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terça-feira, 28 de julho de 2015

FESTA LITERÁRIA CATARINENSE


    Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor - Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, 35 anos de trajetória, Cadeira 19 na Academia Sulbrasileira de Letras. -Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br

Em meados de 2013, a imprensa catarinense anunciava que a literatura de Santa Catarina finalmente passaria a ter um evento significativo, forte, representativo. Uma empresa baiana de eventos teria resolvido investir em Florianópolis e iria organizar uma festa literária do tipo da FLIP, de Paraty. Teríamos, enfim, escritores nacionais e internacionais como convidados num evento em Florianópolis, dando efervescência ao meio literário da capital.

A primeira edição da Festa Literária Internacional de Santa Catarina – Flisca, a princípio, deveria acontecer em meados ou mais para o final do segundo semestre de 2014 e teria mais de vinte convidados ilustres das letras: 9 locais, 8 nacionais e 7 internacionais. O local deveria ser o Forte de São José da Ponta Grossa, no norte da Ilha de Santa Catarina.

A Flisca integrar-se-ia ao calendário cultural de Santa Catarina e seria, a partir da primeira, itinerante, sem uma sede definitiva. Poderia acontecer em vários pontos do Estado. O projeto da festa já estaria elaborado, segundo a empresa idealizadora.

A perspectiva de uma revitalização no nossos meio cultural, de grandes nomes entre nós, de uma grande festa para aproximar leitores e escritores era e sempre será  alentadora. Novas ideias, diferentes maneiras de pensar, de ver o mundo, sempre são bem-vindas.
Pois passou 2014 e nada mais se disse a respeito da festa literária de Santa Catarina. Agora, em meados de 2015, leio na imprensa que está confirmada para outubro deste ano, ainda, a primeira edição da Festa Literária Catarinense, mas promovida por gente daqui, sem a interferência de nenhuma empresa baiana, a princípio. Pelo menos nada foi mencionado a respeito. A ideia é que a festa catarinense siga a receita da Festa Literária de Paraty. Esperamos e torcemos que assim seja. Precisamos de uma festa literária de grande porte em Santa Catarina, um evento para trazer grandes nomes nacionais e internacionais da literatura e da cultura e também para promover os nossos escritores e não só os “medalhões”, mas todos os novos talentos da terra.
O importante é que qualquer iniciativa neste sentido é bem-vinda. Os realizadores da festa, que deverá ter todos os eventos relacionados à literatura, como lançamentos de livros, palestras, debates e oficinas, tem à frente Valério Gomes, da Pedra Branca Cidade Criativa, com a parceria da Propague e da Editora Insular.
Como cogitado na primeira divulgação da festa que não aconteceu, em 2013, a festa literária barriga verde deverá entrar para o calendário cultural catarinense, mas não só catarinense: os organizadores falam em entrar para o calendário cultural brasileiro. Esperemos que sim. Precisamos de um evento importante assim.

domingo, 26 de julho de 2015

SER AVÔ



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br

Ainda não sou avô e isso me deixa um pouquinho frustrado. Já passei dos sessenta, minha filharada já se foi mundo afora, meu sobrinho que “quase” mora conosco está crescendo, se tornando adolescente e logo também vai alçar voo e nossa casa vai ficar sem barulho de criança. Outra vez.
Gostaria que o Dia dos Avós fosse meu também. Avós são os pais que mimam os filhos que não são deles, os filhos dos filhos deles. Não quero ficar velho demais para não poder fazer isso. Penso que, no meu caso, os netos fazem mais falta a mim do que a minha falta faria a eles.
E eu gostava muito de minhas avós. Meus avôs não foram tão próximos: meu avô paterno faleceu muito cedo, eu ainda era muito pequeno, mas sei que ele gostava muito de nós, netos, pois colecionava guloseimas para trazer-nos quando vinha nos visitar. Meu avô materno era mais conservador, não era muito de se aproximar de crianças. Mas minhas avós eram criaturas maravilhosas. Minha vó Estefânia, a  “vó pequeninha”, era pequeninha mesmo, mas apesar de analfabeta, era uma pessoa inteligente, sábia até, eu diria, tinha muito conhecimento empírico. Era excelente contadora de histórias e encantava a gente quando sentávamos a sua volta. Como toda avó, fazia uma comidinha simples, mas deliciosa. Tenho muita saudade.
Minha vó Paula era uma mulher alta, por isso era a nossa vó Grande. Eu era menino, ainda, quando ele foi morar em Curitiba. Fez falta em Corupá, mas era bom ir visitá-la e receber a sua visita. Era carinhosa e divertida, era moderna, pois acompanhava as mudanças que o progresso traz. Como eu já disse em outra oportunidade, Curitiba perdeu a graça, depois que ela se foi.
Então, não estou cobrando, pois sei que elas estão programando a sua vida, é assim que deve ser, mas é uma responsabilidade da minha filharada: quero ser avô. Para não ficar em casa no dia 26 de julho de próximos anos, a escrever uma crônica como essa e sim poder ir visitar os netos. Seja onde for, nem que tenha que atravessar o Atlântico para isso.

MÚSICA



Por Luiz Carlos Amorim –  Escritor, editor e revisor, fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 35 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br 

Gosto de música. Gosto de muitos tipos de música e gosto, principalmente, de música clássica. Por isso, vou a concertos, sempre que posso. E lá me sinto em casa, seja aonde for. Assim que o concerto inicia, assim que a música começa  a entrar pelos meus ouvidos e invadir todos os meus sentidos, a preencher a minha alma, penso que deveria ter lápis e papel comigo, no exato momento em que a peça musical está sendo executada, para anotar todas as sensações e emoções que sinto. Seria difícil, é claro, assistir, ouvir a orquestra e anotar, mas lamento não poder registrar cada instante.
Em cada crescendo da música, alguma coisa se avoluma no meu peito e se espalha em ondas de energia por todos os meus órgãos, pelas minhas entranhas, até a extremidade da minha pele. Meu coração parece querer dançar na cadência da divina música. O calor que eu sinto nas palmas das mãos começa a se espalhar, também, e a cadência da música, aquela energia da qual falei acima parece querer causar erupções por toda a minha pele. Já senti isso muitas outras vezes, sinto sempre, a cada orquestra que vejo e ouço, ao vivo, e quisera não perder nenhum detalhe daquele arrebatamento vertiginoso que me faz quase flutuar acima do meu corpo, no enlevo de quantas obras-primas eu tenha o privilégio de ver e ouvir. Minha alma flutua no ritmo da música. E eu sou uma corda vibrando, como se fora um instrumento musical.
Essa vocação para gostar da boa música vem de muito longe, de quando eu era garoto, adolescente, e não ouvia só a Jovem Guarda, ouvia também Strauss, Mozart, Beethoven e outros grandes nomes da música imortal. E me quedava, embevecido, a sentir a energia que cada acorde, cada nota, fazia vibrar todo meu ser. Era até estranho alguém tão novo gostar daquele tipo de música. Mas cresci ouvindo a divina música, paralelamente ao tipo de música da época de que todo jovem gostava.
Hoje tenho um acervo muito grande de música clássica em CDs, em MP3, em smartfones, no notebook, em pendrives  A boa música é o melhor relaxante, ao mesmo tempo que é revigorante, nos dá prazer, abastecendo a gente de toda a energia que ela transmite.
A música é a poesia do som e a música clássica é a obra-prima dessa poesia. Quem consegue viver sem ela, sem a boa música?

sábado, 18 de julho de 2015

CORUPÁ, BELA E TRISTE SEM SUA PROFESSORA ELIZABETH


    Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor - Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 35 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
 
Volto sempre a Corupá, para rever algumas pessoas da família que ainda moram lá e para matar saudades. Também aproveito minhas idas a minha cidade natal para levar meus livros mais recentes para a Biblioteca Municipal e para a biblioteca do Grupo Escolar Teresa Ramos – o nome mudou, acho que é Escola Básica, mas o sobrenome é o mesmo - escola onde comecei a estudar, fiz lá o primeiro grau ou ensino fundamental. De qualidade.
E aproveitava, ainda, para entregar minhas obras mais recentes à professora Elizabeth Voltolini, a minha primeira professora. Ela morava bem no centro da cidade, do lado da praça, que hoje está mudada, diferente, meio futurista demais para a nossa Corupá. E eu ia lá bater a sua porta e ela me atendia, com seu sorriso meigo e doce. E sempre lia meus livros, apesar da sua idade avançada. Isso confirmado pela sua filha, comprovado com fotos.
Pois a doce professorinha de Corupá, aquela gigante na arte de ensinar, uma profissional do ensino das mais competentes , das mais capazes que eu conheci em toda a minha vida, se foi. E deixou uma saudade enorme, uma saudade imensa que faz com que Corupá, a Cidade das Cachoeiras, o Vale das Águas, tão bela e tão serena, fique triste e melancólica, com a ausência da sua professora mais ilustre, com a ausência da simpatia, da generosidade, do carisma de dona Elizabeth.
Voltar a Corupá não é mais a mesma coisa. É triste, é dolorido, pois dona Elizabeth não está mais lá. Vou continuar vistando minha terra, mas sempre vai faltar um pouco de ternura e sobrar um pouco de tristeza, quando chegar à Cidade das Cachoeiras, ao Vale das Águas.
A verdade, felizmente, é que não há só tristeza, pela falta da professorinha. Há também orgulho, um orgulho imenso por ter sido alfabetizado pela grande professora que sempre foi dona Elizabeth. Foi com ela, também, que aprendi a gostar de ler e escrever foi uma consequência. E muitos outros corupaenses tiveram o privilégio de serem ensinados por ela e certaemente sentem o mesmo orgulho que sinto. E esse orgulho e o carinho que sentimos é o nosso tributo a ela.
A professora Elizabeth é um dos maiores patrimônios da nossa belíssima Corupá, um exemplo de como se faz educação de qualidade neste nosso Brasil. E ela continuará presente nesta terra abençoada, enquanto estiver viva na nossa lembrança e em nossos corações. E isso é para sempre.

domingo, 12 de julho de 2015

CORRUPÇÃO À SOLTA



Por Luiz Carlos Amorim –  Escritor, editor e revisor, fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 35 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras.  Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br


Há algum tempo, publiquei o artigo “A banalização da impunidade”, em vários jornais pelo Brasil e também no meu blog, onde vocês podem conferi-lo. Pois logo depois, abrindo um grande jornal, deparo-me com o editorial “O Brasileiro e a Corrupção”. O tema é o mesmo, mas os enfoques são diferentes. E atual.

Eu falo do mau exemplo de nosso poder público, dos nossos “políticos”, atolados em corrupção e beneficiados pela impunidade, em relação às crianças e jovens desse nosso indefeso país – ou o povo é que é indefeso, apesar de ter votado nesse antro de maus brasileiros que está no poder, muitos deles comandando ou envolvidos com a corrupção que grassa descaradamente.

O editorial do jornal fala da publicação de reportagem publicada em um jornal espanhol, dando conta da corrupção em nosso país, com o título: “Por que os brasileiros não reagem à corrupção de seus políticos?”. A matéria do jornal estrangeiro é superficial, mas a pergunta é muito oportuna, pois nós, brasileiros, assistimos a tudo calados, aceitamos a tudo passivamente. Os corruptos roubam o dinheiro público, dinheiro que é pago por nós, cidadãos, na forma dos escorchantes impostos que deveriam ser aplicados na educação, na saúde, na segurança, na mobilidade, etc. E quem é condenado a devolver as somas bilionárias roubadas? Nós, o povo. Sobe vertiginosamente o preço da electricidade, dos combustíveis, o que faz subir todo o resto. E nós temos que pagar.

A “justiça”, que também está falida, prende alguns dos corruptos, dos tantos que são denunciados, para em seguida soltá-los. E eles continuam livres para seguir a sua trajetória de corrupção e impunidade, sem o menor constrangimento, sem a menor culpa. Alguns não são nem denunciados, nem condenados, parecem intocáveis. Serão os chefes e os comandados têm medo deles, tem rabo preso? Isso é corrupção no mais alto grau. Até quando?

Quando vamos nos levantar contra esse estado de coisas insustentável e criminoso? Precisamos começar a fazer alguma coisa, precisamos protestar, exigir que usem o dinheiro público que é composto da quantidade enorme de impostos que pagamos, em benefício do cidadão brasileiro e não contra ele. O cidadão brasileiro precisa se preocupar menos com novelas e futebol, instrumentos de manipulação que deram certo no Brasil, e atentar mais para os seus próprios problemas, para a sua vida. Precisamos parar de fazer vista grossa para quem está nos enganando e roubando, precisamos aprender a votar melhor, a não esquecer o que os políticos aprontaram em seus mandatos anteriores para não votar mais neles. Depende de nós, somos nós que colocamos os corruptos no poder.

Se não houver em quem votar – e infelizmente essa possibilidade é a mais verdadeira – podemos anular o voto. Anulando o voto, ele não vai valer para ninguém. E se muitos anularem seus votos, alguém terá que perceber que alguma coisa está errada. É a maneira mais eficaz de protestarmos, de fazermos ver que não estamos satisfeitos com o que está aí. E, ainda, o eleitor precisa saber que assim como colocou o candidato no poder, pode tirá-lo. Mas não interessa para os nossos “representantes” que seus eleitores saibam disso, não é? Por isso a derrocada da educação, o ensino deteriorado, para que não tenhamos conhecimento e não nos indignemos.

Há que nos conscientizemos disso e passemos a exigir que os políticos no poder façam o seu trabalho, que trabalhem efectivamente, que eles foram colocados lá para servir o povo. Chega de corrupção, chega de descaso, chega de impunidade.

domingo, 5 de julho de 2015

REDESENHANDO A LEITURA

Por Luiz Carlos Amorim –  Escritor, editor e revisor, fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 35 anos de trajetória, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br
 
Os livros para colorir, que estouraram no gosto do público, nos últimos tempos, me fazem  lembrar os livros de fotos com motivos específicos, como animais, crianças, pássaros,  natureza, cenas domésticas, com pequenos textos como legenda: máximas, ditados, pequenos poemas, pequenas prosas poéticas,  “pensamentos”, como diríamos nos anos 70, etc.  Esse tipo de livro vendeu muito e vende ainda hoje.
Pois agora é a vez dos livros com desenhos em preto e branco para colorir. Estão vendendo muito e fazendo a alegria de editoras e livreiros. Eu, na verdade, não sei se vejo isso como novidade alvissareira, porque há os prós e os contras. Vai haver quem não goste do que vou dizer, mas nunca agradaremos a todos, isso é uma verdade inegável.
O caso é que quem compra um livro de desenhos para colorir deixa de comprar um livro literário, com textos, um livro para ler. Ah, mas algumas das pessoas que compram os livros de colorir não comprariam outro livro. Tudo bem, mas há aquelas pessoas que são boas leitoras e compram o livro de desenhos, sem texto, para conhecer a novidade, mas deixam de comprar um livro com textos, porque precisam escolher entre um e outro. A crise em que o país se encontra, em que nós, cidadãos, temos que pagar a conta de erros e roubos homéricos dos “administradores” da coisa pública, nos obriga a fazer escolhas, porque nem tudo pode ser comprado de uma vez só.
Colorir, pintar os desenhos é uma terapia. É verdade. Tamabém é verdade que há um mercado para todos? Talvez. Mas temos visto, em feiras do livro, em livrarias, as pessoas escolhendo entre um e outro, porque nem sempre dá para levar os dois. E os livros para colorir, frize-se, não são livros para crianças, são também para adultos.
Quem sabe não se pudesse inserir algun texto – pequenos poemas, pequenas prosas, para incentivar o hábito de ler, para que aqueles que não eram leitores assíduos, mas aderiram aos novos “livros”, passassem a ter algum contato com a leitura, e assim fazer um bom casamento, de novo, entre desenho e texto? Seria uma maneira de conquistar novos leitores, aqueles que foram atraídos pelos desenhos, mas não tinham o hábito de ler.
Como fizeram os autores dos livros de fotos, que associaram as fotos a pequenos textos e obtiveram o maior sucesso. Sucesso que não foi divorciado da leitura, pois eles traziam, incorporados, prosa ou poesia.
Fica a dica. Não estou dizendo, absolutamente, que os livros de desenhos para colorir não são bons. Mas eles podem ser melhores, se ajudarem a incutir o gosto pela leitura. Vamos colorir a leitura?