Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/
Na edição de hoje de um de nossos jornais, leio nota sobre o atraso do rodoanel da Grande Florianópolis. O colunista transcreve trecho de reportagem da revista Exame que diz que “Todas as grandes obras das rodovias federais sob concessão da OHL estão atrasadas. A empresa culpa a burocracia ambiental. Mas o grande vilão parece ser o preço irreal do pedágio.”
Mais adiante o colunista escreve que “a OHL (a Autopista Litoral, concessionária que detém o trecho da BR 101 entre Curitiba e a Grande Florianópolis) estaria “fazendo caixa” para realizar as obras do referido rodoanel. E um “caixa” demorado, por conta justamente do pedágio subdimensionado (R$ 1,40 em Santa Catarina).”
Ora, a própria revista levanta o problema comum com a tal concessionária, que é o atraso em todas as obras. E o preço “irreal” mencionado na reportagem, que a princípio pensei ser uma alusão ao valor muito alto em vista do pouco retorno – a 101 está péssima, toda esburacada, não se vê o dinheiro arrecadado com o pedágio ser aplicado, parece até uma estrada sem pedágio -, não é nada disso, o que sugerem é que o preço é muito baixo.
E o colunista parece concordar com isso, quando fala em “pedágio subdimensionado”. Será que esse colunista trafega pela 101 daqui até Joinville, será que ele tem viajado neste trecho, ultimamente, para ver o estado lastimável em que ela se encontra?
Como pode ser “subdimensionado” um pedágio de R$ 1,40, cobrado em quatro postos num trajeto de menos de duzentos quilômetros, trajeto este cheio de buracos e de remendos, feitos à guiza de manutenção, com pás de asfalto sendo jogadas nos buracos, que se transformam em montículos no meio do caminho? Eu mesmo já vi um caminhão com asfalto no meio da estrada, com um funcionário jogando a massa nos buracos, ao invés de estar lá uma equipe com o equipamento completo para fazer um trabalho decente.
Raramente se vê algum grupo com todos os equipamentos necessários para fazer uma boa recuperação do asfalto. Então pra onde vai todo o dinheiro arrecadado? Quantos mil veículos passam por dia por cada um dos quatro pedágios em Santa Catarina, quanto dinheiro é arrecadado? Acho até difícil quantificar, é muito dinheiro. Para onde está indo?
E há quem seja capaz de me dizer que estão tentando acumular dinheiro para fazer uma obra, que está “demorado” para fazer caixa, porque o valor do pedágio cobrado é muito pequeno, é “irreal”, é “subdimensionado”.
Pergunto mais uma vez, pergunto pela terceira ou quarta vez: quem deve fiscalizar o cumprimento dos contratos assinados com essas concessionárias? Quem deveria conferir o que deve ser feito na 101, mas não está? Quem fará um levantamento para que se revele qual é o valor arrecadado e para onde ele está indo?
O valor do pedágio é irreal, sim, mas porque é muito caro, em vista do que não é feito na 101. Pagamos pedágio, mas temos uma estrada cada vez pior. Quando você paga mas não tem nada em troca pelo que pagou, qualquer valor é muito alto.
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