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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

JACATIRÕES DO BRASIL


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br

Neste verão, vi uma coisa que nunca tinha visto ainda. Já tinha visto o jacatirão de inverno – o manacá-da-serra – florescer junto com o jacatirão nativo, em dezembro. Mas neste início de 2014, em pleno verão, vi o manacá-da-serra, o jacatirão que foi feito para florescer em julho, fechado de flores ao lado de um jacatirão nativo, que floresce no verão e mais, perto de uma quaresmeira, o jacatirão que floresce no outono, na época da Páscoa. Não é singular? Todos os jacatirões de épocas diferentes, florescendo juntos. Coisas de nosso clima, mas é bom ver todas essas cores, que vão desde o branco até o vinho, colorindo nossos caminhos.

Tenho uma relação de amor e dor com o jacatirão. Quando perdi minha primeira filha, há bastante tempo, fazia poucos anos que eu tinha descoberto essa árvore grande e generosa, que se cobre de flores no final da primavera e fica esbanjando beleza até o final do verão, e me tornado admirador e divulgador dela. Então, quando estávamos indo sepultar minha menina, um raio de luz e cor conseguiu atravessar a névoa de dor que encobria meus olhos e eu vi as primeiras flores de jacatirão daquela temporada, numa árvore ao lado do cemitério.

Aí nasceu um pequeno/grande poema: pequeno no tamanho, mas grande no significado: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”

A relação que temos, eu e o jacatirão, na verdade não é só de amor e dor, mas também de cumplicidade. Porque acho que ele veio me consolar numa hora em que eu precisava muito de luz para mostrar o caminho, mostrar o chão para seguir em frente, mostrar que havia esperança. Que a vida segue e que o tempo cura quase tudo, que a saudade vai se tornando companheira e a dor vai diminuindo, embora volte, às vezes, um pouquinho mais forte. Que a perda ensina a gente a valorizar mais o que se tem, ensina a amar mais e melhor a vida e nossos entes queridos.

Então gosto de todos os tipos de jacatirão: daquele nativo, que floresce no meio da mata, no verão, no nordeste da nossa Santa e bela Catarina, autêntica árvore de Natal, se enfeitando para o 25 de dezembro e a virada do ano - no final do verão ele floresce no Paraná, São Paulo e pelo Brasil afora; do jacatirão também chamado de quaresmeira, que floresce mais ao sul de Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e também por quase todo o país, na época da páscoa, com suas flores menores mas mais coloridas. E o do jacatirão de jardim, que chamam de manacá-da-serra, que floresce no inverno.

Você, leitor de qualquer parte do Brasil, que não sabe o que é o jacatirão, preste atenção se um dia viajar aqui para o sul e sudeste: do final de outubro até final de janeiro, em vários pontos da BR 101 antes e depois de Joinville, você poderá ver as manchas vermelhas nas matas que ladeiam a estrada. Também em várias rodovias no Paraná e São Paulo, em fevereiro e março. E certamente em muitas outras regiões do pais que eu não conheço, eles podem ser admirados.

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