COMENTE

Sua opinião é importante. Comente, critique, sugira, participe da discussão.



segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

COMPRANDO LIVROS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Participando da Feira do Livro de Florianópolis, perto do Natal, ouvi coisas, digamos boatos, que conseguiram me deixar estarrecido. Já não me surpreendo com algumas coisas que a “cultura oficial” faz acontecer por aqui, mas indignado não há como não ficar. Gostaria de pensar que são apenas boatos, mas não tenho mais essa ilusão. Aquele chavão que diz que “onde há fumaça há fogo” infelizmente se aplica por aqui.
Vocês se lembram do edital para compra de livros, pelo Estado – que escolheu 300 exemplares de dez livros de autores catarinenses para distribuição, pela FCC, às bibliotecas municipais catarinenses? O autor, para concorrer no edital, precisava juntar 9 (nove) exemplares de sua obra à inscrição. No regulamento do edital constava que esses livros seriam incorporados ao acervo da Biblioteca Pública do Estado. Foram 172 livros inscritos, o que dá um total de 1.548 livros. Só que os livros ainda não foram entregues à Biblioteca Pública, passados meses do resultado do edital. Pior: uma amiga gaúcha afirma ter visto, no stand de Santa Catarina, na Feira do Livro de Porto Alegre, um livro de autor catarinense que foi inscrito para o edital. Só que ele não foi à feira do livro gaúcha e não encaminhou nenhum exemplar. O stand onde a leitora gaúcha teria visto a obra inscrita no edital era da Fundação Catarinense de Cultura, a promotora da seleção dos livros.
Mas tem mais: ouvi, em dezembro, em plena feira do livro de Floripa, que a FCC teria cogitado de colocar à venda, no stand da FCC da edição daquele evento, alguns dos livros inscritos no edital de seleção dos 10 livros de autores catarinenses promovido por ela, livros que devem ser destinados à Biblioteca Pública Estadual. Nem fui conferir no stand da FCC e nem sei se havia stand da FCC naquela feira, tão indignado fiquei.
E, para completar, soube que o Estado está comprando mais centenas de milhares de livros para distribuição às escolas. Não sei se isso é bom ou mal. Já aconteceram umas três compras milionárias de livros pelo Estado, uma delas aquela do livro do Tezza selecionado para o Vestibular, que foi considerado impróprio para os alunos do segundo grau e, por isso, recolhido. Posteriormente foi distribuído às centenas para as bibliotecas municipais. Centro e trinta mil exemplares do mesmo livro para duzentas e poucas bibliotecas dá muito livro igual para uma mesma biblioteca, não é mesmo?
E houve, ainda a compra de milhares de exemplares de uma caixa com 12 livros, no ano passado, se não me engano. Agora o boato de que estariam sendo comprados milhares de exemplares de alguns livros que não consegui saber quais são.
É interessante como essa Secretaria de Estado da Cultura aqui de Santa Catarina tem tanto dinheiro e como essas compras milionárias são autorizadas e feitas sem nenhuma divulgação, sem nenhuma prestação de contas.
Como disse no início, gostaria que tudo fosse apenas boato.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

OLHAR E VER


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Voltando de Corupá, no norte da nossa Santa e bela Catarina, numa manhã luminosa deste final de dezembro, não pude deixar de agradecer ao Criador por meus olhos míopes. Vendo a profusão – eu diria um festival – de jacatirões floridos colorindo as matas dos dois lados da BR 101, da BR 280, da SC 413 (e tantas outras que cortam o estado), dei-me conta do valor dos meus olhos, mesmo que já estejam gastos pelo tempo, que já não sejam mais tão eficientes, que eu tenha que usar óculos.
Não me imagino sem poder enxergar esse espetáculo vivo que a Mãe Natureza nos oferece, essa festa de cores e luzes que a generosidade dessa árvore majestosa que é o jacatirão nos proporciona.
Tenho quase certeza de que o Criador escolheu a flor do jacatirão para enfeitar a nossa velha Terra para a chegada do seu filho a este mundo. E é tão pródiga essa beleza que Ele nos legou, que outras árvores esplendorosas como o flamboiã juntam-se ao jacatirão, nesta época de Natal e de ano novo chegando, para colorir ainda mais as nossas matas, nossos caminhos, nossos jardins e nossas casas.
Então agradeço, todos os dias, por meus olhos que podem olhar e ver essa natureza de beleza incomensurável. Por que não basta apenas poder olhar, é preciso olhar e ver.
Você, leitor do norte de Santa Catarina, olhe pela janela de casa, pela janela do carro, olhe para os lados quando estiver caminhando, que você certamente vai ver, nem que seja ao longe, uma mancha vermelha no verde da mata ou simplesmente à beira do caminho. São os jacatirões. Olhe e veja. Mais de perto, é um degradé que vai do branco até o vinho. E lembre que aquela é uma mensagem pejada de votos de Feliz Natal e de um Ano Novo Próspero, de um Menino Eterno que está nascendo mais uma vez e de seu pai, que ainda acredita em nós.

sábado, 12 de dezembro de 2009

ÁRVORES DE NATAL


Por Luiz Carlos Amorim - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Estávamos no inverno, mas sempre que saía de casa, para ir ao trabalho, à academia, à aula de inglês, ao supermercado, ou simplesmente para caminhar, encontrava no caminho, em algum jardim ou esquina, um pé de jacatirão. Eu já disse que era inverno? Pois é, e lá estavam elas, pequenas mas majestosas, às vezes nem tão pequenas, cobertas de flores de pétalas coloridas em tons que vão desde o branco até o vermelho.
Fiquei maravilhado com o fato de poder vê-las – as flores de jacatirão – em junho, julho, quando o frio do inverno não é propício a uma flor que eu reputava ser de um tempo mais quente.
Eu estava acostumado a tê-las a partir de outubro, na primavera e no verão. No norte e nordeste de Santa Catarina, as matas, as florestas, as encostas ficam tingidas de vermelho, lilás e branco, num espetáculo grandioso, numa deslumbrante festa de cores.
E esta encantadora e inigualável performance da natureza começa em meados da primavera, indo até o auge do verão, enfeite natural de nossas árvores de Natal, a explosão de cores para festejar a chegada dos novos anos.
Em janeiro, quando as flores estão acabando em Santa Catarina, recomeça o espetáculo no Paraná, em São Paulo e pelo Brasil afora, beleza que pode ser vista por todos que passam pela BR 101 e outras rodovias.
Por volta de abril, perto da Páscoa, as flores de jacatirão florescem no interior de Santa Catarina, mais ao sul, e também no Rio Grande ao Sul. Por isso, os pés de jacatirão têm também o nome de Quaresmeira: em alguns estados – e eu não vou enumerar, pois são muitos – os jacatirões florescem na quaresma, substituindo o verde das matas pelas cores das suas pétalas, pelos nossos outonos afora.
É uma flor de todas as estações e é uma árvore das mais belas, só se comparando à luminosidade de um ipê florido, quando todas as suas folhas desaparecem para dar lugar às pétalas amarelas.
A diferença é que esperamos a visão fantástica de um ipê faiscando luz dourada por um ano e só podemos ver este espetáculo por uma semana. Os pés de jacatirão, no entanto, florescem durante meses, são mais humildes, mas mais generosos, mais numerosos, mais freqüentes. Mais numerosos até que as azaléias, que também florescem no inverno, em julho, fechando de flores vermelhas, brancas ou rosas suas touceiras. Até porque a azaléia é cultivada nos jardins, enquanto os jacatirões, apesar de existirem, em sua versão híbrida, em muitos jardins – aqueles que florescem nos tempos frios – nascem e crescem livres pela natureza.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

PUBLICAÇÕES LITERÁRIAS ALTERNATIVAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Recebi de uma amiga brasileira que vive no exterior, uma apreciação de quem está vendo de fora o panorama das publicações literárias e culturais no Brasil. Ela percebe que as revistas e jornais alternativos, publicados por pessoas ou grupos ligados à cultura, mas que não têm nenhum apoio da “cultura oficial”, são na verdade aqueles que dão impulso ao desenvolvimento da literatura brasileira.
Sempre defendemos essa idéia, de que é através das publicações alternativas, de grupos alternativos, que muitos autores de talento são revelados. Houve época em que existiram muito mais páginas culturais e suplementos literários nos grandes jornais, isto é: havia muito mais espaço para a literatura nos meios de comunicação em massa. Além dos jornais, existiram bons programas na televisão, programas de rádio onde se declamavam poemas, etc. O tempo foi passando e as páginas foram sumindo, os suplementos foram rareando e o que perdurou, mesmo, foram as publicações alternativas. Até os jornais culturais das imprensas oficiais dos estados sumiram, mesmo sendo custeados com recursos públicos e publicando normalmente os mesmos autores, quase sempre ligados à “cultura oficial”.
Então aplaudo o trabalho da escritora Teresinka Pereira sobre escritores, poetas, artistas e editores alternativos do Brasil, pois é um reconhecimento que eles merecem, por manter espaços valiosos em prol da divulgação do novo que aparece na arte literária.
Apesar de viver nos Estados Unidos há vários anos, ela mantém contato com grande número de agitadores culturais deste nosso imenso Brasil e sabe o que está acontecendo. E olhar de fora, ter uma vista panorâmica do cenário literário brasileiro estando longe, apenas observando as manifestações culturais, vendo com lucidez e reconhecendo o trabalho desses “heróis na batalha contra a ignorância, a inaptidão e a indiferença da política do governo” é, no mínimo, meritório.
Ela reconhece o valor destes abnegados e faz uma lista das publicações brasileiras existentes, num trabalho completo, dando, inclusive os endereços.
Transcrevo um trecho do artigo da escritora, com o qual não é preciso dizer mais nada: “Aos leitores de colunas literárias, dos suplementos e das revistas que contém poesia e artigos de literatura, não é necessário lembrar a importância dos mesmos. Embora nos países capitalistas sempre se fale de liberdade de imprensa e de pensamento, o que vemos é sempre o contrário do que dizem. O governo não faz investimentos na literatura porque diz que os escritores sempre pertencem à esquerda radical ou são anarquistas e usam a pena para falar mal dos políticos eleitos. E mesmo que assim não fosse, não há ajuda para publicações literárias.”

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

LIVROS SEM CUSTO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Uma lei que visa gerar oportunidade de publicação de obras para escritores catarinenses em geral, que não têm condições de custear a edição do próprio livro, que visa também fomentar ações de incentivo à cultura e à literatura foi aprovada, recentemente, pela Assembléia Legislativa. Falta ser sancionada pela governador, ainda, o que se espera que aconteça brevemente.
Trata-se do Programa 100 Cópias, Sem Custo, projeto que é muito bem recebido pela classe literária catarinense. O programa autoriza a Imprensa Oficial de Santa Catarina a publicar obras de autores catarinenses. Mas não é apenas e simplesmente isso. A primeira edição, os cem primeiros exemplares impressos de obra avaliada e aprovada sairão de graça para o autor. Cada escritor terá direito de imprimir gratuitamente as cem primeiras cópias do seu livro.
A avaliação do material enviado para a IOESC a fim de ser publicado será realizada por um Conselho Editorial vinculado à Secretaria de Administração do Estado, composto por representantes das secretarias de Administração, de Turismo, Cultura e Esportes, da Fundação Catarinense de Cultura e por um representante do Conselho Estadual de Cultura.
A idéia do projeto é ótima, promete dar oportunidades aos autores catarinenses que não conseguem editora para publicar suas obras, nem apoio cultural oficial ou de empresas privadas. Não está vigorando ainda, mas depois de ser sancionada, espera-se que seja cumprida e não aconteça o que aconteceu com a Lei Grando, que ficou sem ser cumprida por quase vinte anos.
E, importante, se ela vigorar e for cumprida, que dê oportunidade para os novos talentos das letras catarinenses.
E esperemos que o Conselho Editorial que vai selecionar as obras não seja composto pelas mesmas figuras que escolheram os livros do primeiro edital da Lei Grando, em 2009, ou da comissão que escolheu a si mesma para o Estado levar à Feira do Livro de Porto Alegre. Entre outras coisas.
Esperemos que funcione.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

QUINTANA, AS BORBOLETAS E NÓS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Numa Feira de Rua do Livro de Florianópolis, há algum tempo, encontrei lançando um livro dela, a terceira edição do infanto-juvenil “A Vitória de Vitória”, a minha amiga escritora Urda Alice Klueger, uma das maiores representantes da literatura catarinense, romancista e cronista de sucesso comprovado.
Estávamos autografando nossos livros no mesmo horário, embora em estandes diferentes. O livro de Urda é uma bem sucedida incursão dela no gênero infanto-juvenil, ela que tem vários romances publicados, alguns já considerados clássicos da literatura de nosso estado, como “Verde Vale”, “No Tempo das Tangerinas”, “Cruzeiros do Sul”. O meu era um volume de crônicas, “Saudades de Quintana”, uma homenagem ao poeta maior, pela passagem do centenário do seu nascimento.
Até aí, nada em comum. O que descobrimos, uma tremenda coincidência, é que uma máxima de Quintana, que eu usei na página de dedicatória do meu livro em lançamento foi exatamente a mesma que Urda usou na referência de uma crônica belíssima, como citação, lá embaixo do título, antes de começar o texto. A crônica era inédita, recém escrita, e ela a tinha na bolsa, ainda manuscrita. Queria lê-la para nós em primeiríssima mão e o fez em plena efervescência da feira do livro. A máxima de Quintana que nós dois usamos é esta: “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim, para que elas venham até você...”
A crônica de Urda, linda, cheia de poesia como só Urda sabe fazer uma prosa, falando de borboletas, de amor, de jardim e de flores, de emoções e sentimentos, vocês já devem ter lido, provavelmente, que ela foi publicada em vários lugares.
Mas nada é igual a ouvir na própria voz da autora uma das melhores crônicas que ela já escreveu. É um privilégio único, que não posso dividir com vocês, infelizmente, ouvir a interpretação do texto pela própria autora, impregnada de emoção e de paixão. Apenas Eliane Debus e Eloí Bocheco, que estavam conosco, naquele momento é que também puderam usufruir.
O poeta está no andar de cima, poetando em companhia de Coralina, Pessoa, Cruz e Sousa, mas continua vivo aqui, através da sua poesia, emocionando e inspirando a todos nós.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"A SÉTIMA CAVERNA"


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

O escritor Harry Wiese, integrante do Grupo Literário A ILHA, foi um dos destaques apontados pela Academia Catarinense de Letras, pelo seu livro "A Sétima Caverna", na categoria romance. A ACL premia, todos os finais de ano, os destaques culturais nas categorias conto, poesia, romance, crônica, ensaio e história e dá o Prêmio Othon Gama D´Eça a uma pessoa ou entidade.
Eu li o romance logo que ele foi publicado pela Editora Hemisfério Sul, no início do ano e a obra realmente merece o destaque.
Isso me remete – não posso evitar - ao edital da Fundação Catarinense de Cultura, em meados do ano, para selecionar dez livros de escritores catarinenses para comprá-los e distribuí-los às bibliotecas municipais de todo o Estado. Por que será que, sendo um dos melhores livros publicados nos últimos tempos, ele não foi selecionado? Ele estava inscrito...
Mas a verdade é que foi muito bom constatar uma boa surpresa literária, quando acabei de ler "A Sétima Caverna", romance de Harry Wiese, de Ibirama. O livro é muito bom, é original e prende a leitor do começo ao fim. O autor, também poeta e contista, nos presenteia com um menino apaixonado por livros e por natureza que, desde muito pequeno, queria ser cientista. Esse menino conta a sua fantástica história vivida em Getúlio Vargas, bem no interior, ao lado da Mata dos Bugres e ao pé da Serra do Mirador, seus santuários ecológicos. Pois foi na Serra Mirador que ele descobriu a Sétima Caverna, o fim de um mistério que começou com uma história de amor como nunca se viu antes, parodiando o menino protagonista.
É muito interessante o fato de o autor construir um romance de fôlego com tão poucos personagens, num cenário quase único e ao mesmo tempo conseguindo ser tão denso. As personagens são fantásticas. O menino, o artesão, o cachorro Fidélis, que rouba a cena em algumas partes do romance, me conquistaram de imediato. Que animal fantástico e que trajetória espetacular a de Fidélis. Assim como a história de confronto do homem branco com o índio, com uma música de violino de fundo. Triste e bela.
Foi um verdadeiro e grande prazer ler "A Sétima Caverna". O respeito à natureza e à vida, seja do ser humano ou dos animais são constantes nesta obra. A sensibilidade do autor nos remete a um universo mágico que se espalha por toda a mata e pela serra, surpreendendo o leitor a cada capítulo.
É o primeiro romance de Harry, que já era experiente prosador como contista, mas ele revela, em “A Sétima Caverna”, um grande domínio da narração mais longa, da criatividade e da imaginação. Sua história é um hino de amor à natureza e aos índios, que nos legaram essa nossa terra, e à vida.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

LIVRO & CONTEÚDO

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Um amigo escritor comentava comigo, outro dia, sobre a sua decepção com feiras, bienais e lançamentos: publica-se muito, mas a qualidade de grande parte dos livros é mínima. Divulga-se quantidades cada vez maiores de livros vendidos nos grandes eventos, mas a parcela maior dessas vendas é de livros infantis, vendidos a um, dois ou três reais, sem se levar em conta que muitos desses livros para crianças são aquelas fábulas tradicionais que já não exigem o pagamento ao autor (direitos autorais).
Outro tipo de livro que se vende muito em feiras e bienais são os esotéricos, de auto-ajuda e até os religiosos. Aliás, descobriu-se, há poucos anos, uma fórmula que é sucesso garantido: combinar fotos, de preferência de animais e crianças, com máximas, pensamentos, ditados populares e/ou citações. Os livros deste tipo vendem como água.
Livros literários parecem ser os que menos vendem. A não ser os de autores consagrados. E a oferta é grande. Há um sem número de livros de autores novos sendo lançados todos os anos e o gênero mais praticado é a poesia. Em menor escala existem também o romance, a crônica, o conto, o ensaio. Mas o conteúdo dessas obras nem sempre vale o que se paga por elas. A poesia nem sempre é poesia – há casos em que é apenas prosa colocada em forma de verso – e ruim. Outras vezes há a pretensão de que para se fazer poesia deve-se usar a rima e aí o resultado é desastroso, pois a rima pobre, com um tema mal desenvolvido e um mau domínio da palavra não pode ajudar em nada, pelo contrário. Há, ainda, aqueles que acham que empregar palavras “difíceis”, substituir palavras comuns e inteligíveis por palavras fora de uso, resulta em maior qualidade do seu texto. Este último caso existe tanto na poesia como na prosa, para desgraça dos leitores.
Em se falando do livro literário, o gênero mais popular, mais lido, é o romance, até porque tem mais representatividade, digamos que é tido como padrão, com autores consagrados que vendem pelo próprio nome. E também é um gênero que produz muitos títulos novos todo ano. Como as grandes editoras dificilmente publicam obras de escritores novos, muita coisa sai como edição do próprio autor. E aí reside um grande problema, que é a seleção, a avaliação apropriada para se saber se esta ou aquela obra está pronta para ser publicada, se vai agradar a um mínimo de leitores. Não que as editoras também não cometam erros, pois há livros com o selo de casas publicadoras conhecidas, que pecam por falta de qualidade no conteúdo.
Quando se faz uma edição própria nem sempre o autor entrega os originais para um bom revisor, talvez por inexperiência ou até por segurança em excesso. E isto é fundamental. Também é preciso que os originais sejam lidos por pessoas habilitadas a dar opinião sobre a qualidade do texto, sobre o estilo, linguagem, enredo, se eles estão de acordo ou não.
Porque se não fizermos isso, corremos o risco de gastar dinheiro com a publicação de uma obra que não está madura o suficiente para ir a público. E é o que tem acontecido, e muito, não só nas edições próprias como também nas editoras ligadas ao poder público ou à política. Publica-se “obras” deste ou daquele figurão apenas para engordar currículo, gastando o dinheiro do contribuinte com coisas ruins.Existem também obras de contos e crônicas de autores que talvez precisassem ler mais e praticar muito mais a sua escritura para selecionar textos que pudessem compor um livro. Sei bem como é porque já cometi este erro. Meu primeiro livro de contos eu nunca teria publicado, se tivesse esperado um pouquinho mais.
Mais do que nunca, temos que saber escolher o que ler. Infelizmente, só poderemos ter opinião formada sobre um livro depois de lê-lo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

FEIRA DO LIVRO DE NATAL

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

A Câmara Catarinense do Livro divulgou, no último final de semana, a realização da 24ª Feira do Livro de Florianópolis, a acontecer de 9 a 20 de dezembro, no Largo da Alfândega, pertinho do Mercado Municipal. É uma feira especial de Natal e além dos livros para a gente se presentear e dar de presente, haverá atrações paralelas, como apresentações de corais, de Boi-de-Mamão, folclore tradicional da região, de Jazz, de Ternos de Reis e grupo de flautistas.
A Câmara Catarinense do Livro havia colocado dúvida, no ano passado, quanto à continuidade da realização de duas feiras do livro por ano, mas a verdade é que, apesar da sentida ausência de grandes nomes da literatura para abrilhantar o evento, esta é segunda edição da feira este ano.
Nos anos anteriores, a Câmara sempre disponibilizou um estande para os escritores catarinenses colocarem seus livros à venda e realizar sessões de autógrafos, sem que aqueles que usufruíam do espaço tivessem que pagar qualquer taxa à anfitriã. Na primeira feira deste ano, o estande para os escritores catarinenses foi disponibilizado, mas foi cobrado uma taxa de cada um que fez uso do espaço.
No comunicado da Câmara aos escritores, convidando para participação na feira, ela apenas disponibiliza o estande Escritores Catarinenses, mas não fala em cobrança.
Vamos ver como vai ser.
O Grupo A ILHA estará participando, como sempre. No dia 19, das 16 as 18 horas, estaremos fazendo o lançamento do novo livro de crônicas “Aphrodite e as Cerejeiras Japonesas”, a nova edição revista e ampliada do Livro de Natal e a edição 111, especial de Natal, da revista Suplemento Literário A ILHA.

domingo, 29 de novembro de 2009

CORUPÁ E A HIDRELÉTRICA




Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Existe um projeto de criação de uma PCH – Pequena Central Hidroelétrica em Corupá, no Rio Bruaca, antes da cachoeira do mesmo nome, aquela que a gente vê quando está chegando na cidade. Acontece que, apesar da promessa de que os impactos ambientais serão pequenos, eles existirão. E não é só isso. A Cachoeira da Bruaca, uma das mais belas de Corupá, terá seu volume de água diminuído, pois parte dele será desviado para a hidroelétrica.
O projeto já foi apresentado para as lideranças políticas da cidade e à comunidade, em setembro e os estudos dos impactos ambientais estavam sendo realizados, com conclusão prevista para outubro. Com o relatório desses estudos, será realizada uma audiência pública, em fevereiro ou março, para aprovação ou não do projeto. Caso aprovado, a construção da hidroelétrica no Rio Bruaca será iniciada em outubro de 2010, com duração prevista de oito meses.
A defesa da empresa que administrará a PCH Corupá é de que o município aumentará a receita em trezentos e quarenta e três mil reais e que Corupá deixará de ser ponta de linha do fornecimento de energia, evitando, assim, quedas de energia e apagões.
E esses apagões são tão constantes assim em Corupá? Como será feita a comercialização gerada na pequena hidroelétrica? Essa energia estará disponível para consumo da cidade? Como seria feita essa integração para fornecimento entre a Celesc e da PCH?
Essas são algumas das perguntas de pobres mortais leigos no assunto, que não foram respondidas ainda, pois o relatório de impactos ambientais não está disponível.
E o patrimônio ecológico e natural da cidade, do qual faz parte a Cachoeira da Bruaca, a primeira de dezenas delas que todos podemos ver quando estamos chegando à cidade – quem vem do sul – e que terá o volume de água diminuído? O impacto ambiental que essas mudanças causarão, valerá a pena?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

LIVRO & LEITOR

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor -Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Num desses programas que mostram costumes e tradições singulares de países vários, vi uma prática que me chamou a atenção. Num país distante – não me perguntem qual, pois infelizmente não lembro – chás de bebês têm um detalhezinho diferente daquele que conhecemos e praticamos aqui no Brasil. As pessoas convidadas que comparecem ao chá dão de presente para o bebê que está para nascer e para os pais – adivinhem o quê? Livros! Isso mesmo: os convidados dão livros de presente, livros que representaram muito na vida de quem os está dando, aqueles considerados os melhores e mais importantes, e que poderão acrescentar algo à vida da criança que está chegando. Não é fantástico?Ao invés de levar apenas um pacote de fraldas, uma roupa, um brinquedo – que serão consumidos rapidamente – dá-se um presente para a vida inteira.No Brasil, um grupo de pessoas reúne livros – pede doação, recolhe-os aqui e acolá – e junta obras de vários gêneros para sair à rua, de madrugada, e distribuir àqueles que trabalham à noite ou moram na rua.São idéias geniais para incentivar a leitura, começar a formação de novos leitores e, conseqüentemente, tornar mais fácil o acesso ao conhecimento e à viagem nas asas da fantasia e da imaginação.Eu ousaria sonhar mais, espichar essas boas idéias, apanhando crianças nas periferias das nossas cidades, das áreas mais carentes, onde nem as escolas têm bibliotecas, para levá-las a conhecer e freqüentar uma verdadeira biblioteca. É certo que seria muito melhor levar a biblioteca até elas, e já fiz isso – levei livros meus, do meu acervo particular e também os muitos livros infantis e infanto-juvenis e os didáticos das minhas filhas que já cresceram, - para iniciar bibliotecas em escolas do interior, onde elas não existiam. Mas enquanto as bibliotecas não são realidade em todos os lugares onde há crianças estudando, há a necessidade de que alguns de nós leve essas crianças até onde existam livros para que elas possam usufruir deles.As idéias são boas, tanto a de doarmos os livros que temos em casa e que ninguém abre, para iniciar uma biblioteca numa escola que não a tem, como levar as crianças que não têm acesso aos livros até onde eles estão. O que é preciso para melhorá-las, é colocá-las em execução, como aquele pessoal pioneiro, que de dia pede livros a quem quiser doá-los e de madrugada os leva para aquelas pessoas que trabalham à noite ou que vivem nas ruas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O SOM DA POESIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Sempre gostei de ouvir alguém declamar um poema - alguém que saiba fazê-lo. Há muita diferença em ouvir alguém ler um poema e ouvir alguém declamar um poema. A leitura, pura e simples, quase sempre deprecia o poema, não lhe faz jus. Ao contrário, uma declamação bem feita, apropriada, valoriza o poema.
Infelizmente, a arte da declamação é cada vez menos praticada. A arte de saber dizer um poema é cada vez mais restrita a uns poucos privilegiados e é uma coisa que não há onde aprender. Não existem cursos, é uma qualidade nata, que algumas pessoas têm. Eles só precisam ser descobertos, precisam ter oportunidade de desenvolver o seu talento.
Temos muita necessidade de que existam pessoas que saibam dizer poemas, que saibam recriar a emoção e a sensibilidade que o poeta imprimiu em seus versos, arrancar todo o significado das palavras.
Porque eles são muito poucos, nos dias atuais, em que tanto precisamos de um pouco de poesia em nossas vidas. Eles existem, mas são poucos.
Tenho alguns amigos comunicadores que trabalham no rádio, que sabem declamar poesia, pois já o fizeram em seus programas. Eles dão vida aos poemas de poetas consagrados, mas também dão espaço ao trabalho de poetas novos como nós. Declamar é um dom. Acho que quem tem esse dom é abençoado, por conseguir dar som e significado aos nossos versos, por conseguir fazê-los encontrar o caminho que os leva direto ao coração de quem ama a poesia.
Por tudo isso, reputo de grande importância o concurso anual de declamação que existe em Jaraguá do Sul, cidade ao norte de Santa Catarina, pois ele faz com que pessoas que têm esse dom sejam reveladas e sua arte possa chegar até nós. Sempre no mês de julho, em pleno frio do inverno, os jaraguaenses ganham o calor do som e da força da poesia. Há também outros eventos em que a declamação tem relevante importância, quando não se reduz apenas à leitura do poema: no saraus, que voltaram à voga em Santa Catarina, em São Paulo, no Paraná e outros estados. Também nas Feiras de Arte, como em Joinville, onde existia o “Palco da Liberdade” e os poetas podiam subir lá e dizer os seus poemas ou de outrem – talvez não declamar, mas pelo menos lê-los. E é assim, havendo oportunidade, que surgem os bons declamadores.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

AS LIVRARIAS TRADICIONAIS E AS NOVAS LIVRARIAS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Assisti, novamente, ao filme “Mensagem para você”, uma comédia leve, divertida, quase verossímil. Não que seja um grande filme, mas ele mostra, como cenário do romance das personagens principais, a ascensão de uma livraria e a queda de outra.
Há duas cenas marcantes no filme, pelo menos para mim. A primeira é a visão da livraria tradicional, com dezenas de anos de existência naquele lugar, vazia, no apagar das luzes, no cerrar das portas, depois de ter sido esmagada pela mega-store dos livros que fora inaugurada perto dela. A livraria, com as prateleiras vazias, deserta, apenas com a dona olhando em derredor, relembrando os bons tempos quando vendiam livros para toda a comunidade, é de uma solidão e uma tristeza infinitas. Quase comparável à incomensurável solidão do menino robô de “Inteligência Artificial”.
A outra cena é o oposto da primeira: a dona da livraria tradicional, que tivera a sua casa fechada, visitando a mega-livraria que roubara seus clientes-leitores. Passeando pela seção de livros infantis, ela viu crianças, muitas crianças, algumas de pé nas prateleiras, outras sentadas às mesas, outras sentadas pelo chão, todas folheando livros. A visão daquelas crianças em meio àquela imensidão de livros parecia quase redimir a super-livraria de ter causado a sua queda.
Essas duas imagens me chamaram a atenção por serem antagônicas e ao mesmo tempo semelhantes. Explico: a livraria tradicional, aquela que conhecia todos os clientes, a família desses clientes, vendia os livros para todos da família, desde a criança menor, começando com o livro infantil, praticamente sem texto, contando histórias quase que apenas com ilustrações, passando pelos estudantes, com os livros didáticos e juvenis, até os pais, com os livros técnicos, literários, religiosos, etc. Essa livraria chamava os clientes-leitores pelos nomes, sabia o que cada um gostava e por isso dava um atendimento personalizado, mais que isso, amigável.
Hoje, as mega-livrarias já não conseguem essa quase intimidade com o leitor, mas tem muito mais variedade e espaço para oferecer. É claro que, falando em variedade, deveríamos falar também em qualidade, mas o conteúdo dos livros publicados atualmente é assunto para outra crônica. Quanto ao espaço, há mais conforto nas grandes lojas de livros atuais e elas ainda oferecem produtos diferenciados, como o café, o chá, o lanche, o birô de informática, com internet, etc.: elas se transformaram no que muitos de nós, leitores de carteirinha, esperávamos há muito tempo – ponto de encontro de leitores (e por que não de escritores?) para comentar obras lidas, dar e receber indicações de leitura, trocar idéias, fazer amizades.
Eu ainda preferiria a livraria antiga, aquela em que a gente era amigo do dono, mas reconheço que a evolução pode e deve ser benéfica. Se considerarmos que o livro rompeu a barreira das paredes da livraria convencional e foi se colocar à disposição do leitor nas bancas de revistas (por preços menores!), nos supermercados, farmácias e até nas caixas automáticas, feito jornal, na rua, a transformação pela qual as casas de livro passaram e estão passando é natural.
Uma coisa com a qual continuo não concordando é o preço do livro: ele ainda é um produto – de primeira necessidade – muito caro. Digo de primeira necessidade, porque todos nós precisamos dos livros para estudar, para aprender, para adquirir o conhecimento mínimo necessário desde os primeiros anos das nossas vidas.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

GARRAFAS LITERÁRIAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Vi, outro dia, uma notícia que refrigera a alma da gente, que vive tentando achar maneiras de propiciar que leitores em formação, mesmo adultos, tomem gosto pela leitura.
Uma professora de uma escola municipal de Jaraguá do Sul, no norte de Santa Catarina, seleciona textos literários, como contos, crônicas, poemas, histórias infantis e os coloca dentro de garrafas pet. Depois, ela coloca tudo dentro de um carrinho de supermercado e sai a distribuir pelas salas de aula, para que as crianças levem para casa e leiam junto com pais e irmãos, com a vizinhança. A cada mês, a professora seleciona os textos de acordo com o nível das classes, coloca nas garrafas e distribui. Há alunos que fazem até resumo dos textos, de tanto que gostaram da ideia.
Não é fantástico? Fico impressionado a cada nova ideia nova que surge para difundir a leitura, e essa é muito original. Além dos textos que a professora coloca dentro das “garrafas literárias”, ela convence a criançada a levar, também, para casa, revistas que ela arrecada aqui e ali, de notícia e informação e até de quadrinhos
A iniciativa é uma variante do “passe adiante”, que já foi tentando algumas vezes com livros, e a professora tem tido sucesso, pois além das famílias dos alunos, parentes e amigos, os textos são repassados até para estranhos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

SAUDADES DE QUINTANA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Assistindo a um programa sobre Mário Quintana, senti uma saudade infinita daquele velho menino jovem (ou seria jovem menino velho?), a poesia personificada, viva e eterna. Nunca o conheci pessoalmente, conheço apenas a sua obra, conheço-o apenas pela sua poesia, mas consigo, através dos seus versos, vislumbrar o ser humano. E agora, vendo as entrevistas mostradas neste programa, vem-me a impressão de já tê-lo encontrado, de já ter convivido com ele e então sinto uma saudade imensa.
Só fui a Porto Alegre, terra onde o mágico artista das palavras viveu a maior parte de sua vida, bem depois da morte dele, e me surpreendo com esta saudade enorme que sinto do menino poeta. É interessante ter saudades de alguém que você nunca viu de perto. Mas é possível. Coisa de Quintana, tão lírico e tão travesso, construtor de emoções. Não é à toa que seus eternos cantares cativaram tantos leitores pelo Brasil afora, quiçá pelo mundo.
Ele sempre dizia que a sua poesia não era um simples exercício de ficção, que cada poema seu era uma confissão sua. A poesia era ele, ele era a poesia. Então, em se tratando de Quintana, é plausível, conhecendo os seus versos e a sua prosa cheia de poesia, que eu tenha conhecido o poeta. E é natural, conseqüentemente, que eu sinta saudades dele.
O grande poeta, perguntado sobre qual seria o seu maior sonho, certa vez, respondeu: “Fazer um bom poema”. Talvez aí resida toda a sua grandeza: ele não só era humilde, era simples e autêntico, verdadeiro como a sua poesia.
Quando morresse, “levaria junto apenas as madrugadas, por-de-sóis, algum luar, asas em bando, mais o rir das primeiras namoradas”, como ele mesmo escreveu.
E como diria Érico Veríssimo: “Vou revelar a vocês um segredo: descobri outro dia que o Quintana, na verdade, é um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao vestir o casado, suas asas ficam de fora”. Quem ousaria desmenti-lo?
Outros poetas, aprendizes, como tantos, passarão. Quintana, o nosso menino Quintana, nosso eterno Quintana, apenas passarinho...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FESTA DAS CORES


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Primavera é tempo de cores e de natureza e é tempo de festa na Cidade das Flores. O ipê já brilhou e se foi, com seus vários sóis a refletir ouro por toda a cidade. Mas os jacatirões estão se enchendo de pétalas, colorindo todas as matas e encostas até o meio do verão, dando as boas vindas à Festa das Flores de Joinville. E a orquídea, rainha das flores, vai exibir toda a sua beleza e majestade na festa mais tradicional da cidade. São milhares de exemplares, da menor a mais encorpada, de todas as cores, de todos os tipos. É uma diversidade imensa de formas e cores.
A 71ª edição da Festa das Flores de Joinville marca a volta de um dos maiores eventos da cidade para o Complexo Expoville e também traz algumas novidades, a principal delas no que diz respeito ao conceito, pois agora já não se restringe apenas à exibição de flores, o que já é um grande motivo para visitá-la, mas também agrega atrações culturais, como música e dança e também gastronomia.
E a festa merece ser ampliada, pois é um dos patrimônios culturais mais importantes da cidade, o grande motivo para que Joinville continue ostentando o título de Cidade das Flores em âmbito nacional. Visitantes de todo o Brasil e também de outros países vêm para admirar a beleza das flores que desfila pela vitrine que é a festa.
Precisamos trazer de volta também a poesia para a Festa das Flores, como o Grupo Literário A ILHA fazia nos anos 80 e 90, quando ganhava um estande para exibir o seu Varal da Poesia especial, só com poemas dos poetas da praça em homenagem à cidade e às flores. Até lançamentos de livros de poemas foram feitos naqueles espaços poéticos. Quem sabe pensamos nisso para a próxima edição?
Dos muitos poemas exibidos no Varal da Poesia, um era “Festa das Cores”: Na esquina do sol / e da chuva, / na esquina das cores, / brota uma cidade: / a Cidade das Flores. // Joinville da poesia, / da primavera sem fim, / Joinville dos sotaques... // Em todas as estações, / ela se banha de luz / e floresce a orquídea, / a azaleia, a petúnia, / o ipê, o jacatirão. / E é a festa das Cores...
Venha para Joinville, até o dia 22, e aproveite para encher os olhos com a beleza das orquídeas e tantas outras flores e comemorar os 180 anos de imigração alemã da cidade.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

RETALHOS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Até ontem eu estava viajando. Hoje estou de molho porque fiz uma cirurgia na boca – um enxerto que não ficou bom – então vou de retalhos.
Primeiro, minha crônica sobre a “seleção” de escritores que escolheu a si própria, com exceção de dois dos componentes, para ir à Feira do Livro de Porto Alegre, não foi publicada no meu espaço como cronista no AN de sexta-feira passada. A justificativa foi a de que eu estava “legislando em causa própria”. A referida crônica foi primeiramente publicada aqui no blog e depois em vários jornais aqui no Estado e pelo país, como Roraima em Foco, Repórter Diário, de São Paulo, Folha do Espírito Santo, Gazeta New, de Aracaju, Jornal União, de Tocantins, São José em Foco e Jornal Notícias do Dia, daqui da grande Florianópolis, então vocês sabem o teor dela.
Outra coisa é a história da moça da minissaia, aluna da Uniban. Os alunos foram preconceituosos, a universidade não soube lidar com o assunto e todos ajudaram a promover a garota, que está em evidência e era isso mesmo que ela queria. Vai até posar para uma grande revista, então a “exposição” deu certo.
Mas já encheu o saco. Faz semanas que não se fala de outra coisa. Vi um jornal, semana passada, que tinha uma crônica sobre o assunto na página de opinião, tinha uma carta sobre o mesmo assunto na seção de cartas, mais uma coluna abordou o mesmo assunto. E ainda hoje continuam falando sobre o assunto. Não há nada mais importante para se falar? Vou mudar de assunto que eu também estou chovendo no molhado.
Eu disse que estava viajando, lá no início, pois não? Estive em Corupá e Jaraguá. E lá no norte do Estado, finalmente as árvores de jacatirão nativo, que por lá são muito numerosas, finalmente estão começando a florescer. Estão atrasadas, deveriam ter começado no final de outubro, então já faz quase um mês, mas dou as boas vindas às cores dessa árvore tão bela e tão generosa, que espalha flores brancas, vermelhas e lilazes por todo o nosso caminho.
O ipê floresceu até o começo do mês, em raios dourados muito rápidos, embora cheios de beleza, pois choveu e as flores caíram mais rápido. Uma pena. Mas o jacatirão fica mais tempo colorindo a vida da gente, ele comemora o Natal e dá as boas vindas ao novo ano, entrando pelo verão afora.
Então era isso. Nem vou dizer pra vocês que Stela fez camarão na moranga, porque na verdade estou à base de líquidos e pastosos, então não vou comer, mas vou pedir pra congelarem um pouquinho para eu comer depois.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

NOVAS LETRAS PARA VELHAS CANÇÕES

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor e editor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Em uma de minhas crônicas, um tanto polêmica, falei das canções infantis tradicionais, aquelas que vem sendo cantadas por crianças de sucessivas gerações o que me lembra outra crônica, mais polêmica ainda, sobre as fábulas, os contos de fadas importados e antigos que encantam nossas crianças.
O tema foi polêmico, porque mencionava as letras de canções como "Atirei o pau no gato", "O Cravo brigou com a rosa" e outras mais, onde encontramos cenas de violência em cima de músicas gostosas e cadenciadas. Recebi muitas mensagens, de pessoas que concordavam, de outras que nunca tinham parado para pensar mas perceberam que realmente havia alguma coisa e de outras que achavam que era exagero.
Achei ótimo ter provocado uma discussão a respeito e essa discussão ter resultado em mudanças, que podem ser até localizadas, mas que já começaram a acontecer. E o melhor resultado disso foi uma matéria em um programa na TV a cabo, atingindo todo o país, sobre as inovações implantadas nas conhecidas canções infantis por professores e educadores aqui de Florianópolis. E o programa tem o poder de difundir a idéia, de disseminar a novidade.
A matéria mostrava educadores de crianças na pré-escola, cantando com suas crianças aquelas mesmas famosas canções infantis que tínhamos denunciado pelo conteúdo aparentemente inocente, embora tendendo à violência, mas com letra reescritas, repensadas. Politicamente corretas, como disseram, termo que eu nem considero muito simpático, embora talvez seja apropriado.
"Atirei o pau no gato" ficou mais ou menos assim: "Não atirei o pau no gato / porque isso não se faz / O gatinho é nosso amigo / Não devemos maltratar os animais / Jamais!" E "O cravo brigou com a rosa..." está sendo cantado assim: "A rosa deu um remédio / e o cravo logo sarou / O cravo foi levantado / E a rosa o abraçou." Não ficou melhor? Transmite uma mensagem positiva e a música continua gostosa e vibrante.
O "boi da cara preta" virou "boi do Piauí" e por aí vai. As crianças gostaram, pois perguntadas pela reportagem, disseram que preferiam as novas versões, como "NÃO atire o pau no gato" e explicaram o porquê.
Uma doutora em educação, perguntada a respeito pela repórter, disse não concordar porque acha exagero pensar que as crianças possam ser influenciadas pelas letras das músicas. Eu peço licença para discordar, porque as próprias crianças já responderam a ela, crianças de dois, três, cinco anos. Quando pediram a elas que justificassem porque preferiam as novas versões, responderam que não se deve maltratar nenhum animal, nenhum ser vivo, nunca. Então não é correto dizer que as crianças não prestam atenção ao conteúdo das letras. Elas entendem, sim, e até copiam. Elas são pequenos discos rígidos vazios que gravam tudo.
Melhor se pudermos passar-lhes boas mensagens, para que sejam adultos mais responsáveis amanhã.

sábado, 14 de novembro de 2009

UM ESPETÁCULO DE DANÇA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – HTTP://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Acabo de chegar do TAC – Teatro Álvaro de Carvalho, da capital, onde fui assistir um espetáculo de dança contemporânea. Trata-se de “Resiliência”, apresentado por Uma Companhia de Dança”, um dos grupos dos quais minha filhota Daniela participa. O grupo é composto por mais oito bailarinas.
“A concepção do espetáculo surgiu após a pesquisa de biografias de pessoas que tiveram a vida marcada por tragédias e conseguiram reagir aos desafios, desenvolvendo habilidades para suas vidas. Só é possível ser resiliente quando se tem esperança no futuro e são as situações de desafio que fazem com que essa capacidade se desenvolva”.
Pois o grupo Uma Cia. de Dança soube enfrentar muito bem o desafio, uma vez que apresentou um espetáculo sensacional, uma performance que prendeu a atenção dos espectadores durante todo o seu desenrolar e fez com que a audiência aplaudisse de pé, ao final.
Então fico eu cá orgulhoso pela dedicação e pela seriedade com que Daniela e seu grupo encaram a dança, preparando peças que nos proporcionam imenso prazer ao apreciá-las.
Se houver oportunidade, numa próxima apresentação não deixe de conhecer. É um trabalho magnífico.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

VENDER LIVROS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://luizcarlosamorim.blogspot.com

Vocês lembram das “paradas de sucesso” no rádio, na televisão, as listas de discos mais vendidos e executados em revistas e jornais, anos atrás? Pois é. Alguns discos acabavam vendendo porque estavam nos primeiros lugares, pela sugestão da mídia, por martelarem tanto no rádio na TV. A super exposição acabava fazendo com que nos surpreendêssemos cantando músicas que, de princípio, não gostávamos. Nem sempre era verdade que o disco era o mais vendido, mas aparecia em boa colocação (alguém “talvez” pagasse para que ele aparecesse nos primeiros lugares), justamente para induzir a venda.Um fenômeno parecido acontece com os livros. E com os filmes, também. Tudo o que é “campeão de bilheteria” nos Estados Unidos passa a ser sucesso também aqui. E até o que não se deu bem lá fora, com uma boa campanha, faz sucesso aqui, nem que seja em vídeo.Numa matéria sobre mercado editorial de um grande jornal, leio que as grandes livrarias cobram pelo destaque que é dado a alguns livros nas prateleiras que se constituem em espaço “nobre” em relação ao leitor que entra nela. A máxima “quem é visto é lembrado” aqui funciona como uma boa ferramenta de marketing, pois quem vai à livraria sem saber de antemão o que vai comprar, vai acatar as dicas que estiverem mais visíveis, com certeza. E os livros acabam vendendo, justificando a despesa da editora que pagou uma taxa à livraria para que o livro ficasse no caminho do leitor.As editoras pagam taxas, também, para expor títulos seus em lugares de destaque nos sites das livrarias virtuais, pois a venda de livros on-line é uma realidade no Brasil.Aí emerge a questão da qualidade da obra. Já aconteceu a você, leitor, de comprar um livro influenciado por propaganda, por estar semanas entre os mais vendidos, por estar exposto em lugar privilegiado na livraria que freqüenta e, depois de começar a lê-lo descobrir que ele não é aquela obra-prima alardeada aos quatro ventos? Só que então o livro já foi comprado e vai engordar as estatísticas dos mais vendidos.Isso não é muito raro, pois campanhas caras e eficientes são feitas, principalmente para os livros importados, que já vêm com o material de divulgação atrelado à obra. E um produto bem promovido e com apresentação impecável vende. É claro que o livro não é como um outro produto qualquer, pois você compra apenas um. Se fosse como um produto comum de consumo continuado, compraríamos um e, verificando que por trás da boa aparência não existe qualidade, não compraríamos mais. Mas livro a gente só compra um. Se o conteúdo não for bom, se não conseguirmos lê-lo todo, não há como devolver, ele já estará aumentando a quantidade de exemplares vendidos, aumentando o seu sucesso.A gente aprende, com o tempo, a procurar saber alguma coisa sobre a obra antes de comprá-la, mas muitos são induzidos a adquirir títulos que farão com que se sintam frustrados, ao lê-los. Há quem compre o livro para ler apenas o prefácio e a orelha, para poder dizer que leu, mas isso é outra história.Luta-se pela divulgação e distribuição do escritor regional, sem sucesso, enquanto campanhas milionárias, inclusive encarecendo o preço final do livro para o leitor, são feitas para obras que, às vezes, ou vendem-se por si só, porque são boas, ou não merecem todo o aparato em volta delas.Gostar de ler é, também, saber escolher.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DIREITO AUTORAL EM DISCUSSÃO

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Aconteceu, em São Paulo, nos últimos dias 9, 10 e 11, o 3º Congresso de Direito Autoral, movimentando a área da cultura em debates sobre a revisão da lei de direitos autorais. O governo federal apresentou texto que pretende seja a base da nova legislação e que não agradou a todos os interessados. Alguns acham que o Estado está interferindo naquilo que é um direito privado. Outros apoiam, porque acham que a legislação antiga estava prejudicando os produtores de cultura.
Algumas mudanças propostas pelo Minc: Criação do Instituto Brasileiro do Direito Autoral, com o objetivo de atuar na mediação de conflitos que tratem de direitos autorais; a entidade vai dizer se a tabela de preços, os regulamentos de cobranças e a arrecadação são adequados. O Instituto fará cumprir normas do setor e assegurará equilíbrio e o pleno exercício dos direitos autorais. Vai, também, se manifestar judicialmente e extrajudicialmente em relação a questões relativas ao direito do autor. Terá o poder de estimular a criação de entidades de gestão coletiva e organizar e regulamentar registro de obras. Cobrará “eficiência e economicidade” das associações e “razoabilidade” na distribuição dos valores aos titulares e exigirá demonstração documental. Vai se pronunciar sobre a renovação de concessões de organismos de radiodifusão.
Segundo a organização do evento, o congresso terminou com “consenso em torno da necessidade da criação de um órgão estatal regulador para o tema”, conforme publicado hoje no site do Estadão. Embora o governo tenha sido criticado pelo “intervencionismo” em parte de sua proposta.
A verdade é que, pelo que se pode observar, o tal congresso só discutiu direitos autorais relativos à musica. Não se fala nada do direito autoral do escritor, da obra literária. Não era para se discutir o direito autoral de qualquer obra de arte e cultura? E a literatura? Vai continuar tudo igual?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Torna-se cada vez mais difícil educar nossos filhos, pequenos e adolescentes, diante da corrupção, irresponsabilidade e falta de vergonha na cara daqueles que deveriam dar exemplo de retidão e correção neste país. Como esperar que os jovens de hoje se tornem adultos dignos e honestos com a falta de ética e de moral grassando por todos os lados, começando pelos detentores do poder, as autoridades que comandam os destinos e o futuro de nossa gente e de nossa terra?
Só para exemplificar, cito um dos tantos casos: aí está o escândalo com o presidente do Senado sob uma enxurrada de acusações graves – e segundo a mídia, acusações com provas – e ele continua no cargo, acabando definitivamente com a credibilidade que o Congresso poderia ter junto ao povo, os eleitores, seus representados. Esse é o Brasil que queremos, onde a corrupção e a impunidade são lugar comum?
Há muito mais, mas só isso já seria demais para manter o equilíbrio entre o bem o mal, entre o certo e o errado. E a corrupção e a impunidade ainda trazem, atreladas a elas, a violência. Violência que se dissemina dia a dia, em todas as áreas, banalizando-a cada vez mais. É esse o futuro que queremos para nossas crianças?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A EFICIÊNCIA DA POLÍCIA RODOVIÁRIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Existem coisas que a gente não consegue entender – ou consegue entender mas não aceita, tão absurdas são. Fomos ao enterro de um tio meu, à tarde, no cemitério de Barreiros. Era meio da tarde e chegamos quase na hora do sepultamento, então as vagas para estacionar que havia dentro da área do cemitérios já estavam todas ocupadas. Tivemos que deixar o carro na marginal da 101. E já havia muitos, muitos carros estacionados e chegando mais.
Após o enterro, quando voltamos para pegar o carro, percebemos que havia um carro da polícia rodoviária passando pela marginal bem devagar. Temíamos que eles estivessem anotando as placas para multar, mas não queríamos acreditar nisso, porque mesmo que não fosse permitido estacionar na marginal, era força maior, tínhamos um ente querido sendo sepultado e dava pra ver que não havia mais lugar dentro do cemitério. Naquela tarde ou naquela hora da tarde havia duas pessoas sendo sepultadas, então dá pra imaginar a quantidade de gente que havia lá.
Algumas pessoas que estavam vindo pegar o carro para ir embora, como nós, também queriam saber o que estava acontecendo e fomos perguntar aos policiais. Sim, estavam multando.
Não sei quanto à lei, mas na referida rua, marginal da 101, não havia nenhuma placa proibindo o estacionamento. E parece muito fácil multar carros que estão ali por não mais de uma hora e apenas porque não há outra alternativa. As pessoas que vieram para se despedir de um parente ou amigo que se foi, não podem deixar o carro estacionado naquela marginal por uma hora, mas em ruas mais movimentadas no centro e periferia da cidade, carros estacionam em fila dupla, estacionam em cima da calçada, obrigando o pedestre a passar pela pista de rolagem, correndo o risco de ser atropelado, e não há ninguém para multá-los.
Não é interessante?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A OPORTUNIDADE DOS CONCURSOS LITERÁRIOS

Apesar da quantidade expressiva de livros de autores novos que vem sendo publicados nos últimos anos, grande parte publicada às expensas do próprio autor, existem muitos escritores, a maioria sem nenhum livro publicado ainda, com seus originais à procura de uma editora ou de uma maneira alternativa de publicar sua obra. Para muitos, o custo da edição de um livro não é compatível com suas posses, e custear o próprio livro pode ser uma grande decepção, pois a qualidade do conteúdo pode não ser a ideal, o que é comum, e as vendas podem não acontecer.
E as editoras, cada vez mais têm menos disposição em investir em autores novos, coisa que significa arriscar recursos que poderiam ir para uma reedição de livro de sucesso, de livro de autor conhecido ou de um título importado com venda garantida.
Mas voltando a falar da qualidade do conteúdo, uma alternativa para conseguir a publicação de um livro - e de quebra a avaliação de quem entende do assunto - quase sempre - é a participação em concursos literários. Para os escritores novos, que estão com a gaveta cheia e produzindo mais, qualquer que seja o gênero, a melhor maneira de ter a qualidade da sua obra reconhecida - se essa qualidade existir, é claro - é ficar atento a todos os concursos que aparecerem e participar: enviar um, dois, três textos, um livro inteiro, conforme for solicitado.
Mesmo que o prêmio não seja a publicação de um livro, mesmo que seja apenas um certificado, um troféu, a participação em uma antologia, o escritor deve participar. Não deve pagar taxas de inscrição exorbitantes, mas devem participar. No que diz respeito a participação em antologia, quando for o caso, atenção: não pague para entrar nela. Se o concurso oferece a publicação em antologia, não há o que cobrar, pois é prêmio. Se tentarem cobrar, o concurso não é honesto, é apenas fachada para vender páginas em antologias que não têm qualidade nenhuma, via de regra, pois não há seleção.
O fato de ter um trabalho ou uma seleção de textos classificado e premiado, seja qual for o prêmio, indica que o autor está no caminho certo, que a sua obra deve ter alguma qualidade e que ele terá boas chances em outros certames. Esse reconhecimento dá mais segurança para que haja continuidade na produção. E sabemos que quanto mais praticamos, mais poderemos melhorar no que fazemos.
Se o prêmio for a publicação de um livro, tanto melhor, teremos reconhecido o nosso talento e teremos o ponto de partida, qual seja a nossa obra na praça. Por isso, é interessante ficar de olho nos concursos que aparecem e participar daqueles que contemplam os gêneros que praticamos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

IPÊ AMARELO


Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje, ao descer a minha rua, notei que ela tinha o seu próprio sol, um sol particular.Um ipê floriu espetacularmente e rivalizou bravamente com o astro-rei, que proporcionou um calor muito grande, como nos últimos dias, diga-se de passagem, antecipando o verão. Estamos na primavera, mas até parece verão.
Fico extasiado com o fato de poder contemplar um espetáculo tão grandioso. A natureza nos oferece dádivas imensas, coisas que só ela mesmo pode criar. Não há nada como a beleza e majestade de um imenso ipê todo coberto de flores, todo coberto de luz, a iluminar nossos olhos e nossa alma. Temos o ipê roxo, o ipê rosa, o jacatirão, mas as flores chamejantes de luz a resplandecer seus raios sobre nós, filhos da terra, e os tapetes dourados estendidos pelos nossos caminhos, só o ipê amarelo pode proporcionar.
Minha rua, ontem, hoje e amanhã, tem seu próprio e reluzente sol e nós, caminhantes dela, temos calçadas que são tapetes de luz. Depois, não sei, pois o tempo promete chuva. Mas um Midas – posso chamá-la assim, Mãe Natureza? – passou pela minha rua e tocou nela transformando uma árvore em ouro.
Minha rua tem um ipê amarelo. Precisa mais?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

BIBLIOTECAS E BIBLIOTECAS

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Hoje estive na Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, pois precisava conferir uma ficha catalográfica e não me ocorreu lugar melhor para pedir socorro. Ao chegar lá, dirigi-me ao balcão de atendimento, onde uma senhora logo me atendeu. Expliquei-lhe que precisava falar com uma bibliotecária (ou bibliotecário), para a revisão de uma ficha catalográfica. Ela prontamente pegou o telefone e ligou para alguém. Ao desligar, disse-me que a pessoa que entendia do assunto não estava. Insisti, perguntando se não havia mais ninguém que entendesse de ficha catalográfica. Ela pegou novamente o telefone e ligou para outra pessoa. Falou um pouco com a pessoa do outro lado e me passou o aparelho, dizendo que queriam falar comigo. Eu perguntei com quem estava falando e a senhora se identificou como a administradora da Biblioteca. Nem disse o nome. Foi logo dizendo que ali na Biblioteca Pública eles não têm obrigação de fornecer ficha catalográfica, que não é um serviço que eles prestam e que, de qualquer maneira, se prestassem, seria cobrado. Eu disse que pagaria, mas ela sugeriu que eu me dirigisse a um outro lugar e desligou.
Concordo que a Biblioteca não tem a obrigação de me ajudar na minha ficha catalográfica, mas eu estava ali tentando falar com alguém que tivesse conhecimento sobre como se organiza uma ficha, para poder conferir a minha. Pagaria, até, se fosse preciso. Mas não consegui nada. Fico pasmo de ver que uma biblioteca do porte da nossa, estadual, não tenha alguém que possa dar uma simples informação sobre um assunto corriqueiro do seu dia a dia. Pasmo também com a falta de simpatia e presteza da “adminstradora”.
Em contrapartida, fui à Biblioteca Municipal de Florianópolis, no Estreito, onde fui encaminhado para D. Vera, a bibliotecária da casa, que me atendeu com a maior simpatia, verificou a minha ficha, corrigiu muitos erros que havia nela e nem sequer me cobrou, embora esse seja um serviço pago.
Meus respeitos à senhora, D. Vera. Como eu lhe disse, a senhora deu de dez a zero na “administradora” da Biblioteca Pública de SC. Foi educada, prestativa, simpática e provou que sabe fazer muito bem o que faz. Fico lhe devendo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

GRANDES EVENTOS LITERÁRIOS E SC EM PORTO ALEGRE

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje se encerra o Forum das Letras, promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, concebido com a intenção de promover o diálogo entre autor e público participante, além de valorizar a importância de Ouro Preto, cidade pela qual passaram ou viveram escritores de várias escolas ao longo da sua rica história cultural. Além de promover o contato entre adultos e autores, o Fórum das Letras orgulha-se de estimular a aproximação das crianças e o universo literário.
O evento, que iniciou em 29 de outubro, está na quinta edição e é um dos acontecimentos culturais mais importantes do país, ao lado da Flip. Dezenas de escritores, inclusive de outros países, participaram do Forum.
Em Maceió, começou no dia 30 de outubro e vai até 8 de novembro mais uma Bienal Internacional do livro de Alagoas, uma das mais importantes do país.
Dez países estarão participando da IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas, difundido sua literatura e cultura: México, Peru, Costa Rica, Colômbia, Portugal, França, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné Bissau; sendo a França o país homenageado, em comemoração ao Ano da França no Brasil. Já estão na cidade autores internacionais, como Ignacy Sachs (França), Ondjaki (Angola) e Juan Felipe Córdoba Restrepo (Colômbia). Autores nacionais como Ignácio de Loyola Brandão, Rubem Alves, Ana Paula Pedro, Celso Antunes e Maitê Proença também participam da Bienal, não somente para autógrafos, como também para palestras e momentos de bate-papo.
E no Rio Grande do Sul, começou a 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, cujo estado convidado é Santa Catarina. Sobre a “seleção” de escritores catarinenses que foram à feira, já falamos bastante. Cedemos espaço, hoje, para a escritora Yedda Goulart para comentar a respeito:

“Já muitos dias são passados desde os acontecimentos que culminaram com a escolha de escritores catarinenses para representar Santa Catarina na 55ª Feira de Livros de Porto Alegre. Outros escritores já demonstraram sua insatisfação pela maneira como as coisas ocorrem em Santa Catarina.
Temos nos entristecido ao perceber como a nossa identidade cultural é ignorada no país, a não ser pela efetiva propaganda que favorece o turismo ao divulgar as belezas catarinenses que na verdade são obras da natureza, do artista maior que nos favoreceu com praias belíssimas, baías recortadas com tanto carinho, montanhas apontando o escultor que as criou, climas diversificados, etnias variadas, folclore riquíssimo, história e quantas riquezas mais.
Porém, quando se trata de prestigiar autores catarinenses , divulgá-los, estimular a produção regional para que cresça se aperfeiçoe estimulada por políticas públicas justas, democráticas, possibilitando pela divulgação dos projetos uma participação de todos os interessados, aí as coisas ficam complicadas e restritas.
Admiro o povo rio-grandense que divulga orgulhosamente suas belezas naturais assinalando desde uma simples cascata no meio do nada até a realização de 55 anos de feiras do livro.Mais de meio século de persistência e oportunidade para a cultura daquele Estado.
Recentemente, foram convidados escritores para representar Santa Catarina naquele tão importante evento, pela Câmara Riograndense do Livro.
E o que aconteceu?
O convite, recebido pelas instâncias superiores de nossa administração cultural, naturalmente divulgou exaustivamente tal convite possibilitando o engajamento de todos os interessados?
Que maravilha! Assim deveria ser!
No entanto, mais uma vez fomos surpreendidos pela notícia tardiamente divulgada, boca a boca ou deveria dizer ouvido a ouvido, em surdina, de que alguns escritores haviam sido escolhidos para representar nosso Estado.
Participamos de uma Associação de Literatura Infantil e Juvenil com representação em vários Estados brasileiros e contamos com muitos e talentosos escritores e ilustradores em Santa Catarina.
Um seminário de Literatura Infantil e Juvenil do Rio Grande do Sul, foi organizado para acontecer durante a Feira de Porto Alegre e poderíamos representar este segmento naquela ocasião.Fomos convidados por aquela Associação.
Seria ótimo que fôssemos unidos o bastante para que alguns autores da AEILIJ de Santa Catarina fossem incluídos na escolha oficial de nosso Estado.
Mas, pelo que se observa, apesar da exposição na mídia através de entrevistas, lançamentos, seminários, visitas em estabelecimentos de ensino fundamental e até superior, somos absolutamente desconhecidos.
Para esta divulgação não existe boca a boca, interesse, consideração.
Na verdade não é uma grande surpresa. Nem ficamos sabendo quando livros são analisados e escolhidos para distribuição nas escolas e bibliotecas do Estado.
. Só tomamos conhecimento pelo mesmo estilo de divulgação citado anteriormente, que tantos mil livros foram selecionados em mais de uma ocasião também neste ano em curso, sendo todos de autores de outros Estados Nada contra. Não desejamos exclusividade, muito menos segregação. Apenas consideração e divulgação justa e ampla.
Desejamos participar, somar, divulgar a criação catarinense.”

sábado, 31 de outubro de 2009

O SAMBA FORA DO BRASIL

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje faltei a minha aula de dança, porque durante a semana não consegui assistir o programa “So you think you can dance”, num dos canais da TV a cabo. E como a reprise é bem na hora da aula, tive que escolher e sacrifiquei a aula, mas é só nesta semana. O programa é uma competição de dança, bem no estilo American Idol: um grupo de especialistas seleciona, por todo o país (Estados Unidos),dentre milhares de concorrentes, vinte bailarinos para competirem e a cada programa sai dois deles.
Os dançarinos, de vários estilos diferentes, recebem, cada casal, um estilo novo a cada semana. E, apesar dos comentários dos jurados, o público é quem decide quem fica e quem sai, votando por telefone.
Gosto muito de ver bons bailarinos dançarem e com a peneira fina que fazem dentre tantos candidatos, os que ficam no programa são excelentes. Hoje saiu o segundo casal, mas a minha abordagem do tema não se deve a isso. É que um dos casais, hoje, foi designado para dançar samba. E eu já havia visto, antes, em outro programa de competição de dança americano que quando eles dizem samba, lá, a dança não tem quase nada a ver com o nosso samba original.
O pior é que os jurados ainda frisam que o samba é de origem brasileira, e coisa e tal, mas quando começa a tocar a música a gente já vê que de samba não tem nada. Consegui identificar um passinho de samba na dança toda. A performance e a coreografia são muito bonitos, mas não consigo ver samba neles. E a música parecia mais um rock.
Fico um tanto quanto indignado, pois os “especialistas” do programa, que são os jurados, não conhecem o samba brasileiro? Eles falam como se conhecessem muito bem. A produção não pesquisa para apresentar alguma coisa pelo menos parecida?
É uma pena que vendam gato por lebre. Quem não conhece, aceita o que eles estão apresentando como samba, já que eles são “autoridades” no assunto. Será que não há nenhum brasileiro, por lá, que eles possam consultar e que mostre a eles o que é samba? Aquela gente nunca viu nenhum filme ou reportagem ou documentário sobre o carnaval no Brasil?
Devia ser proibido a gente falar sobre aquilo que não conhece bem.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A PONTE SEM VÃO


Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – lc.amorim@ig.com.br )

Estou chegando agora de Jaraguá do Sul, onde estive por três dias. No caminho para um dos bairros, quase no centro, me deparo com uma cena inusitada. Numa rua importante, com bastante tráfego, num trecho perto de grandes empresas da cidade, havia uma ponte numa das pistas. E um semáforo. O problema é que ali não havia nenhum rio, nem ribeirão, não era um viaduto. Uma pista estava interditada e a outra tinha a já citada ponte e dava pra ver que havia um buraco meio grande, quase tampado, com de um metro de diâmetro, ao lado da ponte, na pista que não estava funcionando. O semáforo organizava o trânsito, pois tanto quem vinha, como quem ia, tinha que passar pelo mesmo lugar, ou seja, sobre a ponte.
Fui procurar saber o que estava acontecendo e descobri que há mais ou menos um mês, o asfalto começou a ceder e a prefeitura colocou em cima do buraco que estava se abrindo, um chapa imensa de ferro. Como a chapa de ferro começou a vergar com o peso dos carros e caminhões que passam por ali, decidiram fazer uma ponte de madeira por cima da parte menos prejudicada, onde só passava um veículo de cada vez.
Tudo bem que a alternativa da ponte poderia ser uma solução para não interromper o trânsito enquanto o problema estivesse sendo resolvido.
Acontece que eu passei por lá há três dias e não vi ninguém trabalhando para resolver o problema e acabar com a ridícula ponte em cima do asfalto. E me disseram que isso não está acontecendo somente nestes três dias que estive lá. A coisa se arrasta há coisa de um mês.
Onde está a prefeitura, que soube “idealizar” a genial idéia da ponte, mas não está trabalhando para acabar com o problema, consertar o que está errado e acabar com a famigerada ponte?
Aquela ponte é um monumento ao descaso e à estupidez. A prefeitura da cidade faz uma “ponte” que deveria ser um paliativo para que o tráfego não parasse, apenas enquanto estivesse trabalhando para sanar o problema, seja ele qual seja, mas o paliativo se transforma em solução definitiva, uma piada de mau gosto, causando transtorno a todos que precisam e que são obrigados a transitar por ali.
E eu que pensava que há havia visto tudo...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CORUPÁ SEM A ROTA DAS CACHOEIRAS

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

As variações climáticas quase cataclísmicas afetaram a Rota das Cachoeiras do Vale das Águas. Corupá, a Cidade das Cachoeiras, está um pouco menos bela, porque a rota com quatorze das suas mais belas quedas d’água está fechada, interditada, em decorrência do mau tempo, a chuva em excesso e os ventos dos últimos tempos, que derrubou árvores e provocou o deslizamento de alguns trechos das trilhas. Isso pode ser percebido logo no caminho entre as primeiras cachoeiras, o que acarreta um risco muito grande para aqueles que gostariam de fazer a rota. Para evitar que alguém caia barranco abaixo, a administração do Parque Ecológico Emílio Batisttela resolveu fechá-lo até que o tempo estabilize e possa ser feita a recuperação da trilha. Uma pena, pois a quantidade de chuva deu um volume excepcional às cachoeiras, tornando-as ainda mais belas.
Tomara que isso possa ser feito logo, pois dinheiro deve existir, para a recuperação do parque, já que é cobrado ingresso para visitação há quatro anos. A área de churrasqueiras e os banheiros, felizmente já estão sendo restaurados.
É preciso não deixar a recuperação da rota em segundo plano e fazer os consertos assim que possível, pois a temporada de verão está para começar e, além disso, o SBT andou cogitando, semanas atrás, de colocar no ar a reprise da novela “Ana Raio e Zé Trovão”, cuja grande parte foi gravada em Corupá. A direção daquela rede falou em substituir “Vende-se um Véu de Noiva”, adaptação da obra de Janete Clair, e parece que o folhetim está em vias de terminar.
Então é esperar que o boato seja verdade e que “Ana Raio e Zé Trovão” realmente volte ao ar, para vermos de novo as nossas cachoeiras, o Seminário e os morros atrás dele, onde foi montado o acampamento de ciganos.
Se isso acontecer, será mais uma oportunidade para a administração da cidade aproveitar a exibição de cenários de Corupá em rede nacional, para divulgar todo o potencial turístico do Vale das Águas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CRÔNICA TRISTE

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje minha crônica não vai ser literária, nem romântica, nem poética. Vai ser apenas triste. Porque está acabando outubro e estamos quase entrando em novembro. E a primavera me traz flores e vida, esperança e desejo de renovação, mas também me traz uma enorme sensação de perda.
O início de novembro tem Finados e o final de um outubro antigo levou um pedaço de mim, há muitas primaveras. Vinte e sete primaveras, para ser exato. Então, esse dia que deveria ser de comemoração de aniversário, para mim é um dia no qual aquela dorzinha escondida, que fincou raízes lá no fundo do peito, doendo um pouquinho sempre, agora dói um tanto mais.
Saudades, saudades infinitas de uma convivência que poderia ter existido, mas não aconteceu. E ter saudades de alguém que chega e já se vai, sem deixar nada para ser lembrado, é ainda mais doído. Até me disseram, quando Vanessa se foi, no dia seguinte ao do seu nascimento, que era melhor assim, era melhor do que se ela tivesse ficado algum tempo e depois tivesse ido, doeria menos. Eu não concordo.
Ficou um vazio enorme, uma saudade de ter do que ter saudades, aquela imagem nítida da luta pela vida, ferrenha, mas perdida.
E uma imagem quase romântica, no meio de tanta aridez: no dia em que Vanessa se foi, as primeiras flores dos primeiros jacatirões nativos se abriram. Fiz até um poema, que depois virou lápide: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”
Mas os jacatirões estão florescendo novamente, este ano, e amanhã eu vou estar melhor, prometo. E volto a falar de poesia e de livros. Porque a vida é assim. O que seria dos momentos felizes, se não fossem os tristes, para valorizá-los?

domingo, 25 de outubro de 2009

ENEM - UMA HISTÓRIA MUITO MAL CONTADA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Essa história do Enem – Exame Nacional de Ensino Médio - está muito esquisita e não é de agora. O tal Enem de 2009 foi cancelado, por vazamento da prova, e nova empresa foi contratada, em regime de urgência, para a realização do exame, marcado para os dias 5 e 6 de dezembro. O novo contrato para operacionalização do novo Enem vai custar nada menos do que 100milhões de reais. Com o que já havia sido gasto, já passa de130 milhões os recursos gastos com ele. Os mais de quatro milhões de estudantes inscritos este ano para prestar o exame, ao valor de trinta e cinco reais a inscrição, dá cerca de cento e quarenta milhões de reais, mais isso, como vimos, já está sendo gasto. Não é muito dinheiro? E ainda há mais “despesas”. Considerando-se que o Enem é realizado todo ano, há muito dinheiro correndo aí.
Para quê? As modificações feitas pelo governo para aplicar o Enem preveem o seu uso pelas universidades federais como primeira fase única do vestibular para ingresso ao terceiro grau, ou como primeira fase, ou combinado com o vestibular ou ainda como fase única para vagas remanescentes do vestibular.
Inicialmente, no entanto, o Exame Nacional de Ensino Médio foi idealizado para verificar o grau de qualidade do ensino oferecido pelas escolas e o grau de aproveitamento dos alunos. Um pouco complicado, não é mesmo? Porque se a educação dada for de baixa qualidade, as notas dos estudantes serão baixas, proporcionalmente.
Então o governo diz que um exame que foi criado para medir uma coisa, já sem muita exatidão, está sendo redirecionado para substituir o vestibular. E mesmo assim não é cuidado com o devido respeito, deixando vazar o conteúdo das provas, ainda na gráfica. Ou será que há alguma coisa a mais por trás disso tudo?
A verdade é que a própria Defensoria Pública da União recomendou à Universidade Federal do Rio de Janeiro que não adote o Enem como critério de acesso como fase única em seu sistema de seleção.
Nem a própria União vê credibilidade no Enem, imposto por ela? Por que será esse carnaval todo em cima de uma prova que não serve para medir a quantas está a nossa educação – que todos estamos vendo que não vai nada bem – nem serve critério para acesso à universidade pública?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O FUTURO DO LIVRO

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor e editor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


As novas tecnologias de comunicação estão transformando com assustadora rapidez o modo de vida do ser humano. Com o boom da informática, lá pelo início dos anos 90, sentenciou-se o fim do livro como suporte tradicional para qualquer publicação de obra literária ou não. Apostava-se nos livros virtuais, textos digitais para ler na tela do computador. Eu me manifestei descrente dessa previsão e não fiquei sozinho nisso. Primeiro, porque o avanço da informática a produzir recursos cada vez mais completos e indispensáveis para a produção de impressos, facilitava cada vez mais a edição de livros, revistas e jornais. Segundo, porque o monitor do computador, com tubo de imagem que emitia brilho e radiação excessivos, não é indicado para se ler textos extensos, como as volumosas páginas de um romance. Os olhos do homem não foram feitos para visualizar por tanto tempo uma superfície emitindo brilho continuamente, com o risco de comprometer seriamente a visão. E os e-books, até pouco tempo atrás, não tinham vingado.
Mas no início do novo século os monitores de LCD, que não emitem tanto brilho nem radiação, popularizaram-se e novos suportes para a leitura de textos digitais apareceram, como o E-book Reader, aparelho do tamanho de um livro, de tela fosca, que não emite luz e imita uma página para se ler livros eletrônicos; como o celular, que já tem arquivos de textos (livros) apropriados para ele; como os computadores de mão (Palmtops), como o computador tradicional (desktop) e como o notebook.
Apesar de não acreditar que o livro impresso em papel vá acabar, sei que já existe uma pequena legião lendo e-books. Até eu me surpreendi lendo dois ou três livros, um de 345 páginas, na tela do meu notebook, recentemente, ao receber originais em PDF, antes da publicação.
Não acredito no fim dos livros tradicionais, mas já admito que a leitura de textos digitais em novos suportes é uma possibilidade. É o futuro chegando, o progresso da tecnologia mudando hábitos e costumes

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A "CULTURA OFICIAL" NO VENTILADOR

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Ainda sobre as crônicas a respeito da “seleção” de escritores catarinenses que serão levados pelo Estado à Feira do Livro de Porto Alegre, há muita gente descontente com a maneira como foi feita a escolha. Minha crônica “Escritores catarinenses na Feira do Livro de Porto Alegre”, que denunciava a comissão selecionadora, formada pela FCC, por ter escolhido a si mesma, com exceção do Prof. Lauro Junkes e Jayro Schmidt, para ir à Feira do Livro, foi publicada ante-ontem, dia 20, no jornal Notícias do Dia, aqui da Grande Florianópolis.
Foi um reboliço só, muito e-mail, muito telefonema, muita gente se manifestando. Até o jornal recebeu cartas a respeito. Como disse o Olsen, e eu também assino embaixo, “A impressão que tenho é que estava "engasgado" em todo o mundo...”
E por falar no Olsen, a crônica censurada dele, “Carta à Anita Pires”, falando do mesmo assunto, foi distribuída pela internet – eu ajudei a fazer isso – e também lavou a alma de muitos. Estou tentando publicar, em algum jornal, pelo menos parte da crônica dele, pois ela precisa ser lida por todos os envolvidos com literatura. Parte dela já está aqui no blog, na minha crônica “A Cultura “Oficial” em Santa Catarina”, do dia 17. Ela contém mais denúncias.
Aliás, mais denúncias contém também a carta de Fátima Venutti, publicada ontem no Notícias do Dia, em manifestação a minha, que havia sido publicada no dia anterior.
Mas até agora, a FCC não deu sinal de vida.
A coisa anda feia, e não é de agora. Fico triste, porque a atual diretora, Anita Pires, revitalizou projetos que estavam abandonados, como a reedição do Concurso Cruz e Sousa, o cumprimento da Lei Grando, comprando dez livros de autores catarinenses para distribuir às bibliotecas municipais, embora a escolha desses livros também tenha deixado a desejar. Mas, pelo menos, fez-se alguma coisa. Além de editais de incentivo à cultura, como Elizabete Anderle, também com o dedinho do mesmo grupo que aparece na seleção dos livros, na escolha dos escritores que vão neste final de mês para a Feira do Livro de Porto Alegre, etc.
Talvez ela deva repensar esse “grupo” que trabalha com ela. Porque a “cultura oficial” está mal, está faltando transparência, responsabilidade, lisura.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O POETA E O SEU DIA

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Ontem foi o dia do poeta. Embora atrasado, congratulo-me com todos aqueles cultores da emoção, que deixam a alma escorrer pelos dedos, na calada da solidão, para a folha de papel, o poema que eternizará mais um capítulo da odisséia do ser humano.
Porque poeta não é simplesmente aquele que coloca qualquer ideia em forma de versos. Poeta é aquele que se funde com a poesia, aquele que se mistura com a poesia, que consegue imprimir na palavra toda a emoção, todo o lirismo, todo o sentimento de que a alma humana é capaz. Poesia essa que será recriada, depois, no coração de quem a ler, imortalizando para sempre o seu criador. Como Quintana, o eterno poeta. Parabéns, menino Quintana, o símbolo dos poetas, o representante oficial da poesia.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

PRIMAVERA E IPÊS

Por Luiz Carlos Amorim (escritor e editor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Estamos quase no final de outubro e os ipês roxos estão florescendo espetacularmente.
Ainda ontem, ao passar por uma praça, vi uma gari varrendo o chão que estava coberto de flores roxas, quase azuis, um tapete colorido que se estendia aos nossos pés. Vi também, ao caminhar hoje pela minha rua, um belo ipê amarelo desabrochando seus milhares de botões. Se o tempo melhorar e as flores não caírem antes do tempo com o peso da água da chuva, amanhã teremos um sol a mais na nossa rua.
Quando falo do ipê roxo, não me refiro ao ipê rosa, que já floresceu um pouco antes, espetáculo do qual fui testemunha. Quero me referir ao ipê roxo, tão roxo que parece azul. Ou será que aquela flor azul não é de ipê? Eu não costumava lhe prestar atenção, mas parece que este ano há daquelas flores roxas do que amarelas. Talvez pelos desencontros das estações. Ultimamente, quando saio para caminhar, tenho notado vários deles pelas ruas onde passo e vi os tapetes coloridos que eles espalham pelos nossos caminhos. E desejei que nós, homens, cuidássemos mais da natureza, do meio ambiente, daqui por diante, para que essas árvores maravilhosas não deixem de espalhar cores pela nossa vida.
Para que nossos netos possam ver e mostrar aos seus filhos e netos as floradas esplendorosas de ipês amarelos, roxos, rosa e brancos. Como eu os posso ver hoje.
Para que eles possam ter o sol ao alcance da mão, flores douradas a emanar luz e cor.
Para que possam sentir a força da natureza, que se não a agredirmos, ela tem belezas incomensuráveis a nos oferecer. Como as flores dos ipês, do jacatirão nativo que começa a florescer daqui a alguns dias pelo norte e nordeste de Santa Catarina, e de tantas outras árvores floríferas.
Sou fascinado por árvores floridas, mas tenho medo, na verdade, de me apegar a elas, como dizia outro dia à Urda, escritora de Blumenau, pois minha amiga árvore, que conheci aqui em São José (eu não lhe sabia o nome, mas poderia ser um ipê rosa ou uma paineira) florescia lindamente todo ano e eu a via da janela do meu apartamento. Aí foram construindo mais um andar, outro mais, entre a minha janela e ela, e eu já não podia vê-la mais. Então mudei, mas quando ela florescia eu voltava para vê-la. Um dia, ao ir visitá-la, encontrei apenas um cepo no chão. Então tenho um pouco de receio de me apaixonar por elas, tornar-me amigo delas, pois de repente, sem mais nem menos, alguém pode tirá-las de mim. Mas não posso deixar de admirar-lhes a beleza e me encantar com as suas cores que transbordam meus olhos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

AMIGO DE VERDADE

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Hoje pela manhã, quando saí para caminhar, vi uma coisa que me deu vergonha de pertencer à raça humana. Passava pela Rua Leoberto Leal, no continente e vi um cachorro andando com dificuldade, as patas de trás um tanto dobradas e bambas, quase arrastando no chão. Era um cachorro grande, do tamanho de um pastor alemão, mas não consegui identificar a sua raça, pois estava muito magro. Dava para contar as costelas. Ele parecia sofrer muito para andar e acho que estava com fome. Atravessou uma rua com muito esforço e relutância e percebi que um homem, empurrando um bicicleta, falava com ele. Chamava-o, como que pedindo para segui-lo.
Aproximei-me do homem, perguntando se o cão era dele. Ele me disse que não, mas como ele estava abandonado, dava-lhe comida, quando o via. Disse-me, também, que ele quase não conseguia andar porque tinha problema de coluna, e bem por isso deviam tê-lo abandonado.
Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo, porque o fato de ter alguém que olhava por ele amenizava um pouco a sua sorte, mas abandonar um animal assim, doente, sabendo que ele não poderia conseguir a própria comida para sobreviver... E foi um ser humano que fez isso, ou um projeto mal acabado de ser humano como tantos outros que existem por aí, pois cães doentes são abandonados quase todos os dias,aqui e em tantos outros lugares.
São abandonados quando ficam doentes, são abandonados simplesmente porque crescem ou ainda quando os donos vão viajar. As pessoas compram os cães ou aceitam ficar com eles, mesmo morando em apartamento, sem avaliar as condições que têm para acolher um animal em casa. E depois abandonam as pobres criaturas.
Que seres humanos somos nós, que acolhemos em nossa vida um animal como um cão, que se receber carinho e amor, devolve em dobro, indiscutivelmente, e depois abandonamos quando descobrimos que ele é uma criatura viva, que precisa de cuidados, e não um brinquedo?
E não é só isso: há quem tenha um cão e não o abandone, talvez fosse melhor se o fizesse, até. Há pessoas que mantém animais eternamente presos, às vezes com correntes que não tem mais de um metro de cumprimento. Um cão assim praticamente nem anda. E existem alguns deles, presos assim, que nem sequer recebem comida e água regularmente.
Alguém capaz disso é capaz de muito mais. Por isso vemos crimes cada vez mais hediondos, vemos a vida ter cada vez menos valor, vemos grassar a violência.

sábado, 17 de outubro de 2009

A "CULTURA OFICIAL" EM SANTA CATARINA

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Recebi, na sexta-feira, um e-mail de amigos que estavam divulgando uma crônica do Olsen Jr. que tivera a publicação censurada. Pois a crônica é sobre o trem da alegria que está acontecendo na “cultura oficial” aqui de Santa Catarina: lembram da minha “ESCRITORES DE SC NA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE”, publicada aqui no blog no dia 6 e no jornal São José em foco no dia 15? Pois é, o Olsen também fala da “seleção” de escritores catarinenses feita pela comissão de intelectuais que a Fundação Catarinense de Cultura nomeou para que uma comitiva catarinense representasse as nossas letras no vizinho Estado do Rio Grande do Sul. Acontece que a tal comissão de intelectuais selecionou a si mesma, pois todos os integrantes, com exceção de Lauro Junkes e Jayro Schmidt, estão incluídos na lista de dezesseis escritores catarinenses que irão à Feira do Livro de Porto Alegre.
Aliás, Olsen vai mais além, ele se reporta à escolha dos livros selecionados para compra pelo estado e posterior distribuição às bibliotecas municipais catarinenses, que já apresentava vícios, como comentei em minha crônica “Os livros catarinenses selecionados para compra pelo estado”, publicada aqui no blog em 3 de setembro.
Transcrevo alguns parágrafos da crônica do Olsen, que foi muito mais enfático do que eu fui na minha crônica: “O governo do estado, através da FCC, elege uma “comissão” para escolher os escritores que irão a Feira do Livro de Porto Alegre. Estranho, penso. Se o “Governo” vai facilitar uma locomoção até a feira, bancando o veículo, natural seria se protagonizasse uma inscrição e que todos os interessados pudessem fazê-la, afinal, o governo, administra o Estado e não um feudo, de ungidos e diferenciados por apadrinhamento. Depois, analisando os acontecimentos ligados a minha área, isto é, a literatura, deparei-me com apoteóticas coincidências, senão vejamos: se a senhora, dona Anita Pires, presidente da FCC, por quem ainda tenho grande admiração, observar – basta por as listas dos nomes a sua frente – os membros que compuseram a comissão que selecionou os classificados no Edital Elizabeth Anderle, mais os nomes que integraram aqueles que escolheram os livros que deveriam ser adquiridos na “Lei Grando”(na Cocali – Comissão Catarinense do Livro) para abastecer as bibliotecas do Estado e ainda, esses agora que escolheram os nomes dos escritores para irem a Feira do Livro, nas três listas a senhora irá deparar com nomes que se repetem em todas elas. Isso posto, acrescente-se a má fé, como diria Sartre, em se “ungindo os agraciados com a ida a Feira do Livro com a indicação da cidade de origem, do nascimento, dos “eleitos” para dar uma ideia de “universalidade” e “abrangência” como se tivesse abarcado o Estado inteiro, assim, o sujeito nasceu em Blumenau (mas mora em Florianópolis), nasceu em Lages (mas está em Floripa), nasceu em Tubarão (mas reside em Floripa) e vai por aí… O Estado ajuda muito quando não atrapalha.”
Essa crônica precisa ser publicada.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"SOPÉ"

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ )

Ontem fui a Livraria Livros & Livros, para o lançamento do livro “Sopé”, com texto de Flávio José Cardozo e desenhos de Tércio da Gama.
O vento, aqui na capital, estava terrível durante o dia, mas parece que à medida que a noite ia avançando, ele ia aumentando. Mas os leitores e amigos do Flávio e de Tércio não se intimidaram com isso e a sessão de autógrafos foi um sucesso. A Livraria Livros & Livros, até bem ampla, ficou pequena para tanta gente. A fila para conseguir um autógrafo do escritor e do ilustrador ficou enorme. Eu esperei quase meia hora, mas como num evento como esse a gente encontra muitas pessoas do meio, é muito legal rever um e outro que a gente não via a tanto tempo.
O Tércio eu não conhecia e percebi que é muito popular e a sua obra bastante apreciada, mas o Flávio é um escritor consagrado e todos já sabemos da qualidade da sua obra. Crônica ou conto dele é garantia de boa leitura. E o livro “Sopé”, publicado pela Editora Unisul está lindão. A apresentação é impecável, o conteúdo delicioso. Parabéns a Unisul pela qualidade editorial e ao autor e ao ilustrador pelo recheio.
Aliás, eu li, ontem, em um jornal, alguém comentando que as ilustrações são preto e branco, mas a gente consegue ver as cores que o desenhista insinua em cada cena. E é verdade.
Valeu a pena sair de casa num dia como ontem, para usufruir da companhia e obra de gente tão talentosa.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A PRIMEIRA PROFESSORA

Por Luiz Carlos Amorim (escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Tenho voltado a Corupá, minha terra natal, e passeado por lá para rever pessoas e lugares. Os lugares estão quase todos lá, um pouco mudados pelo tempo que já passou - as casas onde morei não as encontrei mais, uma delas nem consegui determinar o lugar onde se localizava. As pessoas, poucas revi. Talvez elas até estejam lá, mas já não as reconheço, assim como elas também não me reconheceriam.
Fui ao Grupo Escolar Teresa Ramos, onde estudei – o sobrenome continua igual, mas o nome mudou e a escola também. Hoje tem o triplo do tamanho, ou mais, mas continua sendo a escola estadual da cidade.
Levei alguns livros meus que ainda não faziam parte do acervo da biblioteca da escola e pretendia verificar quais ainda ficariam faltando, para levá-los. Mas o bibliotecário não estava e voltarei outro dia.
E fui levar meu livro mais recente, “Borboletas nos Jacatirões”, para a professora Elizabete Voltolini, minha primeira professora. Sempre levei meus livros para ela, mas fazia tempo que não falava com ela. Encontrei-a em sua casa, na pracinha do centro de Corupá, o mesmo sorriso meigo, o olhar terno, os traços suaves e delicados. O tempo passa e é implacável com todos nós, mas parece ter sido complacente com ela, pois seu rosto ainda conserva a beleza da professorinha de quarenta e tantos anos atrás, a voz doce e acalentadora e a alma límpida e transparente.
Que saudade, professora Elizabete! Que bom poder lhe ver de novo, falar consigo, beijar a sua mão. Vou lembrar sempre da primeira professora, que me ensinou a ler e me ensinou a escrever, que tinha o poder de ensinar com uma facilidade incrível, costurando os assuntos sempre com uma história, que ela também é ótima contadora de histórias.
Hoje, que também sou professor, sei que aquilo era didática aplicada, didática da mais alta qualidade, aplicada de maneira eficiente e eficaz.
Presto aqui a minha homenagem a minha primeira professora, o símbolo do exercício de um ensino competente que deve servir de modelo para todos nós. E homenageando a ela, homenageio todos os professores abnegados e dedicados que tocam, com esforço e pouca remuneração, a educação deste país, que se não fosse por eles não existiria mais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

CLOTIDE E O RIO CACHOEIRA

Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Semana passada li a crônica da Clotilde Zingali, no Anexo, “SOS Rio Cachoeira”. Senti-me solidário com ela e lhe escrevi, dizendo que também sonhava o seu sonho e acordava da mesma maneira. Faz uns dez anos que saí de Joinville e durante todo o tempo que estive aí, o rio só foi sendo assassinado mais um pouquinho a cada dia.
Aproveitei a oportunidade e lhe enviei minha crônica “Fritz e o Rio Cachoeira”, que por sinal vai ser publicada no Portal – página 3 da Notícia, na sexta-feira da semana que vem.
Ela, então, me respondeu, como todo escritor-cronista que adora conversar, gentilmente, me convidando para participar de uma iniciativa dela que acho muito importante. Como ela mesmo disse, anda tentando fazer de tudo para ressuscitar o rio, mas para isso é necessário mobilização, ação. É preciso que muitos “se unam em torno da ideia para fazer passeatas, escrever exaustivamente sobre assunto e integrar a cidade nessa luta”. Esta é uma receita para combater o descaso. Para isso, ela criou um blog, “A alma encantadora da Cidade”, com o objetivo de reunir pessoas interessadas em torno disso.
Então, se você mora ou morou em Joinville, conhece o Rio Cachoeira morto e abandonado, entre em contato com a Clotilde. Se você tem alguma idéia que possa ajudar o rio a voltar a vida, voltar a ser um rio de água e não de lama, com peixes e com o Fritz podendo viver como um jacaré que ele é e não como um zumbi, mande a sua ideia. O endereço do blog é http://almaencantadoradacidade.blogspot.com/ e da Clotide é clozingali@gmail.com .
Precisamos fazer alguma coisa para que parem de poluir o Rio Cachoeira, parem de jogar rejeitos químicos e esgoto nele. E há que se ter vontade política, peito e coragem para isso. Nossos governantes, que foram eleitos para isso, não estão fazendo o seu trabalho. Então precisamos cobrar.
Que viva o Rio Cachoeira!