Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Nesta segunda estive o dia inteiro no Congresso Brasileiro de Escritores, aqui em Ribeirão Preto. Escolhi, para começar o dia, às dez da manhã, a conferência “Multiculturalidades: a contribuição de várias culturas para a formação da língua portuguesa”, que deveria contar com a presença do escritor português António Cabrita, que não pode vir porque o país onde ele está, Moçambique, não permitiu que ele viajasse. Ele mandou, no entanto, por e-mail, por escrito, o que iria falar. Os outros dois escritores que faziam parte da mesa, brasileiros, eram Maurício Melo Jr. e Nicodemus Sena.
Uma palestra que eu escolhi para ver, à tarde, “O Papel das Academias de Letras”, com Antonio de Mendonça, presidente da Academia Paulista de Letras, frustrou-me bastante, pois o palestrante discutiu, bateu boca com duas escritoras da platéia, no pequeno espaço de tempo que estive lá (15 minutos), o que me fez desistir e ir para outra palestra, que havia três delas no mesmo horário. Fui ver “Conversa de uma editora com autores desorientados”, com Laura Bacelar.
As dezesseis horas fui a palestra de Affonso Romano de Santana, “Ler o Mundo: um desafio”, como não poderia deixar de ser. Havia outras duas no mesmo horário, que deveriam ser interessantes, mas não deixaria passar a oportunidade de ouvir Affonso. E valeu a pena. Ele é agradável de se ouvir, uma cara culto e inteligente, uma pessoa simpática e amável. E sua palestra me fez ver que leitura não é só ler um livro, ler alguma coisa escrita ou impressa, simplesmente. É, como diz o título da palestra que também é titulo de seu mais recente livro, ler tudo o que está ao nosso redor, até o que está em nos: ler o nosso corpo, ler a família, ler a sociedade, ler os amigos, ler o kosmo. E não é que ele tem razão? Como não poderia deixar de ser, é claro. Ele falou, também, em ampliação da palavra leitura e também da palavra livro. E nisso também ele tem toda razão. Poderíamos ficar ouvindo Affonso a tarde inteira, a noite inteira. Ele citou máximas como “Se você acha que a cultura é cara, imagine a ignorância”, “O livro faz bem à saúde”,”eu leio a leitura dele”, essa última dita por um doente de hospital que tinha livros para os pacientes e, tendo alta, pediu para ficar mais um pouco, para terminar de ler um livro. Acontece que o médico ficou sabendo que ele não sabia ler. E então ele explicou que o colega paciente ao seu lado lia para ele e ele “lia a leitura dele”. Não é fantástico?
Affonso, depois de terminar a palestra, respondeu a tudo que lhe foi perguntado com a maior simpatia, conversou com todos que ficaram para que ele autografasse seus livros e tirou fotos com todos. Só eu esqueci que estava com a máquina fotográfica no bolso e não tirei uma foto com ele. Falha minha, falha feia.
Depois de tudo isso, o programa prometia um sarau, no teatro da Faculdade onde o Congresso estava sendo realizado, e um concerto com a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. O sarau estava ótimo, mas a orquestra não se apresentou. Uma pena.
Mas mesmo assim o dia foi muito bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário