Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Vi uma nota, num jornal dos últimos dias, sobre o Projeto Floripa Letrada, da Secretaria de Educação de Florianópolis. O projeto, iniciado em agosto de 2010 – prestes a fazer o segundo aniversário, portanto – consiste na oferta de livros em estantes colocadas nos terminais urbanos da capital. O usuário do transporte público pode pegar os livros para serem lidos no terminal, enquanto se espera o ônibus, ou levá-lo para ler no ônibus, enquanto viaja e em casa. A intenção era que os livros fossem lidos e devolvidos à estante, para que outros leitores pudessem levá-los, tanto que o slogan do projeto é “a palavra em movimento”.
Pois a nota que li anunciava que o Floripa Letrada não acabou, que continua, embora o percentual de livros devolvidos não passe de vinte por cento. Ora, primeiro é bom considerarmos que ninguém faz controle dos livros que são levados, portanto não há como saber se algum retorna à estante, quanto mais fixar um percentual. Acho que os livros devolvidos são muito, muito poucos. Segundo, é bom saber que o projeto não acabou, pois é o que parece. Sempre que passamos pelas estantes, vemos ela vazia ou com as mesmas revistas e alguns velhos livros defasados espalhados por elas.
Sei que os livros que são colocados (ou eram) à disposição dos usuários do transporte coletivo urbano provém de doações, pois a secretaria não tem verba para comprá-los, a despesa com o pessoal para a sua manutenção já é um problema. Eu, inclusive, já doei mais de uma centena de livros.
Mas a verdade é que o projeto está devagar, muito devagar. É um segundo aniversário bem triste para o Floripa Letrada, uma iniciativa em benefício do público leitor que não pode comprar livro, mas que parece não ter valorizado nem um pouco a iniciativa, pois o retorno dos livros que caracterizaria o rodízio, objetivo maior do projeto, não se cumpriu. Não condeno a secretaria, pois o público não está colaborando para que o projeto continue. É mesmo uma pena, pois muita gente que tinha livros em casa encerrados em armários, em estantes, liberou espaço e doou os livros para o Floripa Letrada, para que fossem de novo lidos.
Parece que tudo o que é muito fácil perde o valor. Houve até casos de pessoas que pegaram pilhas de livros e os levaram para vender em sebos. Comprovadamente, com carimbo do projeto e tudo. Lamentável. Numa época em que alguns lutam para que todos tenham acesso ao livro, para que se leia mais, uma ideia como essa, que não é nova, mas é uma ótima ideia, não foi devidamente reconhecida por muitos de nossos cidadãos.
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