Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Hoje, a crônica do Diário me cutucou. Não pude deixar passar em branco. Ela está sonora, está iluminada de sol, de solidariedade, de humanidade. Fiquei emocionado ao lê-la, pois me lembrei que também já acordei, de manhã, com a passarinhada fazendo barulho no meu telhado, mais exatamente bicando as calhas, num alvoroço só. Nas primeiras vezes, parecia alguém subindo no telhado e eu fui ver o que era, de manhã bem cedinho, com receio de que realmente alguém tivesse entrado em minha casa. Mas, como o autor da crônica, fiquei maravilhado com os pequenos avoantes que vinham anunciar o sol, que vinham me acordar para a vida. E desejei que eles viessem outras vezes, viessem sempre.
O “senhor que semeia alpiste e colhe passarinhos” – que bela imagem! – me lembrou, também, minha mãe. Ela mora sozinha, em Jaraguá do Sul, mas não mora em apartamento, não. É numa casa, pequena, mas com jardim, com horta, com pomar. Não é ela que cuida, que ela já não pode fazer isso, mas ela colhe couve, brócolis, vagens, chuchus, tangerinas, limões, xinxins, acerolas, araçás. E eu levei também, para ela, um pé de cambucá, que eu ganhei algumas frutas do Flávio José Cardozo, outro dia, em visita que fiz à casa dele e plantei as sementes, de maneira que fiz três mudas.
Então lá no meio dos pés de limão, de tangerina e outras árvores, ela pediu para construírem um pedestal – com cobertura, para os dias de chuva – e coloca, lá, todo dia, um pouco de alpiste e outro tanto no chão, além e frutas como banana, laranja, mamão. E desde cedo, por toda a manhã e até de tarde, uma quantidade imensa de passarinhos dos quais eu não sei o nome vem comer daquilo que lhes é ofertado, fazendo uma algazarra fenomenal. Trazendo uma alegria simples e verdadeira, despretensiosa e franca. São passarinhos de vários tipos, alguns conhecidos, como bem-te-vis, rolinhas, sabiás e outros, com penas de cores diferentes, cores muito vivas como amarelo, azul, vermelho. Um espetáculo de cor e vida.
Quando eu vou lá, espio pela janela, pois se eles me virem, interrompem o lanche e voam para longe. Minha mãe sim, pode sair, que parece que eles já a conhecem, parecem saber que é ela que deixa a comida lá para eles e apreciam a sua companhia.
O belíssimo texto do Felipe me fez perceber que minha mãe também semeia alpiste e colhe passarinhos. Isso me deixa muito feliz.
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