Por Luiz Carlos Amorim –
Escritor, editor e revisor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br
Passadas as eleições, vimos resultados esperados, mas nem
por todos desejados. Candidatos ficha suja eleitos, grandes abstenções, número
expressivo de votos nulos e brancos. Em vista disso, os comentaristas de plantão perguntam,
atônitos: porque os eleitores estão se negando a votar em qualquer candidato a
alguns cargos, mesmo indo às urnas? Não se pode abdicar do direito de escolher
os políticos que vão estar no poder, a responsabilidade é do eleitor por
aqueles que ele elege. É preciso votar em alguém. É? Com os candidatos que
temos? Mas votamos mesmo assim. A verdade é que merecemos o estado de coisas
lastimável que temos grassando na administração pública, no poder público,
porque não sabemos votar, não pesquisamos a vida do candidato em quem votamos.
Se soubermos avaliar, quem sabe não encontramos um candidato decente? E se não
encontrar, há que não se votar em ninguém, sim, para que se saiba que não
estamos de acordo com o que está rolando.
Tanto é verdade, que este ano, juntando as abstenções, os
votos nulos e os votos em branco, este índice chegou a trinta por cento – mais
de 38 milhões de eleitores que resolveram mostrar sua indignação não votando em
nenhum dos candidatos oferecidos. E deu resultado, o fato chamou a atenção da
mídia e nos dias após as eleições os jornais, a televisão, a internet, estão
discutindo este “fenômeno”. E tem que ser discutido, porque essa é a
manifestação do eleitor para que os
“políticos” saibam que não estamos satisfeitos com a corrupção e impunidade que
aumenta cada vez mais, com os fichas-sujas que no empurram goela abaixo.
É óbvio que se eleitor não votou, é porque não tinha nenhum
candidato que o representasse. Os conhecidos, mais “populares”, já sabemos
muito sobre eles, então o eleitor consciente não tem como lhes dar mais um voto
de confiança, pois eles não são dignos de mais nenhuma confiança. Os novos, que
poderiam oxigenar, quem sabe, a “política” que está aí, não têm os nomes conhecidos,
pouco se ouviu sobre eles e os segundos do horário político não os dá a
conhecer, mesmo que a propaganda fosse palatável. Então considerando “que eles
não têm chance” perante os “maiores”, o eleitor acaba achando que é melhor não
“desperdiçar” o voto.
Isso sem considerar que a famigerada propaganda eleitoral dá
quantidades de tempo diferente, conforme o tamanho do partido e das coligações.
Então um candidato tem muito tempo, enquanto
o outro tem quase nenhum. E há ainda as bolsas isto e bolsa aquilo que garantem
votos para uns e outros, queiramos nós ou não.
Votamos pelo simples fato de termos que votar, sem nos
importarmos com o que aquele candidato que escolhemos vai fazer em nosso nome,
ou vai deixar de fazer. E ele está lá porque o colocamos lá, está lá para
trabalhar por nós e para nós, afinal, somos nós que os pagamos. Pagamos
inclusive todos os valores que são “desviados”.
É premente que a educação do povo brasileiro seja resgatada,
pois sem isso não há como esperar que o panorama seja melhor. Sem educação, sem
instrução, sem cultura, um povo não sabe a importância de escolher seus
representantes no poder, não sabe como avaliar as pessoas que colocará na
administração pública, nos destinos da
nação e da sua própria vida. Um povo sem educação não sabe votar e não sabe
exercitar seus direitos e deveres.
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