Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Neste verão, só vi o jacatirão nativo florescido no nordeste de Santa Catarina no início da florescência. Quando voltei lá no final de janeiro, ele já havia acabado, agora só vou vê-lo em São Paulo, quando for para Santos, na semana que vem.
É um privilégio poder ver o mar para praticamente qualquer lado que se olhe, aqui em Florianópolis, mas meus olhos míopes se revitalizam, se iluminam com a visão de matas mesclando o verde com o vermelho, com o arvoredo todo pintado de cores que vão desde o branco até o roxo.
Tenho uma relação de amor e dor com o jacatirão. Quando perdi minha primeira filha, há bastante tempo, fazia poucos anos que eu tinha descoberto essa árvore grande e generosa, que se cobre de flores no final da primavera e fica esbanjando beleza até o final do verão, e me tornado admirador e divulgador dela. Então, quando estávamos indo sepultar minha menina, um raio de luz e cor conseguiu atravessar a névoa de dor que encobria meus olhos e eu vi as primeiras flores de jacatirão daquela temporada, numa árvore ao lado do cemitério.
Aí nasceu um pequeno/grande poema: pequeno no tamanho, mas grande no significado: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”
A relação que temos, eu e o jacatirão, na verdade não é só de amor e dor, mas também de cumplicidade. Porque acho que ele veio me consolar numa hora em que eu precisava muito de luz para mostrar o caminho, mostrar o chão para seguir em frente, mostrar que havia esperança. Que a vida segue e que o tempo cura quase tudo, que a saudade vai se tornando companheira e a dor vai diminuindo, embora volte, às vezes, um pouquinho mais forte. Que a perda ensina a gente a valorizar mais o que se tem, ensina a amar mais e melhor a vida e nossos entes queridos.
Então gosto de falar do jacatirão, de todos os tipos de jacatirão: daquele nativo, que floresce no meio da mata, no verão, no nordeste da nossa Santa e bela Catarina, autêntica árvore de Natal, se enfeitando para o 25 de dezembro e a virada do ano - no final do verão ele floresce no Paraná, São Paulo e pelo Brasil afora; do jacatirão também chamado de quaresmeira, que floresce mais ao sul de Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e também por quase todo o país, na época da páscoa, com suas flores menores mas mais coloridas. E o do jacatirão de jardim, que chamam de manacá-da-serra, que floresce no inverno.
Gosto de falar dele, enaltecer sua beleza, também para esclarecer o que diz o verbete correspondente a ele no dicionário Aurélio, que o descreve como uma árvore com “flores insignificantes”. Penso que a alusão é uma opinião pessoal e infeliz.
Você, leitor de qualquer parte do Brasil, que não sabe o que é o jacatirão, preste atenção se um dia viajar aqui para o sul: do final de outubro até final de janeiro, em vários pontos da BR 10 antes e depois de Joinville, você poderá ver as manchas vermelhas nas matas que ladeiam a estrada. Também em várias rodovias no Paraná e São Paulo, em fevereiro e março. E certamente em muitas outras regiões do pais que eu não conheço, eles podem ser percebidos.
Neste verão, só vi o jacatirão nativo florescido no nordeste de Santa Catarina no início da florescência. Quando voltei lá no final de janeiro, ele já havia acabado, agora só vou vê-lo em São Paulo, quando for para Santos, na semana que vem.
É um privilégio poder ver o mar para praticamente qualquer lado que se olhe, aqui em Florianópolis, mas meus olhos míopes se revitalizam, se iluminam com a visão de matas mesclando o verde com o vermelho, com o arvoredo todo pintado de cores que vão desde o branco até o roxo.
Tenho uma relação de amor e dor com o jacatirão. Quando perdi minha primeira filha, há bastante tempo, fazia poucos anos que eu tinha descoberto essa árvore grande e generosa, que se cobre de flores no final da primavera e fica esbanjando beleza até o final do verão, e me tornado admirador e divulgador dela. Então, quando estávamos indo sepultar minha menina, um raio de luz e cor conseguiu atravessar a névoa de dor que encobria meus olhos e eu vi as primeiras flores de jacatirão daquela temporada, numa árvore ao lado do cemitério.
Aí nasceu um pequeno/grande poema: pequeno no tamanho, mas grande no significado: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”
A relação que temos, eu e o jacatirão, na verdade não é só de amor e dor, mas também de cumplicidade. Porque acho que ele veio me consolar numa hora em que eu precisava muito de luz para mostrar o caminho, mostrar o chão para seguir em frente, mostrar que havia esperança. Que a vida segue e que o tempo cura quase tudo, que a saudade vai se tornando companheira e a dor vai diminuindo, embora volte, às vezes, um pouquinho mais forte. Que a perda ensina a gente a valorizar mais o que se tem, ensina a amar mais e melhor a vida e nossos entes queridos.
Então gosto de falar do jacatirão, de todos os tipos de jacatirão: daquele nativo, que floresce no meio da mata, no verão, no nordeste da nossa Santa e bela Catarina, autêntica árvore de Natal, se enfeitando para o 25 de dezembro e a virada do ano - no final do verão ele floresce no Paraná, São Paulo e pelo Brasil afora; do jacatirão também chamado de quaresmeira, que floresce mais ao sul de Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e também por quase todo o país, na época da páscoa, com suas flores menores mas mais coloridas. E o do jacatirão de jardim, que chamam de manacá-da-serra, que floresce no inverno.
Gosto de falar dele, enaltecer sua beleza, também para esclarecer o que diz o verbete correspondente a ele no dicionário Aurélio, que o descreve como uma árvore com “flores insignificantes”. Penso que a alusão é uma opinião pessoal e infeliz.
Você, leitor de qualquer parte do Brasil, que não sabe o que é o jacatirão, preste atenção se um dia viajar aqui para o sul: do final de outubro até final de janeiro, em vários pontos da BR 10 antes e depois de Joinville, você poderá ver as manchas vermelhas nas matas que ladeiam a estrada. Também em várias rodovias no Paraná e São Paulo, em fevereiro e março. E certamente em muitas outras regiões do pais que eu não conheço, eles podem ser percebidos.
Viva o verão e as belezas que ele nos possibilita.
ResponderExcluirPassei aqui para desejar um ótimo 2011 com muitas poesias e realizações.
Abraços criativos
Seja bem-vinda, sempre, Marisa. Um ótimo 2011 para você e toda a família.
ResponderExcluirAbraço do Amorim
Que linda crônica, é preciso muita sensibilidade para tocar alguém pelas palavras. Em Belo Horizonte, cidade aonde moro, nunca vi um pé de jacatirão, mas contemplo, sempre que possível, as lindas flores dos ipês roxos e amarelos, muitas vezes no mal-humor da segunda feira às seis horas da manhã, ao caminho do trabalho. Quando essas flores se mesclam ao azul do dia amanhecendo, entendo por que é importante viver todo instante observando o que está ao nosso redor.Meus ipês são os seus pés de jacatirão.
ResponderExcluirObrigada por proporcionar a leitura dessa crônica.
Miriam Lemos
Miriam, também sou admirador ferrenho do ipê, seja ele amarelo, roxo, rosa. E acho que você ainda vai encontrar, aí em Minas, um dia destes, pelo menos um pé do jacatirão de inverno, de jardim, que chamam de Manacá-da-serra.Preste atenção na foto da crônica que você ainda vai acabar encontrando, sensível e observadora como é.
ResponderExcluirUm grande abraço do Amorim