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terça-feira, 30 de julho de 2013

MEU PEQUENO GRANDE HERÓI


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Vi a foto do Wesley, um menino de sete anos, que a professora Mariza postou no Facebook, em uma campanha de doação de medula óssea para acabar com a leucemia no Brasil e no mundo. Tenho observado a professora sempre atenta, acompanhando a trajetória de Wesley. Não o tinha visto ainda, só sabia da sua luta, só sabia que  ele é um grande guerreiro.

Tenho uma imensa admiração pelo grande cara que é o Wesley e queria dizer isso a ele. Vejo a sua luta e percebo que nós, que não temos nenhuma doença grave, reclamamos de tudo, pela vida afora. E ele, tão jovem, tão frágil, mas tão forte, ao mesmo tempo, nos dá lição de esperança, de humildade, de humanidade.

Ele, Wesley, me mostra que sou uma pessoa privilegiada, pois tenho saúde, tenho liberdade e, tendo isso, tenho tudo. Ele, o nosso guerreirinho, está preso a tratamentos médicos, complexos e  desgastantes, esperando por uma doação de medula compatível para recuperar a saúde e ter perspectivas de futuro. E, como me testemunhou a professora Mariza, tem sempre um sorriso pra todos, é carinhoso e generoso.

Então não posso deixar de aderir à campanha para zerar a leucemia no Brasil e no mundo, recomendando a todos que sejam doadores: para fazer o cadastro, vá ao Hemocentro mais próximo ou a um grande hospital. Lá, geralmente fazem o cadastro. Leve documentos de identificação. Lá será colhida uma amostra do seu sangue (não é preciso estar em jejum) e seus dados vão para o Banco de Medula Óssea (REDOME). Pronto. Cadastro feito.

É o mínimo que posso fazer por pequenos heróis como Wesley e outros tantos que lutam pela sua cura e pelo seu futuro.
 



sábado, 27 de julho de 2013

IPÊS


Por Luiz Carlos Amorim - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

E os ipês roxos estão florescendo espetacularmente. Ainda ontem, ao passar por uma praça, vi uma gari varrendo o chão que estava coberto de flores roxas, um tapete colorido que se estendia aos nossos pés. Vi também, ao caminhar hoje pela minha rua, um belo ipê amarelo desabrochando seus milhares de botões. Se o tempo melhorar e as flores não caírem antes do tempo com o peso da água da chuva, amanhã teremos um sol a mais na nossa rua.
Eu não costumava lhe prestar atenção, mas parece que este ano há mais daquelas flores roxas do que amarelas. Talvez pelos desencontros das estações.
Ultimamente, quando saio para caminhar, tenho notado vários deles pelas ruas onde passo e vi os tapetes coloridos que eles espalham pelos nossos caminhos. E desejei que nós, homens, cuidássemos mais da natureza, do meio ambiente, daqui por diante, para que essas árvores maravilhosas não deixem de espalhar cores pela nossa vida.
Para que nossos netos possam ver e mostrar aos seus filhos e netos as floradas esplendorosas de ipês amarelos, roxos, rosa e brancos. Como eu os posso ver hoje. Para que eles possam ter o sol ao alcance da mão, flores douradas a resplandescer luz e cor.
Para que possam sentir a força da natureza, que se não a agredirmos, ela tem belezas incomensuráveis a nos oferecer. Como as flores dos ipês, do jacatirão nativo e do manacá-da-serra e de tantas outras árvores floríferas.
Sou fascinado por árvores floridas, mas tenho medo, na verdade, de me apegar a elas, como dizia outro dia à Urda, escritora de Blumenau, pois minha amiga árvore, que conheci aqui em São José (eu não lhe sabia o nome, mas poderia ser um ipê rosa ou uma paineira) florescia lindamente todo ano e eu a via da janela do meu apartamento. Aí foram construindo mais um andar, outro mais, entre a minha janela e ela, e eu já não podia vê-la mais. Então mudei, mas quando ela florescia eu voltava para vê-la. Um dia, ao ir visitá-la, encontrei apenas um cepo no chão. Então tenho um pouco de receio de me apaixonar por elas, tornar-me amigo delas, pois de repente, sem mais nem menos, alguém pode tirá-las de mim.
Mas não posso deixar de admirar-lhes a beleza e me encantar com as suas cores que transbordam meus olhos.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

25 DE JULHO - DIA DO ESCRITOR


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br  

E o escritor também tem o seu dia. Esse artista solitário, cujo trabalho é registrar a trajetória do ser humano no nosso planeta, seja na ficção ou na não ficção. O escritor é aquele que, em verso ou prosa, localiza o homem no espaço e no tempo, com seus costumes, sua cosmovisão, seu habitat, seus sentimentos e emoções, suas vitórias e derrotas, seu caminho pela vida.
Minha homenagem, hoje, a todos os escritores, sejam famosos ou não, tenham publicado livros ou não, livros tradicionais, de papel, ou eletrônicos. Sabemos que, mais do que nunca, surgem escritores novos, mas o mercado editorial absorve muito poucos deles, pois livro é um produto para as editoras e um produto tem que vender. Elas arriscam pouco nos novos.
A internet veio para se transformar no veículo mais democrático que pode existir, para os novos autores, pois todos podem usá-la como vitrine, colocando lá a sua obra. É claro que só os que tiverem algum talento ficarão visíveis, mas a verdade é que o espaço está lá e é de todos.
A concorrência é grande, o número de escritores é cada vez maior, mas o número de leitores ainda não é o que seria desejável. O Brasil ainda é um país que lê pouco. Temos poucas livrarias, o preço do livro ainda é muito alto e a escola não tem, no seu conteúdo programático, espaço delimitado ou suficiente para incentivar o hábito da leitura nos nossos leitores em formação.
Neste dia do escritor, conclamo todos eles para que nos unamos, e nós todos, cada um, procuremos ir a uma ou mais escolas, aquela perto de casa, por exemplo, para procurar mostrar lá a nossa obra, divulgando a literatura como um todo e incentivando a leitura.
E há que exijamos, também, a melhoria da educação em nosso país, pois o fato de termos uma sistemática de ensino de melhor qualidade implicará em estudantes mais propensos a gostarem de ler.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

INVERNO DE OURO

 
foto tirada hoje, em Nova Petrópolis

  Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

Estou no Rio Grande do Sul, na serra gaúcha, e está um frio de 2, 3 graus por aqui. Ainda bem que, apesar do frio,  há dias lindos de sol, como hoje, quando tudo está muito colorido e brilhante e parece que a primavera chegou mais cedo. Aliás, estamos em pleno julho e as temperaturas de Florianópolis e da Europa, ainda na semana passada, chegaram a se equiparar, um fato um tanto estranho, pois aqui é inverno e lá é verão. Há uma seman, por exemplo tivemos a mesma temperatura em Florianópolis e em Lisboa, imaginem vocês: 22 graus.
Em Nova Petrópolis, aqui no Rio Grande do Sul, chuviscou, deu muita cerração à noite e quase não dava pra dirigir, porque não se conseguia enxergar um palmo diante do nariz.
Então hoje saí para fotografar as cerejeiras japonesas, fantásticas, e os pessegueiros, que têm pouca flor mas também são belos e perfumados. E além das cerejeiras, das azaleias, dos pessegueiros, dos manacás-da-serra – encontrei mais um desses jacatirões de inverno, enorme árvore florida, majestosa como ela só -, dos amores perfeitos, funcionárias e outras flores, enchi os olhos com laranjeiras carregadas, douradas de frutos maduros, pés de tangerina, de limão, de lima, também vergados de tanto fruto.
Aí lembro de outra crônica do inverno passado, quando andei pelo interior de Corupá, no pé da Serra do Mar, no norte de Santa Catarina, colhendo laranjas, tangerinas, xinxins, limas, etc. Naquela ocasião, também as árvores estavam pejadas de frutos e parecia que um Midas havia passado por lá, transformando tudo em ouro, como bem cogitou minha amiga Urda.
Em Nova Petrópolis e em todas as pequenas cidades da serra gaúcha, também encaixa a metáfora. É tanta laranja, tanta tangerina, tanto limão que parece mágica a profusão de amarelo espalhado pelas matas e pelos pomares, pelas encostas, uma quantidade tão grande de frutos, que por mais que a gente colha, não diminui o ouro das árvores.
É uma fartura imensa, uma natureza generosa que, mesmo no inverno, oferece frutos e flores como se fosse primavera.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

NA PONTA DOS PÉS

 
Por Luiz Carlos Amorim - Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com

É julho. O inverno fica mais frio, com a chuva que insiste em cair na Cidade da Dança, devagarinho, alternando com o sol, ou fica mais quente, com tanto movimento e cor? As azaleias desabrocham, espalhando cores e, qual grande caixa de música, a cidade dos príncipes e das flores é, também, um grande palco: apesar da chuva, a emoção, bailarina, vibra dentro de todos e a música é poesia na ponta das sapatilhas...

Começou a trigésima primeira edição do Festival de Dança de Joinville, o maior do gênero na América Latina, também conhecido como Festival Nacional de Dança. Desde julho de 1983, a música chega de mansinho pelas ruas e palcos da cidade e os bailarinos vão surgindo e a alegria comemora o inverno na capital da dança.

São mais de cinquenta mil espectadores, só nos palcos oficiais – da mostra competitiva, da mostra de dança contemporânea e do festival meia-ponta - pois além deles há os palcos alternativos espalhados pela cidade em praças, fábricas, shopping centers, hospitais e nos bairros. Durante quase duas semanas de festival, a música, poesia do som, embala a emoção, aguça os sentidos, transborda o coração, explode por todos os poros e faz-se movimento, dança e enlevo...

E, no meio da magia deste tempo, eu jogo meus sentidos ao longo do corpo e na ponta dos pés dos bailarinos e bailarinas, essa gente esguia que se lança no ar. Esse alçar voo no compasso da emoção, como se os pés e os braços fossem asas ao sabor do som, da música que embala e impulsiona, enlevo e encanto... Dançam meus olhos, bailarinos trôpegos, ávidos de movimento, de beleza e luz, a eternizar a arte divina e imortal na ponta desses pés...

Na esquina do sol e da chuva, na esquina das cores, da poesia e da magia, brota uma cidade: Joinville, a cidade das flores, a capital da dança.

Então, dança, Joinville, dança, e embala a minha alma, embala o meu coração, embala os meus sentidos todos e de todos que esperam por esse tempo de sons e movimentos...

 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

UMA FESTA LITERÁRIA PARA SANTA CATARINA


   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

A literatura de Santa Catarina finalmente passará a ter um evento significativo. Uma empresa baiana de eventos resolveu investir em Florianópolis e vai organizar uma festa literária do tipo da FLIP, de Paraty. Teremos, enfim, escritores nacionais e internacionais como convidados num evento em Florianópolis, dando efervescência ao meio literário da capital.

A primeira edição da Festa Literária Internacional de Santa Catarina – Flisca, a princípio, deverá acontecer em meados ou mais para o final do segundo semestre de 2014 e terá mais de vinte convidados ilustres das letras: 9 locais, 8 nacionais e 7 internacionais. O local deverá ser o Forte de São José da Ponta Grosa, no norte da Ilha de Santa Catarina.

A Flisca deverá se integrar ao calendário cultural de Santa Catarina e será itinerante, sem uma sede definitiva. Poderá acontecer em vários pontos do Estado. O projeto da festa já está elaborado, segundo a empresa realizadora.

Como já mencionamos, a iniciativa é de uma empresa privada, mas esperamos que o Estado seja parceiro nesse grande evento cultural, já que a cultura oficial não tem cuidado com muito carinho, até aqui, as coisas da cultura catarinense.

A perspectiva de uma revitalização nos nossos meios culturais, de grandes nomes entre nós, de uma grande festa para aproximar leitores e escritores é alentadora. Novas ideias, diferentes maneiras de pensar, de ver o mundo, sempre são bem-vindas. Vamos cruzar os dedos para que tudo dê certo e a Flisca aconteça e tenha muito sucesso.

terça-feira, 16 de julho de 2013

DOIS CORAÇÕES


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Passeio pelo blog da minha amiga Regina Rozembaum, há um bom tempo, leio o post "A Tequinologia do abraço, por um matuto mineiro" de Luiz Madureira Campos. Tive que comentar, e disse a ela: que coisa mais linda e mais verdadeira! Por que será que as coisas ditas da maneira mais simples e sincera são as mais verdadeiras? Cá para nós, as pessoas humildes são as que dizem as coisas mais sábias.Você iluminou minha tarde sem sol e aqueceu meu coração nesse dia tão frio.
Então peço licença a Regina para transcrever o texto, assim como ao autor, que me escreveu para se identificar:

"O matuto falava tão calmamente, que parecia medir, analisar e meditar sobre cada palavra que dizia:
- É... das invenção dos homi, a que mais tem sintido é o abraço. O abraço num tem jeito di um só aproveitá!
Tudo quanto é gente, no abraço, participa uma beradinha....
Quandu ocê tá danado de sodade, o abraço de arguém ti alivia...
Quandu ocê tá cum muita reiva, vem um, te abraça e ocê fica até sem graça de continuá cum reiva.....
Si ocê tá feliz e abraça arguém, esse arguém pega um poquim da sua alegria...
Si arguém tá duente, quandu ocê abraça ele, ele começa a miorá, i ocê miora junto tamém...
Muita gente importante e letrado já tentô dá um jeito de sabê purquê qui é, qui o abraço tem tanta tequilonogia, mas ninguém inda discubriu...
Mas, iêu sei! Foi um ispirto bão de Deus qui mi contô..... iêu vô contá procêis u qui foi quel mi falô: O abraço é bão pur causa do Coração...
Quandu ocê abraça arguém, fais massarge no coração!...
i o coração do ôtro é massargiado tamém!
Mas num é só isso, não... Aqui tá a chave do maió segredo de tudo:
É qui, quandu nois abraça arguém, nóis fica cum dois coração no peito!...
INTONCE...
UM ABRAÇU PRÔ CÊ!"

Não é maravilhoso? "Quando nós abraçamos alguém, ficamos com dois corações no peito!" Nunca ninguém havia dito isso. Você já havia pensado nisso?

domingo, 14 de julho de 2013

CAPITAL DA DANÇA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br                                                          

Neste meados de julho, com o frio ornado de flores de jacatirão (manacá-da-serra) e azaleias, quem sabe de ipês, viajo de mala e cuia para o norte catarinense, pois temos o Festival de Dança em Joinville, que começa no dia 17. Vou encher a vista com a beleza da dança na Cidade das Flores.
Quando o Festival de Dança começou em Joinville, eu já morava lá e assisti todas as edições, desde a primeira, enquanto estava na Manchester. Começou no Teatro Harmonia Lyra – eu me lembro que assisti de pé a primeira noite do primeiro ano -, depois passou para o Ginásio Ivan Rodrigues, onde ficou por vários anos, até o Centreventos ficar pronto e o grande evento passou a ter um lugar maior. Está precisando de um teatro de verdade, que está demorando.
A dança é uma das artes mais sublimes, pois aliada à música, impressiona todos os nossos sentidos. E o Festival de Dança de Joinville espalha essa beleza, esse movimento, essa plástica e seus sons por toda a cidade, não se restringindo apenas ao Centreventos, à mostra competitiva. A dança está nas praças, nos shoppings, nas escolas, nos bairros, nas fábricas, nos hospitais, em todo lugar.
E nos anos 80 e 90, quando ainda existia a Feira de Arte em Joinville, aliávamos a beleza da dança à poesia, levando o Varal da Poesia à praça Nereu Ramos, que tinha um palco fixo (o popular “palco da liberdade”), onde eram apresentados os grupos e suas coreografias que haviam participado da mostra competitiva.
Os “poetas da praça”, integrantes do Grupo Literário A ILHA, produziam e colocavam em cartazes que eram presos a fios esticados perto do palco, dezenas de poemas cantando a dança e os bailarinos que vinham de todos os pontos do país e do exterior para exercitar na Cidade dos Príncipes a mágica poesia do corpo.
Além dos poemas como “Qual grande caixa de música , /a cidade, de sons e cores, / é, também,um grande palco: / a emoção, bailarina, / vibra dentro de todos / e a música é poesia / na ponta das sapatilhas...” ou “A música, / poesia do som, / embala a emoção, /aguça os sentidos, / transborda o coração, / explode por todos os poros / e faz-se movimento, / dança e enlevo...” e muitos outros, que eram exibidos no Varal e distribuídos em sanfonas poéticas, colocávamos na ruas de Joinville out-doors com trechos de poemas, homenageando a dança e os bailarinos.
O Festival continua, cada vez maior, mas falta um pouquinho da poesia que existia naqueles tempos de outros festivais ainda vivos na lembrança.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

OS GUMES AFIADOS DE JACQUELINE


  Por Luiz Carlos Amorim – Escritor e editor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Falar da obra de Jacqueline Aisenmann, essa brasileira que divulga a literatura brasileira a partir da Suiça, onde vive, é uma responsabilidade muito grande, pois ela é, reconhecidamente, uma grande escritora. Mas ao mesmo tempo é muito fácil, pois “Sentimentos Confiscados” tem conotação de obra-prima, tamanha é a qualidade do conteúdo , da profundidade da sua escritura.

Jacqueline é poeta (poetisa, eu sei!) por excelência. Sua poesia é sensível , objetiva, sempre atenta à alma e à trajetória do ser humano neste planeta chamado Terra. Sua poesia é o canto do poeta que vê a vida se desenrolando ao seu redor e presta atenção a tudo, aos menores e mais íntimos detalhes, vendo muito além do que a maioria de nós, enxergando o que os olhos das pessoas comuns não alcançam. Jacqueline tem olhos e coração de poeta, por isso ela vai mais fundo, ela consegue chegar aos sentimentos, às emoções, à essência do ser. Não é à toa que os pequenos textos de pé de página quase sempre são poemas, pequenos-grandes poemas que passeiam por todo o livro.

E a sua prosa está impregnada dessa poesia que é o seu moto-perpétuo. As crônicas, os contos, os microcontos, os pensamentos, tudo o que ela escreve contém poesia. Sejam os textos mais curtos ou os mais longos, todos são densos de significado. Jacqueline tem uma leveza no escrever, uma elegância e uma espontaneidade que faz com que cada vez mais a sua obra nos encante a todos e  seja apreciada por mais e novos leitores.

Neste “Sentimentos Confiscados”, Jacqueline Aisenmann se dá a conhecer mais em textos intimistas, sem medo de revelar sua maneira de ver o mundo, de dizer o que sente e o que pensa. Jacqueline é ela mesma, Jacqueline é o que ela escreve. Autêntica, original. Sua literatura é reflexão de vida, a valorização de todos os momentos, o registro do homem neste espaço e neste tempo, o registro da sua capacidade de pensar, de sentir, de se emocionar, de amar, de ser solidário, de viver. “Eu me embriago com palavras” - quem mais poderia escrever isso, a não ser Jacqueline? E mesmo se embriagando com palavras, Jacqueline pode dizer, e somente ela: “fez poesia com olhares que não pediam palavras.” Ou “Chorei lágrimas de chuva”. Ou, ainda, “Vamos atravessar as horas até amanhecer meu coração.” Isso é poesia pura. Isso e muito mais é Jacqueline Aisenmann.

A literatura de Jacqueline é o coração dela escorrendo pelos dedos e saindo pela ponta do lápis, as palavras que no papel desenham a vida que acontece em derredor, os textos que se identificam tanto com o leitor.

“Sentimentos Confiscados”, como eu já disse, não tem um gênero definido. Ele é o coração e a alma de Jacqueline em páginas, encadernado. Por isso é um livro que tem que ser lido por todos nós, para que possamos emprestar de Jacqueline um tanto de humanidades, muito de lirismo, grande quantidade de emoções e um bocado de sentimentos. Coisas valiosas que estão em falta no nosso mundo de hoje. E ela pode nos ajudar a recuperar tudo isso, com a sua lavra.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

GENÉRICOS DE QUINTANA


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Há quem pense que o poema "Um Dia", que a dupla de cantores
Bruno e Marrone declamam no início dos seus shows, é de Mario
Quintana, mas não é. O próprio show se chama "Um dia" e
vários jornais e sites divulgaram que foi inspirado num poema de
Quintana, mas esse poema não está em livro nenhum dele, só
circulando pela internet. Se alguém puder mostrar em que livro está,
provando que é do poeta Quintana, por favor contate conosco.
Existem outros poemas que não parecem ser de Quintana, mas
circulam pela net, como sendo dele, tal como "Deficiências", "Felicidade Realista" e outros.
Eu, por exemplo, já escrevi algumas crônicas baseadas em trechos de poemas de Quintana, e um deles é este: “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim, para que elas venham até você...”
Não parece ser de Quintana? Pois esses mesmos versos, atribuídos a Quintana, serviram de inspiração para a escritora Urda Alice Klueger, ao escrever “As Borboletas de Mário Quintana”. E depois eu escrevi “Quintana, as Borboletas e nós”.
Este poema, que circula na internet há bastante tempo, também foi denunciado, por estudiosos do poeta passarinho, como não sendo de Quintana.
É uma pena, se realmente isso for verdade, que pessoas de talento – porque alguns versos atribuídos ao poeta realmente se assemelham à obra dele – se escondam sob o nome de um grande nome da literatura brasileira para conseguir popularizar sua lavra.
Não vejo vantagem nenhuma, pois mais cedo ou mais tarde a mentira é descoberta e o nome do verdadeiro autor dos versos acaba não aparecendo, o que significa que nunca levará o mérito pela sua criação.
Já li outros poemas que, apesar de estarem assinados por Quintana não são dele, e alguns nem fazem jus ao talento do poeta.
O ideal é checarmos, sempre que encontrarmos algum poema com a assinatura do poeta fora de livros dele, pois se não encontrarmos o trabalho em nenhuma das obras publicadas por ele, ou antologia dele, devemos denunciar por todas as mídias e também pela internet, um dos meios mais rápidos de comunicar algum fato. O público leitor de Quintana, imenso, não merece ser enganado.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

JACATIRÕES E JACARANDÁS



Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Descobri que minha amiga Mary Bastian, escritora gaúcha radicada em Joinville, é apaixonada por jacarandás floridos. E sabem como? Porque o Pierre Aderne, cantor e compositor francês radicado em Lisboa, postou uma foto de um enorme e espetacular jacarandá português florido no Facebook. Vocês já devem tê-lo ouvido, pois a música "Fado dos Barcos", cantada por ele com a participação de Cuca Roseira, cantora portuguesa, foi um dos temas da novela "Aquele Beijo". Pois ele postou uma foto, eu vi, a Mary viu e comentamos. Depois ele postou outras - há uma rua em Lisboa cheia de jacarandás - e por último uma foto da minha filhota Daniela, bailarina que está fazendo mestrado na área em Portugal. E o intercâmbio de admiração pelos jacarandás e pelos jacatirões - pois eu, evidentemente, postei fotos de jacatirões pejados de flores - rendeu até um poema do Pierre, depois que sugerimos, na rede, que eu era o jacatirão e a Mary era o jacarandá.

Foi inevitável comparar as flores do jacarandá florido com os pés de jacatirão coberto de flores, pois eu sou apaixonado por eles, como Mary é pelos jacarandás - nessa época estão floridos os manacás-da-serra, variedade de jacatirão de jardim que floresce no inverno. E o poema é assim: "jacatirão e jacarandá / vão juntos de mãos dadas pintando a rua / da cor do jamelão, / um vai colorindo o sol e o outro tinjindo a lua... / jacarandá e jacatirao / pintores de mãos e almas cheias / ... fazem o menino cantar como passarinho / e a menina feito sereia / jacatirão e jacarandá / soprem o inverno / pra logo logo a primavera chegar".

De maneira que o Pierre, com a sensibilidade do poeta que ele é, juntou duas árvores fantásticas, belíssimas e as paixões de dois poetas que cruzaram com ele num "lugar" que não era próprio para "provocar" a poesia, mas agora é: o polêmico Facebook.

E eu descobri que também gosto dos jacarandás, como gosto de outras grandes árvores que florescem espetacularmente pela natureza deste planeta azul que insistimos em tornar cinza: jacatirões, flamboiãs, ipês, paineiras, etc., etc.

Mary me mostrou a Rua Gonçalo Carvalho, em Porto Alegre, consagrada como "a rua mais bonita do mundo", justamente porque é coberta de jacarandás. Nesta época do ano, a rua está esplendorosa, com as árvores cheias de flores e chão coberto de cores. Como os jacatirões nativos, no verão, pelo norte catarinense. Não é para se apaixonar?

Pena que aqui em Santa Catarina quase não temos jacarandás. Ainda bem que temos jacatirões. No inverno, no outono e no verão. Ainda bem.

(Crônica do inverno passado)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

INVERNO COLORIDO


Por Luiz Carlos Amorim- Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A nossa Santa e bela Catarina não é bela por acaso. Suas cidades tem flores enfeitando-a o ano todo, seja em pequenas plantas decorativas ou em grandes e majestosas árvores. Na primavera, a vida toma cor e cobre todo o chão. Há flor e verde por todos os lados, em todos os lugares. O amarelo do ipê ilumina. No verão, o espetáculo continua e o destaque é para os jacatirões, que enchem nossos olhos, nossas matas, nossas encostas e jardins com generosas doses de pétalas que vão do branco até o vinho. No outono, algumas folhas caem, mas ainda desabrocham flores.

No inverno... Ah, no inverno também há flor por todo o estado de Santa Catarina, em todo o sul. A despeito da chuva, as touceiras de azaleia se cobrem de flores de um vermelho suave, dando vida aos nossos dias frios e convidando o sol a brilhar, até que a primavera chegue. Aliás, nem só de vermelho são coloridas as nossas flores de inverno: as cores da azaleia vão de um vermelho suave, quase rosado, até o vermelho vivo, passa por um tom alaranjado e vai até o branco. E tem o manacá-da-serra, jacatirão que floresce no inverno, coberto de flores nesta época.

Tenho prestado atenção, nas minhas andanças por Joinville, Jaraguá, Corupá, São Bento do Sul, São Francisco do Sul, etc., na exuberância da azaleia e do jacatirão do frio em nossos invernos.

E eles me fazem lembrar de minha avó Paula, que me deu uma muda de azaleia, um toquinho de caule que ela cortou do jardim da sua casa, em Curitiba, para eu fincar no chão do jardim da minha casa quando eu morava em Joinville, há alguns anos. O toquinho brotou e cresceu, viçoso, e floresceu, majestoso, por alguns invernos. Minha avó Paula se foi e a touceira de azaleia também, pois fui mudá-la de lugar e ela também não resistiu.

Mas a florescência da azaleia me lembra também da minha amiga Urda, a escritora loura de Blumenau, dos dedos cheios de poesia. Nunca conversei com ela sobre azaleia, mas a flor me lembra Urda. Talvez porque ela goste muito de flores – sei disso porque ela é uma grande admiradora do jacatirão e foi uma das maiores incentivadoras, desde a ideia inicial até a concretização do livro “Meu Pé de Jacatirão”, que publiquei há algum tempo e para o qual ela fez o prefácio – e porque eu a imagino maravilhada, embevecida, emocionada diante de uma pequena árvore de azaleia coberta de flores, assim como ficaria entusiasmada diante de um pé de ipê coberto de luz, de um pé de jacatirão todinho em flor ou um flamboiã carregado de vermelho.

Assim como Urda se lembra de mim quando vê ou ouve falar de jacatirão, eu me lembro de Urda e de Vó Paula quando vejo a azaléia. Acho que a azaléia combina bem com aquela cara de feliz da Urda, que faz a gente ficar feliz também, e com aquele sorriso doce de Vó Paula, que deixou tanta saudade. E as duas tem em comum o fato de serem descendentes de imigrantes alemães.

Urda e Vó Paula são daquelas pessoas que olham e veem. As flores nunca ficaram apenas do lado de fora de seus olhos: elas adentram o olhar e ficam lá, iluminando seus rostos.