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domingo, 29 de março de 2020

PÁSCOA, RENASCIMENTO E LIBERTAÇÃO



         Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 40 anos em 2020. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.brhttp://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

A quaresmeira, tipo de jacatirão que tem esse nome porque floresce na quaresma, está em plena florescência, uma temporada especialmente colorida, talvez para compensar os tempos cinzentos que vivemos. Como será a Páscoa, com tantas pessoas doentes e outras morrendo? Haverão quaresmeiras suficientes para colorir tempos tão escuros?
Mas elas, as flores da Páscoa estão aí para nos lembrarmos que a vida continua, para nos lembrarmos de um Menino que nasceu para nos trazer esperança e fé e que essa esperança e essa fé é que podem nos dar alento para enfrentar o que nos fere.
Em Rancho Queimado, na grande Florianópolis, há um trecho da 282 que está uma beleza, tingido de vermelho e vinho dos dois lados da estrada. Na serra gaúcha também há muitos deles, principalmente nos jardins, e a quantidade de flores é um espetáculo à parte.
Este tipo de jacatirão, a quaresmeira, tem as flores menores do que o jacatirão nativo, que floresce na primavera/verão, mas é mais colorido, tem cores mais vivas, mais vibrantes. Então não dá pra não notar uma quaresmeira fechada de flores. O manacá-da-serra, outro tipo de jacatirão que floresce no inverno, é mais parecido com o nativo.
Fico encantado com as manchas vermelhas que as quaresmeiras deixam na mata, nos jardins, nas beiras das estradas. Mas não é um encantamento comum, simples, é um encantamento mágico, pois meus olhos são atraídos pelas cores das pétalas vermelhas e lilazes, no meio do verde, e meu olhar flutua em direção a elas, como se minha alma seguisse com ele em direção às cores. E então meus olhos brilham, como faróis, e o raio de luz é o canal de ligação com meu coração.
É assim que me sinto encantado com a generosidade das flores do jacatirão, encantamento que envolve meu olhar, minha alma, meu coração. Assustado com este tempo de pandemia que vivemos, nutro-me do encantamento das cores do jacatirão de Páscoa.
E parte deste encantamento, ainda, é o porquê de eu chamar o jacatirão de “flor da Páscoa”. Acho que ele é a flor de Cristo, também, porque o jacatirão nativo está florescido em dezembro, quando nasce o Menino Jesus para todos nós. E uma variedade desse mesmo jacatirão, a quaresmeira, está florescida na Páscoa, quando aquele Menino, feito homem, é cruscificado e sobe aos céus. O jacatirão está presente tanto na chegada quanto na partida do Menino, filho do Pai. Não é uma flor divina?
Pois a Páscoa não é simplesmente ovos e coelhos de chocolate. A palavra Páscoa vem do hebraico e significa "passagem". Os judeus comemoravam esse dia antes mesmo do nascimento de Cristo, desde há muito tempo, então com outro sentido: o de liberdade, ou seja, a libertação de anos de escravidão no Egito. Para os cristãos, a Páscoa passou a celebrar o renascimento de Cristo, a passagem dEle deste mundo para o Pai.                                               
Páscoa, então, é renascimento, renovação, a festa da libertação. Época de repensar a vida e renová-la, de refletir sobre o Menino que se tornou homem, morreu e ressuscitou, elevando-se ao céu, provando aos homens que há uma força divina, maior, regendo nossos destinos.
De maneira que Páscoa é fé em uma força maior que rege nossos destinos e é  também jacatirão, a flor que anuncia o Natal e enfeita a Páscoa, que anuncia a chegada e a elevação do Menino filho de Deus. Então vivamos a Páscoa, pois estamos vivendo um renascimento, que pode ser a libertação daquilo que nos abate.

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