Há algumas semanas, li uma crônica a respeito da ausência de
livros de escritores catarinenses nas livrarias de Santa Catarina, na coluna de
Moacir Pereira. Achei muito a propósito a constatação do escritor e colunista,
ao procurar, em grandes livrarias do centro da capital catarinense e no
aeroporto, livros de escritores da terra e não encontrar.
Eu tenho um livro meu, publicado pela Hemisfério Sul, na
Catarinense e na Saraiva, mas sei que é muito difícil fazer com que nosso livro
tenha alguma visibilidade nas nossas livrarias. Já procuraram meu livro, aqui
na capital, e não encontraram. Os livros de autores da terra, a não ser os
consagrados, ficam no estoque, bem guardados e muito pouco visíveis.
Já no Rio Grande do Sul, para onde o colunista que abordou o
assunto viajou, os escritores gaúchos são privilegiados, estão bem à mostra
tanto nas livrarias como no aeroporto da capital, evidenciando a valorização
que lhes é conferida. Não é à toa que a Feira do Livro de Porto Alegre é a mais
tradicional do país e é esperada e amada por toda a população, é um evento que
orgulha todo o povo daquele Estado.
Mas não sei se a culpa da falta de visibilidade das obras de
nossos escritores nas livrarias catarinenses é só das livrarias. Não estou
querendo desculpar os livreiros por não deixar nossos livros à vista, mas a
verdade é que o leitor catarinense não procura o autor catarinense, prefere os
best sellers estrangeiros, e por isso as obras de nossos escritores acabam
saindo de vista para dar lugar a livros que vendem. Quer dizer, é um círculo
vicioso: se os livros de autores locais não são procurados, cedem lugar aos
campeões de venda, que nem precisam ficar à mostra porque vendem de qualquer
maneira, mas comércio é comércio e os produtos top de linha tem que estar à
frente.
E não é só o leitor que não dá muita importância aos seus
escritores, não. Nem todo escritor faz o
seu papel para mudar isso. Nós, escritores, precisamos ir às escolas para levar
a nossa obra aos leitores em formação, conversar com eles, fazê-los saber que
existimos. Fazemos muito pouco isso. Se cada escritor visitasse as escolas de
sua cidade para mostrar o que está produzindo, para fazer saber que tem livro
publicado, os novos leitores cresceriam sabendo que à volta dele há autores
surgindo, com chance de ser um bom representante da literatura catarinense,
mais adiante, se for lido. Porque escritor é aquele que é lido, não
simplesmente aquele que escreve.
As academias literárias também têm o seu papel na
divulgação dos produtores de literatura da região e o reconhecimento
daqueles que já se destacam é feito através de prêmios que são
conferidos nos finais de ano.
Apelo ao público leitor: prestigie as feiras do livro da capital.
Conheçam a obra de escritores conterrâneos, avaliem, opinem. Escritores da
terra, participem da feira do livro de Florianópolis, estejam lá para oferecer
a sua obra, para se tornarem conhecidos. É assim que se chega ao leitor,
aproveitando todas as oportunidades. Em dezembro acontece mais uma feira do
livro no Largo da Alfândega. Vamos todos para lá, tanto leitores como
escritores. Quem ganha é a cultura catarinense.
Caro Luiz Carlos Amorim,
ResponderExcluirLi com muita atenção sua crônica inspirada em nota do ilustre jornalista e escritor Moacir Pereira, de que não se encontra livros de autores catarinenses em nossas livrarias. Antes, parabéns por ter livro de sua autoria publicado pela Hemisfério Sul, na Catarinense e na Saraiva. Mas lamento dizer que este é um assunto velho, uma pauta vencida.
Já descobri em 1991, quando lancei meu singelo Sem rimas e Sem Razão pela então Paralelo 27, do escritor Olsen Jr. e posteriormente pela Insular, Os Poemas Infames, premiado em edital de incentivo a literatura pela Fundação Catarinense de Cultura, que se fosse viver de literatura em nosso estado, morreria de fome. Óbvio que sou um nadinha nesse mar de grandes nomes, de significativas obras, mas...invisíveis. E por que isso ocorre?
Na minha exígua experiência de poeta escritora, o ritual do lançamento do livro e posteriormente, tentativa de venda é similar a um filme de suspense ou terror. Existe num primeiro momento um quase encantamento de ver aquelas folhas que demandaram escritas e reescritas, horas de insônia num processo que demanda uma tremenda persistência do autor, saírem da gaveta e se transformarem num livro, o meu livro.
E daí é feito o lançamento, quem sabe um coquetel para os amigos e convidados e na sequência, o silêncio. Daí você chega em casa e vê aquela montanha de mil livros a serem vendidos...meu Deus, por onde começar?
Um dos grandes problemas do autor catarinense, é a distribuição dos livros que não é assumida pelas editoras, aliás, por ninguém. Todas ganham seu dinheiro oriundo dos prêmios e editais que geralmente são investidos na publicação do livro e acaba aí, até onde sei.
Existe o mérito da Feira do Livro, promovida pela Câmara Catarinense do Livro, mas é pouco. Enquanto não houver um tratamento mais profissional, que é o que fazem as grandes editoras, o autor catarinense será sempre esse ilustre desconhecido a ir de escola em escola para divulgar seu livro aos estudantes. Óbvio que é meritória a inciativa desses abnegados. Mas o pai que tem recursos, dá de presente ao filho, o último Harry Potter. Eu comprei 11 livros do John Flanagan por que me apaixonei pelos Rangers: A Orden dos Arqueiros, mais pelas razões por que o publicitário criou a série inspirada em seu filho, um garoto franzino na época, do que por méritos literários. Mas quando entrei na livraria e perguntei: qual o livro para adolescentes que mais vende: a resposta foi simples: Os Rangers.
Profissionalização é a palavra para todos que escrevem como nessa vida, como tudo no mercado editorial. Aliás, não deveria ser a bandeira da Academia Catarinense de Letras? Aliás, para que serve a Academia Catarinense de Letras?
Abraços. Maria Odete Olsen – jornalista e poeta
Sensacional o comentário da Poeta, apresentadora, jornalista Maria Odete Olsen, li seus dois livros Maria Odete, e não sou nenhum especialista, mas realmente possui os méritos para o prêmio conquistado, e que não foi valorizado, principalmente pela nossa mídia Catarinense. Também sou escritor, meu ultimo livro, Morte em Dezembro, graças aos bons Deuses, conseguiu a graça de vender os mil exemplares em pouco mais de 90 dias. Mas foi um sufoco. E tudo aquilo que escreveste Maria Odete, só faz completar o cronista. Deixo aqui uma sugestão aos senhores. Porque na Feira 'catarinense' do livro, não se faz divulgação antecipada? Esse ano, parece que está sendo assim, tomara que dê certo. Mas nos últimos anos era tudo em cima da hora. Pouca divulgação, e divulgação errada dá nisso. Pouco movimento. Com muitos autores com quem converso, falam das panelinhas aqui, panelinhas ali. Quer dizer, onde não existe união, certamente o fracasso sairá vencedor. No Site da Academia Brasileira de Letras a gente consegue um calendário das Feiras de livros em todo o Brasil, e no ano passado ao consultar essa lista não encontrei a data da feira de livros de Florianópolis. É triste. A falta de organização penaliza. Parabéns ao Cronista, parabéns a poetisa.
ResponderExcluirSei que a história é velha, Maria Odete, mas é preciso fazer alguma coisa, não podemos deixar quieto. Precisamos mudar isso. Cobrar da Academia Catarinense de Letras, das outras academias, do Estado, do município, que divulguem os autores da terra, como você, como todos nós. Se ficarmos quietos, estaremos aceitando o estado de coisas que se instalou na nossa cultura. Você é uma pessoa conhecida, seu trabalho é se expor, é jornalista na televisão, e tem dificuldade para chegar ao leitor com a sua literatura. Imagine nós, anônimos. Meu livro está na Saraiva não por minha causa, mas por causa da editora, do esforço dela em colocar seus títulos em vitrines novas.É difícil mesmo, mas temos que reagir. Obrigado pela sua manifestação. Grande abraço.
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