Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Sempre gostei de ouvir alguém declamar um poema - alguém que saiba fazê-lo. Há muita diferença em ouvir alguém ler um poema e ouvir alguém declamar um poema. A leitura, pura e simples, quase sempre deprecia o poema, não lhe faz jus. Ao contrário, uma declamação bem feita, apropriada, valoriza o poema.
Infelizmente, a arte da declamação é cada vez menos praticada. A arte de saber dizer um poema é cada vez mais restrita a uns poucos privilegiados e é uma coisa que não há onde aprender. Não existem cursos, é uma qualidade nata, que algumas pessoas têm. Eles só precisam ser descobertos, precisam ter oportunidade de desenvolver o seu talento.
Temos muita necessidade de que existam pessoas que saibam dizer poemas, que saibam recriar a emoção e a sensibilidade que o poeta imprimiu em seus versos, arrancar todo o significado das palavras.
Porque eles são muito poucos, nos dias atuais, em que tanto precisamos de um pouco de poesia em nossas vidas. Eles existem, mas são poucos.
Tenho alguns amigos comunicadores que trabalham no rádio, que sabem declamar poesia, pois já o fizeram em seus programas. Eles dão vida aos poemas de poetas consagrados, mas também dão espaço ao trabalho de poetas novos como nós. Declamar é um dom. Acho que quem tem esse dom é abençoado, por conseguir dar som e significado aos nossos versos, por conseguir fazê-los encontrar o caminho que os leva direto ao coração de quem ama a poesia.
Por tudo isso, reputo de grande importância o concurso anual de declamação que existe em Jaraguá do Sul, cidade ao norte de Santa Catarina, pois ele faz com que pessoas que têm esse dom sejam reveladas e sua arte possa chegar até nós. Sempre no mês de julho, em pleno frio do inverno, os jaraguaenses ganham o calor do som e da força da poesia. Há também outros eventos em que a declamação tem relevante importância, quando não se reduz apenas à leitura do poema: no saraus, que voltaram à voga em Santa Catarina, em São Paulo, no Paraná e outros estados. Também nas Feiras de Arte, como em Joinville, onde existia o “Palco da Liberdade” e os poetas podiam subir lá e dizer os seus poemas ou de outrem – talvez não declamar, mas pelo menos lê-los. E é assim, havendo oportunidade, que surgem os bons declamadores.
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