Por Luiz Carlos
Amorim – Escritor e editor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Falar da obra de Jacqueline Aisenmann, essa brasileira que
divulga a literatura brasileira a partir da Suiça, onde vive, é uma
responsabilidade muito grande, pois ela é, reconhecidamente, uma grande
escritora. Mas ao mesmo tempo é muito fácil, pois “Sentimentos Confiscados” tem
conotação de obra-prima, tamanha é a qualidade do conteúdo , da profundidade da
sua escritura.
Jacqueline é poeta (poetisa, eu sei!) por excelência. Sua
poesia é sensível , objetiva, sempre atenta à alma e à trajetória do ser humano
neste planeta chamado Terra. Sua poesia é o canto do poeta que vê a vida se
desenrolando ao seu redor e presta atenção a tudo, aos menores e mais íntimos
detalhes, vendo muito além do que a maioria de nós, enxergando o que os olhos
das pessoas comuns não alcançam. Jacqueline tem olhos e coração de poeta, por
isso ela vai mais fundo, ela consegue chegar aos sentimentos, às emoções, à
essência do ser. Não é à toa que os pequenos textos de pé de página quase
sempre são poemas, pequenos-grandes poemas que passeiam por todo o livro.
E a sua prosa está impregnada dessa poesia que é o seu
moto-perpétuo. As crônicas, os contos, os microcontos, os pensamentos, tudo o que
ela escreve contém poesia. Sejam os textos mais curtos ou os mais longos, todos
são densos de significado. Jacqueline tem uma leveza no escrever, uma elegância
e uma espontaneidade que faz com que cada vez mais a sua obra nos encante a
todos e seja apreciada por mais e novos
leitores.
Neste “Sentimentos Confiscados”, Jacqueline Aisenmann se dá a
conhecer mais em textos intimistas, sem medo de revelar sua maneira de ver o
mundo, de dizer o que sente e o que pensa. Jacqueline é ela mesma, Jacqueline é
o que ela escreve. Autêntica, original. Sua literatura é reflexão de vida, a
valorização de todos os momentos, o registro do homem neste espaço e neste
tempo, o registro da sua capacidade de pensar, de sentir, de se emocionar, de
amar, de ser solidário, de viver. “Eu me embriago com palavras” - quem mais
poderia escrever isso, a não ser Jacqueline? E mesmo se embriagando com
palavras, Jacqueline pode dizer, e somente ela: “fez poesia com olhares que não
pediam palavras.” Ou “Chorei lágrimas de chuva”. Ou, ainda, “Vamos atravessar
as horas até amanhecer meu coração.” Isso é poesia pura. Isso e muito mais é
Jacqueline Aisenmann.
A literatura de Jacqueline é o coração dela escorrendo pelos
dedos e saindo pela ponta do lápis, as palavras que no papel desenham a vida
que acontece em derredor, os textos que se identificam tanto com o leitor.
“Sentimentos Confiscados”, como eu já disse, não tem um gênero
definido. Ele é o coração e a alma de Jacqueline em páginas, encadernado. Por
isso é um livro que tem que ser lido por todos nós, para que possamos emprestar
de Jacqueline um tanto de humanidades, muito de lirismo, grande quantidade de
emoções e um bocado de sentimentos. Coisas valiosas que estão em falta no nosso
mundo de hoje. E ela pode nos ajudar a recuperar tudo isso, com a sua lavra.
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