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sábado, 8 de maio de 2010

O DIA DELA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Minha mãe teve dez filhos. Eu sou o primeiro deles e ajudei a cuidar dos outros, porque ela trabalhava. E ela teve que dar conta de “criar” os mais novos quando a caçula chegou, porque ficou sozinha. Então digo que ela é a nossa heroína, pois sempre trabalhou e ainda teve que cuidar dos filhos, pois mais da metade dos dez ainda eram menores.
O que não a impediu de dar uma boa educação a todos eles, não deixando lhes faltar nem alimentação, nem teto, nem o que vestir e calçar, nem a educação básica. Não éramos uma família rica, éramos até bem humildes, mas me orgulho de ser honesto e esta é a maior herança que minha mãe me deixará.
E tenho orgulho da mãe que Deus me deu, pois ela formou pessoas dignas, amou a todos os filhos como se fosse um único, deu a eles tudo o que foi possível e daria a própria vida, se fosse necessário.
Lembro de quando eu era menino, que antes de sair para o trabalho, de manhã, ela deixava o almoço encaminhado, deixava o café para a filharada pronto e as tarefas para os maiores. Quando chegava de volta, ao meio dia, terminava o almoço, servia todo mundo, almoçávamos e ela ainda adiantava a lida da casa antes de retornar ao trabalho. À tarde, quando voltava, lavava roupa, fazia pão, limpava a casa, fazia comida, cuidava dos filhos, ufa! Nos finais de semana ela tentava descansar um pouquinho, mas era muito pouquinho mesmo. Como não trabalhava no sábado à tarde, fazia doces – bolo, cuca, biscoitos de araruta com coco. Fazia compras, fazia limpeza geral, por dentro e por fora da casa, que naquele tempo morávamos em casa, com jardim, quintal, horta, pomar. Capinávamos, cortávamos grama, varríamos o chão. Plantávamos, colhíamos. E era ela quem nos ensinava. E olhe que naquele tempo as coisas não eram muito fáceis. A água era encanada, para a cozinha, para o banheiro, para a área de serviço, mas não era de rede. Era de poço, e como o solo mais profundo de nosso terreno era de pedra, tínhamos um poço de apenas uns três metros. E no verão faltava água. Então minha mãe tinha que se virar com o pouco de água que a gente ia buscar no rio para lavar e na vizinhança para beber e cozinhar. Mas sobrevivemos.
Fico pensando, então, cada vez que o Dia das Mães se aproxima: o que dar para uma mãe assim? Um presente caro, uma jóia fina? Posso até dar qualquer coisa assim, mas o que vale mesmo é dar a ela o mesmo carinho que sempre tive, o amor que me empurrou pra frente na vida, o abraço, o beijo. E, mais que tudo, dar a nossa presença, o nosso respeito e admiração, sempre.
Se não pudermos, por qualquer razão, comprar-lhe um presente, uma flor pejada de carinho e de ternura e o abraço apertado, não serão aceitos de bom grado? Eu tenho certeza que sim. Dou, também, meu coração de presente, que é o que tenho de mais caro. E sei que ela merece.

3 comentários:

  1. Amorim, mãe já recebeu o melhor presente que são os filhos. Nossos colares de pedras preciosas, cada beijo e abraço aumenta o colar. Que bela homenagem para sua mãe. Bom filho , bom marido. Parabéns para sua mãe e para Maristela. Abraços para vcs.

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  2. Caro Amorim, mas que maravilha! Como gosto de Mário Quintana li em "A Tribuna" aqui de Criciúma "Tanto tempo sem Quintana",lindo, mas acabei descobrindo este fantástico artista das palavras Luiz Carlos Amorin. Feliz descoberta, mais uma riqueza da cultura catarinense. Parabéns pela escrita simples, cheia de sabedoria e emoção. Lendo sua crônica sobre o dia das mães encontrei-me nela. Também sou o primeiro de 10 filhos,criado e educado como todos os irmãos e irmãs nas dificuldades das grandes famílias do interior. Como explicar a força, carinho, grandeza de nossas mães?
    Parabéns. Estou feliz com a descoberta. Você será um presente que tenho todos os dias.
    Um grande abraço
    Jorge Daros

    R. Artur Souza, 150 ap 101
    Comerciário
    88802-410 Criciúma - SC.

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  3. Jorge, fico muito feliz que tenha descoberto o blog. É por mensagens assim como a sua que ele vale a pena. E como você gosta de Quintana, é mais um motivo de identificação, aviso que o número cinco da revista Mirandum está para sair. A revista é só sobre Quintana, pois fundamos a Confraria de Quintana. Vou te mandar um exemplar de uma edição anterior.
    Perdoe não ter postado nada ontem, mas para variar fiquei sem internet, sem previsão de quando ela volta.
    Um grande abraço do Amorim

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