Desde os tempos dos Diários
Associados de Santa Catarina, mantive colunas em diversos jornais: sobre
música, sobre cultura, sobre literatura, etc. Algumas delas, diárias, e haja
fôlego e tema para escrever todos os dias, chovesse ou fizesse sol. Eu achava
engraçado o fato de, andando pela rua, algumas pessoas me cumprimentarem, como
se me conhecessem. É que saía, diariamente, uma foto minha no cabeçalho das
colunas. Como hoje em dia todos os jornais fazem.
Na minha viagem a Portugal encontrei pessoas que achavam que me conheciam, mas na verdade tinham visto foto nas crônicas que publico em diversos jornais pelo mundo afora, inclusive lá, e na internet, também.
Então deu saudade das antigas colunas e, ao invés de fazer uma crônica
sobre determinado assunto, vou falar um pouquinho sobre dois ou três. A sétima Feira
Catarinense do Livro, que aconteceu de meados a quase fim de maio, no Largo da Alfândega, foi uma vitória,
pois o município não queria mais que o evento fosse realizado no lugar onde
esteve por tantos anos. A imprensa botou o assunto em pauta, publicou sobre a
dificuldade da Câmara Catarinense do Livro em continuar realizando a feira. Eu
também entrei na briga e publiquei artigo falando do desmantelamento da feira,
que vem diminuindo de tamanho há muito tempo, tendo se transformado em mera
oferta de livros, sem nenhuma atração extra, o que a descaracteriza, pois há
que haver discussão, debate, encontro de produtores de literatura. Outras
feiras pelo Estado crescem, como a de Joinville e Jaraguá do Sul, enquanto a de
Florianópolis cada vez tem menos apoio. E ela precisa de apoio do município, do
Estado, da União, da iniciativa privada, para que possa reunir os escritores da
terra e grandes nomes da cultura brasileira para discutir literatura. Eu
participei, fiz lançamentos de livros com a Urda, de Blumenau, e com o Júlio
Queiroz, nosso contista maior, que está com dois livros novos.
Não conseguimos o lugar que a feira
do livro sempre ocupou no Largo da Alfândega, mas ela ocupou um pequeno espaço
ao lado daquele que ocupava, bem no meio do fluxo, anteriormente. Dos males do
menor. A feira não acabou e quem sabe agora, que chamou a atenção de todos, da
administração da capital, do governo catarinense, volte a crescer. Precisamos
continuar cobrando. Se o Estado tem quatro milhões para dar para a festa da
Fifa, no Costão do Santinho, como é que não tem verba para a feira do livro,
que é cultura?
Quem queria um lugar onde fosse oferecida
uma boa gama de opções para a compra de livros, a feira estava lá. De tamanho
menor que as anteriores, sem justificar quase nada o título de “Feira
Catarinense do Livro”, mas estava lá, com a voa vontade do pessoa CCL. Como
sempre, o que se vendeu mais foram os livros infantis e infantojuvenis. Mas os
livros infantis vendidos são as fábulas antigas, tradicionais e importadas, que
não têm direitos autorais para pagar a ninguém e por isso mesmo são impressos
em grandes tiragens, com poucas páginas e por isso mesmo, podem ser vendidos a um,
dois, cinco reais cada e engordam as estatísticas de vendas. Menos mal que
estamos comprando livros para colocar nas mãos de leitores em formação. Só
precisamos tentar melhorar a qualidade destas compras.
E o tempo precisa definir melhor as
estações do ano. (Ou será que somos nós, seres humanos, que precisamos dar
condições à natureza de voltar ao seu ciclo natural?) Sei que não é a natureza
a culpada disto. Os jacatirões de inverno, que florescem em junho, julho, já
estão carregados de botões se abrindo. Na dúvida, devem pensar eles, digamos
que já é inverno e dá-lhe florescer! E as onze-horas nem ligam pra estação e
florescem escancaradamente. Mas o frio finamente chegou e as tainhas também.
Antes tarde do que nunca.
E, mudando de saco pra mala, recebo de uma amiga brasileira que vive no exterior, uma apreciação de quem está vendo de fora o panorama das publicações literárias e culturais no Brasil. Ela percebe que as revistas e jornais publicados por pessoas ou grupos ligados à cultura, mas que não têm nenhum apoio da “cultura oficial”, são na verdade quem dão impulso ao desenvolvimento da literatura brasileira. Que bom que essa constatação vem de quem está observando tudo de fora, por alguém que é do meio. Porque alguém precisa ver isso, para que se resgate a nossa cultura, que anda tão em baixa ultimamente.
E, mudando de saco pra mala, recebo de uma amiga brasileira que vive no exterior, uma apreciação de quem está vendo de fora o panorama das publicações literárias e culturais no Brasil. Ela percebe que as revistas e jornais publicados por pessoas ou grupos ligados à cultura, mas que não têm nenhum apoio da “cultura oficial”, são na verdade quem dão impulso ao desenvolvimento da literatura brasileira. Que bom que essa constatação vem de quem está observando tudo de fora, por alguém que é do meio. Porque alguém precisa ver isso, para que se resgate a nossa cultura, que anda tão em baixa ultimamente.
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