Sob o título “Uma questão de disciplina?”, foi publicado em um caderno decultura de um grande jornal aqui de Santa Catarina, há um bom tempo, um estudo de página inteira sobre a inadequação de rotularmos “catarinense” a literaturaproduzida aqui no Estado e da falta que não faz a “disciplina” “LiteraturaCatarinense” no curso de Letras da Universidade Federal de Santa Catarina.
Depois de ler o referido ensaio, ou artigo, onde o autor pretendeesclarecer muitos “equívocos”, “desconhecimentos”, “irresponsabilidades”,“ingenuidades”, tirei algumas conclusões, mas decidi fazer uma “mesaredonda” com meus amigos escritores/leitores e mandei o texto para váriosdeles, para saber o que pensavam a respeito. Urda, a moça loura dos dedoscheios de poesia, me disse que concorda com o bacharelando. Ela argumentaque a nossa literatura ultrapassa fronteiras e alcança outros estados,outros países, até. Temos livros traduzidos para outras línguas, que sãolidos em várias partes do mundo, então nossa literatura não é restrita aonosso estado. E nesse sentido eu concordo com ela. O que gostaria deacrescentar é que Urda é a mais legítima representante da “LiteraturaCatarinense”, seus romances se ambientam em regiões aqui do estado,retratam costumes, história e a gente daqui e mesmo assim fazem sucesso emdiferentes partes do Brasil e do mundo. É uma literatura catarinense, masao mesmo tempo universal. Frise-se que não estou dizendo que os romances deUrda fazem o sucesso que fazem porque retratam coisas do estado ou porquesão produzidos por alguém daqui, simplesmente. Eles fazem sucesso porquetêm qualidade, porque são produzidos por alguém que tem talento literário.
Já a Fátima de Laguna defende que “existe uma literatura catarinense, sim,que corre mundo via Cruz e Sousa”, existe uma que corre o estado, o Brasile outros países via Urda e Salim e outros bons escritores que aqui vivem.
Eu até concordo com o moço formando em Letras, em parte. Realmente não é ochão que determina a qualidade da produção literária. É o talento e acriatividade do escritor. O que não concordo é com a idéia do estudante deque falar sobre a literatura dos escritores que vivem aqui não énecessário. Eu penso que é necessário, sim, pois quanto mais se falar sobrea literatura produzida aqui, mais ela será conhecida e mais leitores aconhecerão. Um espaço para se falar de literatura não pode ser desprezado.
E a disciplina Literatura Catarinense, que foi tornada opcional no Curso deLetras da UFSC era um ótimo espaço, que estaria lembrando da obra de genteda terra àqueles que seriam os multiplicadores na tarefa de divulgá-la edisseminá-la junto aos novos leitores ou leitores em formação. Se nãofalarmos da literatura de nossos escritores, pelo menos na escola, elacontinuará sendo relegada ao esquecimento.
Outro ponto que me chamou a atenção no texto do estudante do curso deletras é ele dizer que nunca ouviu falar de literatura carioca, literaturapaulista ou mineira. Primeiro, percebi que ele mesmo se contradiz, quandofala em “literatura brasileira”. Como disse uma leitora do texto dele,Vivian Albino, “se as fronteiras entre as literaturas não são territoriais,porque então falar em Literatura Portuguesa ou Inglesa, ou Russa?” Segundo,ele nunca ouviu falar de literatura carioca ou paulista porque a literaturadesses estados – a boa literatura desses estados - é a literatura que édistribuída para todo o Brasil, com status de literatura brasileira,representando a literatura brasileira. Eles são os pólos distribuidores.
Na verdade, é ótimo que alguém inicie uma discussão. E ela está aberta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário