar de lembrá-lo como um dos mais importantes, talvez o mais importante publicador das letras catarinenses. É possível dizer-se, até, que grande parte do acervo literário de Santa Catarina, nas últimas décadas, passou pelas mãos daquele editor.

Também não posso deixar de homenagear o grande divulgador da Literatura Catarinense, Lauro Junkes, pois foi ele que, desde o meu primeiro livro, apresentou o meu trabalho e falou dele na imprensa. Ele sempre foi considerado um integrante do Grupo Literário A ILHA, pois publicou em nossa revista e sempre difundiu o trabalho do grupo.
É ele o meu antecessor na cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras e, na verdade, não sei se mereço ocupar o lugar que já foi ocupado por tão importante figura das letras catarinenses.
Lauro foi um incansável leitor e pesquisador da literatura que se produziu, nas últimas décadas, nesse estado Catarina, além de resgatar a obra de grandes escritores da terra, como Cruz e Sousa, Luiz Delfino e tantos outros.
Foi o porta-voz da literatura catarinense, o homem que dedicou grande parte de sua vida a apreciar e avaliar os novos escritores da terra, revelando novos talentos e valorizando cada nova obra que aparecia.
Ele era a sentinela sempre atenta, tomando conhecimento de tudo o que se escrevia em Santa Catarina, para registrar, publicando sua apreciação para que o público leitor também ficasse a par.
Lauro Junkes era a literatura catarinense personificada. Ele não era, simplesmente, um crítico literário: era um apreciador, um incentivador, um motivador da cultura em nosso estado.

Outra grande saudade é o poeta Mário Quintana, patrono da cadeira 19, com quem Lauro foi se juntar, para prosearem, os dois, sobre poesia, quem sabe?
Quintana dizia que, quando morresse, ele “queria apenas paz para endireitar alguns poemas tortos. Levaria junto apenas as madrugadas, por-de-sóis, algum luar, asas em bando, mais o rir das primeiras namoradas”.
Quintana partiu para um nível superior onde as mortes são registradas como nascimentos, acreditava. Foi encher o céu de poesia. Com certeza estará fazendo poesia em parceria com Coralina, Pessoa, Drummond e batendo papos literários animados com nosso querido Lauro.
Aliás, tornar a poesia conhecida e apreciada era com ele mesmo. Foi ele que, com talento e afinco, levou a poesia para as páginas de jornal, popularizando-a, através “Do Caderno H”, que assinava no Caderno de Sábado, do Correio do Povo de Porto Alegre.
E por falar em Porto Alegre, a cidade nunca mais foi a mesma depois que o poeta fez uso de suas asas – Érico Veríssimo é testemunha: “...descobri outro dia que o Quintana, na verdade, é um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao vestir o casaco, suas asas ficam de fora.” – e subiu para o andar de cima. A feira do livro gaúcha, a mais tradicional do Brasil, da qual o poeta era a presença mais ilustre, a representação viva de um grande evento, continua firme, talvez até por isso, para cultivar e imortalizar o símbolo maior daquela festa de cultura.
Ofereço a Quintana, em homenagem, as flores do jacatirão, que começam a desabrochar, com a proximidade do verão. E as borboletas, que habitam o meu pequeno jardim e que botam ovos nas minhas folhas de couve e dão origem a dezenas, centenas de larvas que devoram tudo e deixam só os talos, mas eu nem ligo, porque sei que dali sairão os poemas esvoaçantes e coloridos, pequenas obras primas da natureza que me lembram o poeta “passarinho”.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

EU E A ACADEMIA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Nesta sexta, dia 18, tomo posse na Academia Sul Brasileira de Letras, que reúne acadêmicos do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Esse é um trecho do meu discurso, que preciso ainda rever, pois nunca fiz isso antes.
A verdade é que o escritor da pequena Corupá, a Cidade das Cachoeiras no norte do Estado, encravada no pé da Serra do Mar, que começou publicando seus contos no jornal da sua cidade natal e nos jornais dos Diários Associados, não esperava ser convidado para uma casa tão importante, ainda mais com padrinhos como o nosso grande poeta e prosador Júlio de Queiroz. Minha aspiração maior foi sempre abrir novos espaços para a veiculação da produção de novos poetas e escritores, fazer novos leitores e tornar mais conhecida a literatura dos novos e bons autores que vão surgindo. Até as crônicas que publico pelo Brasil afora, em jornais e revistas, muitas delas, pretendem a difusão da poesia, da literatura, o incentivo à leitura e a formação de novos leitores.


O reconhecimento que sempre busquei foi, na verdade, para o trabalho de divulgação de escritores aqui da terra, realizado por todo um grupo de autores, através do Grupo Literário A ILHA, que completou 31 anos de atividades neste ano de 2011. O grupo A ILHA, usando de veículos como o seu portal na internet, a sua revista Suplemento Literário A ILHA, o Varal da Poesia, o Recital de Poemas, de Projetos como Poesia no Shopping, Poesia na Rua, Poesia na Escola e outros, leva a literatura produzida por seus integrantes a vários lugares. Principalmente às escolas, pois é lá que devemos incutir o gosto pela leitura, é lá que devemos tornar nossos escritores conhecidos.

E com o alcance da internet, o grupo já não conta apenas com escritores catarinenses. Temos autores de outros Estados e até no exterior. Muitos escritores catarinenses de renome passaram pelo grupo e alguns ainda estão nele, como Urda Alice Klueger, Enéas Athanázio, Wilson Gelbcke, Apolônia Gastaldi e tantos outros.

Então participar da Academia Sul Brasileira de Letras é importante para mim e para o grupo, pois vou agregar conhecimento com acadêmicos cultos e experientes que aí estão ou estão entrando para ela. Trocar experiência, aprender mais sobre a arte de escrever, sobre a literatura dos três estados e fazer amigos com objetivos comuns é um privilégio. E fazer parte deste grande time é me aliar a uma das principais funções da academia, que é unir forças não só na promoção da divulgação da nossa produção, mas da literatura como um todo. É levar a literatura produzida em nossa terra aos nossos conterrâneos, para que os catarinenses a conheçam e aprendam a valorizá-la.

E quero continuar neste mister, de abrir espaços e incentivar o gosto pela leitura em leitores em formação e em todo e qualquer cidadão, porque pude contar, de uma maneira ou de outra, com esse tipo de ajuda no início da minha incursão pela literatura.

Amanhã eu continuo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

UM DIA INTEIRO DE CONGRESSO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Nesta segunda estive o dia inteiro no Congresso Brasileiro de Escritores, aqui em Ribeirão Preto. Escolhi, para começar o dia, às dez da manhã, a conferência “Multiculturalidades: a contribuição de várias culturas para a formação da língua portuguesa”, que deveria contar com a presença do escritor português António Cabrita, que não pode vir porque o país onde ele está, Moçambique, não permitiu que ele viajasse. Ele mandou, no entanto, por e-mail, por escrito, o que iria falar. Os outros dois escritores que faziam parte da mesa, brasileiros, eram Maurício Melo Jr. e Nicodemus Sena.

Uma palestra que eu escolhi para ver, à tarde, “O Papel das Academias de Letras”, com Antonio de Mendonça, presidente da Academia Paulista de Letras, frustrou-me bastante, pois o palestrante discutiu, bateu boca com duas escritoras da platéia, no pequeno espaço de tempo que estive lá (15 minutos), o que me fez desistir e ir para outra palestra, que havia três delas no mesmo horário. Fui ver “Conversa de uma editora com autores desorientados”, com Laura Bacelar.

As dezesseis horas fui a palestra de Affonso Romano de Santana, “Ler o Mundo: um desafio”, como não poderia deixar de ser. Havia outras duas no mesmo horário, que deveriam ser interessantes, mas não deixaria passar a oportunidade de ouvir Affonso. E valeu a pena. Ele é agradável de se ouvir, uma cara culto e inteligente, uma pessoa simpática e amável. E sua palestra me fez ver que leitura não é só ler um livro, ler alguma coisa escrita ou impressa, simplesmente. É, como diz o título da palestra que também é titulo de seu mais recente livro, ler tudo o que está ao nosso redor, até o que está em nos: ler o nosso corpo, ler a família, ler a sociedade, ler os amigos, ler o kosmo. E não é que ele tem razão? Como não poderia deixar de ser, é claro. Ele falou, também, em ampliação da palavra leitura e também da palavra livro. E nisso também ele tem toda razão. Poderíamos ficar ouvindo Affonso a tarde inteira, a noite inteira. Ele citou máximas como “Se você acha que a cultura é cara, imagine a ignorância”, “O livro faz bem à saúde”,”eu leio a leitura dele”, essa última dita por um doente de hospital que tinha livros para os pacientes e, tendo alta, pediu para ficar mais um pouco, para terminar de ler um livro. Acontece que o médico ficou sabendo que ele não sabia ler. E então ele explicou que o colega paciente ao seu lado lia para ele e ele “lia a leitura dele”. Não é fantástico?

Affonso, depois de terminar a palestra, respondeu a tudo que lhe foi perguntado com a maior simpatia, conversou com todos que ficaram para que ele autografasse seus livros e tirou fotos com todos. Só eu esqueci que estava com a máquina fotográfica no bolso e não tirei uma foto com ele. Falha minha, falha feia.

Depois de tudo isso, o programa prometia um sarau, no teatro da Faculdade onde o Congresso estava sendo realizado, e um concerto com a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. O sarau estava ótimo, mas a orquestra não se apresentou. Uma pena.

Mas mesmo assim o dia foi muito bom.

domingo, 13 de novembro de 2011

O CONGRESSO BRASILEIRO DE ESCRITORES 2011

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br  



Hoje estou em Ribeirão Preto-SP, onde vim para participar do Congresso Brasileiros de Escritores, promovido pela UBE – União Brasileira de Escritores. Cheguei à tarde e já assisti duas palestras: Cultura na era digital, com Jorge de Cunha Lima e “Composição da Crônica”, com Ruth Guimarães. Não consegui ver “Jornalismo Literário”, com José Neumane Pinto, porque a sala estava lotada. Amanhã vou ver “O papel das Academias de Letras”, com Antonio Penteado, “Ler o Mundo: um desafio”, com Affonso Romano de Santana e “Multiculturalidades: a contribuição de várias culturas para a formação da língua portuguesa”, com Antonio Cabrita, escritor português.

Encontrei, também, essa tarde, a Jacqueline Aisenman, catarinense de Laguna, mas que vive em Genebra e o escritor Valdeck Almeida de Jesus, da Bahia, que eu conhecera no lançamento da antologia do Varal do Brasil, em Florianópolis. Encontrei, ainda o Menalton Braff, contista dos bons, que já frequentou as páginas do Suplemento A ILHA, mas não consegui assistir a palestra dele, sobre a composição do conto, que foi ontem. E conheci muitos outros escritores de várias partes do país.

Aliás, é muito importante a discussão de assuntos referentes à produção, publicação, distribuição da literatura e a função dela na sociedade, mas o que vale mais é o congraçamento de escritores que nem se conheciam e que vão continuar o debate depois que o congresso acabar.

Os princípios norteadores do Congresso Brasileiro de Escritores 2011, foram os seguintes, estabelecidos pelos escritores brasileiros presentes:

1 – Propor e defender uma política cultural nacional, justa, democrática e aberta, da qual o Estado participe como facilitador, e não como mentor.

2 – Exigir do Estado defesa, incentivo e proteção de toda criação artística, defesa, incentivo e proteção que se expressam no respeito ao direito autoral, à liberdade de expressão e na ampla divulgação e publicidade.

3 - Propor como prioridade absoluta e defender intransigentemente a qualidade da educação no Brasil, exigindo do Estado os investimentos necessários à qualificação e ao aprimoramento dos professores e à manutenção de escolas e equipamentos.

4 – Exigir a extinção de privilégios no fomento à produção artística, pela reestruturação do Fundo Nacional de Cultura.

5 – Exigir, dos meios de comunicação, concessionários que são, atenção à produção artística nacional e às demandas dos produtores artísticos nacionais, por meio da instalação de um Conselho Nacional de Comunicação que tenha maioria de membros indicados por organizações da sociedade civil.

6 – Propor, para a produção literária e artística nacional, atenção aos preceitos de desenvolvimento cultural de um país: educação, cidadania, democracia, igualdade, liberdade, diversidade, direitos humanos e preservação do acervo e do patrimônio cultural, estético, artístico e ecológico do país.

7 – Propor, junto a representantes do poder legislativo e ou executivo, demandas para serem consolidadas em instrumentos legais de proteção ou defesa dos direitos dos escritores.

Precisamos trabalhar para que isso se cumpra.

sábado, 12 de novembro de 2011

O ANIVERSÁRIO DE CRUZ E SOUSA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


No próximo dia 24 de novembro, comemoraremos 150 anos do nascimento do maior poeta brasileiro de todos os tempos. Brasileiro e catarinense.

As comemorações já começaram e continuam acontecendo. A Academia Catarinense de Letras e a Fundação Catarinense de Cultura iniciam a programação com o Simpósio Cruz e Sousa, que começa no dia 16, com Godofredo de Oliveira Neto abordando o tema “Vida e Obra de Cruz e Sousa – Aspectos Fundamentais; Luiz Augusto Borges traz o tema “Erotismo na Obra de Cruz e Sousa”; no dia 17, Álvaro Cardoso Gomes apresenta o tema “Música e Evocação em Cruz e Sousa”; Eliane Alcântara Teixeira nos traz o tema “A Estética do Feio na Prosa Poética de Cruz e Sousa”; no dia 18, Uelinton Farias Alves debate “Vida e Obra de Cruz e Sousa: Novos Ângulos”; Carlos Felipe Moisés aborda “A Prosa Poética de Evocações”; no dia 19, Cláudio Willer falará sobre “Cruz e Sousa, Poeta Maldito” e Ronaldo Augusto terminará com “A Poética de Cruz e Sousa Hoje”. O local dos eventos é a Academia Catarinense de Letras.

A Prefeitura da capital catarinense e os Correios lançam um selo e um carimbo para os 150 anos de nascimento do poeta simbolista, no próximo dia 24 de novembro, no Museu Cruz e Sousa.

Outros eventos acontecerão para comemorar o aniversário do Cisne Negro, como exibição de filmes, palestras e encontros.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O PANORAMA CATARINENSE DA NOVA LITERATURA

Na foto, Adriana, Melanie e eu


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Ontem estive na Livraria Livros & Livros, para o evento “Panorama Catarina: literatura 2011”, promovido pela casa e pela Design Editora, de Jaraguá do Sul. Vários novos autores estava lançando seus livros: Adriana Nietzkar e Vanucci Deucher, de Jaraguá do Sul, autografaram “Uma Palavra Muda”; Gabriel Gómez, argentino radicado em Rio do Sul, autografou “Exercícios da Ausência”; André Timm, de Chapecó, autografou “Insônia” e Melanie Peter, uma boa escritora corupaense que eu não conhecia e descobri só agora, radicada em Joinville, autografou “Persona”. Jacqueline Aisenman, lagunense radicada em Genebra, na Suiça, não pode comparecer porque, apesar de estar no Brasil, estava indo participar do Congresso de Escritores da UBE, que está acontecendo em Ribeirão Preto, e para o qual estou indo amanhã. Mas o livro dela estava lá.

O interessante desse lançamento coletivo é que os livros foram distribuídos gratuitamente. O ponto destoante é que, conforme já escrevi e conversei com o mestre Celestino Sachet, os escritores da capital, a maioria deles, não prestigia os seus pares. Alguns estavam lá, como Celestino, Regina e alguns outros. Mas pela quantidade de escritores que temos na Grande Florianópolis, se um décimo deles tivesse comparecido ao evento, a livraria teria ficado lotada.

E olhem que os livros era de graça. Perdeu quem não foi. Uma ótima iniciativa do Carlos, da Design Editora.

Volto a falar dos livros, que estou lendo e são muito bons.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PRECISA-SE DE MINISTROS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Estamos bem de ministros neste nosso Brasil, não é mesmo? Que ministro do Trabalho é esse, que vem cantar de galo para o mundo inteiro, ao vivo e a cores e depois, chamado atenção, dá uma de donzela arrependida, põe o rabinho entre as pernas e sai de fininho, com desculpas esfarrapadas? Como é que pode um indivíduo totalmente despreparado como esse – pra não dizer outra coisa - ser ministro? E não é só esse, alguns já saíram, mas alguns outros permanecem, como o tal de Haddad, Ministro da Cultura, queridinho dos chefes, que só não é mais incompetente por falta de espaço. Não consegue administrar uma prova como o Enem, que é um fiasco atrás do outro, compra e distribui livros que ensinam aos nossos estudantes das escolas públicas que a gramática é coisa de ótário, e assim por diante.

Não que as coisas estejam mudando muito, pois sai um e entra outro parecido, mas está muito evidente que muitos dos ministros de Lula não eram – como dizer isso de maneira mais ou menos elegante? Difícil, muito difícil – flor que se cheire. É claro que eu poderia dizer isso com muito mais clareza, mas todo mundo entendeu. E seu Lula deixava as coisas acontecerem e ainda passava a mão na cabeça de seus ministros queridos.

Estamos precisando de uma limpeza de verdade no poder público. É preciso tirar esse bando de corruptos impunes de seus cargos poderosos e fazê-los devolver tudo o que foi “desviado”. E prender cada um, para que não continuem em seus partidos agindo por baixo dos panos. Porque eles são denunciados, até perdem o ministério ou outro alto cargo, mas continuam nos seus mandatos de “políticos”, continuam com as falcatruas dentro de seus partidos. Partidos que lotearam a administração pública, com a conivência do “cara”.

Precisamos rever o Brasil. Precisamos nos lembrar desses escândalos todos e tantos, dos “políticos” envolvidos, para que ninguém vote mais neles, evitando que continuem a saga de “mal feitos”, como diz a presidente. Nós, eleitores, é que colocamos essa politicagem no poder. Então precisamos aprender a votar melhor. Ou votar nulo, pois se não houver cinquenta por cento de votos válidos, a eleição tem que ser anulada, para que se faça outra, sem os candidatos da anterior.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A NOVA PONTE E A PONTE HERCÍLIO LUZ

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Ninguém nega a necessidade de uma quarta ponte de ligação do continente com a Ilha de Santa Catarina. Florianópolis precisa dessa ponte não é de hoje, já faz muito tempo que a mobilidade é zero por aqui. Aí o governo do Estado, finalmente mostra um projeto, depois de algumas outras opções estapafúrdias. Eram três ou quatro possibilidades e a escolhida, que é a mais racional, foi o primeiro projeto a ser colocado no papel.

Então foi feito um vídeo do que vai ser a nova ponte, inclusive as benfeitorias e paisagismos que serão feitos no aterro que será construído do continente. Tudo muito bonito e funcional, muito moderno muito ousado. O novo aterro será maior que as áreas do aterro da Beira-mar Norte, Baía Sul e Via Expressa Sul. No aterro, haverá parque metropolitano, marinas, estacionamentos, ciclovias, pista de caminhada, concha acústica, áreas para prática de esportes, praças nas áreas arborizadas, programa de arborização urbana.

O custo é de mais de um bilhão de reais, será financiada por meio de parceria público-privada. Isso tudo me faz lembrar o projeto de uma outra ponte, a segunda, em 1970. Também fazia parte do projeto mais ou menos as mesmas maravilhas que estão no projeto dessa quarta ponte, mas o que vimos, depois de terminada, não foi nada daquilo que se anunciou. Então fico pensando se a novela não se repetirá.

Já temos uma outra novela em andamento, a da ponte Hercílio Luz, o cartão postal da capital que ameaça cair, apesar de todo o dinheiro que já foi gasto nela. A impressão que dá é que há quem não queira que a sua restauração acabe, pois é a galinha dos ovos de ouro. Se ela ficar pronta, se ficar apta a funcionar de novo, nem que seja para pedestres, em que sumidouro vão injetar dinheiro?

Parece que estamos diante de um impasse: o Estado e o município precisam arrecadar verba, mas está claro que não vai dar para conseguir as cifras milionárias para as duas “obras”. Terão que escolher uma. E o governador já disse que está cansado dessa morosidade da restauração da nossa querida ponte.

E é verdade que a quarta ponte tem prioridade, precisamos dela e tenho dúvidas e muito receio de que a construção demore mais do que estão prometendo, não seja nada daquilo que estão prometendo, repetindo, inclusive, o que aconteceu com as segunda e terceira pontes, que estão em petição de miséria, sem manutenção e construídas na base da economia.

Espero, muito mesmo, que meus receios sejam infundados.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

SARAU POÉTICO NO DIA 10 DE DEZEMBRO EM SÃO JOSÉ

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


Falei, no mês passado, da Noite Poética Josefense, sarau de poesia organizado pela poeta Hiamir em conjunto com a Fundação de Cultura de São José. Na oportunidade, foram homenageadas academias e associações literárias da Grande Florianópolis.

Pois no dia 10 de dezembro haverá uma segunda edição da Noite Poética Josefense, também no Teatro Adolfo Melo. E o Grupo Literário A ILHA será homenageado, como agremiação literária que é da Grande Florianópolis. Estaremos lá, integrantes do Grupo Literário A ILHA, daqui e de outros pontos do Estado, para participar do sarau poético e para receber a homenagem.

É bom ver que os saraus poéticos estão voltando e é alentador ver que os salões estão lotando para ouvir a poesia dos poetas da terra. Mesmo que a maioria dos espectadores seja poeta, o importante é fazer com que a poesia seja ouvida. É muito importante reunir os poetas e o público que gosta de poesia, para celebrar e popularizar cada vez mais este gênero literário.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

PRÊMIOS DA ACADEMIA CATARINENSE DE LETRAS E ARTES

Transcrevo a carta que recebi da Academia Catarinense de Letras e Artes, conferindo-me o Prêmio "Paschoal Apóstolo Pítsica", como Personalidade Literária do Ano de 2011. Não sei se mereço tal deferência, mas fico muito honrado e grato.

ACADEMIA CATARINENSE DE LETRAS E ARTES (ACLA)

Florianópolis, 05 de novembro de 2011.

Senhor Escritor e Poeta Luiz Carlos Amorim,


A Academia Catarinense de Letras e Artes – ACLA, entidade que representa escritores, poetas, músicos, artistas plásticos e das artes cênicas do Estado de Santa Catarina, vem, por seu presidente, comunicar a Vossa Senhoria o que segue.

Em sessão extraordinária, realizada hoje, dia 05 de novembro, Vossa Senhoria foi eleito Personalidade Literária do Ano de 2011 e, dessa forma, receberá o Prêmio “Paschoal Apóstolo Pítsica”.

Também foram eleitos o Artista Plástico Rodrigo de Haro, Personalidade Artística do Ano, que receberá o prêmio “Victor Meirelles” e o Músico Luiz Gustavo Zago, Personalidade Musical do Ano, que receberá o prêmio “Edino Krieger”.

Cada prêmio é concedido, anualmente, a três personalidades que se destacaram, respectivamente, nos cenários literário, artístico e musical de Santa Catarina, dando-se a escolha por aprovação unânime da Diretoria, ad referendum dos demais acadêmicos, após análise do curriculum vitae e da atuação do literato ao longo do ano.

O prêmio se constitui de uma Medalha, criada pelo Artista Plástico Loro, com a representação plástica das imagens dos três patronos, além de um Certificado especial.

A solenidade de premiação ocorrerá no dia 02 de dezembro próximo vindouro (sexta-feira), às 20h no auditório do Tribunal de Contas do Estado, à Rua Bulcão Viana, nº 90, Centro, Florianópolis, e o evento será abrilhantado por apresentação de obras musicais eruditas. Na próxima semana ser-lhe-ão enviados os convites e fornecidas as demais informações. Precisamos, no entanto, com certa brevidade, que nos envie um currículo e uma foto, preferencialmente do rosto e em tamanho próximo a 3x4 ou 5x7 (pode ser via e-mail).

A Academia Catarinense de Letras e Artes sente-se honrada em prestar essa homenagem a tão destacada personalidade literária do nosso Estado.

Saudações lítero-artístico-musicais,


Wesley O. Collyer

Presidente

domingo, 6 de novembro de 2011

LULA, SUS, ABOBRINHAS...

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Eu não ia falar sobre o câncer do Lula, primeiro porque acho uma coisa terrível e depois porque não concordo com essa paranóia de desejarem a morte dele, isso é mais terrível ainda. Não gosto dele, mas não desejo nem pra ele nem pra ninguém o câncer, muito menos a morte.

Mas então leio uma crônica de um tal de Eugênio Bucci, numa das revistas semanais de informação. O cara fala um monte de abobrinhas, mistura SUS, Lula e Teresa Cristina, uma personagem de novela, circo, etc. Fica injuriado porque “incitadores de ódio”, na internet, “sentenciaram Lula a ir procurar seu tratamento no SUS”. Ora, não foi o Lula mesmo que andou declarando, enquanto era presidente, que “o Brasil não está longe de atingir a perfeição no tratamento de saúde”? Então que mal haveria se ele fosse se tratar no que ele próprio elegeu como o melhor sistema de saúde?

Porque essa indignação toda, essa necessidade absurda de defender o SUS, de paparicar o Lula? Será que esse “jornalista” não sabe que as pessoas morrem nas portas de hospitais públicos, que esperam anos para ter uma consulta e mais ainda por uma cirurgia? Ele, apesar de ser jornalista, não lê jornais, não vê televisão, não navega na internet?

A Saúde, apesar do que afirmou Lula, está falida, tanto que o atual governo acha que é preciso criar uma nova fonte (leia-se imposto) para custear esse direito do cidadão brasileiro, que lhe é negado com frequencia. Qualquer um vê isso, só Lula e o ilustre “jornalista” não conseguem enxergar. Segundo Eugênio, o gênio, “Hoje o público não sabe o que é solidariedade”. O público, o povo, sabe muito mais o que é solidariedade do que os políticos, meu amigo. Muito mais. Temos tido provas disso, nas calamidades que têm se abatido sobre algumas regiões de nosso país.

Continua o “jornalista”: “Se ele (o público, o povo) não se der ao respeito, não haverá mais política”. A verdade, isso sim, é que se os políticos corruptos não se derem ao respeito, não haverá política. Porque isso que está aí não é política, é politicagem. É corrupção, impunidade, falta de vergonha na cara. E ele conclui: “O debate de ideias sucumbirá ao desejo de exterminar o outro”. Que debate de ideias? Os corruptos de plantão querem saber é de encher os bolsos, “desviar recursos”, a ideia fixa deles é essa, não há debate de outras ideias, que é o que eles deveriam fazer, eleitos que foram para defender o povo. Então a voz do povo está calada pelos politiqueiros de plantão, que ao invés de legislar em favor da coletivdade, que é o seu trabalho, legislam em causa própria.

Grande jornalista, o nosso amigo. Perdeu uma grande oportunidade de ficar calado.

sábado, 5 de novembro de 2011

CULTURA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Hoje é o Dia da Cultura. Um dia difícil de comemorar, já que temos um Ministério da Cultura que não consegue aplicar com sucesso uma prova como o Enem, prefere abordar as histórias em quadrinhos, nessa mesma prova, ao invés da literatura brasileira, comprou milhares de um livro, para distribuir às escolas públicas, que sugere que esqueçamos as boas regras gramaticais para ler e escrever, há pouco tempo, e assim por diante.

Como comemorar o Dia da Cultura, num país onde temos poucas livrarias, poucas bibliotecas, onde o preço do livro é um tanto quanto alto? Onde o conteúdo programático das escolas públicas não privilegia espaço para a literatura, para que se incentive o gosto pela leitura? Pelo contrário, como há muito pouco espaço para a literatura, os professores exigem a leitura de um outro clássico com a condição da nota, o que faz com os leitores em formação acabem criando aversão pelos livros.

Difícil comemorar esse dia, quando nossos governantes dão pouca atenção e pouco apoio à cultura em todos os níveis. Editais de cultura vão ficando cada vez mais raros, eventos de cultura popular não tem espaço para acontecerem – na capital catarinense o maior teatro do estado está fechado há dois anos, sem que nada tenha sido feito nele – e o ensino público está falido, com professores mal pagos, escolas caindo aos pedaços, sem equipamentos.

Sei que parece muito pessimismo, mas a realidade é essa. A cultura é muito pouco assistido tanto pelo Estado, como pela União, como pelos municípios, em alguns casos.

Espero que esse quadro mude e que possamos comemorar essa data, num futuro próximo, com o começo do resgate da cultura. Que não aconteça mais, como aconteceu nos últimos dois anos, por exemplo, repasse de verba da Secretaria de Estado da Cultura para evento de moda privado, em Florianópolis. Pior, da primeira vez que isso aconteceu, o dinheiro transitou pela Câmara Catarinense de Letras, pois tinha sido solicitado por aquela entidade para a Feira do Livro da capital. E que se apure responsabilidades de coisa tão descabida usando o dinheiro público, que poderia ser aplicado em eventos de cultura para o povo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SEMEAR E COLHER

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Hoje, a crônica do Diário me cutucou. Não pude deixar passar em branco. Ela está sonora, está iluminada de sol, de solidariedade, de humanidade. Fiquei emocionado ao lê-la, pois me lembrei que também já acordei, de manhã, com a passarinhada fazendo barulho no meu telhado, mais exatamente bicando as calhas, num alvoroço só. Nas primeiras vezes, parecia alguém subindo no telhado e eu fui ver o que era, de manhã bem cedinho, com receio de que realmente alguém tivesse entrado em minha casa. Mas, como o autor da crônica, fiquei maravilhado com os pequenos avoantes que vinham anunciar o sol, que vinham me acordar para a vida. E desejei que eles viessem outras vezes, viessem sempre.

O “senhor que semeia alpiste e colhe passarinhos” – que bela imagem! – me lembrou, também, minha mãe. Ela mora sozinha, em Jaraguá do Sul, mas não mora em apartamento, não. É numa casa, pequena, mas com jardim, com horta, com pomar. Não é ela que cuida, que ela já não pode fazer isso, mas ela colhe couve, brócolis, vagens, chuchus, tangerinas, limões, xinxins, acerolas, araçás. E eu levei também, para ela, um pé de cambucá, que eu ganhei algumas frutas do Flávio José Cardozo, outro dia, em visita que fiz à casa dele e plantei as sementes, de maneira que fiz três mudas.

Então lá no meio dos pés de limão, de tangerina e outras árvores, ela pediu para construírem um pedestal – com cobertura, para os dias de chuva – e coloca, lá, todo dia, um pouco de alpiste e outro tanto no chão, além e frutas como banana, laranja, mamão. E desde cedo, por toda a manhã e até de tarde, uma quantidade imensa de passarinhos dos quais eu não sei o nome vem comer daquilo que lhes é ofertado, fazendo uma algazarra fenomenal. Trazendo uma alegria simples e verdadeira, despretensiosa e franca. São passarinhos de vários tipos, alguns conhecidos, como bem-te-vis, rolinhas, sabiás e outros, com penas de cores diferentes, cores muito vivas como amarelo, azul, vermelho. Um espetáculo de cor e vida.

Quando eu vou lá, espio pela janela, pois se eles me virem, interrompem o lanche e voam para longe. Minha mãe sim, pode sair, que parece que eles já a conhecem, parecem saber que é ela que deixa a comida lá para eles e apreciam a sua companhia.

O belíssimo texto do Felipe me fez perceber que minha mãe também semeia alpiste e colhe passarinhos. Isso me deixa muito feliz.