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sábado, 31 de outubro de 2009

O SAMBA FORA DO BRASIL

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje faltei a minha aula de dança, porque durante a semana não consegui assistir o programa “So you think you can dance”, num dos canais da TV a cabo. E como a reprise é bem na hora da aula, tive que escolher e sacrifiquei a aula, mas é só nesta semana. O programa é uma competição de dança, bem no estilo American Idol: um grupo de especialistas seleciona, por todo o país (Estados Unidos),dentre milhares de concorrentes, vinte bailarinos para competirem e a cada programa sai dois deles.
Os dançarinos, de vários estilos diferentes, recebem, cada casal, um estilo novo a cada semana. E, apesar dos comentários dos jurados, o público é quem decide quem fica e quem sai, votando por telefone.
Gosto muito de ver bons bailarinos dançarem e com a peneira fina que fazem dentre tantos candidatos, os que ficam no programa são excelentes. Hoje saiu o segundo casal, mas a minha abordagem do tema não se deve a isso. É que um dos casais, hoje, foi designado para dançar samba. E eu já havia visto, antes, em outro programa de competição de dança americano que quando eles dizem samba, lá, a dança não tem quase nada a ver com o nosso samba original.
O pior é que os jurados ainda frisam que o samba é de origem brasileira, e coisa e tal, mas quando começa a tocar a música a gente já vê que de samba não tem nada. Consegui identificar um passinho de samba na dança toda. A performance e a coreografia são muito bonitos, mas não consigo ver samba neles. E a música parecia mais um rock.
Fico um tanto quanto indignado, pois os “especialistas” do programa, que são os jurados, não conhecem o samba brasileiro? Eles falam como se conhecessem muito bem. A produção não pesquisa para apresentar alguma coisa pelo menos parecida?
É uma pena que vendam gato por lebre. Quem não conhece, aceita o que eles estão apresentando como samba, já que eles são “autoridades” no assunto. Será que não há nenhum brasileiro, por lá, que eles possam consultar e que mostre a eles o que é samba? Aquela gente nunca viu nenhum filme ou reportagem ou documentário sobre o carnaval no Brasil?
Devia ser proibido a gente falar sobre aquilo que não conhece bem.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A PONTE SEM VÃO


Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – lc.amorim@ig.com.br )

Estou chegando agora de Jaraguá do Sul, onde estive por três dias. No caminho para um dos bairros, quase no centro, me deparo com uma cena inusitada. Numa rua importante, com bastante tráfego, num trecho perto de grandes empresas da cidade, havia uma ponte numa das pistas. E um semáforo. O problema é que ali não havia nenhum rio, nem ribeirão, não era um viaduto. Uma pista estava interditada e a outra tinha a já citada ponte e dava pra ver que havia um buraco meio grande, quase tampado, com de um metro de diâmetro, ao lado da ponte, na pista que não estava funcionando. O semáforo organizava o trânsito, pois tanto quem vinha, como quem ia, tinha que passar pelo mesmo lugar, ou seja, sobre a ponte.
Fui procurar saber o que estava acontecendo e descobri que há mais ou menos um mês, o asfalto começou a ceder e a prefeitura colocou em cima do buraco que estava se abrindo, um chapa imensa de ferro. Como a chapa de ferro começou a vergar com o peso dos carros e caminhões que passam por ali, decidiram fazer uma ponte de madeira por cima da parte menos prejudicada, onde só passava um veículo de cada vez.
Tudo bem que a alternativa da ponte poderia ser uma solução para não interromper o trânsito enquanto o problema estivesse sendo resolvido.
Acontece que eu passei por lá há três dias e não vi ninguém trabalhando para resolver o problema e acabar com a ridícula ponte em cima do asfalto. E me disseram que isso não está acontecendo somente nestes três dias que estive lá. A coisa se arrasta há coisa de um mês.
Onde está a prefeitura, que soube “idealizar” a genial idéia da ponte, mas não está trabalhando para acabar com o problema, consertar o que está errado e acabar com a famigerada ponte?
Aquela ponte é um monumento ao descaso e à estupidez. A prefeitura da cidade faz uma “ponte” que deveria ser um paliativo para que o tráfego não parasse, apenas enquanto estivesse trabalhando para sanar o problema, seja ele qual seja, mas o paliativo se transforma em solução definitiva, uma piada de mau gosto, causando transtorno a todos que precisam e que são obrigados a transitar por ali.
E eu que pensava que há havia visto tudo...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CORUPÁ SEM A ROTA DAS CACHOEIRAS

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

As variações climáticas quase cataclísmicas afetaram a Rota das Cachoeiras do Vale das Águas. Corupá, a Cidade das Cachoeiras, está um pouco menos bela, porque a rota com quatorze das suas mais belas quedas d’água está fechada, interditada, em decorrência do mau tempo, a chuva em excesso e os ventos dos últimos tempos, que derrubou árvores e provocou o deslizamento de alguns trechos das trilhas. Isso pode ser percebido logo no caminho entre as primeiras cachoeiras, o que acarreta um risco muito grande para aqueles que gostariam de fazer a rota. Para evitar que alguém caia barranco abaixo, a administração do Parque Ecológico Emílio Batisttela resolveu fechá-lo até que o tempo estabilize e possa ser feita a recuperação da trilha. Uma pena, pois a quantidade de chuva deu um volume excepcional às cachoeiras, tornando-as ainda mais belas.
Tomara que isso possa ser feito logo, pois dinheiro deve existir, para a recuperação do parque, já que é cobrado ingresso para visitação há quatro anos. A área de churrasqueiras e os banheiros, felizmente já estão sendo restaurados.
É preciso não deixar a recuperação da rota em segundo plano e fazer os consertos assim que possível, pois a temporada de verão está para começar e, além disso, o SBT andou cogitando, semanas atrás, de colocar no ar a reprise da novela “Ana Raio e Zé Trovão”, cuja grande parte foi gravada em Corupá. A direção daquela rede falou em substituir “Vende-se um Véu de Noiva”, adaptação da obra de Janete Clair, e parece que o folhetim está em vias de terminar.
Então é esperar que o boato seja verdade e que “Ana Raio e Zé Trovão” realmente volte ao ar, para vermos de novo as nossas cachoeiras, o Seminário e os morros atrás dele, onde foi montado o acampamento de ciganos.
Se isso acontecer, será mais uma oportunidade para a administração da cidade aproveitar a exibição de cenários de Corupá em rede nacional, para divulgar todo o potencial turístico do Vale das Águas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CRÔNICA TRISTE

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje minha crônica não vai ser literária, nem romântica, nem poética. Vai ser apenas triste. Porque está acabando outubro e estamos quase entrando em novembro. E a primavera me traz flores e vida, esperança e desejo de renovação, mas também me traz uma enorme sensação de perda.
O início de novembro tem Finados e o final de um outubro antigo levou um pedaço de mim, há muitas primaveras. Vinte e sete primaveras, para ser exato. Então, esse dia que deveria ser de comemoração de aniversário, para mim é um dia no qual aquela dorzinha escondida, que fincou raízes lá no fundo do peito, doendo um pouquinho sempre, agora dói um tanto mais.
Saudades, saudades infinitas de uma convivência que poderia ter existido, mas não aconteceu. E ter saudades de alguém que chega e já se vai, sem deixar nada para ser lembrado, é ainda mais doído. Até me disseram, quando Vanessa se foi, no dia seguinte ao do seu nascimento, que era melhor assim, era melhor do que se ela tivesse ficado algum tempo e depois tivesse ido, doeria menos. Eu não concordo.
Ficou um vazio enorme, uma saudade de ter do que ter saudades, aquela imagem nítida da luta pela vida, ferrenha, mas perdida.
E uma imagem quase romântica, no meio de tanta aridez: no dia em que Vanessa se foi, as primeiras flores dos primeiros jacatirões nativos se abriram. Fiz até um poema, que depois virou lápide: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”
Mas os jacatirões estão florescendo novamente, este ano, e amanhã eu vou estar melhor, prometo. E volto a falar de poesia e de livros. Porque a vida é assim. O que seria dos momentos felizes, se não fossem os tristes, para valorizá-los?

domingo, 25 de outubro de 2009

ENEM - UMA HISTÓRIA MUITO MAL CONTADA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Essa história do Enem – Exame Nacional de Ensino Médio - está muito esquisita e não é de agora. O tal Enem de 2009 foi cancelado, por vazamento da prova, e nova empresa foi contratada, em regime de urgência, para a realização do exame, marcado para os dias 5 e 6 de dezembro. O novo contrato para operacionalização do novo Enem vai custar nada menos do que 100milhões de reais. Com o que já havia sido gasto, já passa de130 milhões os recursos gastos com ele. Os mais de quatro milhões de estudantes inscritos este ano para prestar o exame, ao valor de trinta e cinco reais a inscrição, dá cerca de cento e quarenta milhões de reais, mais isso, como vimos, já está sendo gasto. Não é muito dinheiro? E ainda há mais “despesas”. Considerando-se que o Enem é realizado todo ano, há muito dinheiro correndo aí.
Para quê? As modificações feitas pelo governo para aplicar o Enem preveem o seu uso pelas universidades federais como primeira fase única do vestibular para ingresso ao terceiro grau, ou como primeira fase, ou combinado com o vestibular ou ainda como fase única para vagas remanescentes do vestibular.
Inicialmente, no entanto, o Exame Nacional de Ensino Médio foi idealizado para verificar o grau de qualidade do ensino oferecido pelas escolas e o grau de aproveitamento dos alunos. Um pouco complicado, não é mesmo? Porque se a educação dada for de baixa qualidade, as notas dos estudantes serão baixas, proporcionalmente.
Então o governo diz que um exame que foi criado para medir uma coisa, já sem muita exatidão, está sendo redirecionado para substituir o vestibular. E mesmo assim não é cuidado com o devido respeito, deixando vazar o conteúdo das provas, ainda na gráfica. Ou será que há alguma coisa a mais por trás disso tudo?
A verdade é que a própria Defensoria Pública da União recomendou à Universidade Federal do Rio de Janeiro que não adote o Enem como critério de acesso como fase única em seu sistema de seleção.
Nem a própria União vê credibilidade no Enem, imposto por ela? Por que será esse carnaval todo em cima de uma prova que não serve para medir a quantas está a nossa educação – que todos estamos vendo que não vai nada bem – nem serve critério para acesso à universidade pública?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O FUTURO DO LIVRO

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor e editor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


As novas tecnologias de comunicação estão transformando com assustadora rapidez o modo de vida do ser humano. Com o boom da informática, lá pelo início dos anos 90, sentenciou-se o fim do livro como suporte tradicional para qualquer publicação de obra literária ou não. Apostava-se nos livros virtuais, textos digitais para ler na tela do computador. Eu me manifestei descrente dessa previsão e não fiquei sozinho nisso. Primeiro, porque o avanço da informática a produzir recursos cada vez mais completos e indispensáveis para a produção de impressos, facilitava cada vez mais a edição de livros, revistas e jornais. Segundo, porque o monitor do computador, com tubo de imagem que emitia brilho e radiação excessivos, não é indicado para se ler textos extensos, como as volumosas páginas de um romance. Os olhos do homem não foram feitos para visualizar por tanto tempo uma superfície emitindo brilho continuamente, com o risco de comprometer seriamente a visão. E os e-books, até pouco tempo atrás, não tinham vingado.
Mas no início do novo século os monitores de LCD, que não emitem tanto brilho nem radiação, popularizaram-se e novos suportes para a leitura de textos digitais apareceram, como o E-book Reader, aparelho do tamanho de um livro, de tela fosca, que não emite luz e imita uma página para se ler livros eletrônicos; como o celular, que já tem arquivos de textos (livros) apropriados para ele; como os computadores de mão (Palmtops), como o computador tradicional (desktop) e como o notebook.
Apesar de não acreditar que o livro impresso em papel vá acabar, sei que já existe uma pequena legião lendo e-books. Até eu me surpreendi lendo dois ou três livros, um de 345 páginas, na tela do meu notebook, recentemente, ao receber originais em PDF, antes da publicação.
Não acredito no fim dos livros tradicionais, mas já admito que a leitura de textos digitais em novos suportes é uma possibilidade. É o futuro chegando, o progresso da tecnologia mudando hábitos e costumes

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A "CULTURA OFICIAL" NO VENTILADOR

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Ainda sobre as crônicas a respeito da “seleção” de escritores catarinenses que serão levados pelo Estado à Feira do Livro de Porto Alegre, há muita gente descontente com a maneira como foi feita a escolha. Minha crônica “Escritores catarinenses na Feira do Livro de Porto Alegre”, que denunciava a comissão selecionadora, formada pela FCC, por ter escolhido a si mesma, com exceção do Prof. Lauro Junkes e Jayro Schmidt, para ir à Feira do Livro, foi publicada ante-ontem, dia 20, no jornal Notícias do Dia, aqui da Grande Florianópolis.
Foi um reboliço só, muito e-mail, muito telefonema, muita gente se manifestando. Até o jornal recebeu cartas a respeito. Como disse o Olsen, e eu também assino embaixo, “A impressão que tenho é que estava "engasgado" em todo o mundo...”
E por falar no Olsen, a crônica censurada dele, “Carta à Anita Pires”, falando do mesmo assunto, foi distribuída pela internet – eu ajudei a fazer isso – e também lavou a alma de muitos. Estou tentando publicar, em algum jornal, pelo menos parte da crônica dele, pois ela precisa ser lida por todos os envolvidos com literatura. Parte dela já está aqui no blog, na minha crônica “A Cultura “Oficial” em Santa Catarina”, do dia 17. Ela contém mais denúncias.
Aliás, mais denúncias contém também a carta de Fátima Venutti, publicada ontem no Notícias do Dia, em manifestação a minha, que havia sido publicada no dia anterior.
Mas até agora, a FCC não deu sinal de vida.
A coisa anda feia, e não é de agora. Fico triste, porque a atual diretora, Anita Pires, revitalizou projetos que estavam abandonados, como a reedição do Concurso Cruz e Sousa, o cumprimento da Lei Grando, comprando dez livros de autores catarinenses para distribuir às bibliotecas municipais, embora a escolha desses livros também tenha deixado a desejar. Mas, pelo menos, fez-se alguma coisa. Além de editais de incentivo à cultura, como Elizabete Anderle, também com o dedinho do mesmo grupo que aparece na seleção dos livros, na escolha dos escritores que vão neste final de mês para a Feira do Livro de Porto Alegre, etc.
Talvez ela deva repensar esse “grupo” que trabalha com ela. Porque a “cultura oficial” está mal, está faltando transparência, responsabilidade, lisura.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O POETA E O SEU DIA

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Ontem foi o dia do poeta. Embora atrasado, congratulo-me com todos aqueles cultores da emoção, que deixam a alma escorrer pelos dedos, na calada da solidão, para a folha de papel, o poema que eternizará mais um capítulo da odisséia do ser humano.
Porque poeta não é simplesmente aquele que coloca qualquer ideia em forma de versos. Poeta é aquele que se funde com a poesia, aquele que se mistura com a poesia, que consegue imprimir na palavra toda a emoção, todo o lirismo, todo o sentimento de que a alma humana é capaz. Poesia essa que será recriada, depois, no coração de quem a ler, imortalizando para sempre o seu criador. Como Quintana, o eterno poeta. Parabéns, menino Quintana, o símbolo dos poetas, o representante oficial da poesia.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

PRIMAVERA E IPÊS

Por Luiz Carlos Amorim (escritor e editor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Estamos quase no final de outubro e os ipês roxos estão florescendo espetacularmente.
Ainda ontem, ao passar por uma praça, vi uma gari varrendo o chão que estava coberto de flores roxas, quase azuis, um tapete colorido que se estendia aos nossos pés. Vi também, ao caminhar hoje pela minha rua, um belo ipê amarelo desabrochando seus milhares de botões. Se o tempo melhorar e as flores não caírem antes do tempo com o peso da água da chuva, amanhã teremos um sol a mais na nossa rua.
Quando falo do ipê roxo, não me refiro ao ipê rosa, que já floresceu um pouco antes, espetáculo do qual fui testemunha. Quero me referir ao ipê roxo, tão roxo que parece azul. Ou será que aquela flor azul não é de ipê? Eu não costumava lhe prestar atenção, mas parece que este ano há daquelas flores roxas do que amarelas. Talvez pelos desencontros das estações. Ultimamente, quando saio para caminhar, tenho notado vários deles pelas ruas onde passo e vi os tapetes coloridos que eles espalham pelos nossos caminhos. E desejei que nós, homens, cuidássemos mais da natureza, do meio ambiente, daqui por diante, para que essas árvores maravilhosas não deixem de espalhar cores pela nossa vida.
Para que nossos netos possam ver e mostrar aos seus filhos e netos as floradas esplendorosas de ipês amarelos, roxos, rosa e brancos. Como eu os posso ver hoje.
Para que eles possam ter o sol ao alcance da mão, flores douradas a emanar luz e cor.
Para que possam sentir a força da natureza, que se não a agredirmos, ela tem belezas incomensuráveis a nos oferecer. Como as flores dos ipês, do jacatirão nativo que começa a florescer daqui a alguns dias pelo norte e nordeste de Santa Catarina, e de tantas outras árvores floríferas.
Sou fascinado por árvores floridas, mas tenho medo, na verdade, de me apegar a elas, como dizia outro dia à Urda, escritora de Blumenau, pois minha amiga árvore, que conheci aqui em São José (eu não lhe sabia o nome, mas poderia ser um ipê rosa ou uma paineira) florescia lindamente todo ano e eu a via da janela do meu apartamento. Aí foram construindo mais um andar, outro mais, entre a minha janela e ela, e eu já não podia vê-la mais. Então mudei, mas quando ela florescia eu voltava para vê-la. Um dia, ao ir visitá-la, encontrei apenas um cepo no chão. Então tenho um pouco de receio de me apaixonar por elas, tornar-me amigo delas, pois de repente, sem mais nem menos, alguém pode tirá-las de mim. Mas não posso deixar de admirar-lhes a beleza e me encantar com as suas cores que transbordam meus olhos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

AMIGO DE VERDADE

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje pela manhã, quando saí para caminhar, vi uma coisa que me deu vergonha de pertencer à raça humana. Passava pela Rua Leoberto Leal, no continente e vi um cachorro andando com dificuldade, as patas de trás um tanto dobradas e bambas, quase arrastando no chão. Era um cachorro grande, do tamanho de um pastor alemão, mas não consegui identificar a sua raça, pois estava muito magro. Dava para contar as costelas. Ele parecia sofrer muito para andar e acho que estava com fome. Atravessou uma rua com muito esforço e relutância e percebi que um homem, empurrando um bicicleta, falava com ele. Chamava-o, como que pedindo para segui-lo.
Aproximei-me do homem, perguntando se o cão era dele. Ele me disse que não, mas como ele estava abandonado, dava-lhe comida, quando o via. Disse-me, também, que ele quase não conseguia andar porque tinha problema de coluna, e bem por isso deviam tê-lo abandonado.
Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo, porque o fato de ter alguém que olhava por ele amenizava um pouco a sua sorte, mas abandonar um animal assim, doente, sabendo que ele não poderia conseguir a própria comida para sobreviver... E foi um ser humano que fez isso, ou um projeto mal acabado de ser humano como tantos outros que existem por aí, pois cães doentes são abandonados quase todos os dias,aqui e em tantos outros lugares.
São abandonados quando ficam doentes, são abandonados simplesmente porque crescem ou ainda quando os donos vão viajar. As pessoas compram os cães ou aceitam ficar com eles, mesmo morando em apartamento, sem avaliar as condições que têm para acolher um animal em casa. E depois abandonam as pobres criaturas.
Que seres humanos somos nós, que acolhemos em nossa vida um animal como um cão, que se receber carinho e amor, devolve em dobro, indiscutivelmente, e depois abandonamos quando descobrimos que ele é uma criatura viva, que precisa de cuidados, e não um brinquedo?
E não é só isso: há quem tenha um cão e não o abandone, talvez fosse melhor se o fizesse, até. Há pessoas que mantém animais eternamente presos, às vezes com correntes que não tem mais de um metro de cumprimento. Um cão assim praticamente nem anda. E existem alguns deles, presos assim, que nem sequer recebem comida e água regularmente.
Alguém capaz disso é capaz de muito mais. Por isso vemos crimes cada vez mais hediondos, vemos a vida ter cada vez menos valor, vemos grassar a violência.

sábado, 17 de outubro de 2009

A "CULTURA OFICIAL" EM SANTA CATARINA

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Recebi, na sexta-feira, um e-mail de amigos que estavam divulgando uma crônica do Olsen Jr. que tivera a publicação censurada. Pois a crônica é sobre o trem da alegria que está acontecendo na “cultura oficial” aqui de Santa Catarina: lembram da minha “ESCRITORES DE SC NA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE”, publicada aqui no blog no dia 6 e no jornal São José em foco no dia 15? Pois é, o Olsen também fala da “seleção” de escritores catarinenses feita pela comissão de intelectuais que a Fundação Catarinense de Cultura nomeou para que uma comitiva catarinense representasse as nossas letras no vizinho Estado do Rio Grande do Sul. Acontece que a tal comissão de intelectuais selecionou a si mesma, pois todos os integrantes, com exceção de Lauro Junkes e Jayro Schmidt, estão incluídos na lista de dezesseis escritores catarinenses que irão à Feira do Livro de Porto Alegre.
Aliás, Olsen vai mais além, ele se reporta à escolha dos livros selecionados para compra pelo estado e posterior distribuição às bibliotecas municipais catarinenses, que já apresentava vícios, como comentei em minha crônica “Os livros catarinenses selecionados para compra pelo estado”, publicada aqui no blog em 3 de setembro.
Transcrevo alguns parágrafos da crônica do Olsen, que foi muito mais enfático do que eu fui na minha crônica: “O governo do estado, através da FCC, elege uma “comissão” para escolher os escritores que irão a Feira do Livro de Porto Alegre. Estranho, penso. Se o “Governo” vai facilitar uma locomoção até a feira, bancando o veículo, natural seria se protagonizasse uma inscrição e que todos os interessados pudessem fazê-la, afinal, o governo, administra o Estado e não um feudo, de ungidos e diferenciados por apadrinhamento. Depois, analisando os acontecimentos ligados a minha área, isto é, a literatura, deparei-me com apoteóticas coincidências, senão vejamos: se a senhora, dona Anita Pires, presidente da FCC, por quem ainda tenho grande admiração, observar – basta por as listas dos nomes a sua frente – os membros que compuseram a comissão que selecionou os classificados no Edital Elizabeth Anderle, mais os nomes que integraram aqueles que escolheram os livros que deveriam ser adquiridos na “Lei Grando”(na Cocali – Comissão Catarinense do Livro) para abastecer as bibliotecas do Estado e ainda, esses agora que escolheram os nomes dos escritores para irem a Feira do Livro, nas três listas a senhora irá deparar com nomes que se repetem em todas elas. Isso posto, acrescente-se a má fé, como diria Sartre, em se “ungindo os agraciados com a ida a Feira do Livro com a indicação da cidade de origem, do nascimento, dos “eleitos” para dar uma ideia de “universalidade” e “abrangência” como se tivesse abarcado o Estado inteiro, assim, o sujeito nasceu em Blumenau (mas mora em Florianópolis), nasceu em Lages (mas está em Floripa), nasceu em Tubarão (mas reside em Floripa) e vai por aí… O Estado ajuda muito quando não atrapalha.”
Essa crônica precisa ser publicada.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"SOPÉ"

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Ontem fui a Livraria Livros & Livros, para o lançamento do livro “Sopé”, com texto de Flávio José Cardozo e desenhos de Tércio da Gama.
O vento, aqui na capital, estava terrível durante o dia, mas parece que à medida que a noite ia avançando, ele ia aumentando. Mas os leitores e amigos do Flávio e de Tércio não se intimidaram com isso e a sessão de autógrafos foi um sucesso. A Livraria Livros & Livros, até bem ampla, ficou pequena para tanta gente. A fila para conseguir um autógrafo do escritor e do ilustrador ficou enorme. Eu esperei quase meia hora, mas como num evento como esse a gente encontra muitas pessoas do meio, é muito legal rever um e outro que a gente não via a tanto tempo.
O Tércio eu não conhecia e percebi que é muito popular e a sua obra bastante apreciada, mas o Flávio é um escritor consagrado e todos já sabemos da qualidade da sua obra. Crônica ou conto dele é garantia de boa leitura. E o livro “Sopé”, publicado pela Editora Unisul está lindão. A apresentação é impecável, o conteúdo delicioso. Parabéns a Unisul pela qualidade editorial e ao autor e ao ilustrador pelo recheio.
Aliás, eu li, ontem, em um jornal, alguém comentando que as ilustrações são preto e branco, mas a gente consegue ver as cores que o desenhista insinua em cada cena. E é verdade.
Valeu a pena sair de casa num dia como ontem, para usufruir da companhia e obra de gente tão talentosa.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A PRIMEIRA PROFESSORA

Por Luiz Carlos Amorim (escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Tenho voltado a Corupá, minha terra natal, e passeado por lá para rever pessoas e lugares. Os lugares estão quase todos lá, um pouco mudados pelo tempo que já passou - as casas onde morei não as encontrei mais, uma delas nem consegui determinar o lugar onde se localizava. As pessoas, poucas revi. Talvez elas até estejam lá, mas já não as reconheço, assim como elas também não me reconheceriam.
Fui ao Grupo Escolar Teresa Ramos, onde estudei – o sobrenome continua igual, mas o nome mudou e a escola também. Hoje tem o triplo do tamanho, ou mais, mas continua sendo a escola estadual da cidade.
Levei alguns livros meus que ainda não faziam parte do acervo da biblioteca da escola e pretendia verificar quais ainda ficariam faltando, para levá-los. Mas o bibliotecário não estava e voltarei outro dia.
E fui levar meu livro mais recente, “Borboletas nos Jacatirões”, para a professora Elizabete Voltolini, minha primeira professora. Sempre levei meus livros para ela, mas fazia tempo que não falava com ela. Encontrei-a em sua casa, na pracinha do centro de Corupá, o mesmo sorriso meigo, o olhar terno, os traços suaves e delicados. O tempo passa e é implacável com todos nós, mas parece ter sido complacente com ela, pois seu rosto ainda conserva a beleza da professorinha de quarenta e tantos anos atrás, a voz doce e acalentadora e a alma límpida e transparente.
Que saudade, professora Elizabete! Que bom poder lhe ver de novo, falar consigo, beijar a sua mão. Vou lembrar sempre da primeira professora, que me ensinou a ler e me ensinou a escrever, que tinha o poder de ensinar com uma facilidade incrível, costurando os assuntos sempre com uma história, que ela também é ótima contadora de histórias.
Hoje, que também sou professor, sei que aquilo era didática aplicada, didática da mais alta qualidade, aplicada de maneira eficiente e eficaz.
Presto aqui a minha homenagem a minha primeira professora, o símbolo do exercício de um ensino competente que deve servir de modelo para todos nós. E homenageando a ela, homenageio todos os professores abnegados e dedicados que tocam, com esforço e pouca remuneração, a educação deste país, que se não fosse por eles não existiria mais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

CLOTIDE E O RIO CACHOEIRA

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Semana passada li a crônica da Clotilde Zingali, no Anexo, “SOS Rio Cachoeira”. Senti-me solidário com ela e lhe escrevi, dizendo que também sonhava o seu sonho e acordava da mesma maneira. Faz uns dez anos que saí de Joinville e durante todo o tempo que estive aí, o rio só foi sendo assassinado mais um pouquinho a cada dia.
Aproveitei a oportunidade e lhe enviei minha crônica “Fritz e o Rio Cachoeira”, que por sinal vai ser publicada no Portal – página 3 da Notícia, na sexta-feira da semana que vem.
Ela, então, me respondeu, como todo escritor-cronista que adora conversar, gentilmente, me convidando para participar de uma iniciativa dela que acho muito importante. Como ela mesmo disse, anda tentando fazer de tudo para ressuscitar o rio, mas para isso é necessário mobilização, ação. É preciso que muitos “se unam em torno da ideia para fazer passeatas, escrever exaustivamente sobre assunto e integrar a cidade nessa luta”. Esta é uma receita para combater o descaso. Para isso, ela criou um blog, “A alma encantadora da Cidade”, com o objetivo de reunir pessoas interessadas em torno disso.
Então, se você mora ou morou em Joinville, conhece o Rio Cachoeira morto e abandonado, entre em contato com a Clotilde. Se você tem alguma idéia que possa ajudar o rio a voltar a vida, voltar a ser um rio de água e não de lama, com peixes e com o Fritz podendo viver como um jacaré que ele é e não como um zumbi, mande a sua ideia. O endereço do blog é http://almaencantadoradacidade.blogspot.com/ e da Clotide é clozingali@gmail.com .
Precisamos fazer alguma coisa para que parem de poluir o Rio Cachoeira, parem de jogar rejeitos químicos e esgoto nele. E há que se ter vontade política, peito e coragem para isso. Nossos governantes, que foram eleitos para isso, não estão fazendo o seu trabalho. Então precisamos cobrar.
Que viva o Rio Cachoeira!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PRIMAVERA E FLORES PARA MARY




Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Hoje o dia amanheceu lindão, colorido, iluminado, brilhante. Com um sol pleno durante todo o dia, um céu de brigadeiro como não se via há bastante tempo e uma temperatura agradável. O dia perfeito, um dia típico de primavera.
Lembrei da minha amiga Mary Bastian, de Joinville, minha colega cronista na página 3 do jornal A Notícia, que me confidenciou, ontem, estar muito decepcionada com a estação. Perguntou-me onde estão as flores primaveris, das quais tenho falado tanto. Eu lhe disse que elas estão por aí, apesar das muitas chuvas. Amores perfeitos, orquídeas, marias-sem-vergonha, palmas, ipês, até manacás-da-serra, os jacatirões de inverno, ainda estão florescidos. Acho que as flores do jacatirão-manacá vão acabar confraternizando com as flores do jacatirão nativo, que começa a florescer no final deste mês de outubro e vai até meados do verão. Vai ser muito bonito.
Mas então lembrei da Mary e quero dedicar este dia lindo de sol para ela. Deu-me vontade de ir a Joinville e pegá-la pela mão para sairmos pela cidade e arredores e ver quanta flor há para enchermos nossos olhos.
No meu minúsculo jardim, até as cebolas estão florescidas. Tudo floresce. O pé de araçá tem frutos pequenos, mas ainda tem flores. Meu pequeno e único pé de hibisco está cheio de botões. Os pés de manjericão estão carregados de flor. Meus pés de morango ainda exibem flores ao lado de frutos amadurecendo. Meus pés de rosas vermelhas e amarelas, apesar de eu não os ter podado no dia de São João, estão cheios de botões. Até o único pé de cravo começou a florescer.
Ofereço todas essas flores e todas as outras que recém desabrocharam em qualquer lugar, principalmente em Joinville, para a Mary. Ela mora em apartamento e não pode, como eu, ter nem o minúsculo jardim que tenho. Por isso ofereço a ela a natureza, a primavera e todas as flores.

domingo, 11 de outubro de 2009

A CRIANÇA E A POESIA


Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Comprei, num dia quase distante, quando minhas filhas mal andavam, um disco de canções e poemas para crianças. Lembram dos “LPs” de vinil? Pois é. Era um bolachão de vinil, um disco sobre criança para criança. Trata-se de “O Menino Poeta”, que me atraiu pelo título e pela capa, que traz um menino sentado no chão segurando os pés, desenhado com giz de cera, muito colorido, ainda que com um ar melancólico. Achei-o numa daquelas incursões por lojas de disco para comprar música para criança. E foi um achado, mesmo. Ainda hoje é um achado.
“O Menino Poeta” traz poemas para crianças, cantados e declamados, de grandes poetas como Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Mário Quintana, Mário de Andrade, Manuel Bandeira e outros. As declamações são de ninguém mais, ninguém menos que Irene Ravache. Os poemas musicados são cantados por Solange Maria, Mirinha e Coral Infantil. Quem colocou música nos poemas cantados foi Antonio Madureira, que também fez os arranjos e dele também é a regência.
Achei e continuo achando fantástico esse recurso de colocar a poesia para ser cantada, para um público que, como bem diz e repete minha amiga Eloí Elisabet Bocheco, entende e ama a magia e o encantamento desse gênero literário. Isso favorece que aproximemos a literatura de nossas crianças desde muito cedo, para que esses leitores em formação tenham o gosto pela leitura.
Os poemas de Quintana, Drummond, Vinícius, Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Cassiano Ricardo, Jorge de Lima, Henriqueta Lisboa, Stela Leornardos, Mário de Andrade estão deliciosos na voz da excelente atriz Irene Ravache ou cantadas pelo coral ou pelas cantoras Mirinha e Solange, conferindo-lhes, quem sabe, mais lirismo e mais alegria, reinventando o mágico e o lúdico na cultura infantil.
Que melhor maneira de iniciar nossas crianças na poesia, na literatura, do que apresentá-las à obra de grandes mestres na mais tenra idade? Sempre defendi que a criança que gosta de ler e que sabe o que ler é a criança que conviveu com livros e com literatura desde muito pequena, em sua casa, com sua família.
Não sei se os Estúdios Eldorado, que produziram o disco, lançaram essa seleção em CD. Espero que sim, pois seria uma pena se mais crianças e mais pais não pudessem conhecer um trabalho tão bom em prol da disseminação da boa poesia.
Abaixo, dois poemas dos dezesseis que estão no disco:
CANÇÃO DA GAROA (Mário Quintana): Em cima do meu telhado,/Pirulin, lilin, lulin,
Um anjo todo molhado/Soluça no seu flautim.
O relógio vai bater:/As molas rangem sem fim,/O retrato na parede/Fica olhando para mim.
Chovem sem saber por que.../E tudo foi sempre assim”/Parece que vou sofrer:/Pirulim, lulin, lulin...
O MENINO POETA (Henriqueta Lisboa) O menino poeta/não sei onde está/procuro daqui/procuro de lá/tem olhos azuis/ou tem olhos negros?/Parece Jesus/ou índio guerreiro?
Ai! que esse menino/será, não será?/procuro daqui/procuro de lá.
O menino poeta/quero ver de perto./Quero ver de perto/para me ensinar/as bonitas coisas/do céu e do mar.

sábado, 10 de outubro de 2009

PRÊMIOS CIDADE DE MANAUS – VERGONHA DA CIDADE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor (Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Caros leitores, vocês lembram da minha crônica do dia 3, “Prêmios Cidade de Manaus – que fim levaram”? Pois telefonei nos dias 3 e 4 para falar com a Diretora da Fundação, senhora Lívia Regina (na verdade, liguei quatro vezes para lá), mas não consegui falar com ela, pois estava sempre ocupada ou não estava na casa e a pessoa que atendeu o telefone apenas informou que o Concurso Prêmios Cidade de Manaus está sendo reestruturado. Mas não consegui saber até quando ele vai ficar sendo reestruturado – está sendo reestruturado desde a mudança de governo da cidade? Isso faz quase um ano - ou quando a Prefeitura de Manaus dará uma solução, dizendo quando, finalmente, sairá o resultado. A moça que atendeu no 32153474 – telefone que achei no site da prefeitura, como sendo da Fundação de Cultura - ficou de passar meu telefone para a secretária da diretora para que ela me ligasse para dar informações, mas até hoje ninguém deu retorno. Já liguei de novo, mas a telefonista apenas disse que passou o recado e que passaria de novo.
A diretora da Fundação de Cultura, Lívia Regina Prado de Negreiro Mendes, colocou a sua palavra em jogo, em nome da Prefeitura que lançou o concurso, garantindo a continuidade do certame, mas a verdade é que ninguém diz nada a respeito.
O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, sabe deste descaso para com a cultura, que até o ano passado era levada tão a sério pela Prefeitura de Manaus? Ele concorda com essa irresponsabilidade de abandonar um concurso que foi organizado e lançado pela prefeitura, oficialmente, não interessa quem tenha sido o prefeito na época? Ele sabe que os Prêmios Cidade de Manaus tornou-se um dos principais concursos literários do país, revelador de talentos nas artes e na literatura?
Não quero crer que ele esteja compactuando com este absurdo. Creio que ele sabe o valor de um evento cultural de representatividade nacional como os Prêmios Cidade de Manaus e que a realização de um certame como este agrega valor tanto ao nome dele quanto ao nome da cidade.
Espero, veementemente, que este desrespeito para com os escritores que participaram desta quarta edição dos Prêmios Cidade de Manaus ainda possa ter um bom final, pois o compromisso de honra assumido pela prefeitura, ao lançar o concurso, publicando-o no Diário Oficial da cidade, ainda pode ser cumprido. Antes tarde do que nunca.
Espero que, mesmo atrasado, haja um resultado para esta última edição.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

MEUS SÓIS PARTICULARES

(para todas as crianças e também para as crianças que vivem nos adultos)

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Despontam em botão e desabrocham depressa, as minhas meninas-flores, os meus poemas morenos, plenos de juventude. É meu jardim florescendo, é a primavera da vida... Parece que foi ontem, quando chegaram, pequenas e lindas, luminosos raios de vida, primeiro Fernanda, depois Daniela. Chegou Fernanda, como chega a Esperança. Não uma esperança abstrata, mas concreta, com corpo, alma, coração, com olhos azuis, muito brilhantes, trazendo a luz, tão sonhada, o raio de sol cor-de-rosa pra iluminar meus caminhos... É chegada Fernanda, o futuro aqui, agora, a esperança esperada, meu pedaço que faltava.Veio com Fernanda a vida, alento, felicidade, poesia, tudo brotando das mãos pequeninas e faiscando dos olhos de luz.Toda ternura guardada jorrou então, destas mãos, ávidas, desajeitadas, num carinho demorado à cabeleira sedosa, negra negra de Fernanda.Assim chegava a Esperança, que chegava com Fernanda, no grito forte de vida, na luz azul dos seus olhos, nas suas mãos diminutas, a minha poesia-menina...E um ano depois, a vida se multiplica: nos pequenos olhos grandes, cinzentos e luminosos, nos tantos cabelos pretos, tão macios e brilhantes, nas pernas, braços e boca, impacientes, travessos: foi Daniela que chegou, trazendo mais vida pra gente. Vida no choro sonoroe no sorriso aprendiz. Vida no sono tranqüilo e sereno, um acalanto de paz.E o amor, a esperança e a vida se multiplicam, ao invés de dividir-se...E meus sóis foram crescendo, e meu caminho ganhando mais luzes e cores: eram os sorrisos sem dentes,(tão bonitos!), depois os dentinhos que apontavam, os risos encorpados, cristalinos, que me adentravam a alma.Quatro pezinhos indecisos, teimosos e travessos, ensaiando primeiros passos, que descompasso! Mas que beleza! E um ano se passou, e mais outro. Pouco tempo... Tanta vida...Uma palavra truncada, duas outras, tantas mais... Passos largos, corridas e disparadas. E aqueles olhos negros, aqueles outros azuis, tão brilhantes, de tão brilhantes ficaram claros, pequenos sóis de nós dois.Felicidade é sorriso, risos e gargalhadas, um ruído de criança. Dois pares de olhos brilhantes, dois pares de mãos pequeninas, quatro pernas rechonchudas, um ar de anjos-meninas. Felicidade é isso. É pressa de voltar logo, pois há Fernanda e há Daniela esperando, nossos sóis particulares...Braços, abraços, carinhos, sorrisos mil, risos tantos; olhos de jabuticaba, fontes de luz infinitas. Só podem ser minhas meninas.E célere corre o tempo. Tempo de festejar a vida, que com o tempo, corre célere, também.Se eu pudesse, teria parado o tempo, para ter minhas crianças sempre crianças. Mas agradeço a Deus pela ventura de ter me dado filhas que se tornaram adultos fantásticos, pessoas dignas e honestas, lindas na aparência e na alma. E elas continuam e continuarão a ser as minhas meninas-crianças, sempre e sempre.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ESCRITORES DE SC NA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

A organização da Feira do Livro de Porto Alegre, em correspondência dirigida às autoridades governamentais catarinenses no início deste ano, pergunta se Santa Catarina aceita ser o Estado homenageado na sua edição de 2009. Deram um prazo para a anuência, mas a correspondência não foi respondida em tempo hábil. Se não fosse uma crônica de Amílcar Neves, publicada no Diário Catarinense do dia 20 de maio deste ano, denunciando o descaso, o convite não seria aceito. Uma vez publicada a crônica, as “autoridades” da cultura oficial se dignaram aceitar o convite, por telefone, naquele mesmo dia.
Mas nada foi repassado à Câmara do Livro Catarinense, nem a nenhum escritor. No mês de setembro, finalmente, os grandes jornais do estado publicaram matéria sobre o assunto, divulgando os nomes de escritores catarinenses que comporão a comitiva que a Fundação Catarinense de Cultura levará à feira gaúcha, representando as letras do Estado.
Pelo menos o convite não foi esquecido mais uma vez e o Estado vai honrar a homenagem que lhe é feita. São dezesseis escritores nomeados. Um deles é o cronista que denunciou a falta de resposta do Estado ao convite, Amilcar Neves. Ele mereceu. E há outros nomes importantes, como Eliane Debus e Silveira de Souza, por exemplo. E escritores novos, como Clotilde Zingali. No entanto, não se sabe que critério foi usado para a escolha dos nomes que o Estado levará ao Rio Grande do Sul. Muitos nomes importantes, autores consagrados que levam a literatura catarinense além fronteiras, não foram convidados.
Os jornais publicaram, também, a nominata da equipe de intelectuais que definiu os escritores que comporiam a comitiva que vai representar as letras catarinenses no Rio Grande do Sul. Interessante que quase todos os nomes que compõe a comissão que escolheu os escritores também faz parte da comitiva que viajará, com exceção de Jayro Schmidt e Lauro Junkes. Os outros integrantes da comissão de “selecionadores”, Fábio Brugemann, Dennis Radunz, Marco Vasquez, Péricles Prade e Tânia Piacentini são da comissão de seleção e também são nomes da comitiva, selecionados para ir à Feira do Livro de Porto Alegre. Não é interessante?
Como bem disse uma das mais importantes escritores de Santa Catarina, Urda Alice Klueger, “Tem gente que está na lista e que, pelas minhas contas, absolutamente não representa a literatura catarinense, mas sim os fechadíssimos círculos do poder político (leia-se: o poder que traz vantagens econômicas para algumas pessoas) - quem decide que tais pessoas são os representantes literários de Santa Catarina? Queria muito entender algumas coisas!”
Pegou muito mal a Fundação Catarinense de Cultura formar uma comissão para a escolha de quem ia participar da Feira em Porto Alegre e deixar que eles escolhessem os próprios nomes. Esse era um dos critérios para seleção? Legislar em causa própria? Puxar a brasa para a própria sardinha? Isso depõe, inclusive, contra a escolha dos outros nomes, pois a comissão selecionadora coloca, assim, dúvidas quanto à imparcialidade e lisura que deveria ter.
Seria de bom tom que a FCC revelasse o critério usado para a escolha. Por uma questão de esclarecimento, de transparência, porque afinal de contas, nisso está envolvido também o dinheiro público.

domingo, 4 de outubro de 2009

COPA, OLIMPÍADA E IMPOSTOS

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Pois então. Nós, brasileiros, estamos muito felizes porque a Copa do Mundo de 2014 vai ser realizada no Brasil e as Olimpíadas de 2016 também. Para quem mora nos estados onde acontecerá a Copa, será ótimo, pois não será preciso arcar com dispendiosas viagens, serão pagos apenas os ingressos para os jogos. É uma grande oportunidade de ver tudo in loco, torcer pelo Brasil ao vivo e a cores. Para quem é do Rio, é a grande oportunidade de ver as Olimpíadas no local onde elas estão sendo realizadas, para pessoas que de outra maneira nunca poderiam fazer isso. Para quem não mora no Rio, mesmo assim os gastos com o deslocamento até a sede das Olimpíadas não seriam tão altos quanto se o evento fosse realizado em outro país longe daqui.
E para a realização desses megaeventos, os investimentos em urbanismo, mobilidade, hotelaria, segurança, etc., serão enormes. Importante, então, para que obras que até então não sairiam do papel, sejam finalmente realizadas. Sim, muita coisa que, se o Brasil não fosse a sede desses dois acontecimentos mundiais, não seriam levadas a efeito. Se o fossem, demoraria um tempo bem maior.
Mas – e não digam que sou pessimista, porque a verdade é essa, estamos no Brasil e os “políticos” que governam esse país são corruptos, a maioria deles – não esqueçamos nós, pobres mortais, trabalhadores e eleitores, que quem vai pagar a conta disso tudo somos nós. Não se iludam. Sem contar que muita coisa ficará pela metade, muito dinheiro destinado às melhorias será “desviado” e muita “maquiagem” será aplicada a custo de obra pronta. Nós pagaremos a conta, mesmo que nem tudo que porventura seja programado, licitado e pago para ser construído realmente o seja.
O “governo” brasileiro já anda cogitando de ressuscitar a CPMF, será que seria para subsidiar a saúde ou para cobrar a conta da reestruturação futura das cidades sedes dos megaeventos? Dúvida cruel, não?
Pior, estão tentando criar impostos novos, além daquele, como o imposto para o livro. A matéria sobre o Cide - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, com uma alíquota de 1% sobre o faturamento anual das editoras, distribuidoras e livrarias, que irá encarecer o livro ainda mais, pois a taxa será repassada para o consumidor, está para ser votada.
Aliás, o governo Lula justifica a retomada da proposta de quatro anos atrás, alegando que a receita gerada pela Cide irá para um Fundo Pró-Leitura, que será constituído com quatro objetivos - todos embalados numa retórica politicamente correta: "democratização do acesso; fomento à leitura e formação de mediadores; valorização de leitura e comunicação; desenvolvimento da economia do livro". Sabemos como esses objetivos serão cumpridos, como já aconteceu com a CPMF, que não teve nenhum centavo aplicado na Saúde, que era o objetivo daquela taxa.
Desses “objetivos”, muito nobres, se fossem realmente concretizados, um é, pelo menos, redundante: “formação de mediadores”.
“Quem serão esses "mediadores" de leitura? De que modo serão escolhidos? Em que medida isso não pode levar a um festival de contratações de "companheiros"? Acima de tudo, o que garante que os "mediadores" sejam mais eficientes do que os professores de ensino básico e como evitar que convertam seu trabalho em mero proselitismo partidário-ideológico?” (oes)
Pois é, tudo para consumir mais dinheiro público, sem garantia nenhuma de que isso reverterá em favor do cidadão comum, que paga a imensa carga de impostos que, por sua vez, se converte na cornucópia de onde os senhores políticos tiram tanto dinheiro para gastar impunemente.
Se, de qualquer maneira vamos pagar as obras de melhoria das nossas grandes cidades para a realização da Copa e da Olimpíada, além da parte que será superfaturada e “desviada”, que essas obras sejam feitas para durarem além desses grandes eventos. Que os cidadãos dessas cidades sejam beneficiados não só com os jogos, que terão que pagar para assistir, apesar de financiar tudo.
O que não foi bem o que aconteceu quando dos Jogos Panamericanos, ou foi?

sábado, 3 de outubro de 2009

PRÊMIOS CIDADE DE MANAUS – QUE FIM LEVARAM?

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

A quarta edição (2009) dos Prêmios Cidade de Manaus, um dos mais importantes concursos literários do Brasil, foi lançada em dezembro de 2008, inclusive com publicação do regulamento no Diário Oficial de Manaus.
Os prêmios seriam atribuídos, como nas edições anteriores, nas seguintes categorias: melhor romance ou novela; melhor livro de contos; melhor livro de poesia; melhor livro de crônicas; melhor texto teatral para adultos; melhor texto de teatro infantil; melhor livro de ensaio socioeconômico; melhor ensaio sobre tradições populares (folclore); melhor ensaio histórico; melhor ensaio sobre literatura (Letras); melhor ensaio sobre artes-plásticas; melhor ensaio sobre cinema; melhor livro de memória; melhor ensaio sobre dança; melhor texto de jornalismo literário; melhor livro de Literatura Infantil.Os prêmios, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) seriam conferidos a cada uma das categorias acima citadas, ficando, ainda, as obras premiadas inscritas no programa editorial do Conselho Municipal de Cultura para publicação, até a concessão da premiação subsequente. As inscrições ficaram abertas até abril de 2009 e o regulamento anunciava que o resultado seria publicado no dia 1º de outubro de 2009 no Diário Oficial de Manaus. Hoje é dia 3 e em nenhum das edições do Diário Oficial da cidade existe qualquer menção ao concurso Prêmio Cidade de Manaus. Telefonei, no dia 2, ontem, para a Prefeitura de Manaus e tentei falar com a Secretaria de Cultura ou com a Fundação Municipal de Cultura, mas falei com três pessoas e ninguém soube me dar qualquer informação. Vou tentar, ainda, falar com a Diretora da Fundação, que em janeiro publicou o seguinte comunicado à imprensa e aos vencedores dos Prêmios Cidade de Manaus: “Em face da mudança na Prefeitura Municipal de Manaus, advinda das últimas eleições em 2008, comunicamos que a atual diretoria do Conselho Gestor do Fundo Municipal de Cultura descompatibilizou-se colocando todos os cargos à disposição da nova administração. Contudo, a continuidade da premiação e a devida publicação das obras vencedoras serão honradas pela atual secretária de cultura Lívia Regina do Prado Negreiros Mendes. Comunicamos ainda, aos interessados, que as inscrições para a quarta versão dos Prêmios Literários Cidade de Manaus, já estão abertas desde o dia 03 de dezembro através de edital publicado no Diário Oficial do Município, com prazo se estendendo até o dia 30 de abril de 2009.As inscrições devem ser feitas no horário das 8 às 16:00 h, ou através dos Correios, seguindo o que está disposto no edital. Secretaria Municipal de Cultura - Prêmios Literários Cidade de ManausAv. Sete de setembro, 384 - 69.005-140 MANAUS AM - Telefone para informação: (92) 3215-3458E-mail: liviareginanegreiros@hotmail.com
Quem sabe ela, a diretora da Fundação de Cultura, Lívia Regina Prado de Negreiro Mendes, que colocou a sua palavra em jogo, garantindo a continuidade do certame, possa esclarecer o que houve.
É incrível que ninguém na prefeitura que promove o concurso soubesse dar uma informação, inclusive na própria Fundação de Cultura. Alguns nem sequer sabiam que o concurso existia.
E é um desrespeito para com os escritores que participaram desta edição dos Prêmios Cidade de Manaus, que parece ter sido abandonado, mesmo com o compromisso de honra assumido pela prefeitura, ao lançar o concurso, publicando-o no Diário Oficial da cidade.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

LITERARTE DE OUTUBRO NO AR

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Já está no ar, no portal PROSA, POESIA & CIA. do Grupo Literário A ILHA - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br , a edição de OUTUBRO da revista eletrônica de cultura e literatura LITERARTE, com matérias como
- "Trinados de Amor", sobre o lançamento do novo livro de Urda Alice Klueger
- "E a primavera chegou..."
- "16ª Festa da Cultura Açoriana"
- "Presente para o Dia da Criança"
- "Bailarinos Especiais", sobre a Mostra de Dança do Cefid
- "Nascentes - Viagem à nascente da Língua Portuguesa", texto de Emanuel Medeiros Vieira
- "O Menino Poeta"
- "Café Literário"
- "Imposto para o Livro"
- "Resultado do Prêmio Jabuti 2009"

E mais poemas em homenagem ao Dia da Criança, de Aracely Braz, Laura B. Martins e Luiz C. Amorim. Também poemas sobre outros temas de Jurandir Schmidt e Valéria Eik.

Veja também no portal PROSA, POESIA & CIA, a revista Suplemento Literário A ILHA e as seções "Grandes Mestres da Poesia", "Livros on-line", "Literatura Infantil", "Escritores de Santa Catarina", 'Literatura para o Vestibular", "Entrevistas com Escritores", "Artigos sobre Literatura", e as antologias "Todos os Poetas", 'O Tema do Poema", "FEira de Contos", "Crônica da Semana", abertas à participação dos visitantes.