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terça-feira, 31 de julho de 2012

EDUCAÇÃO X TELEFONE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A nossa educação anda caindo pelas tabelas mesmo. A educação brasileira tem decaído muito, nos últimos tempos, e isso tem refletido nas últimas gerações. É claro que não é só a escola que deve dar educação as nossas crianças, isso deve começar em casa, mas se os pais não tiveram uma boa educação, como poderão passar para seus filhos uma educação decente?

Eu fico pasmo com o uso do celular em público, de uma maneira geral. Em qualquer lugar que a gente esteja, tem sempre alguém falando ao telefone, às vezes falando tão alto que atrapalha quem está por perto, esteja fazendo o que quer que seja: conversando, lendo, até pensando. Parece que as pessoas não se importam em expor a sua vida particular, não têm o menor problema em evidenciar a pouca educação, falando palavrões a altos brados, pormenorizando situações íntimas que ninguém tem interesse em saber.

No ônibus, então é um terror. Sempre há um cristão – às vezes mais de um ao mesmo tempo – falando tão alto ao telefone que todo o ônibus pode ouvir. E o pior é que não é uma coisa rápida. Alguns ficam no telefone desde que entram no ônibus até saírem dele. Fica-se sabendo tudo da vida de uns e outros, mesmo que absolutamente não interesse a ninguém. Porque se houver alguém que se interesse, coisa boa é que não resultará disso.

Então fico pensando, cá com meus botões: que necessidade é esse que as pessoas têm, de expor e impor a sua vida a terceiros? Cadê a educação, a discrição que deveria lhe ter sido ensinada, cadê o bom senso? Deveriam, no mínimo, ter a preocupação de não incomodar os vizinhos à volta, que todos têm o direito de viajar em paz.

Aqui em Florianópolis proibiram de ligar a música no celular ou outro aparelho sem o fone de ouvidos, pois estava virando bagunça: um ligava a música mais alto do que o outro e os usuários eram obrigados a ouvir música de gosto duvidoso, com qualidade de som horrível e muito alto. Deveriam proibir, também, de falarem ao telefone como se quisessem ser ouvidos pelo interlocutor não pela transmissão das antenas, mas pelo alcance do som da própria voz.

Tenho esperança de que a educação brasileira melhore, daqui para a frente, e que tenhamos as novas gerações com uma postura mais coerente e digna diante da vida, diante do próximo, diante de tudo. E que essas mazelas e outros desrespeitos passem a ser coisa do passado.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

INÉDITOS DE LAURO


Grata surpresa, tive hoje, ao descobrir resenha sobre minha antologia de contos publicada em 2005, escrita pelo saudoso Lauro Junkes. A esposa do crítico literário catarinense que mais divulgou a nossa literatua está organizando os escritos que ele ainda não tinha publicado e teremos obra inédita dele em breve. Nem pedi autorização e transcrevo abaixo a minha descoberta:

“A LUZ DOS SEUS OLHOS” - LUIZ CARLOS AMORIM


                                                          Por Lauro Junkes

Já por diversas vezes reiterei a opinião de que a literatura, para manter-se com vitalidade, necessita inverter o provérbio que reza “Longe dos olhos, longe do coração”. Como a literatura depende do leitor tanto quanto do escritor – seria inócuo qualquer livro sem leitor para fruir sua beleza – a veiculação de informações e comentários sobre arte literária ou outras artes prepara o ânimo e o espírito receptor dos leitores. Nesse sentido, realmente merece aplausos o idealismo dinâmico de Luiz Carlos Amorim, nascido em Corupá/SC à frente do Grupo Ilha, seja nas edições em papel, seja em páginas eletrônicas.

Nos traz às mãos e aos olhos também uma antologia sua de contos, A LUZ DOS SEUS OLHOS (Florianópolis: A Ilha Edições, 2005), em que o autor selecionou narrativas da sua vasta produção. Primeiro ponto a ressaltar: Amorim é fiel a uma linha narrativa fluente, cronológica, destituída de malabarismos estruturalistas, porque seu alvo – quanto à diegese explorada e ao leitor para quem se dirige – é o universo concreto, cotidiano, constituído por aquelas pessoas que estão sempre ao nosso alcance, quando nos dispomos a abrir de fato os olhos para perceber o que nos circunda. Lendo os relatos desse autor, em grande parte filtrados por um narrador em primeira pessoa, tem-se a impressão de que um repórter observador percorre insistentemente espaços públicos e privados, radiografando nossa sociedade.

Em O Presente de Natal um repórter conversa com crianças sobre o significado dessa data, para além dos presentes e da comercial figura do Papai Noel – o Natal dos ricos e dos pobres, abrangendo tonalidades espiritual e social. Autêntica solidariedade encontrará originais caminhos para, no Natal, tantos discriminados receberem Um Papai Noel para Mim. No conto-título, A Luz dos Seus Olhos concretiza-se a solidariedade plena, quando o próprio narrador compartilha sua visão com uma menina que cegara em acidente. O repórter se insinua em um Jardim de Infância para protestar contra discriminação racial e maus tratos contra os pequenos, sendo também o Preconceito social desmascarado quando um concurso público não gera os mesmo direitos para um deficiente físico. Mas a Fraternidade poderá igualmente desiludir-se, até desesperadamente, como com um trabalhador desqualificado, com esposa e 5 filhos, ou então quando uma desesperada mãe sai em busca de auxílio para A Cura da filhinha doente. O que dizer da Gente da Terra que faz empréstimo junto ao implacável banco e se afunda em dívidas, porque a natureza não corresponde a seus esforços? Entretanto, a solidariedade poderá manifestar-se quando um pobre pensionista solicita Empréstimo para “pagar o médico por fora”(!!) em cirurgia pelo INSS.

Aspecto mais ameno ocorre ao entremearem-se diversas narrativas centradas no “maior amigo do homem”: em Amigos, Amigos, a cachorrinha Diana comprova sua fidelidade ao “alemão” Fritz; outra Diana, adotada após abandono, vai trazer consequências afetivas, e a cachorrinha pincher Minie gera tanta afeição que sua morte faz desejar Um Céu para ‘Dona Menina’.

Situações as mais diversas atraem o olhar sensível para as carências e dores do mundo: a bela e jovem Teresa do Mar perde o controle da razão com o desaparecimento de Pedro pescador no mar; um viúvo poderá ter surpresas, quando, em sua Última Noite, acompanha amigo para uma “casa suspeita”; reações inesperadas poderão evidenciar Pedaços do coração de uma professora de Psicologia, ao receber rosas “pelo Dia das Mães”; inesperado Assalto e despejo poderão acabrunhar a mãe que tenta educar seus filhos; por outro lado, um jovem casal, aguardando condições para ter seu primeiro filho, poderá surpreender-se com A Intrusa criança colocada à sua porta – que reações tiveram? E você faria o mesmo, no lugar de cada um? Quais as consequências e perigos, quando um garoto recebe boa gorjeta para entregar um pacote na Casa do Fina da Rua? Até um noivo poderá praticar um disfarçado Rapto da noiva, visando a obter dinheiro que lhe dê condições para casar e também um namorado poderá experimentar dificuldades para oferecer um Presente que satisfaça os caprichos da amada.

Enfim, desdobra-se em todas as direções o universo diegético de Luiz Carlos Amorim.  Apresentam-se suas histórias envolvidas em forte tonalidade emocional, representam protestos conscientes contra tantas desumanidades geradas em sociedade. No entanto, o autor respeita os fatos da vida cotidiana, retratando personagens, fatos e atos perfeitamente compatíveis com a realidade. A LUZ DOS SEUS OLHOS certamente tornará mais agudo o olhar do leitor sobre a sociedade em que vive.



domingo, 29 de julho de 2012

UMA VIDA EM SILÊNCIO



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Às vezes, me sinto um tanto quanto frustrado, pois minha cadelinha pinscher, Pituxa, a nossa Xuxu, não ouve, enxerga muito pouco, quase não sente cheiro. Ela já tem quase 18 anos, embora continue sendo a nossa bebê.


Vivo conversando com ela, falo pelos cotovelos, mas sei que ela não ouve o som da minha voz. E daí, diriam vocês, ela não entenderia mesmo... Mas ela entendia algumas coisas, sim. E o tom da nossa voz pode dizer muito a um cão. A verdade é que é ela quem conversa comigo e com minha esposa e parece brincadeira, mas consegue se fazer entender. Quando ela vem atrás da gente e late, como quem diz “ô, vocês, escutem aqui”, é melhor ir dar uma olhada no pote de água, porque ele deve estar vazio. Se ela fica rondando a gente, correndo à nossa volta, como quem diz “prestem atenção, eu quero falar”, ou ela está dizendo que quer comer, que está com fome, ou a porta do banheiro e da cozinha estão fechados e ela quer fazer xixi ou cocô. Se ela está atrás da gente e dá uns latidos estridentes, deve estar frio e ela quer que alguém vá sentar na sala ou deitar para ela encostar na gente, ficar quentinha e dormir. De manhã, quando tem sol e ela começa a dar pulos a nossa volta, esquecemos de colocar a sua almofada lá fora, ou ela quer que abramos o portão que dá acesso ao jardim, que ela adora ir lá na frente da casa latir para quem passa e se esquentar um pouco. E por aí afora.

Quando estou aqui em cima, no escritório e não tem ninguém lá embaixo para lhe fazer companhia, ela vem ficar em pé aqui na minha cadeira para eu pegá-la no colo e ela fica aqui comigo até que eu desça. Ou então, se um de nós não está em casa, ela fica lá na frente do portão, esperando, mesmo que esteja muito frio.

Então fico triste, pois falo muito com ela, mas ela não pode ouvir. Para ela saber que nós a queremos bem, que estamos aqui para ficar com ela assim como ela esteve conosco todos esses anos, a única maneira é fazer-lhe carinho, passar a mão no pelo preto com manchas amarelas no peito, em cima dos olhos, nas patinhas, e com alguns pelos brancos aparecendo, por causa da idade. Agasalhá-la para não sentir frio, dar-lhe remédio quando precisa, deixá-la aconchegar-se a nós, nossa companheira fiel de tanto tempo.

Seus dentes também estão ruins, os que ela ainda tem. É que agora já não é mais possível administrar-lhe anestesia, para extrair o tártaro e isso lhe causa infecções, faz mal ao estômago, fígado, rins, etc., conforme o veterinário. E é muito triste não poder fazer nada quanto a isto. É terrível sentir-nos impotentes para melhorar um pouco mais a qualidade de vida de uma criaturinha tão querida.

Nossa Xuxu está bem velhinha, já é anciã, mas vai continuar sendo a bebê da nossa casa.

sábado, 28 de julho de 2012

ATLETAS, MEDALHAS, SUPERAÇÃO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Sou fã de carteirinha de ginástica olímpica, artística, rítmica, atletismo. Gosto de assistir tudo e Olimpíada, Pan, campeonatos mundiais são um prato cheio. Como A Olimpíada de Londres, que está acontecendo na Inglaterra.

É um espetáculo belíssimo ver os ginastas fazerem movimentos complexos com seus corpos, saltos incríveis, coisas que a gente nem imagina que alguém possa conseguir. Penso na dedicação integral dessa gente que se sacrifica desde muito pequena, para treinar, treinar, treinar e conseguir ganhar medalhas em eventos grandiosos como Jogos Panamericanos, Olimpíadas, Campeonatos Mundiais, etc. Os atletas, idem.

Eles ficam famosos, por um curto período de tempo, pois se aposentam cedo, mas a vida deles é treinar quase que em tempo integral, para ter o retorno nos campeonatos. Sobra muito pouco para ser criança, para ser adolescente, para ser jovem.

E então chega o dia da apresentação e, apesar da preparação dura e puxada, por uma infelicidade, por ansiedade, nervosismo, sei lá, acontece uma queda, uma falha, falta de sorte ou de mais treinamento e lá se vai a esperança de um pódio. É muito triste saber de todo o esforço para chegar até ali e presenciar a frustração de um atleta por não ter conseguido apresentar o seu melhor, apesar de tanto treino, tanto ensaio, tanta dedicação.

E há também o desgaste, pelos treinos constantes e pesados, que faz com que tenham que parar cedo, às vezes muito cedo, pois o corpo é submetido a superações extremas.

De toda aquela gente, de tantos países diferentes, que se prepararam por tanto tempo, nem todos podem levar algumas das três medalhas. Apenas alguns, aqueles que tiverem a sorte de não errar, de nada sair errado e assim conseguir a melhor nota.

De maneira que rendo aqui a minha homenagem a todo ginasta, todo atleta, cada um daqueles que se dedica por anos a fio para trazer para a gente um espetáculo belíssimo, grandioso, feito apenas com a plástica do corpo humano.

MAGIA

MAGIA




Luiz Carlos Amorim

A música,
poesia do som,
embala a emoção,
aguça os sentidos,
transborda o coração,
explode por todos os poros
e faz-se movimento,
dança e enlevo...
A magia do corpo,
na ponta dos pés,
esparramando poesia...








quarta-feira, 25 de julho de 2012

HOJE É O DIA DO ESCRITOR

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Hoje é o Dia do Escritor, esse ser solitário que faz com que as pessoas vejam o mundo através de seus olhos. Que ele dá a oportunidade para que recriemos o mundo através do seu ângulo de visão, é verdade. Mas que o escritor é solitário, talvez nem tanto. Escrever é, realmente, um trabalho solitário, pois a nossa obra tem de ser construída por nós, sem a interferência de ninguém. Senão, a obra não será nossa, será parceria com alguém. Mas a literatura nos dá oportunidade de conhecer almas afins, aquelas que também escrevem, aquelas que leem o que escrevemos, que gostam de ler, que tem o bom hábito de ler.

Então não acho que sejamos tão solitários, pois nossos pares são muitos e os leitores também, embora desejássemos que fossem em muito maior número. Conhecemos outros escritores em lançamentos, reuniões, encontros e nossos leitores através de contatos por redes de relacionamento, correio eletrônico, telefone. Ao comprar um livro ou ler uma crônica em um jornal, um poema em uma revista ou na internet, nossos leitores chegam até a gente, o que acontecia muito menos antes do advento da grande rede.

Por isso, pela aproximação do escritor com o leitor, que é mais fácil nos tempos atuais, com todas as tecnologias disponíveis, podemos comemorar o nosso dia. Já pela valorização da obra, pela remuneração do trabalho, a coisa é mais complicada. O escritor iniciante – e o não iniciante também – que consegue uma editora para publicar o seu livro, o que não é muito comum, recebe parcos dez por cento pelo seu livro, depois de pronto. Isso mesmo, dez por cento. E se não for um autor popular, já consagrado, ainda recebe os dez por cento em livros. Todos ganham mais com o livro publicado que vende bem. Já o autor... É claro que há o autor de best-sellers, que vive de escrever, mas esse vende muito e não ganha só os dez por cento.

Se o escritor bancar o custo da publicação do seu livro, ele mesmo terá de colocá-lo debaixo do braço e sair para vender, de porta em porta. Não haverá uma distribuição eficiente, para que o livro conste das livrarias, para que tenha uma divulgação abrangente e o leitor tenha a curiosidade despertada para a obra que veio a lume. Então a edição do autor é bastante sofrida, pois o autor paga a edição do seu livro e ainda tem que vendê-lo, ele próprio, para conseguir ter de volta um pouco do que gastou.

Mas escrever é um dom. Então vale a pena dar asas à imaginação, recriar o mundo com a nossa fantasia e criatividade, com emoção e sensibilidade, para que outras pessoas, os leitores, possam vê-lo, recriá-lo através de nossos olhos. Se somos escritores de fato – ou não – é o leitor quem vai dizer.

Meus parabéns a todos os meus amigos escritores, heróis da palavra. Hoje é seu dia. Hoje é o nosso dia.

terça-feira, 24 de julho de 2012

MAIS EDUCAÇÃO, MAIS LEITURA!

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Verificando os resultados de estudo feito pela Fundação Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas de São Paulo, encomendado pela Câmara Brasileira do Livro, fiquei até um pouco feliz: o brasileiro comprou mais livros nos anos mais recentes. Foram quase 470 milhões de unidades vendidas, só em 2011. Esse número configura um aumento de 7,2% em relação ao ano anterior.

Segundo o estudo, houve aumento de vendas nas livrarias, coisa que vinha diminuindo nos últimos anos, pois não é mais só nesse lugar específico que encontramos livros para compra. Atualmente é comum encontrarmos livros em bancas de jornais e revistas e em supermercados, além de existir a opção de compra pela internet, onde existem várias livrarias virtuais, com a comodidade de recebermos o produto em casa.

Mas a notícia mais alvissareira do tal estudo é que os jovens e as crianças são os maiores consumidores de livros, atualmente. Isso significa que os leitores em formação estão lendo mais. O que pode melhorar o número de brasileiros que lê, no futuro, pois eles poderão passar esse gosto pelos livros, esse bom hábito da leitura para seus filhos.

É bem verdade que o fato de levarem clássicos da literatura infanto-juvenil para as telas dos cinemas tem colaborado muito para que os espectadores se interessem em ler a obra que originou o filme. Esse incentivo à leitura é sempre bem-vindo.

A novidade é que os livros eletrônicos – e-books – foram incluídos na pesquisa, desta vez. Nessa modalidade, foram lançados cinquenta e oito mil títulos em 2011. E esse número deve aumentar neste ano. Não foi computado o número de livros eletrônicos vendidos, mas o panorama da leitura vai se modificando, lentamente. A revolução tecnológica vai sendo incorporada ao livro.

Infelizmente, a educação brasileira está cada vez mais deficiente e isso influi, é claro, no índice de leitura dos brasileiros: apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas e 38% dos brasileiros com formação superior têm nível suficiente em leitura e escrita. Este, infelizmente, é o resultado do Indicador do Alfabetismo Funcional 2011-2012. Segundo ele, apenas 26% da população brasileira pode ser considerada plenamente alfabetizada.

Tomando conhecimento desses números, não pude deixar de me lembrar deles quando vi, nesta semana, numa grande revista semanal, sete páginas de publicidade do governo, falando da qualidade da escola pública no Brasil. “Toda escola pública pode ser uma boa escola”. O certo não deveria ser “Toda escola pública DEVE uma boa escola”? “Toda escola pública pode ter uma biblioteca”. E eu corrijo de novo: toda escola pública DEVE ter uma biblioteca. Com livros, com bibliotecários, com um lugar apropriado. E assim por diante, a publicidade afirma que as escolas “podem” ter equipamentos digitais, transporte escolar, quadras esportivas, educação de tempo integral. E eu insisto: as escolas públicas DEVEM ter tudo isso.

Espero que venham a ter, para que se resgate a educação de qualidade neste país e para que tenhamos, assim, jovens realmente alfabetizados, que saibam ler e escrever, para que possam gostar de ler. Perdoem a redundância, que eu prefiro chamar de ênfase.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

CAIXINHA DE MÚSICA

Luiz Carlos Amorim

Qual grande caixa de música,
a cidade, de sons e cores,
é, também,um grande palco:
a emoção, bailarina,
vibra dentro de todos
e a música é poesia
na ponta das sapatilhas...







domingo, 22 de julho de 2012

AS BRUXAS DE ITAGUAÇU



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/



Ontem, sábado, tivemos um dia de sol lindão em Florianópolis. Como estamos no período de férias escolares, estava com três sobrinhos aqui em casa. Mais um amiguinho da vizinhança, quatro meninos de idade entre 6 e 10 anos. Resolvi levá-los para passear, que já tínhamos ido duas vezes ao cinema, para ver “O espetacular Homem Aranha” e “A era do gelo 4”. Cá pra nós, eu gostei dos dois, embora o “homem aranha” fosse releitura do primeiro que foi feito.

Então achei melhor sair para um programa ao ar livre. Já lhes tinha prometido ir à praia de Itaguaçu, aqui na parte continental de Florianópolis, para mostrar a configuração das pedras na beira do mar. As pedras, muitas delas, constituem curiosas formações de granito na praia e no meio do mar da Baía Sul. Há uma lenda a respeito e eu já havia contado aos meninos, por alto, para despertar-lhes a curiosidades. Que criança resiste a uma história de bruxas?

Não é à toa que Florianópolis é chamada de Ilha da Magia (não é só a Ilha, na verdade, a parte continental também honra a lenda, e é bom esclarecer porque muita gente pensa que Florianópolis é composta apenas da Ilha de Santa Catarina), tanto que a obra de Franklin Cascaes – dois livros sobre lendas e folclore da Ilha e região – fala das bruxas que teriam habitado esta parte do litoral.

Diz a lenda que, outrora, um grupo de bruxas malvadas tinha o mau hábito de roubar as canoas dos pescadores para fazerem suas festas. Reuniam-se elas, com lobisomens, boitatás, mulas-sem-cabeças, o Curupira, e não convidavam o mestre de todos, o Diabo. Elas o temiam porque ele era muito mau, mais do que elas, e sempre que conseguia aproximar-se delas, maltratava-as muito. Numa dessas festas, as quais a bruxa líder tinha o cuidado de não deixar chegar ao conhecimento do capeta, ele, o senhor das trevas, ouviu a algazarra – gargalhadas e gritos das bruxas – e foi ver o que era. Adentrou disfarçado e pediu alguma coisa para comer. Deram-lhe pão seco e vinagre. Enfurecido, o Diabo, que já estava furibundo porque havia sido traído, resolveu transformar todas as bruxas em pedras. Elas estão lá na praia de Itaguaçu até hoje, vítimas da maldição.

Dos quatro meninos só o mais novo pareceu acreditar um pouco na história, mas ficaram fascinados com as pedras e subiram em muitas delas, inclusive nas mais altas. Tanto que para ir embora, no final da tarde, tive que dizer a eles que não podíamos ficar lá ao anoitecer, pois as pedras viravam bruxas novamente e festavam até amanhecer.

A praia é linda, mesmo, e tem a sua magia.

sábado, 21 de julho de 2012

CIDADE EM MOVIMENTO

Luiz Carlos Amorim
(http://luizcarlosamorim.blogspot.com/ )


Dança, Joinville,
dança
e balança meu coração
ávido de emoção...


Rodopia, sapatilha,
impulsiona esses pés
a comandar corpo alado
de mil bailarinas flor.
Dança, Joinville,
dança
e embala a minha alma
a vibrar extasiada
por toda esta cidade.




quarta-feira, 18 de julho de 2012

ASAS

Nesta quinta começa a mostra competitiva no Cau Hansen a dança toma conta da cidade de Joinville, subindo a palcos em shoppings, praças, escolas, etc.

ASAS

Luiz Carlos Amorim

Esse alçar vôo
no compasso da emoção,
como se os pés
e os braços
fossem asas
ao sabor do som,
a música que embala
e impulsiona,
enlevo e encanto...
Dançam meus olhos,
bailarinos trôpegos,
ávidos de movimento,
de beleza e luz,
de eternizar a arte
divina e imortal
na ponta dess es pés...




terça-feira, 17 de julho de 2012

JULHO


Nesta quarta começa o Festival Nacional de Dança de Joinville. Minha homenagem aos bailarinos que chegam para recitar a poesia do corpo.


JULHO

Luiz Carlos Amorim

É julho.
O inverno brinca
de esconder com o sol
ou é a primavera
que chegou mais cedo?
As azaleias desabrocham,
espalhando cores
pela cidade.
A música
chega de mansinho
pelas ruas e palcos
e os bailarinos vão surgindo
pra recitar
a poesia do corpo.
E a alegria
comemora o inverno
em Joinville...







segunda-feira, 16 de julho de 2012

O LIVRO BRASILEIRO

   Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Comparando as listas de livros mais vendidos de duas das grandes revistas semanais de informação brasileiras, chamou-me a atenção o fato de que na categoria ficção, não há nenhum livro de autor brasileiro nas primeiras dez colocações. Na categoria "não-ficção" até há alguns, mas daí, é claro, não estamos falando de literatura - esses livros falam de auto-ajuda, política, moda, etiqueta e até história. Nos dez livros infantojuvenis mais vendidos, de novo, nenhum autor nacional.


Isso é uma evidência de que o leitor brasileiro, que já não lê tanto quanto deveria, seja pelo preço do livro, seja pela educação ou falta dela, não gosta de ler os autores da terra.

E a ausência de escritores brasileiros entre os mais lidos é comum, em qualquer época. Lá de vez em quando aparece um, mas na maior parte das vezes é na categoria não-ficção.

Por que será que brasileiro compra quase só livros importados? Por que são melhores? Temos obras de escritores nacionais melhores do que muito enlatado. Mas é claro que quem só lê autores estrangeiros não sabe, porque não leu o autor da terra e não pode comparar.

Talvez porque o livro importado tem muito mais divulgação, já vem com o pacote completo e com status de best seller. Há, até, leitores que só compram os livros que estão na lista dos mais vendidos. E sabemos que a compra, em muitos casos, é influenciada por essas listas, que queremos crer sejam honestas e não tentem apenas induzir o leitor a comprar.

As editoras brasileiras deveriam, talvez, trabalhar mais as obras de escritores da terra. Mas se é tão mais fácil vender os enlatados, que já vem com um rastro de sucesso - que nem sempre é verdadeiro - para que gastar energia e dinheiro com os daqui?

Não que alguns dos livros estrangeiros não tenham valor, mas o livro é negócio para as editoras e elas dão preferência para aqueles que as diversas mídias ajudam a divulgar. Sem despesa para elas.

Nós, leitores, deveríamos ser menos sugestionáveis e dar mais valor à prata da casa, que pode ser melhor que o enlatado.

sábado, 14 de julho de 2012

NOSSO ANJO BOM

Professora Mariza Schiochet


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Recebi, enviada que foi pela minha amiga e conterrânea Mariza Shiochet, professora de Joinville, a revista da Diocese de Joinville, com matéria de página inteira sobre a iniciativa pioneira de incentivar seus alunos a enviar cartinhas que levam alegria aos pacientes com câncer. O projeto humanitário, dessa professora que já idealizou e realizou muitos outros projetos tão importantes quanto este, instiga os alunos a escreverem mensagens de alento e solidariedade aos doentes do setor de oncologia do Hospital São José.

Junto com a mensagem escrita por cada aluno, vai um poema, escolhido da obra de Mario Quintana, Carlos Drummond de Andrade ou de, pasmem, deste que vos escreve, humilde escritor Catarina. É um privilégio e uma honra fazer parte de uma seleção de monstros sagrados da poesia brasileira, ainda que não seja um deles.

Agradeço à Mariza e aos seus fabulosos alunos, pois nunca a minha poesia foi usada para um fim tão nobre. Levar um pouco de lirismo, de sensibilidade e emoção para pessoas que passam por momentos nos quais precisam muito de nossa atenção e carinho, é tudo. E Mariza, através dos seus alunos faz isso, minimizando o sofrimento de nossos irmãos.

E não é só isso. A professora Mariza, a despeito de todas as dificuldades pelas quais atravessa a educação brasileira, tem feito um trabalho memorável no sentido de divulgar a literatura, nos colégios onde leciona, das maneiras mais originais, como essa de levar a poesia ao Hospital. Ela tem levado os livros de autores locais para serem lidos em sala de aula, ela incute o gosto pela leitura em seus alunos, ela leva os autores para dentro da sala de aula, efetivando, como ninguém, a aproximação autor-leitor.

Então, professora Mariza, você é uma criatura iluminada, abençoada, o anjo bom que pensa no próximo e faz alguma coisa para beneficiá-lo, a mão boa que semeia o bem e colhe bondade, o coração enorme que tem lugar para todos.

Você é a nossa madrinha e nós, escritores, lhe agradecemos pela sua bênção. Tenho orgulho de poder dizer que você é minha amiga, que você é minha conterrânea, que você é de Corupá, a Cidade das Cachoeiras, terra abençoada como você.



sexta-feira, 13 de julho de 2012

A PRESIDENTE E A "EDUCAÇÃO DE QUALIDADE"

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A televisão mostrou incansavelmente o “discurso” da nossa presidente (sim, presidente, nenhuma lei fortuita vai me obrigar a escrever errado) sobre a educação no Brasil. Entre outras tantas coisas, ela disse, na 9ª Conferência Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, que “uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz pelas suas crianças e seus adolescentes. O país precisa garantir ensino de qualidade para, ensino de padrão de primeiro mundo. Não é o produto interno bruto que importa, é a capacidade do país, do governo, de proteger o presente e o futuro de nossas crianças e adolescentes.”

Ela não devia estar falando do Brasil, evidentemente, pois nossas escolas públicas estão defasadas, abandonadas, muitas delas caindo aos pedaços, sem os equipamentos necessários, com os professores ganhando menos do que deveriam para formar os nossos adultos de amanhã, que regerão os destinos do país. A educação brasileira está jogada para as traças, cada vez mais sucateada. A julgar pelo que a presidente disse, o que se pode dizer do Brasil, pelo que ele faz pelas suas crianças? Gostaria que a presidente respondesse.

Uma coisa boa que ela disse, no tal discurso, foi prometer que vai “aumentar o numero de escolas em tempo integral no país”, vai dobrar o número de colégios de ensino fundamental e também do ensino médio, desse tipo, que hoje é de 33.000 estabelecimentos. “Nenhum país desenvolvido tem escolas de período único.” Eu, particularmente, não conheço nenhum colégio de ensino integral. Será que podemos acreditar numa promessa dessa num ano eleitoral? Aliás, não precisava nem ser ano eleitoral, a dúvida existiria.

Seria muito bom se fosse verdade. Quero que ela me mostre que a minha descrença não tinha fundamento e implante todas as escolas que prometeu, que as faça funcionar, com professores qualificados, bem pagos, e que as escolas sejam bem equipadas. Mas e as escolas públicas que estão aí, sem reformas há dezenas de anos, sendo desativadas, obrigando as que sobram a aumentar os turnos, diminuindo assim a carga horária dos estudantes? Ou então colocando em risco a vida de alunos e professores em salas com o teto quase caindo, com instalação elétrica oferecendo perigo de serem eletrocutados, com a instalação hidráulica não funcionando, etc., etc.? Se as “novas escolas” apenas substituirão as que aí estão, não haverá aumento de escolas.

A presidente falou em disputar “economia do conhecimento”, disse que o Brasil só vai ser um país desenvolvido quando todas as crianças e jovens tiverem acesso à educação de qualidade” Ótimo, todos achamos isso. E onde está a educação de qualidade? Por que o Brasil não providencia ensino de qualidade para suas crianças e jovens? Por que não recupera a educação, não investe mais nela para que ela volte a ter qualidade?

E senhora presidente, não tenha orgulho do governo do seu antecessor, pois foi no governo dele que a educação, a saúde, a segurança pegaram o atalho para a falência. Procure, isto sim, não fazer o mesmo que ele fez, agravando ainda mais o que já está terrível.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

LIVROS NO FACE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Ontem uma amiga e professora de dança de salão, Pricila, colocou um post no Face dizendo que queria ler bons livros e perguntou se alguém poderia ajudá-la. Pois ela teve vinte e cinco comentários, até agora, e algumas pessoas se ofereceram para emprestar livros a ela. Eu já levei quatro: dois emprestados e dois livros de minha lavra, de presente.

Achei a ideia fantástica e disse isso a ela, hoje, quando lhe entreguei os livros. Por que não usar uma ferramenta com a qual podemos nos comunicar com um número enorme de pessoas ao mesmo tempo? Comunicação é isso: poder fazer um pedido e ter a possibilidade de ser atendido de imediato.

O Facebook não é a oitava maravilha do mundo, tem muita gente entupindo-o com besteiras, mas também aparecem coisas muito boas. Como essa ideia, de conseguir livros para ler sem ter que ir à livraria comprar sem saber exatamente o que. Todos temos livros em casa e se pudermos oferecer em empréstimo, as pessoas que os tomarão poderão escolher e nós também poderemos ter títulos que não lemos ainda, em contrapartida. Não é uma boa troca?

Qualquer ferramenta pode ser boa ou ruim, depende de como a usamos, depende do quanto sabemos ou não usá-la. Até poesia interativa se faz no Face. Não é interessante?

Que se divulgue a boa ideia e que se faça a troca de muitos livros através do Face, através de outros programas de relacionamento, e que saibamos sempre devolver para que possamos pegar mais e novos títulos em empréstimos.

Um internauta invocou “mais leitura e menos Face” e eu até concordei com ele, precisamos ler mais mesmo. Mas temos que reconhecer que o Face pode ser o instrumento para conseguirmos mais leitura. Seja na troca de livros impressos, seja na troca de arquivos de livros eletrônicos ou audiolivros ou seja um simples arquivo de texto.

O negócio é adquirir o hábito da leitura. Leitura é entretenimento, é conhecimento, é magia e encantamento.

ESPETÁCULO DE TANGO



Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Acabo de chegar do Teatro Governador Pedro Ivo, na Ilha, onde fui ver ver um espetáculo de tango. Muita música: tango e milonga, tocados pela Orquestra da Cidade de Buenos Aires e também cantada pela cantora portenha Claudia Armani. Muita dança, tango e milonga muito bem dançado por dançarinos aqui da Grande Florianópolis.


O Daniel e a Sheila eu ja conhecia, eles foram meus primeiros professores de dança de salão. Eles são ótimos e arrasaram. Todos estiveram muito bem. Mas um dançarino chamado João Biasotto e sua partner foram uma revelação, pelo menos para mim. Eu não lembrava da participação do João no programa Dança dos Famosos, ele foi professor da Wanderléa (de quem sou fã de carteirinha desde os tempos da Jovem Guarda...) e não tinha visto a participação dele no programa Campeonato Brasileiro de Dança, no SBT, no qual ele sagrou-se campeão.

Pois o cara dança muito, muito mesmo. Ele e a parceira Alexandra Klen roubaram a cena no Espetáculo de Tango. Valeu muito a pena.

terça-feira, 10 de julho de 2012

COLETA DE LIXO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ 


Não entendo muito a coleta de lixo em São José. O lixo doméstico, normal, vinha sendo recolhido normalmente, até alguns meses atrás. Um belo dia coloquei lá na frente sacos de rejunte com o material impróprio para uso e os lixeiros não levaram, ainda que eu os tenha embalado em outros sacos. Os cinco sacos ficaram na frente de casa por semanas, até que eu acabei usando um pouco numa massa de cimento para a entrada da calçada e o resto misturei com outros lixos e acabaram levando.

Minha cunhada teve que mandar cortar um pedaço do muro para colocar a caixa padrão do relógio da Casan. Como o lixo que resultou era coisa pouca, não há como alugar uma caçamba para levar dois saquinhos de lixo, ela embalou tudo e deixou junto com o resto do lixo. Os lixeiros não levaram. Os dois sacos ficaram embaixo do depósito de lixo da casa dela por semanas. Um ela desfez e dividiu em outros sacos e eles levaram. O outro ainda está lá.

Que raio de coleta de lixo é essa, que leva um pouco e o resto fica? Parece que se o saco de lixo está pesado, eles não pegam. Se não estivesse embalado, se estivesse espalhado pelo chão, eu concordo, não deve pegar mesmo. Mas se está dentro de saco plástico resistente, fechado, não há porque levar. Nós pagamos a coleta de lixo e pagamos bem.

Outro lixo problemático é o reciclável. Antigamente, o carro do lixo reciclável passava às quintas, dia em que o carro de coleta do lixo normal não passa. Além disso, o carro tocava uma música que o caracterizava, então a gente sabia quando estava passando e mesmo que tivéssemos esquecido do lixo reciclável, a gente corria e dava tempo. Agora ele passa às sextas, dia em que passa também o lixo normal e tudo se complica. Como as pessoas que só voltam muito tarde para casa colocam o lixo de manhã, quando saem, quando a coleta de lixo reciclável passa, os lixeiros não fazem distinção de um e de outro e levam tudo. Quer dizer: levam lixo reciclável e lixo doméstico, orgânico, junto. Aí chega nas usinas de reciclagem material que não era para ter ido para lá e dificulta o trabalho dos recicladores. Estão de prova as reportagem que já foram feitas na televisão alertando para o caso.

E há ainda a coleta de lixo pesado, que depois de ligar algumas vezes para o setor competente da prefeitura municipal, descobrimos que precisamos ligar para eles e agendar a vinda do caminhão para pegar, quando tivermos algo para ser levado, como móveis velhos, geladeiras, fogões, etc. Acontece que tínhamos aqui sofás, ar condicionado e armário para serem levados e ligamos agendando duas ou três vezes. Ninguém apareceu. O ar condicionado ainda está aqui, vamos colocar lá na frente no verão, alguém pode se interessar e levar, que ele ainda funciona. Os sofás a gente deu, porque ainda estavam bons. E o armário desmontamos e queimamos.

Donde se conclui que, apesar de pagarmos, não temos um serviço de lixo que funcione plenamente.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O SAMBA QUE NÃO É SAMBA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Vejo no canal TLC, do Discovery, o programa “Mil lugares para conhecer antes de morrer”, o episódio em que focalizam o Brasil. É impressionante como repórteres que vem de outros países fazer reportagem para mostrar o Brasil para o mundo, falam besteira. Eles mostram uma imagem real, verdadeira, mas não falam coisa com coisa.

Nesse programa, entre outras besteiras, mostraram um baile de samba, no Rio de janeiro, mas substituíram o som original por uma outra música qualquer, parecida com salsa ou qualquer outro ritmo sulamericano. Parece que eles querem esconder o samba do mundo, não querem que o mundo veja que a nossa música é bonita e altamente dançável.

Tanto é verdade, que em programas de dança como “Do you think you can dance” (ou qualquer coisa parecida), quando o ritmo a ser dançado é samba, a música não tem nada a ver com o ritmo e a coreografia, menos ainda. Já colocaram até ritmo mexicano para dançarem como se fosse samba. Como eu já disse, com o advento da internet ninguém pode dizer que não tem como ouvir o samba de verdade e ver como ele é dançado no Brasil, pois a rede está cheia de filmes que podem mostrar muito bem como é, na realidade, o ritmo e como se dança.

Fiquei torcendo para que o programa “Q Viva”, do canal VH1, com Jennifer Lopez, que está passando por todos os países latinoamericanos para mostrar o melhor da arte de cada um deles, levasse um casal de bons dançarinos de samba, para que dançassem samba ao som de samba de verdade, mostrando assim ao mundo inteiro o que é, de verdade, esse ritmo. Mas acho que isso não vai acontecer, infelizmente. Vi, outro dia, eles selecionando um sapateador, não me lembro mais de que Estado. Nada contra o sapateador, quero mais que faça sucesso, mas sapatear é uma arte que em qualquer país se pode fazer.

É preciso divulgar mais o nosso samba lá fora, apesar do carnaval, que é visto em todo o mundo. Chega de dizer que é samba um negócio que não tem nada ver com samba.



domingo, 8 de julho de 2012

FELIZ ANIVERSARIO, CORUPÁ



A 14ª cachoeira da Rota das Cachoeiras, com 125 metros de queda livre

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Minha terra é terra fértil, de onde brota a vida, brota o verde, brota a cor e brota a transparência de rios e cachoeiras. A natureza, sábia, tem queda por Corupá. E existem inúmeras quedas dágua no vale verde da água, da flor e da cor.

Neste sábado a nossa pequena/grande Corupá esteve de aniversário, fundada que foi em 7 de julho de 1897. Beijo o chão desta terra privilegiada que a Mãe Natureza abençoou com tantas belezas, presenteando-a com tantas cachoeiras.

Parabéns a você, Corupá, Cidade das Cachoeiras, belíssimo Vale das Águas incrustado no pé da Serra do Mar. Parabenizo-a e peço a Deus que a conserve tranquilia e pacata, reduto de paz e harmonia no norte da nossa Santa e bela Catarina.

Tenho muito orgulho das belezas naturais que a minha terra possui, mas não sou egoísta e gostaria que todo o mundo visse toda essa riqueza em rios, cachoeiras, vales, montanhas, flora e fauna que temos aqui. Já defendi muito o desenvolvimento do turismo na nossa querida Corupá.

Mas hoje me convenço de que esse pedaço de chão sagrado não merece ser conspurcado pelas garras do progresso desmesurado. Que continue assim, pequena e singela, serena e aconchegante, um paraíso natural para a sua gente viver em paz, um lugar para podermos voltar para recarregar as baterias.

Não a quero cidade grande, Corupá, refém da ganância, da correria, do estresse, da modernidade a qualquer custo. Conserve a sua beleza, a sua simplicidade, que é assim que nós precisamos de você. A natureza é sua inquilina vitalícia, Corupá, e vai protegê-la sempre, assim como todos nós devemos protegê-la.

Cresça, mas não cresça muito, continue assim, a nossa a Corupá jovem e bela, o nosso jardim de todas as flores, de todas as frutas, o cartão postal do norte do Estado.

Parabéns, Corupá, e obrigado por existir. Tomara que todos saibamos reconhecer o seu valor e a importância que tem para o nosso presente e para o nosso futuro e que consigamos mantê-la assim, jovem e bela, para que nossos filhos e netos possam usufruir, também, da sua beleza.



sábado, 7 de julho de 2012

VER O MUNDO POR OUTROS OLHOS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Vi, hoje, que um dos temas de debate na FLIP – Festa Literária Internacional de Parati, era “a experiência de ver o mundo através dos olhos de outra pessoa”. Sei que esse tema já foi abordado em filmes, em livros, e não sei de que ponto de visto o tema foi discutido em Parati.

Mas pensando sobre o assunto, a primeira coisa que me veio à mente, a mais simples de todas, é que a literatura nos possibilita ver o mundo através dos olhos do escritor. O autor de um romance, de um conto, de uma crônica, de uma novela, de um poema nos mostra o mundo, a sua cosmovisão, através do seu texto. É o ângulo de visão do escritor sobre determinado tempo, determinado espaço, determinadas vidas.

Então, quando lemos um romance ou qualquer outra peça literária, quando assistimos um filme ou uma peça de teatro, estamos vendo o mundo que os autores daquelas peças viram, da maneira como eles o idealizaram. No caso do teatro e do filme, essa visão é compartilhada com a visão do diretor, também.

Quando lemos uma obra literária, a nossa recriação do texto pode não exatamente aquilo que o escritor viu quando escreveu, mas é a visão do escritor que nos guia. Podemos não concordar com a visão de mundo do autor da obra que estivermos lendo, mas respeitamos e até podemos aceitar, na maioria das vezes essa maneira diferente da nossa de ver o mundo.

Penso que a literatura é uma experiência muito interessante de podermos ver o mundo através dos olhos de outra pessoa.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

LIVROS LIVRES

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Recentemente, falei aqui no blog sobre o Projeto Floripa Letrada, que disponibiliza livros e revistas nos terminais urbanos para os usuários do transporte público, que podem levar as publicações para casa, mas precisariam devolvê-las, para que outras pessoas possam continuar usufruindo do acesso à leitura. Mas quase ninguém retorna os livros às estantes dos projetos.

Coincidentemente, leio no jornal A Gazeta, de Cuiabá, que o projeto Saber com Sabor, que existe lá há dez anos, vai estender sua atuação também para os terminais urbanos, praças e outros locais públicos. Até agora o projeto estava restrito às bibliotecas e os empréstimos de livros funcionavam com cadastro de prazo para devolução, mas com a expansão, não haverá registro nenhum do empréstimo, as pessoas apenas escolherão o livro e levarão, como é feito em Florianópolis.

O objetivo é dos melhores, qual seja democratizar o acesso ao livro a qualquer pessoa, incutir o hábito da leitura entre os cidadãos de todas as camadas da sociedade. Espero que eles, lá em Cuiabá, obtenham sucesso, pois aqui o público não deu o devido valor ao projeto, que está decaindo, uma vez que depende de doações e os livros não são devolvidos.

Vou procurar saber como o projeto foi recebido e se funcionou, para voltar ao assunto. Faço votos que dê certo. O problema, aqui, foi o “comprometimento, de uma forma consciente, a devolvê-lo quando terminasse de ler”.

Espero, também, que o provimento de livros e revistas não seja através de doações, como aqui, que haja verba para comprar livros nem que seja de sebos, pois as doações acabam diminuindo, com o tempo e isso acaba por colocar em risco o projeto, uma vez que os livros não são devolvidos.

O que eu gostei mais, na matéria que li, foi os conselhos valiosos emprestados ao leitor: Como incentivar a leitura: - Comece a ler para as crianças desde o berço, isso distrai, faz rir e facilita o desenvolvimento da linguagem, semeando o gosto pela leitura. – Sempre defendi que a criança tem que conviver com livros desde a mais tenra infância; Tenha sempre um livro à vista; Faça da leitura um prazer, sem cobranças e castigos; Visite bibliotecas, para que tenham acesso a livros de qualidade e cultive bons hábitos de leitura; Respeite o gosto literário das crianças; Crie momentos culturais frequentando teatros, cinemas, museus, bibliotecas e feiras de livros; Estimule a criação de um cantinho da leitura com acervo variado em casa.

Não é interessante? Vale a pena seguir os conselhos. E pegue livros nos terminais urbanos, sim, mas devolva-os depois de ler, por favor. Ou o projeto acaba.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

ANIVERSÁRIO SEM COMEMORAÇÃO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Vi uma nota, num jornal dos últimos dias, sobre o Projeto Floripa Letrada, da Secretaria de Educação de Florianópolis. O projeto, iniciado em agosto de 2010 – prestes a fazer o segundo aniversário, portanto – consiste na oferta de livros em estantes colocadas nos terminais urbanos da capital. O usuário do transporte público pode pegar os livros para serem lidos no terminal, enquanto se espera o ônibus, ou levá-lo para ler no ônibus, enquanto viaja e em casa. A intenção era que os livros fossem lidos e devolvidos à estante, para que outros leitores pudessem levá-los, tanto que o slogan do projeto é “a palavra em movimento”.

Pois a nota que li anunciava que o Floripa Letrada não acabou, que continua, embora o percentual de livros devolvidos não passe de vinte por cento. Ora, primeiro é bom considerarmos que ninguém faz controle dos livros que são levados, portanto não há como saber se algum retorna à estante, quanto mais fixar um percentual. Acho que os livros devolvidos são muito, muito poucos. Segundo, é bom saber que o projeto não acabou, pois é o que parece. Sempre que passamos pelas estantes, vemos ela vazia ou com as mesmas revistas e alguns velhos livros defasados espalhados por elas.

Sei que os livros que são colocados (ou eram) à disposição dos usuários do transporte coletivo urbano provém de doações, pois a secretaria não tem verba para comprá-los, a despesa com o pessoal para a sua manutenção já é um problema. Eu, inclusive, já doei mais de uma centena de livros.

Mas a verdade é que o projeto está devagar, muito devagar. É um segundo aniversário bem triste para o Floripa Letrada, uma iniciativa em benefício do público leitor que não pode comprar livro, mas que parece não ter valorizado nem um pouco a iniciativa, pois o retorno dos livros que caracterizaria o rodízio, objetivo maior do projeto, não se cumpriu. Não condeno a secretaria, pois o público não está colaborando para que o projeto continue. É mesmo uma pena, pois muita gente que tinha livros em casa encerrados em armários, em estantes, liberou espaço e doou os livros para o Floripa Letrada, para que fossem de novo lidos.

Parece que tudo o que é muito fácil perde o valor. Houve até casos de pessoas que pegaram pilhas de livros e os levaram para vender em sebos. Comprovadamente, com carimbo do projeto e tudo. Lamentável. Numa época em que alguns lutam para que todos tenham acesso ao livro, para que se leia mais, uma ideia como essa, que não é nova, mas é uma ótima ideia, não foi devidamente reconhecida por muitos de nossos cidadãos.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

VERÃO NO INVERNO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/


E veranico de maio veio no final de junho e neste início de julho. Apesar de estarmos no inverno, o final de semana foi de um calor de mais de trinta graus. Baita verão em pleno inverno, inverno com praia. E continua pela semana adentro.

Minha amiga Jacqueline, lá de Genebra, onde é verão, agora, está perguntando onde está o calor que deveria estar lá, pois está chuvosos e frio na Suiça. E eu responde que o verão de lá está aqui. O tempo está maluco, inverteu tudo. Lá na Europa, que deveria ser verão, nada de calor. Aqui, que é inverno e deveria estar frio, estamos suando em bicas e pegando praia.

Grandes mudanças. Contanto que não tenhamos grandes tempestades, tudo bem. Mas o friozão aqui faz falta, pois não tivemos mais nenhum lanço de tainha. E, como já disse, inverno sem tainha, por aqui, não é inverno. Que venha logo o frio de novo para que possam pescar mais tainhas.

domingo, 1 de julho de 2012

MULHERES DE CORUPÁ

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Neste final de semana estive de visita a Jaraguá do Sul, Joinville e Corupá. Revi a família, revi amigos, revi lugares. É bom aquecer o coração com a presença de pessoas queridas, mesmo com o calor de mais de trinta graus deste veranico de maio que veio em junho e segue pelo mês de julho.
Conversando com um irmão aqui, outro ali, acabamos lembrando de nossa vó Paula, a vó grande, a matriarca da família que teve que deixar Corupá e ir para Curitiba, nos anos sessenta, por recomendação médica. Ah, saudade daquela mulher forte, guerreira, que criou dezesseis filhos e ainda adotou mais uma filha, saudade daquele sorriso manso, bonachão, do abraço aconchegante. Curitiba, cá pra nós, perdeu a graça, depois que ela se foi.
E me lembrando da Vó Grande, me lembro também da vó “pequeninha”, a vó Estefânia, que ao contrário da outra, era baixinha baixinha, embora fosse grande em sabedoria e fé. Convivi mais com a vó Estefânia, pois ela viveu em Corupá até o fim de seus dias, nos anos setenta. Ela morava numa casa humilde, de madeira, que ficava além dos fundos do cemitério municipal, que ainda hoje é o mesmo. Era um discípula da Assembleia de Deus e todos na cidade a conheciam, pois ia à igreja todos os dias nos quais havia culto e caminhava da sua casa até o centro da cidade, onde ficava a igreja, cantando. Saia de sua casa, passava pelo cemitério, caminhava uns três quilômetros, mais ou menos, na ida, mais o mesmo tanto na volta, sempre cantando.
Adorava ir à casa dela para sentar-me na cozinha ou na sala de jantar para ouvi-la contar “causos”. Era exímia contadora de histórias, a maioria delas verdadeiras. Aprendi a gostar de peixe defumado com ela. Meu avô era ferroviário e trazia peixe quando viajava ou quando ia pescar nos rios de Corupá, e ela os defumava em cima do fogão à lenha. Depois a gente ia lá para comer com ela peixe com pirão de água. Era uma delícia e é até hoje.
Vó pequeninha fazia, também um curau ou pamonha, de travessa, não sei o nome correto, que era um manjar dos deuses. Parecia um pudim de milho verde. Depois que ela se foi, nunca mais comi nada igual.
Ela me ensinou canções que me ensinaram a ter fé e que eu sei até hoje. Vó pequeninha era uma grande mulher.
Minhas avós eram criaturas maravilhosas, das quais tenho muito orgulho e das quais sinto muita falta. Minha terra, Corupá, é assim: acalentou em seu seio mulheres valorosas como Vó Estefânia, como vó Paula, como minha mãe, que não mora mais lá mas mora pertinho, em Jaraguá, e como tantas outras que viveram ou ainda vivem lá. A minha professora do primeiro ano do "primário", dona Elizabete Voltolini e minha tia Maria que o digam.