Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
E o Projeto Ficha Limpa foi aprovado no Senado, não sem antes modificarem a redação para confundir e dar vantagens aos políticos. Claro, legislando em causa própria, como sempre. Como esperar que aprovassem o texto como foi enviado?
Então fizeram uma “sutil” alteração na conjugação de um verbo e pronto, instalou-se a confusão. Mas só no Brasil, mesmo para criar tanta dúvida quanto a um enunciado que não tem nada de controverso: o texto, quando chegou ao Senado, dizia que ficariam inelegíveis os políticos “condenados” por um tribunal colegiado. Um senador metido a esperto meteu a mão e modificou para “os políticos que forem condenados”, mudando o verbo para o futuro. E a coisa virou um pandemônio, pois agora querem que isso signifique que só os políticos que forem condenados daqui para diante sejam enquadrados na lei. Quer dizer: estão tentando inutilizar o projeto que pretendia filtrar um pouco as opções de elegibilidade, para que pudéssemos mudar um pouco esse cenário bizarro que compõe a “política” brasileira e tivéssemos em quem votar.
Não é ridículo? Se o político tem ficha suja, não interessa se ele foi condenado antes de agora ou se está sendo condenado hoje ou amanhã. Ficha suja é ficha suja, e candidato que tem ficha suja não serve para ser eleito, não serve para representar o povo, senão vai dar no que está aí: uma epidemia de “representantes do povo” corruptos e impunes.
Não muda nada o tempo do verbo, se o político foi condenado, não pode concorrer a novo mandato. Não é à toa que aprovaram tão rapido o Projeto Ficha Limpa.
Na verdade, estão tentando fazer com que a nova lei seja totalmente inócua, sem efeito nenhum para todos esses nossos “políticos” que estão aí, ávidos para se locupletarem no poder.
Esperemos que alguém dê um basta nisso tudo, para que recupere um pouco da dignidade que a política deveria ter.
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