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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

DIA DA SAUDADE

                      Por Luiz Carlos Amorim - Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Hoje minha crônica não vai ser literária, nem romântica, nem poética. Vai ser apenas triste. Porque é dia 2 de novembro, dia daquela saudade de nossos queridos que se foram doer um pouquinho mais. E a primavera me traz flores e vida, esperança e desejo de renovação, mas também me traz uma enorme sensação de perda.
O início de novembro tem Finados e o final de um outubro antigo levou um pedaço de mim, há muitas primaveras. Trinta e três primaveras, para ser exato. Então, esse dia de saudade, para mim, é um dia no qual aquela dorzinha escondida, que fincou raízes lá no fundo do peito, doendo um pouquinho sempre, agora dói um tanto mais.
Saudades, saudades infinitas de uma convivência que poderia ter existido, mas não aconteceu. E ter saudades de alguém que chega e já se vai, sem deixar nada para ser lembrado, é ainda mais doído. Até me disseram, quando Vanessa se foi, no dia seguinte ao do seu nascimento, que era melhor assim, era melhor do que se ela tivesse ficado algum tempo e depois tivesse ido, doeria menos. Eu não concordo.
Ficou um vazio enorme, uma saudade de ter do que ter saudades, aquela imagem nítida da luta pela vida, ferrenha, mas perdida.
E uma imagem quase romântica, no meio de tanta aridez: no dia em que Vanessa se foi, as primeiras flores dos primeiros jacatirões nativos se abriram. Fiz até um poema, que depois virou lápide: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”
Mas os jacatirões estão florescendo novamente, este ano, o manacá-da-serra, jacatirão de inverno, ainda está cheio de flores no meu jardim, e amanhã eu vou estar melhor, prometo. E volto a falar de poesia e de livros, de artes e cotidiano. Porque a vida é assim. Saudade é dever de casa, patrimônio nosso de cada dia, herança intransferível e razão sine qua non para mantermos vivas as nossas gentes queridas em nossos corações, para mantermos perto outras tantas gentes queridas que estão longe.

Um comentário:

  1. Olá, boa tarde!

    Hoje também estou triste, triste em lembrar de minhas duas florzinhas que agora florescem no céu, de manhã fui ao cemitério e lá fiz minhas orações, amanhã com certeza será um novo dia, mas a saudade sempre estará em nossos caminhos. Que você e sua esposa possam conviver com esta certeza, assim como eu e meu marido, mas o diferencial é saber que a passagem delas por aqui nos torna pessoas melhores todos os dias.

    Até breve .

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