Explorando os bairros e as ruas
de Lisboa, descubro sempre mais singularidades, mais diferenças que me chamam a
atenção e me encantam. São costumes diferentes, palavras novas, palavras
conhecidas com sentidos diferentes e similitudes – palavra bonita, essa, como
diria o Pierre Aderne, nosso anfitrião, o cantor-compositor-poeta, brasileiro/português,
que na verdade é francês de nascimento - ou semelhanças, ou singularidades,
como queiram.
Vejo numa rua, da qual não
lembro o nome, imperdoavelmente, um cartaz onde está escrito, em bom português:
“ – professores + alunos = pior ensino. Se a educação é cara, experimente a
ignorância.” Não é uma situação bem nossa conhecida, bem conhecida dos
brasileiros? Pois então. Acho que aqui em Lisboa o problema é menor, a crise
econômica está diminuindo o número de professores nas salas de aula. Isso, com
certeza, como já vimos no Brasil, vai comprometer a qualidade do ensino. E isso
é só o começo.
No Brasil, a educação está comprometida
não só por isso: além das salas com número excessivo de alunos, o salário é
baixo, as escolas estão mal equipadas e a sua manutenção é precária. As modificações
no ensino fundamental e médio, feitas pelos últimos dois governos, sucatearam
ainda mais a educação, ao invés de melhorá-la. O prazo para alfabetização, no
primeiro grau, foi dilatado pelo poder público, para tapear a má estrutura, o
sucateamento da educação, assim como a redução das treze ou mais matérias em
apenas quatro “áreas” – o que na verdade significa redução do conteúdo programático,
para parecer que o ensino público está dando conta do recado, para parecer que
está tudo bem, quando na verdade estão legalizando a derrocada do ensino das
nossas crianças e jovens. O que vai refletir no ensino superior, que formará
profissionais cada vez menos preparados.
Então desejo veementemente que
a educação portuguesa não chegue a este ponto. Acho, mesmo, que os governantes
portugueses não deixarão que isso aconteça.
Uma impressão daquelas com
matrizes vazadas, com spray, também me antenou: “Sorria! A sua liberdade está a
ser violada”. E não é que é verdade? Há câmaras em todos os lugares, as pessoas
são vigiadas constantemente. Nas ruas, em qualquer lugar, pelas câmaras, na
internet, em programas de relacionamento, todo tipo de programa de comunicação
que há agora disponível e até nos telefones.
Ao ler a denúncia, lembrei de
um caso recente acontecido em Florianópolis, que ilustra bem esse tipo de
coisa: a gente é vigiado, mas quando essa vigilância pode nos ser benéfica,
nada acontece. Minha cunhada mora no mesmo bairro que eu e recentemente foi
colocada uma câmara 360 graus na esquina da casa dela. Até então, nada havia
sido roubado da casa dela. Pois logo depois da instalação da câmara, ela chegou
em casa à noite e não havia energia elétrica, pois haviam roubado os fios que
levam a eletricidade do poste, na rua, até o interior da residência.
Até que ponto precisamos de
toda essa exposição, essa vigilância, se quando precisamos ela não reverte em
nosso benefício? Há outro caso de roubo de documentos em um restaurante, mas as
câmeras no lugar onde aconteceu o roubo e dos lugares onde os ladrões compraram
também não serviram para nada, pois ou as imagens não foram cedidas, ou a
polícia não as usou para prender os culpados.
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