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terça-feira, 31 de maio de 2011

A ILHA: 31 ANOS DE LITERATURA

          Por Luiz Carlos Amorim – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Neste mês de junho, o Grupo Literário A ILHA completa 31 (trinta e um!) anos de atividades, de existência em prol da divulgação da literatura e da criação de espaços para os novos escritores.

A ILHA começou em São Francisco do Sul, 1m 1982, migrou para Joinville dois anos depois e desenvolveu lá atividades como o Varal da Poesia, os Recitais de Poemas, a publicação de livros e da revista Suplemento Literário A ILHA, além de projetos como Poesia na Rua (out-doors com trechos de poemas), Pacote de Poesia (livros com as páginas dentro de um pacote), Poesia na Escola, Poesia no Shopping e outros. No raiar do novo século, em 2000, o grupo fincou sua sede na capital e aqui continua sua caminhada.

A internet, nos anos 90, veio colaborar muito para aumentar o número de leitores e também o número de escritores que participam do grupo. O portal “Prosa, Poesia & Cia.”, em Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br , leva o trabalho do grupo a todo o Brasil e para o mundo todo.

Para comemorar os trinta e um anos de literatura do Grupo Literário A ILHA, as Edições A ILHA publicam, neste mês de junho, o livro infanto-juvenil “O rio que ficou triste”, de Mary Bastian e o livro de crônicas “Cocô de Passarinho”, deste cronista. Os livros serão lançados em Joinville, em junho, juntamente com o livro de poemas de Célia Biscaia Veiga, “Palavras e Exemplos”.

O grupo literário mais longevo das nossas letras continua firme e forte promovendo a literatura catarinense e brasileira.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CONSTRUINDO O FUTURO

  Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Fui convidado, recentemente, para falar sobre poesia e literatura para turmas de quinta à oitava séries numa grande escola de Joinville. Não fazia isso há um bom tempo, desde que nos mudamos do norte de Santa Catarina. Lá fazíamos muitas palestras, a pedido das escolas e eram realizados muitos encontros com alunos, onde conversávamos, declamávamos, conquistávamos mais leitores em formação para a poesia e descobríamos gente boa que escrevia.
De maneira que o Projeto Poesia em Cena que os professores do ensino fundamental da Escola Técnica Tupy veio em boa hora e foi muito bom conversar com muitos pequenos leitores mais uma vez, como já fizemos tantas vezes. Digo muitos pequenos leitores porque havia um teatro lotado deles, estudantes de dez a quatorze anos, curiosos, participantes e ansiosos por fazer a sua pergunta.
Ficamos mais de uma hora conversando e não precisei dar discurso para a platéia, pois tudo o que falei foi em resposta a questionamentos feitos pelos alunos presentes, que já tinham conhecido minha obra na sala de aula e na biblioteca e também pela Internet.
Foi muito gratificante ver o interesse daqueles meninos e meninas, alguns adolescentes, outros entrando na adolescência, por leitura, por poesia, por literatura, pelo processo de criação do escritor, pela processo de publicação da obra escrita, pela divulgação da obra acabada.
Mas o que me chamou mais a atenção e foi uma grata surpresa, foi a preocupação destes jovens leitores pelo futuro da vida neste mundo conturbado de hoje e pela preservação da natureza, que implica, também, num futuro melhor.
Eles mostraram interesse pela sustentabilidade do nosso planeta e preocupação pela educação que nós, adultos, estamos dando as nossas crianças hoje, crianças que serão os governantes amanhã e, conseqüentemente, aqueles que terão a responsabilidade de responder pelo futuro.
Eles têm consciência da carga que lhes está sendo atribuída e talvez a sintam muito pesada, mas deram a entender que se forem orientados adequadamente, serão capazes de assumir.
Muitos adultos de hoje não têm essa consciência, essa capacidade de enxergar mais adiante. Muitos conseguem enxergar somente o lucro imediato em favor próprio e não se preocupam se o que estão fazendo está causando prejuízo ao meio ambiente e ao ser humano, não querem ver as conseqüências que podem e fatalmente advirão.
Crianças, adolescentes como esses mostram que há uma luz no fim do túnel.
Eu me congratulo com elas. E tenho confiança nelas e nos professores que vêm fazendo um excelente trabalho com elas. Que sirvam de exemplo, pois essa é a esperança de que o mundo possa ser melhor amanhã.

domingo, 29 de maio de 2011

OS ESCRITORES E A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

          Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Se verificarmos os escritores que ocupam ou ocuparam as quarenta cadeiras da Academia Brasileira de Letras, veremos que há outros nomes de políticos, diplomatas, religiosos, advogados, que talvez não devessem estar ali. E se formos mais observadores ainda, veremos que há nomes de grandes escritores brasileiros, como Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina e outros, que não se tornaram imortais. Será que não tinham qualificações para tal?

Carlos Drummond de Andrade, sabemos, era avesso às badalações e exposição e não deve ter querido entrar para a Academia, provavelmente. Mas Quintana candidatou-se três vezes e desistiu. Depois da terceira tentativa malograda, inclusive, ele escreveu o seu famoso "Poeminha do Contra": "Todos esses que aí estão / atravessando meu caminho, / eles passarão... / eu passarinho!". Zélia Gatai, por exemplo, independentemente de suas qualidades como escritora, teria sido eleita se não fosse a viúva do nosso saudoso Jorge Amado? José Sarney, se não tivesse sido presidente, teria vestido o fardão?
Existem nomes, dentre os atuais ocupantes de algumas das cadeiras da Academia Brasileira de Letras que são ilustres desconhecidos para a maioria de nós, pobres mortais. Isso, é claro, não lhes tira o mérito da obra. Verificando os estatutos da instituição, constatamos que os critérios não são tão claros quanto poderiam ser. No artigo primeiro, lemos que ela "tem por fim a cultura da língua nacional..." Ótimo. No artigo segundo, está escrito que "só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário."
Quando o estatuto cita "obras de reconhecido mérito", não especifica se é necessário que essas obras estejam publicadas em livro. Fica implícito, então, que a obra pode ter sido publicada em qualquer lugar: em jornais, revistas, antologias, etc. E quando diz "qualquer dos gêneros de literatura" e depois "fora desses gêneros, livro de valor literário", a coisa fica meio confusa. Se é qualquer dos gêneros literários, pode haver algum livro com valor literário fora desses gêneros? Será que isso não causou nenhuma dúvida até agora?

No artigo quatorze, a coisa se repete: "O membro efetivo será eleito, nas condições do art. segundo, dentre os brasileiros que tenham publicado, em qualquer gênero de literatura, obra de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor cultural. Mudou pouca coisa, e a dúvida continuou. Talvez tenha sido proposital uma certa maleabilidade.

Maleabilidade para que possa acontecer, em alguns casos, uma escolha mais política do que por méritos culturais ou literários.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

MÚSICA, DIVINA MÚSICA

        Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Esta sexta foi dia de Camerata. Não agendei nenhum compromisso para hoje à noite e tomei o rumo do Teatro Pedro Ivo, lá o Office Park. Longe pra caramba. (O teatro do CIC continua fechado e não se sabe até quando). Mas valeu a pena.

A Camerata de Florianópolis, como sempre, impecável. E, de quebra, ainda tivemos a participação do coral Polyphonia Khoros, fantástico. Não vou nem falar da mania do pessoal que administra o teatro, de deixar o público entrar só minutos antes do espetáculo começar, porque de cara, ouvimos a Abertura da Ópera O Barbeiro de Sevilha, de Rossini, com a regência do maestro Jeferson Della Rocca. Que coisas fantástica, acho que não tinha ouvido uma execução tão esplendorosa do que a que ouvi hoje. Maravilhosa. Sabe aquela coisa de quando a gente não consegue ficar parado, a música vai entrando pelos ouvidos da gente, pelos poros, pelo olhar preso no movimento dos músicos, invade o cérebro, o coração, a alma da gente? Pois então. A obra do grande compositor arrebata a todos, mas mais a mim, atrevo-me a pensar, pois levito com a divina música.

Depois foi a vez de Divertimento Consertante para Contrabaixo e Orquestra, de Nino Rota, compositor que eu não conhecia ainda, confesso. E confesso também que não gostei dos solos de contrabaixo. Gosto imenso desse instrumento de corda, mas em conjunto com todo o resto da orquestra, em harmonia com todos os outros instrumentos. Aliás, heresia minha, cheguei à conclusão de que não gosto de solos. Acho que nem de piano. Gostei das partes da peça de Nino Rota quando todos tocavam juntos.

E pra terminar, tivemos “Fantasia “Coral” para Piano, Coro e Orquestra, de Beethoven. Gosto de quase tudo deste grande compositor e gostei dessa peça também, até dos solos de piano. Mas o ponto alto foi a participação do Coro Polyphonia Khoros, num pequeno trecho da peça. Que coral estupendo, que coisa fenomenal! E digo num pequeno trecho, porque infelizmente a participação do coral foi apenas em parte da música. Pela grandiosidade do Coral, fiquei desejando que eles tivessem cantando do começo ao fim da “Fantasia...” Preciso ficar de olho para não perder um possível espetáculo todo com esses cantores maravilhosos.

Então, não valeu a pena?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A CORRUPÇÃO LEGALIZADA

              Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


Vocês se lembram, com certeza da Lei da Ficha Limpa, pois não? Conseguiram fazer com que ela não valesse para as últimas eleições, liberando geral para os corruptos de plantão que eram candidatos e foram votados. Pois é: precisamos acabar com os ficha suja, aprendendo a votar, não votando em quem não merece, procurando saber se o candidato merece o nosso voto e, principalmente, procurando saber da vida dele, o que ele fez ou deixou de fazer.

Mas além de invalidar a Lei da Ficha Limpa, que nem sequer sabemos se vai valer algum dia, olha a cara de pau de um deputado federal da Bahia acaba de propor um projeto de lei que, literalmente, legaliza a corrupção na politicagem. O projeto de lei, conforme divulgaram os meios de comunicação, proíbe o Ministério Público de investigar atos de corrupção de Presidente da República, governadores de Estados, senadores, deputados federais, deputados estaduais e prefeitos. Não é uma beleza? E o projeto já foi aprovado em primeiro turno no congresso. Se a roubalheira já era enorme até agora, imaginem como vai se daqui em diante.

Como eu disse no início, não sabemos votar e precisamos aprender a fazer isso. Estamos colocando um bando de oportunistas para nos representarem, que só “abraçam” a carreira política para ficarem ricos sem fazer nada. Se não houver em quem votar – e não é raro não ter candidato decente em quem se votar – melhor anular o voto, pois só assim, se todos fizessem isso, manifestaríamos nossa indignação com a corrupção que grassa por aí.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A LINGUÍSTICA E O ENSINO DO PORTUGUÊS

                Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A linguistica estuda as maneiras de se falar uma língua em diferentes regiões onde ela é adotada. Então falar, seja como for, é uma questão lingüística. Isso quer dizer que a lingüística respeita os diferentes modos de falar uma língua, o que não quer dizer que ela sugere o abandono da gramática, do ensino da normas de bem falar e bem escrever o português, por exemplo.

Pois na contramão disso, ao invés de dar condições às escolas de ensinar aos nossos estudantes a boa e velha gramática para que eles possam se comunicar e possam comunicar o que pensam a todos, o MEC – Ministério da Educação, comprou 485 mil exemplares do livro “Por Uma Vida Melhor”, da coleção “viver, aprender”, de Heloísa Ramos, e distribuiu a milhares de alunos da rede pública.

Pois o livro em questão prega que falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega os peixe” é uma maneira correta de falar e quem disser o contrário é preconceituoso, está praticando “preconceito lingüístico”. Ora, vivemos insistindo que a qualidade de nosso ensino fundamental e médio deve melhorar, para que nossos alunos aprendam efetivamente a ler e escrever – mais que isso, que entendam o que leem e consigam se comunicar, se fazer entender ao escrever um bilhete, uma mensagem, uma carta. E aí vem o Ministério da Educação, que deveria primar pela boa qualidade do ensino no país, e gasta um uma cifra enorme do dinheiro público para comprar um livro que apregoa o assassinato da língua portuguesa, mais do que já foi feito até aqui?

Semana passada, ainda, escrevi sobre a possibilidade que aventaram, recentemente, de levar o “internetês” para a escola, o que já seria um aviltamento generalizado da língua. Agora me aparece essa notícia, dando conta de que o MEC cometeu o disparate de comprar uma fortuna em livros que não ajudarão em nada os estudantes no aprendizado de um bom português, muito pelo contrário: dá passe livre para que as pessoas falem do jeito que bem entenderem. Consequentemente, vão escrever assim também.

Enquanto, de um lado, tenta-se unificar a língua portuguesa em todos os países onde ela é o idioma oficial, no Brasil adota-se a reforma, mas o governo distribui “obra” desobrigando nossos estudantes de primeiro e segundo grau e os cidadãos em geral de aprender e praticar o português correto.

Com a educação já falida neste nosso pais, com novas modificações aprovadas para o Ensino Médio e para o fundamental também, mais este livro nefando distribuído igual bala aos alunos das escolas públicas, a luz no fim do túnel fica cada vez mais tênue.

domingo, 22 de maio de 2011

O LIXO E O PLÁSTICO BIODEGRADÁVEL

              Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


Em minha casa separamos o lixo reciclável. O caminhão que pegava esse lixo diferente do lixo comum passava às quinta-feiras na nossa rua, e toca uma música que o caracterizava, então sabíamos quando estava passando e levávamos os sacos para entregar. Fazíamos isso porque, se deixarmos os sacos com lixo reciclável na calçada, os carroceiros ou catadores passam, abrem-nos e procuram somente o que lhes interessa, geralmente latinhas de bebida de alumínio, e espalham o resto pela rua, senão em frente da casa da gente, um pouco adiante.

Acontece que, de uns meses para cá, o caminhão do lixo reciclável não passa mais às quintas, passa às sextas e não faz ruído nenhum para se anunciar. E ainda por cima passa rápido.

Esse pouco caso com o lixo reciclável me lembrou do esforço para se acabar com as sacolas de plástico que a gente pega no supermercado, na feira, nas lojas, em todo lugar. Sacolas que a gente leva para casa e acaba usando como saco de lixo. Só que a tentativa de acabar com elas é justamente porque o plástico leva dezenas de anos para se decompor, por isso ele fica contaminando o solo por um tempo tão grande. E o meio ambiente já foi bastante agredido até aqui, prova disso é a revolta da natureza que temos presenciado tão frequentemente nos últimos tempos.

Então me pergunto: já existem os sacos feitos de plástico biodegradável, porque não se substitui de vez o plástico comum por esse plástico que se decompõe e não causa prejuízo nenhum à natureza? Teríamos que pagar dez, quinze, vinte centavos por sacola, mas o que é isso em vista da sobrevivência do ser humano neste nosso planeta Terra?

Que se disponibilizem sacos de plásticos biodegradável em supermercados, feiras, mercados, lojas, em todos os lugares, para que aquelas pessoas que não levam a sua sacola ecológicamente correta, de pano, de lona, etc., comprem os sacos que somem no solo sem causar nenhum dano.

Talvez, tendo que pagar, talvez passemos a ter mais cuidado com o nosso meio ambiente, tão fragilizado. Que todos nós tenhamos o bom senso de separar o plástico comum para que seja reciclado, para que fabriquem com ele, por exemplo, o papel de plástico, com o qual podemos fazer livros mais duráveis. Sem as sacolas plásticas para complicar o processamento do lixo comum, teremos menos problemas no nosso meio ambiente, pois o lixo comum das nossas cidades terá um processamento mais racional nos aterros sanitários.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

MEU NOVO LIVRO DE CRÔNICAS

                            Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


Manter um blog com o nome de “Crônica do Dia” me estimula a escrever todos os dias. E como colaboro com muitos jornais, pelo Brasil afora e até em outros países de língua portuguesa, publicando crônicas e artigos, produzo muitos textos sobre assuntos vários. Eu poderia até escolher um assunto para selecionar crônicas em torno de um mesmo tema, mas prefiro diversificar, para não cansar o leitor.

Então seleciono alguns dos muitos textos publicados no blog e em vários jornais e concretizo “Cocô de Passarinho”, meu sétimo livro de crônicas. Por que “Cocô de Passarinho”, a princípio um título impensável para um livro? Pois é o título de uma das crônicas, e o texto deve justificar o destaque muito bem, pois enfoca o assunto de um jeito diferente do esperado.

Animais, natureza, meio ambiente, cotidiano, cultura, arte, a emoção humana e o fato de estarmos deixando de ser humanos, às vezes, são os motes das crônicas reunidas em “Cocô de Passarinho”.

Como digo sempre, a prosa publicada aqui, reunida neste e em outros livros meus são apenas início de discussão. As pessoas pensam diferente, umas das outras, e a troca de experiência e de opinião é que traz riqueza ao relacionamento humano. A visão de cada um pode tornar muito mais interessante a abordagem de um assunto.

O novo livro sai no próximo mês, para fazermos uma noite de autógrafos em Joinville, a convite da amiga Mary Bastian, que vai lançar seu novo livro infanto-juventil “O Rio que Ficou Triste”.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A SAGA DE APOLÔNIA

   Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Apolônia Gastaldi é uma escritora maiúscula. Ela começou com a poesia, enveredou pela prosa com todo a força e firma-se uma representante legítima da boa literatura catarinense com romances como “Barra do Cocho”, “Anjos Azuis” e “A Força do Berço”, saga em quatro volumes. Além dos livros de poesia, como “Mar”, “Amor”, “Panoramas” e outros. E novos títulos estão em produção, inclusive o quinto volume de “A Força do Berço”.
A saga de Stelle, a personagem central de “A Força do Berço” da escritora catarinense, chegou, então ao quarto volume publicado. O grande romance de Apolônia começou com “A Força do Berço – Herança” e seguiram-se-lhe, em 2005, escritos durante os quase vinte anos de intervalo desde a publicação daquele primeiro volume, as seqüências “Segredos”, “Sinais” e “Regresso”.
“A Força do Berço” conta a trajetória de Stele, uma mulher vivendo na França do começo do século 20. Uma herança a faz sair da vida urbana em Paris, para assumir um vida rural na Provença. Dona do Paradis, uma grande fazenda com muitas pessoas trabalhando para ela, descobre-se exímia administradora. E paralelo a isso, começa a perceber e a descobrir segredos da família, que a vão envolvendo e a fazem descobrir o amor.
Em “Segredos”, a vida tranqüila do “Paradis” começa a evoluir para grandes mudanças, com a chegada de novos agregados. E a protagonista vai descobrindo segredos também dos novos personagens que se infiltram, gradativamente, em sua vida. Stelle vê grandes mudanças acontecerem e ela volta à vida urbana, transformando-se em poderosa mulher de negócios, em meio a pessoas de cultura diferente da dela, com toda a sua vida sentimental também transfigurada.
No final desse terceiro volume da saga, a vida de Stelle dá mais uma reviravolta, que é resolvida no terceiro volume, “Sinais”. Nessa terceira parte, novas guinadas na vida da protagonista, revelações de alguns segredos, alguns mistérios são desvendados ela retorna à fazenda, ao paraíso Paradis, a volta às origens.
Em “Regresso”, o destino - ou a autora de “A Força do Berço” – leva Stelle de volta para Marselha, aos negócios e à vida diplomática, tudo o que ela tinha deixado para trás quando do retorno ao Paradis. O envolvimento profundo com pessoas de uma outra cultura mudaram a vida dela e os costumes diferentes dessa cultura de um país distante contribuíram para isso. Novas guinadas na história preparam e dão o gancho para o derradeiro volume da saga, a ser publicado em breve.
Apolônia se firma como excelente narradora que é, desenvolvendo um universo complexo e personagens interessantes, com muita criatividade, misturando suspense e romantismo, aventura e conhecimento, beirando a trama policial.
Contadora de histórias por excelência, Apolônia usa vocabulário simples e objetivo, em frases curtas, quase telegráficas, que dão leveza e dinamismo a sua obra.
“A Força do Berço” não é um romance de enredo previsível. É uma trama bem engendrada e desenvolvida, que vai prendendo o leitor cada vez mais, quanto mais se leia.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O ESCRITOR E OS DIREITOS AUTORAIS

   Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Já falei de sebos, inclusive sou freqüentador de um, aqui perto de casa, muito bem organizado, onde é fácil encontrar as coisas, saber se há ou não esse ou aquele livro, esse ou aquele autor. Acho interessante e econômico, pois já encontrei obras importantes que talvez não encontrasse nas livrarias, por um preço ótimo, embora o estado do livro não fosse dos melhores. Mas é claro que não se pode ter tudo.

E eis que fico sabendo de um movimento, uma campanha de escritores britânicos, exigindo mudanças nas leis de direitos autorais para que passem a receber royalties sobre a venda de livros usados. Os escritores alegam “que a imensa disponibilidade de cópias de segunda mão no país, que só tem feito aumentar por conta da oferta de vendas via internet, não apenas está reduzindo a vida útil de livros novos, como ainda privando os autores de seu ganha-pão.”
Nunca tinha pensado nisso, pois nós, os autores, já ganhamos os parcos direitos autorais quando da primeira venda do livro, mas não deixa de ser coerente. Nunca cogitei, até porque sei que as novelas e seriados brasileiros, por exemplo, que são vendidos para diversos países, não garantem a autores e atores pagamento por essas novas exibições.
Não seria justo que a gente, que produziu a obra, recebesse alguma coisa, também, quando alguém ganhasse dinheiro vendendo outra vez o suor do nosso trabalho?
Só que no Brasil a coisa se configura bem mais grave. Além dos sebos, que cada vez mais se firmam como uma opção válida para se comprar livros, existem as famigeradas “apostilas” que cursos e escolas usam mais e mais. Não sei se elas existem na Inglaterra, da mesma forma como a conhecemos aqui em nosso país.
As apostilas surgiram como forma de baratear a compra de material didático por parte de pais de alunos. O fato de reunir num mesmo volume várias matérias condensadas e com exercícios, podia evitar a compra de diversos livros.
Acontece que o barato ficou mais caro do que os livros. E as “apostilas”, que reúnem material não raro extraído de outros livros, quase sempre não pagam direitos autorais a ninguém. Então, pergunta-se, porque as “apostilas” custam tão caro? Elas são feitas em grandes tiragens, às vezes em papel inferior e com acabamento nem um pouco sofisticado, e têm custo elevadíssimo. Sei disso porque minhas filhas recém acabaram o segundo grau, e tanto no primeiro e segundo graus quanto no cursinho pré-vestibular, grassaram as “apostilas”. E elas eram mensais, custando entre cinqüenta e setenta e tantos reais cada. Se juntássemos o valor das apostilas do ano todo, poderíamos comprar os livros de cada matéria e ainda sobraria dinheiro.
O que me surpreende é que não vi, ainda, nenhum movimento de editoras contra esse estado de coisas, contra a publicação dessas famigeradas apostilas, que substituem os livros didáticos.
Será porque elas estão envolvidas na sua publicação? As apostilas que minhas filhas eram obrigadas a usar eram de um conhecido curso que também tem uma editora e eles mesmos publicavam-nas.
A reivindicação dos escritores da sua parte na revenda de suas obras parece justa. Mas é justo alguém publicar excertos de outras publicações, cobrar uma fortuna por essa republicação e não pagar direito autoral a ninguém?
Acho que isso é muito grave. A lei de Direitos Autorais no Brasil tem que ser revista. Urgente. O Ministério da Cultura está demorando para decidir sobre a revisão da Lei de Direitos Autorais, que está para ser aprovada há anos. Precisamos que essa revisão saia.

domingo, 15 de maio de 2011

LÁPIDE PARA MINHAS ÁRVORES

Jacatirão de inverno (manacá-da-serra)

              Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Os jacatirões de inverno, que por aqui chamam de manacá-da-serra, estão começando a se cobrir de cores, numa florada das mais belas. Então saí para fotografá-los, que estão fantásticos, brilhando em muitos jardins. Até os meus pés de manacá, um ainda bebê – ele é baixinho, tem a minha altura - estão lindos, começando a se cobrir de flores, cheios de botões.
Sei que numa rua perto do apartamento onde eu morava, antes de mudar de novo para uma casa, há vários deles e queria registrar, pois é um espetáculo da natureza que precisa ser eternizado.

Mas fiquei feliz ao lá chegar, pois das várias árvores que existiam – seis delas - algumas já bem grandes, tinham mais de três metros de altura, outras menores, mas nem por isso menos majestosas, apenas duas estavam florescendo, uma com quase metade dos galhos secos. Os pés de jacatirão mais bonitos da cidade estão morrendo, sobram apenas dois e apenas um deles ainda está saudável.

E olhando para o outro lado da rua, meu sorriso foi ficando ainda mais triste e eu fiquei paralisado de decepção: a minha amiga árvore, que ficava na esquina, uma paineira, acho, não estava mais lá. Cortaram-na, rente ao chão, seu tronco estava na mesma altura da minha alegria que desabara, quando vi aquilo. Algum leitor talvez se lembre da minha amiga árvore, que no final do outono dava folga às folhas e florescia esfuziantemente, florescia flores grandes e coloridas e ia cobrindo o chão com suas pétalas, como se fora um tapete para os caminhantes daquela rua.
Não estava mais lá minha amiga árvore, quando voltei para admirar-lhe a majestade, como havia prometido, tão singela e humilde do alto dos seus mais de cinco metros. Não lhe descobrira, ainda, o nome, mas não importava, o que contava era a sua presença, a sua amizade, a doar-se para nós, seus admiradores, em flores e cores.

Não consigo achar uma razão para alguém cortar uma árvore tão bela, que estava num lugar onde não atrapalhava ninguém, pelo contrário: quando não estava florida, era muito verde e viçosa, quando estava florida era uma obra prima pintada pela natureza. Estava numa esquina, num lugar onde não se constrói nada, era o lugar ideal para ela.
Mas cortaram-na. Agora, só a saudade ficou naquele lugar abençoado, tanto tempo ocupado pela minha amiga árvore. Suas flores não voltarão mais, como em todos os outonos.

Saudade de você, amiga árvore. Saudade dos grandes pés de jacatirão que estão morrendo. Mais saudades, para doer outro pouquinho.

sábado, 14 de maio de 2011

NORMA, O ESPÍRITO DA CIDADE

              Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


Uma das pessoas que tive o prazer de reencontrar, ontem, na noite de lançamento do livro “Varal Antológico” e dos livros da Jacqueline, foi Norma Bruno, escritora das coisas da Ilha. Colocamos a conversa em dia, ainda que rapidamente, pois ela também estava revendo amigos e eu estava autografando a antologia – acho que autografei mais livros do que num lançamento de livro meu. E ela me falou dos seus projetos. Livros novos em vista, recém iniciada caminhada como cronista do Instituto Caros Ouvintes, aos domingos, e um blog novo a ser lançado, entre outras coisas.

Pois, hoje, eis que senão quando, recebo comunicado da Norma que seu novo blog acaba de entrar no ar. Trata-se de “O Espírito da Cidade”, em Http://normabruno.wordpress.com, já com duas crônicas postadas.

A propósito, achei o título do blog muito oportuno, pois Norma, como já disse, é a escritora que observa a vida da cidade, é a cronista que vê tudo, que registra tudo, como se fora o espírito da cidade.

Como diz Norma na primeira crônica postada no seu “O Espírito da cidade”, “Este blog é uma homenagem à ideia de “cidade”, uma das mais bem sucedidas criações humanas, à minha querida cidade e à cidade de cada um. Muito do que se lê aqui aconteceu, de fato, do jeito mesmo que é narrado; muito mistura realidade e fantasia. O resto é inventado. Mas, a considerar a vasta criatividade humana e as possibilidades que uma cidade oferece, tudo bem que podia ter acontecido… “

Então, se quisermos ver o retrato de Florianópolis, a cara verdadeira da cidade, o espírito real da capital, há que se ver o blog de Norma.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

NOITE ANTOLÓGICA NA ILHA DA MAGIA


                Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Acabo de chegar da noite de autógrafos dos autores reunidos na antologia “Varal Antológico” e dos livros da escritora Jacqueline Aisenman, na Livraria Catarinense do Beiramar Shopping. Foi um sucesso, um dos lançamentos mais concorridos na capital. As dependências da livraria ficaram apinhadas, tinha gente até do lado de fora esperando para entrar. Um coisa espetacular.

Jacqueline, a organizadora da antologia “Varal Antológico”, estava autografando seus dois livros: “Lata de Conserva” – contos breves e “Poesia nos Bolsos” – poemas. Sobre eles já falei na minha crônica do dia primeiro de maio, vale a pena lê-los.

A antologia, que reúne escritores que publicaram na revista eletrônica “Varal do Brasil”, foi um dos livros que mais vendeu no dia do lançamento. Mas o mais importante de tudo é que vários escritores que constam da antologia, de várias partes do Brasil, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas, Bahia, Fortaleza, etc., acorreram ao chamado da organizadora e estava presentes, abrilhantando essa festa literária na Ilha da Magia.


Foi muito bonito, uma noite de confraternização, em que pude rever muita gente amiga, como Norma Bruno, cronista maior das coisas da Ilha e conhecer novos amigos, como a Vó Fia, de Minas Gerais.

Na foto, Norma, eu e Jacqueline

quarta-feira, 11 de maio de 2011

UM CONTINENTE LITERÁRIO

   Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Grupos, revistas, jornais e suplementos ou páginas literárias aparecem, de vez em quando – ou já apareceram, com mais frequência, em outros tempos – para logo depois desaparecerem, infelizmente. Falta de espaços, falta de valorização da cultura, de reconhecimento do fazer literário – e lá se vai tudo por água abaixo.
O Suplemento Literário A ILHA, revista que surgiu a partir de um pequeno jornal alternativo, em São Francisco do Sul e da necessidade de se abrir espaços para os textos que os leitores produziam e enviavam para a sua redação, publica poesia, conto, crônica, artigos e notícias sobre cultura e literatura.

Em seu primeiro número, lançado em junho de 1980, a revista aparecia somente com contos e poemas de gente da ilha e apenas em versão impressa. Hoje, trinta e um anos depois, ela chega ao leitor através da 117ª. edição, na versão impressa e também em versão on-line, no portal do Grupo Literário A ILHA – Prosa, Poesia & Cia, em http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br , atingindo um público infinitamente maior.

Mais adulta, mais madura, mas convicta e independente, sobrevivendo sem se atrelar à “cultura oficial”, ela reúne, há vários anos, poetas, cronistas, contistas, ensaístas e articulistas de todo o Estado, do país e até do exterior. São mais de cem edições em 31 anos de persistência e perseverança, sempre acompanhando e se adaptando às novas mídias que surgem, para possibilitar a aproximação com o público leitor, como internet, edições em pdf, e-book, etc., melhorando a apresentação e chegando cada vez mais longe.

O jornal, o semanário que deu origem à revista, acabou. Mas o Suplemento Literário A ILHA continua firme e atuante, ininterrupto, firmando-se como o órgão mais representativo da literatura catarinense.

A revista continuou aparecendo, ainda que com dificuldade, pontualmente a cada três meses, às vezes apoiada por pequenas propagandas do comércio e indústria do norte catarinense, quando a receita da venda da edição anterior não cobria o custo de um novo número. Vale frisar que a dificuldade existia e existe apenas na edição da versão impressa: a matéria prima é abundante e de qualidade. Não que sejamos grandes escritores, mas estamos produzindo e criando alternativas para chegar ao leitor. A nova literatura catarinense e brasileira passa pelas páginas da revista do Grupo Literário A ILHA. O suplemento dá espaço para todos e nós sabemos que escritores são aqueles que o público lê, e não aqueles que apenas escrevem. E o Suplemento Literário A ILHA é o veículo.

Em cada edição da revista aparecem novos autores e a circulação da versão impressa, dirigida, aliada à penetração da edição on-line, usando como veículo o fenômeno de comunicação que é a Internet, com alcance mundial, traz para as páginas da revista e para as páginas do portal Prosa, Poesia & Cia., autores de todo o país e também de outros países.
É um espaço cada vez mais democrático, pois acolhe todos aqueles que querem ser lidos, que querem chegar até o leitor, de maneira simples e direta, mas de qualquer modo, chegar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

AUMENTO DE HORAS/AULA NA ESCOLA

                           Por Luiz Carlos Amorim – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Falei, na sexta-feira, das mudanças que o Conselho Nacional de Educação aprovou para o Ensino Médio, comprometendo ainda mais a educação brasileira que já está um caos.

Pois tem mais: leio em uma das revistas de informação semanal desta semana que o Senado também aprovou um projeto de lei que eleva de 800 para 960 horas a carga horária mínima anual para o ensino fundamental e também para o ensino médio, a partir de 2013.

A atual carga horária está apertada, não está sendo possível dar todo o conteúdo programático anual, e essa mudança, esse tempo extra viria em boa hora, não fossem algumas das mudanças para o Ensino Médio aprovadas, também recentemente, pelo Conselho Nacional de Educação. Com a implantação de mais quatro disciplinas, a ampliação de horas/aula viria muito a calhar, mas algumas das outras modificações deixam dúvidas quanto a se isso resolverá o caos atual da educação, como a “autonomia” das escolas para escolher quais disciplinas terão mais prioridade (maior número de aulas) e quais poderão ter a carga horária diminuída.

Esperemos que sim, que mais tempo em sala de aula faça com que o professor consiga dar o conteúdo com tranquilidade e que os alunos possam aprender mais e melhor. Mas ainda continuo achando que o governo, com essas novas modificações, está se eximindo da responsabilidade quanto à qualidade da educação brasileira, deixando toda a culpa para as escolas. E, como já disse na sexta, em nenhum dos dois projetos aprovados falou-se de adequação dos salários dos professores. Sim, porque eles vão ficar mais tempo em sala de aula, vão ter que preparar mais aulas, corrigir mais provas, etc., etc. Vão trabalhar muito mais.

domingo, 8 de maio de 2011

CANÇÃO

Por Luiz Carlos Amorim - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Canto uma canção antiga,

uma canção romântica,

uma canção de amor,

uma canção de vida.

Canto prá você.



Canto todas as canções

numa cantiga só...

Às vezes desafino, é verdade,

mas a canção é poesia,

acalanto, emoção,

é alma, é sentimento.

É tudo, é você, mãe.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

AS NOVAS DIRETRIZES PARA O ENSINO MÉDIO

                        Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


E o Conselho Nacional de Educação acaba de aprovar mudanças no Ensino Médio – o Ministério da Educação ainda precisa homologar, mas parece que está tudo arranjado.

Estive verificando as mudanças e não gostei nada do que vi. Fizeram mudanças no Ensino Fundamental, na década passada, há poucos anos, e o resultado não foi bom: a alfabetização, que sempre foi eficiente, agora tem uma sistemática totalmente diferente. E os professores que se virem. Ensina-se às crianças primeiro a escrever com letra de forma, o que torna um problema ensiná-las a escrita cursiva. Antes ensinava-se a letra de imprensa apenas para o reconhecimento dos caracteres impressos no livros e outras publicações. As famílias de sílabas, que iniciavam as crianças na leitura das palavras, não é mais usada, elas tem que reconhecer o encontro de consoantes e vogais “por repetição”, meio por simbiose, pois são jogadas sílabas para elas formarem palavras, por exemplo, mas elas não sabem o que está escrito. Por isso, temos crianças, hoje, no terceiro ano do ensino fundamental que não sabem ler e escrever. E como não existe mais reprovação, também uma das novidades, elas seguem em frente de qualquer maneira, mesmo que não tenham conseguido acompanhar o conteúdo dado.

Agora querem mudar o Ensino Médio, que já não é dos melhores e que, pelo visto, não vai ficar melhor. Pela nova sistemática, as escolas de ensino médio poderão optar por quatro novas disciplinas: ciência, tecnologia, cultura e trabalho. Aí me pergunto: mas como, se atualmente o tempo em sala de aula não é suficiente para dar o conteúdo programático sem essas matérias? Ah, fácil: o projeto de mudança prevê o aumento de três para quatro anos a duração do ensino médio noturno.

Mas tem mais: para dar mais “autonomia” às escolas, cada escola poderá escolher entre quatro áreas de atuação para focar o seu currículo e poderá aumentar ou diminuir o número de horas-aula das disciplinas fundamentais, como português ou matemática. Uma escola de uma região industrial, por exemplo, pode focar seu currículo na área de tecnologia e reduzir a carga horária de disciplinas como física e química. Tudo ótimo, mas e quem vai fiscalizar se isso está sendo feito corretamente? Porque me parece mais que o Ministério da Educação (o governo do país, na verdade) está se desobrigando da responsabilidade da qualidade da educação brasileira, para colocá-la nas costas das próprias escolas. Algo como: a culpa da má qualidade do ensino médio não é nossa, é da escola que não soube usar a “flexibilização” que oferecemos.

Outra dúvida: um Estado ou uma cidade, ou uma escola de uma determinada região escolhe priorizar algumas disciplinas, em detrimento de outras. Os estudantes que saírem dessa escola terão dificuldades não só para conseguir acesso à universidade, seja por vestibular ou Enem, mas também para se manterem nela, para acompanhar o currículo, se conseguirem entrar no ensino superior.

Ah, mas com essa coisa de aumento de matérias aqui, diminui outro tanto acolá, aumenta o carga horário de algumas e diminui de outras, o projeto prevê uma saída sensacional: O CNE aprovou que a escola pode trabalhar até 20% de conteúdo à distância. Não é sensacional? A escola aumenta a quantidade de disciplinas ou de carga horária delas, mas não precisa dar a aula.

Além de tudo isso, uma coisa muito importante não é prevista no projeto que foi aprovado: não foi falado na preparação dos professores para todas essas mudanças, na adequação para a implantação de tantas mudanças, muito menos em salário.

Não sei não, parece que querem piorar ainda mais o Ensino Médio, ou será impressão minha?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

FEIRA DO LIVRO EM FLORIANÓPOLIS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Em Florianópolis existem duas feiras do livro, uma no início do ano, em maio, e a outra no final do ano, as duas realizadas no Largo da Alfândega. Mas não foi sempre assim. Até meados da década passada, a edição tradicional da feira, realizada em setembro ou outubro, foi montada em vários locais, abertos e fechados, desde 1986, e por fim estabeleceu-se no Beiramar Shopping, onde ficou por vários anos. A outra, a Feira de Rua do Livro de Florianópolis, realizada no Largo da Alfândega, ao lado do Mercado Municipal, em abril ou maio, é mais jovem, iniciou em 2001.
A partir de 2007, a exemplo da Feira de Rua do Livro, realizada sempre em maio, a antiga Feira do Livro de Florianópolis, que acontece mais para o fim do ano, também passou a ser montada no Largo da Alfândega, no meio do caminho dos transeuntes, no meio do caminho do leitor.
E é importante que isso aconteça, pois a feira que é apresentada em locais fechados, como era o caso da Feira do Livro de Florianópolis, em setembro, que se localizava no sexto andar do Beiramar Shopping, atrai o visitante que já é leitor, aquele que sai de casa predisposto a ir à feira.
Já a feira de rua do livro pode apanhar de surpresa o cidadão que está passando, o transeunte comum que nem sempre é leitor e pode passar a sê-lo. O mérito da feira de rua do livro é esse: ficar no caminho das pessoas, para que elas esbarrem com uma quantidade enorme de livros de todos os tipos, tamanhos, cores e gêneros e seja conquistada por eles, comprando algum e passando a gostar de ler.
As feiras do livro de Joinville, de Jaraguá do Sul, de Itajaí, de Chapecó, de Lages e de outras cidades também são feitas em praças, em locais abertos, em tendas montadas no meio da rua, a exemplo da pioneira, a feira do livro de Porto Alegre.

Uma pena é constatar que a feira de início de ano de Florianópolis, que este ano acontece a partir do dia 10 deste mês, venha involuindo. Não são convidados grandes nomes da literatura, nem mesmo os escritores daqui estão lançando seus livros lá. Não há, praticamente, eventos paralelos, como em outras feiras.

As feiras do livro, na capital, estão sendo realizadas na corrida, meio a toque de caixa, pelo menos é o que dá a entender. O convite da feira que começa no próximo dia 10, por exemplo, foi enviado aos escritores, para agendamento de participações como lançamentos de livros, sessão de autógrafos, etc., apenas hoje. Parece não haver planejamento. Por que, então, não se faz apenas uma feira por ano, bem planejada, estudada com bastante antecedência, como já foi cogitado? Sabemos que a Câmara Catarinense do Livro não tem verba para gastar com a feira, além do que recebe pelo aluguel dos estandes, que não recebe nenhum apoio do Estado, então talvez uma feira bem realizada fosse melhor.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O RENASCIMENTO DE UM RIO


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Minha amiga Mary Bastian, gaúcha radicada em Joinville, está lançando seu novo livro infantil “O Rio que ficou Triste”. O texto, é claro, é dela e as ilustrações são de Sérgio Luiz e Márcia Franco. Um livro bonito, muito colorido, com desenhos muito bem feitos que ajudam a contar a história. E muito conteúdo, pois é um livro ecológico, que mostra para nossos leitores em formação que não devemos poluir nossos rios para que eles não morram e para que o ser humano não fique sem água, líquido vital sem o qual não sobrevivemos.

Numa época em que a natureza está dando frequentes alertas para que paremos de envenenar o nosso meio ambiente, para que paremos de poluir o planeta em que vivemos, Mary conta uma história que mostra que é possível limpar um rio que poluímos, que é possível ressuscitar um rio morto, é só ter vontade e determinação.

A mensagem que a autora nos envia com a sua obra é muito oportuna, porque precisamos nos conscientizar de que não podemos mais poluir tudo a nossa volta, não é possível envenenar continuamente o ar, a água, a terra, o mar, sem que haja consequências para nós, que vivemos neste planeta Terra que insistimos em maltratar. Se não houver água limpa, não haverá vida.

Então é urgente que cuidemos de nossos rios, que paremos de jogar lixo tóxico, lixo doméstico e toda sorte de dejetos nos cursos dágua que teriam de abastecer-nos , agora e principalmente no futuro, sob pena de não haver futuro.

A natureza tem mostrado a sua força, na tentativa de fazer-nos entender que estamos fazendo tudo errado. Mary dá uma grande parcela de colaboração com “O Rio que ficou Triste”, ajudando nesse alerta, mostrando que há que se dar sobrevida aos rios mortos, que há que limpá-los, que protegê-los, pois eles são a essência da vida no amanhã. É uma obra de grande valor, dessa escritora antenada e preocupada com os problemas da atualidade, que com talento e criatividade nos conclama a salvar nossos rios, para que possamos salvar a própria raça humana.

domingo, 1 de maio de 2011

JACQUELINE, PROSA E POESIA

Por Luiz Carlos Amorim – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


O dia 13 de maio deste ano, além de marcar a data histórica da Abolição da Escravatura no Brasil, abrigará um evento literário histórico na capital catarinense: será lançada, na Livraria Catarinense do Beiramar Shopping, o livro “Varal Antológico”, primeira antologia do Varal do Brasil, revista literária eletrônica editada por Jacqueline Aisenman, na Suiça. O livro reúne trinta e oito escritores de diversos pontos do país, vários de Santa Catarina, inclusive dois integrantes do Grupo Literário A ILHA, eu e a Fátima de Laguna. Agradeço mais uma vez o convite da organizadora, Jacqueline, para a minha participação.

Mas não é só a antologia que será lançada. Dois livros da escritora Jacqueline Aisenman também estarão sendo lançados: “Lata de Conserva” – contos (ou crônicas?) curtos e “Poesia nos Bolsos” – poemas. Tive o privilégio de receber da autora, na hora em que ficaram prontos, os dois livros e pude lê-los em primeira mão. Uma excelente leitura, diga-se de passagem.

Como já disse, os dois livros de Jacqueline são um de prosa e outro de poemas. Atrevo-me a dizer, depois de lê-los, que os dois se confundem, em gênero e qualidade, pois o livro “Poesia nos Bolsos” é carregado de sensibilidade e lirismo de uma poetisa conectada ao mundo e às pessoas que vivem nele e acaba tendo muito em comum com o livro “Lata de Conserva”, de microcontos, minicontos ou contos curtos ou, ainda, crônica do cotidiano – instantâneos da existência do ser humano - repleto de poesia. Como um livro de prosa pode ser repleto de poesia? Pois pode sim, e a prosa de Jacqueline é pura poesia. É uma prosa suave, leve, mas carregada de conteúdo, densa de significados.

A poesia da autora é a essência da emoção e do sentimento e a sua prosa, poética, mostra uma escritora que tem excelência na difícil missão de contar histórias, pedaços de vida que se transformam em arte na sua pena.

Dois livros que evidenciam o talento da escritora catarinense que não vive aqui, mas está ligada às coisas da sua terra, tanto que edita uma revista literária que publica autores brasileiros e, paralelamente ao lançamento da sua obra, publica uma antologia que dá espaço a dezenas de escritores daqui.