Vir à Portugal e não ir a uma casa de fado é conhecer o país
pela metade. Pois eu não fui, ainda, a uma casa de fado, mas assisti aos shows
de nosso anfitrião, o cantor Pierre Aderne e seus convidados, no Teatro São
Jorge. Foram dois espetáculos primorosos, com cantores e músicos brasileiros e portugueses que valeram, e
muito, o privilégio de poder ouvir, ao vivo, fadistas contemporâneos dos mais
importantes dessa terrinha abençoada, ao
mesmo tempo que ouvimos também música brasileira, com músicos brasileiros e cantores como Luanda, por
exemplo. Fico pensando como pude ficar sem conhecer, sem ouvir essa grande
cantora brasileira.
Pierre Aderne, que comandava o show, cantou, também, claro,
um fado, dele próprio, com a Cuca Roseta num dia e com a Susana Travassos,
noutro. “O fado dos barcos” fez parte da trilha da novela “Aquele Beijo”, no
Brasil. Os cantores de fado que soltaram a voz nas tertúlias foram, além da Susana
Travassos e Cuca Roseta, Marco Rodrigues, Susana Félix e Cristiana Pereira.
Vou tentar, mas é difícil explicar o que é ouvir um cantor
ou uma cantora interpretarem um fado ao vivo. A gente tem que estar lá, ouvindo
e sentindo aquela música que é toda emoção e sentimento. A voz poderosa que
canta invade a alma da gente, o coração da gente, e a gente flutua levado pela
cadência da música, pela emoção que ela desperta em cada um de nós.
O Fado é uma instituição que exprime e transmite, como
nenhuma outra música, o sentir e o viver do povo português. E ele entra na
nossa essência e nos percorre todos os meandros, parecendo que vai explodir
pela nossa pele. Um fadista domina a voz como ninguém. Um fadista tem uma voz
como ninguém.
Ouvir fado não é, simplesmente, ouvir música. É sentir a
música. É interiorizar a música.
Querido amigo:
ResponderExcluirEu já ouvi fado, mas nunca ao vivo, que experi~encia maravilhosa a sua! Nós aqui no Brasil, a maioria descendentes de portugueses, pelo menos com um fio de sangue português nas veias e sem conhecer de perto essa arte secular e primorosa de nossos, antepassados, ou deveria dizer, conterrâneos? Lendo o seu texto, pude entrar no transe da música que tentava explicar...Por um instante pude estar contigo e a Stela a ouvir a mesma melodia.Parabéns pelo texto. Abraço