Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e
revisor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
Os
jornais Diário Catarinense, A Notícia e Santa deste primeiro dia de outubro
trouxeram as intenções de candidatos a governador do Estado de Santa Catarina
no que se refere à Cultura. Aliás, bem a propósito, pois os candidatos não
previam a existência da cultura em suas promessas de campanha. Foi preciso
arrancar a fórceps alguma palavra deles sobre o que pretendem fazer n este
setor tão relegado a último plano nos quatro anos do atual governo.
Já estamos no final
do governo de Raimundo Colombo e as coisas praticamente não mudaram, no que diz
respeito à educação, à saúde, à segurança, à cultura. Ao invés de melhorar,
tudo piorou.
Muito se fala em
cultura, por exemplo, mas de concreto, quase nada foi feito. Cadê uma política
cultural estável, funcional, que contemple todo o Estado, coisa que está faltando
de há muito tempo? O CIC - Centro Integrado de Cultura,onde funciona a Fundação
catarinense de Cultura, o Teatro Ademir Rosa e outras entidades culturais
catarinenses, teve a reforma concluída, finalmente, passados vários anos e
gastos muitos milhões de reais dos cofres públicos, mas logo em seguida foi
interditado, pelo não cumprimento de vários itens de segurança. Recentemente
veio à tona a denúncia de que vários itens importantes estavam sendo
deteriorados em salas onde chovia dentro, a despeito da reforma. Estamos
esperando, ainda, que responsabilidades sejam apuradas por tanta
irresponsabilidade e com tanto dinheiro dispendido.
É preciso dar
continuidade ao Prêmio Cruz e Sousa, também, e ao Edital para compra de livros
de autores catarinenses para distribuição às bibliotecas municipais. Trata-se,
este último, de uma lei que há quase vinte anos não vinha sendo cumprida e que
teve, finalmente, um edital na gestão de Anita Pires. Precisamos de
bibliotecários nas escolas públicas, coisa que o Estado não tem suprido como
deveria. Aliás, falta professores, falta equipamento, falta manutenção, falta
salário, falta tudo para a educação catarinense. E falta integração da capital
com a cultura de todo o Estado, mais atenção da Secretaria de Cultura e da FCC a
todas as manifestações culturais catarinenses, de qualquer cidade catarinense.
Esperávamos que as coisas andassem melhor, neste governo que está para terminar, mas não
melhorou nada, pelo contrário.
O que ainda há deve-se a abnegados escritores e agitadores culturais que, tirando água de pedra, realizam eventos culturais sem o apoio do Estado.
O que ainda há deve-se a abnegados escritores e agitadores culturais que, tirando água de pedra, realizam eventos culturais sem o apoio do Estado.
Na verdade, precisamos muito de uma
política cultural que funcione, que contemple todas as modalidades de arte. Mas
não basta que se estude, que se discuta, que se planeje, que se faça leis que
não são cumpridas, que se prometa, apenas. Temos, em SC, boas iniciativas que
funcionaram, como o Prêmio Cruz e Sousa de Literatura, que concedeu os maiores
prêmios em dinheiro do país, além da publicação dos livros, para autores não só
catarinenses, mas também a nível nacional.
Então é preciso cobrar dos
candidatos, desde já, o que será feito para resgatar a nossa cultura. Pra
começar, o atual governador, que é candidato a mais um mandato, não aceitou o
convite para a sabatina sobre o futuro da cultura catarinense.
Bopré e Vignatti foram favoráveis a
que haja uma secretaria exclusiva para a Cultura. Atualmente a cultura divide
uma secretaria com o turismo e o esporte. Bauer fugiu da pergunta e não se
comprometeu nesse sentido.
A lei Grando, que citamos acima, foi
lembrada pelo candidato Bopré, que se comprometeu a cumpri-la. Já Vignatti
prometeu edital específico para o livro, o que seria uma coisa muito boa para
os escritores catarinenses. Bauer prometeu priorizar as bibliotecas públicas e
valorizar o escritor catarinense, o que é meio genérico, mas cobraremos dele se
for eleito.
Sobre política pública cultural,
Bopré diz que ela tem que valorizar a cultura do povo. Afirma que cultura e
educação são investimentos fundamentais. Coisa que o candidato vencedor deverá
colocar em prática. Vignatti disse que não temo investimento específico na
cultura. Verdade. Mas não disse o que fará, se for eleito. Neste quesito Bauer
diz que é importante que o governo destine recursos para a cultura. Sabemos que
é importante, importantíssimo. Mas é preciso que isso seja feito e não apenas
falado.
Falaram ainda da necessidade de
realizar o Edital Elisabete Anderle anualmente e do apoio à criação da
Faculdade de Dança pela Udesc, da popularização da música local, das leis de
incentivo, do apoio a entidades de artes plásticas, do fomento ao cinema e da
urgência em dialogar com o setor artístico e cultural para definir políticas,
metas e prioridades para tocar a cultura em Santa Catarina.
Uma pena que Colombo não participou
da sabatina, pois como teve quatro anos para melhorar o setor cultural no
Estado e não o fez, seria interessante saber o que ele pretende fazer nos
próximos quatro anos, caso seja reeleito. Esperemos, caso ele seja reeleito, que não repita o que fez no primeiro mandato.
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