Por Luiz Carlos
Amorim – Escritor, editor e revisor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Nossa pinscher Pituxa, a Xuxu, completa vinte primaveras
neste ano de 2014. Está muito, muito velhinha, como é de esperar: cega, surda,
sem faro, come pouco e quase não se aguenta em pé, pois está muito magra, não
tem mais músculos. O bebê da casa está velhinho, muito velhinho, pra lá de
idoso.
Tentamos dar-lhe alguma qualidade de vida, colocando tapumes
de espuma por toda a casa, para ele não bater nas coisas, cortamos a comida em
pedaços bem pequenos, pois ela tem poucos dentes e tem tártaro, que não
conseguimos mais tirar porque ela não suporta mais anestesia. Colocamos almofadas e mantas em quase todos
os cômodos da casa para ela deitar e dormir, mas corta o coração vê-la
cambalear, quase não conseguindo mais andar.
Xuxu tosse, espirra, às vezes cai, porque já é difícil para
ela equilibrar-se e o chão ainda é liso. Aquelas sacudidas que todo cachorro
dá, ela quase não pode mais fazer. Não sai mais para tomar sol lá fora, como
fazia antes, todos os dias. Não vai mais esperar-nos lá na porta da garagem,
quando saímos, como sempre fazia, mesmo depois de ficar cega.
Nossa bebê está indo embora, aos poucos, e isso dá uma
tristeza muito grande. Fico pensando se ele não está sofrendo, se não é
crueldade deixá-la assim, a vida se
esvaindo devagarinho, a gente assistindo o seu fim, sem poder fazer nada além
de levá-la ao veterinário, para dar-lhe remédio e esperar que melhore.
Que mais podemos fazer, além de lhe dar carinho e tentar dar
algum conforto? Não consigo pensar em sacrificar uma criaturinha que nos
acompanhou por tanto tempo, que nos amou por toda a sua vida. Mas também não podemos deixá-la sofrer,
indefinidamente. Podemos e devemos cuidar dela como até agora, que ela merece.
Como saber se isso é bom para ela, continuar aqui, com tanta dificuldade?
É muito difícil. Xuxu é parte da família, não dá para vê-la
sofrendo e também não queremos vê-la partir, ainda mais por iniciativa nossa.
Foi muito duro perder Dona Menina, a mãe dela, que morreu
com doze anos, serenamente, sem sofrimento. Um dia ela amanheceu cavando um
buraco no jardim, embaixo de algumas plantas, nós brigamos com ela e ela foi
para debaixo da nossa cama. Fomos tirá-la de lá e ela já estava indo. Quando
chegamos ao veterinário ela se foi de vez.
E Xuxu? Será mais dolorido ainda, tanto para ela quanto para
nós? Como nos prepararmos para perder um ente querido?
Nota: Esta crônica foi escrita há uma semana. Xuxu se foi nesta madrugada. Foi uma vida inteirinha - vinte anos - em nossa companhia. E ela continuará conosco, para sempre.
Deus é tão bom que Ele fez o Céu também para cahorros! Você é um felizardo que conseguiu ter um bichinho desses por tanto tempo. Um abraço.
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