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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O CANTO DA LIBERDADE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor e editor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Na academia ou clínica onde faço Pilates, ouço sempre uma cantoria apaixonada e em alto e bom som, de passarinhos dos quais não sei o nome. Como eles cantam continuamente, percebi que se tratava de pássaros presos. Hoje, ao chegar, eu os vi, na casa do vizinho, dentro de gaiolas minúsculas.

Fico muito triste, mais que isso, fico indignado com a crueldade do ser humano. Por que prender seres vivos, inocentes, como os passarinhos, por exemplo, cujo único crime é o seu cantar mavioso? E não são só os pássaros que sofrem com isso, outros animais têm a mesma sorte. É muito comum a gente ver cães presos a uma corda ou corrente de um ou dois metros, o que faz com o animal quase não consiga se mexer. Eles passam a vida inteira ali, sem poder andar, muitas vezes, sem água e sem comida por dias inteiro, pois quase sempre o dono só volta para casa à noite.

Que pessoas são essas, que condenam um ser vivo a viver o tempo todo encerrado em um pequeníssimo espaço? O que os leva a cometer tamanha maldade? Será ingenuidade, ignorância, ou será que alguns não têm, mesmo, alma e coração?

Se os “donos” dos passarinhos ao lado da clínica gostam do cantar daqueles passarinhos, por que não deixá-los cantar livre, na natureza? Seu cantar não seria muito mais sonoro, muito mais feliz, se pudessem voar livres pelo céu, pela mata, por entre nossas casas?

Na minha casa não há gaiolas, penso até que deveria haver uma lei que proibisse qualquer pessoa de usar essa arma. Mas a passarinhada vem, todos os dias, cantar no meu telhado, nas minhas calhas, no meu jardim, às vezes até entram na cozinha para ver se não há nenhuma migalha no chão. Então, para que não deixem de nos visitar, Stela, minha esposa, coloca quirera, pão ou frutas no jardim, para atrair mais deles. E eles vêm, eles cantam e encantam.

Não poderia ser assim, também, com os donos das gaiolas? Ao invés de aprisionar os pássaros, deveriam oferecer algum mimo para que eles viessem cantar na sua área de serviço, no seu jardim, na sua janela.

Vamos combinar uma coisa? Podemos pedir aos nossos amigos que tem pássaros aprisionados em gaiola que os soltem e que ofereçam à passarinhada em geral uma fruta, um alpiste, que eles vêm cantar para a gente ouvir.

Liberdade é um direito de todos, não só dos homens. Será que as pessoas que encerram pássaros em gaiola gostariam de ficar presas como os passarinhos? Será que essas mesmas pessoas cantariam, se estivessem presas? Não desejo nada do que não quero pra mim, a ninguém.

Há que se respeitar a liberdade do próximo, pois a nossa pode ser tolhida, em contrapartida. E certamente nós não vamos gostar nada de sermos impedidos de ir e vir. Somos irmãos gêmeos da natureza. Por que, então, maltratá-la?

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