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quarta-feira, 8 de abril de 2020

DIÁRIO DA QUARENTENA DA PANDEMIA - 08.04.2020



                                        Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 36 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.brhttp://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br

Hoje, 8 de abril de 2020, o dia amanheceu nublado em Lisboa. Durante a manhã até ameaçou um solzinho tímido, mas à tarde acabou chovendo. Chuvinha fina, daquela chatinha. Mas não esfriou mais, dentro de casa estava bem agradável. À noite deve ficar mais frio e a gente deve, como em todos os dias, puxar a coberta ou a manta.
Chegamos em meados de março por aqui, um dia antes de Portugal fechar para não portugueses, e a ideia era alugar um apartamento pequeno para nós, perto da filha Daniela, para ir ver o neto Rio todos os dias, mas a pandemia de coronavírus nos fez pensar melhor e resolvemos alugar um apartamento de meia, maior para todos. Então, rachamos um apartamento grande no centro de Lisboa, no Chiado, perto da praça do Rocio. Apesar de ser todo equipado – mobiliado, com todos os insumos necessários, como roupa de cama, mesa e banho, louças, panelas e talheres -  cozinha completa, tv a cabo e internet , Pierre e Daniela trouxeram alguma coisa da casa deles para cá e grande parte – mobiliário, equipamentos, roupas e utensílios tinham que ser embalados e guardados. Então é necessário que alguém vá  lá no apartamento antigo para separar e embalar tudo. Hoje foram Dani e Stela e eu fiquei cuidando do Rio. Ele é uma criança espetacular e a gente se diverte muito tendo ele como companhia. Descobri que não sei mais trocar fralda, mas tudo bem. A gente reaprende.
Ah, esqueci de dizer que estamos no quarto andar – por isso a vista privilegiada do Castelo de São Jorge das janelas de nossos quartos – mas o prédio tem elevador, coisa que não é comum aqui em Lisboa, pois a cidade é composta quase toda de edifícios antigos e não é permitido fazer mudanças, então sobe-se muitas escadas. Meu joelho podre agradece. E Dani também, pois sair com um bebê e o seu carrinho, mais mochila com os pertences do filho e o cesto – ou ovo, como se diz aqui - para transportar criança em automóveis – obrigatório em táxis ou carros próprios, é muito difícil.
Então fiquei com Rio. Dei a comidinha dele, troquei-lhe as fraldas – não muito bem, mas isso é detalhe -, e brincamos muito. Ele tem alguns livros de folhas duras (como se fossem capas duras) que tem música em algumas páginas, como um deles sobre Chopin que toca músicas do grande mestre. Então ele sabe o lugar onde pressionar, para tocar as músicas, e ouvimos trechos de obras de Chopin. Ele aprende muito rápido. Mas ele tem muitos outros brinquedos e fizemos uma zoeira na sala grande, espalhando brinquedos para tudo que é lado. Um colinho ia bem de vez em quando, mais foi pouco. Ele brincou muito mesmo.
Quando vovó, papai e mamãe chegaram, vocês tinham que ver a festa do gajo. Quase pulou do meu colo. Aí almoçamos, lá pelas cinco da tarde – aqui almoçamos sempre tarde, até porque a gente fica a maior parte do tempo em casa – e Rio foi dormir o seu soninho da tarde e eu vim escrever esta crônica. Mais tarde vou assistir minhas aulas on-line de francês. Hoje não vai ter  pilates com a filhota Fernanda, que dá aulas direto de Nice, no sul da França, ou aula de educação física com Daniela, pois a tarde de todos está sendo bem ocupada.
Antes de começar a escrever o capítulo de hoje do diário da pandemia, porém, comecei a ler “O Egípcio”. Pelas primeiras páginas que li, acho que vou gostar. Já li três livros de Agualusa, nesta quarentena, e tenho que terminar, também, “Grande Sertão, Veredas”. Até amanhã. Boa noite para todos e um bom amanhã. Não deixemos que nada impeça isso.

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