Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Quintana dizia que, quando morresse, ele “queria apenas paz para endireitar alguns poemas tortos. Levaria junto apenas as madrugadas, por-de-sóis, algum luar, asas em bando, mais o rir das primeiras namoradas”.
A saudade do poeta “passarinho” já dura dezesseis anos. Quintana partiu para um nível superior onde as mortes são registradas como nascimentos, acreditava. “Tenho pena da morte - cadela faminta - a que deixamos a carne doente e finalmente os ossos, miseráveis que somos... O resto é indevorável”. Quintana foi encher o céu de poesia em 5 de maio de 1994. Com certeza estará fazendo poesia em parceria com Coralina, Pessoa, Drummond, o nosso anjo poeta.
Aliás, tornar a poesia conhecida e apreciada era com ele mesmo. Foi ele que, com talento e afinco, levou a poesia para as páginas de jornal, popularizando-a, através “Do Caderno H”, que assinava no Caderno de Sábado, do Correio do Povo de Porto Alegre.
E por falar em Porto Alegre, a cidade nunca mais foi a mesma depois que o poeta fez uso de suas asas – Érico Veríssimo é testemunha: “...descobri outro dia que o Quintana, na verdade, é um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao vestir o casaco, suas asas ficam de fora.” – e subiu para o andar de cima. A feira do livro gaúcha, a mais tradicional do Brasil, da qual o poeta era a presença mais ilustre, a representação viva de um grande evento, continua firme, talvez até por isso, para cultivar e imortalizar o símbolo maior daquele festa de cultura.
Parabéns, poeta. De presente para você, as flores do manacá-da-serra, que começam a desabrochar, com a proximidade do fim do outono e as borboletas, que habitam o meu pequeno jardim, que botam ovos nas minhas folhas de couve e dão origem a dezenas, centenas de larvas que devoram tudo e deixam só os talos, mas eu nem ligo, porque sei que dali sairão os poemas esvoaçantes e coloridos, pequenas obras primas da natureza que me lembram você.
E o Quintana fazendo escola. Quintana meu eterno menino . Minha criança mais linda.
ResponderExcluirQuintana é o nosso grande poeta e merece essa homenagem. A comunidade de leitores do poeta agradece.
ResponderExcluirOsni
Ah, o nosso poeta maior, quanta falta ele faz, quanta saudade ele deixou... Ainda bem que temos a sua poesia e sua prosa, que o tornam mais vivo em nossos corações...
ResponderExcluirGabi
Se Quintana é poesia pura, os manacás-da-serra não ficam atrás. Adorei, Luiz, a imagem que projetaste com borboletas, couves e poesias esvoaçantes. Obrigada por esse momento de leitura indelével. Abração
ResponderExcluirMuito bonita a lembrança, Luiz.
ResponderExcluirAgradecida,
Silvia.
Vou postar as flores dos manacás do meu jardim, somando homenagem ao poeta.
http://tuledesilvia.blogspot.com
Linda homenagem,Luiz...Parabéns!!
ResponderExcluirLindo e suave texto ... em sutil sintonia com a leveza do nosso querido poeta passarinho. Valeu Luiz!!! Doris
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