O último acordo ortográfico da língua portuguesa, que se
arrasta por anos, teve a sua vigência
prorrogada pelo governo brasileiro de 2013 para 2016 – e já existe projeto de
outra reforma na nossa língua portuguesa, essa com mudanças muito mais
abrangentes do que a anterior.
O
projeto, chamado “Simplificando a ortografia”, é do professor de língua
portuguesa Ernani Pimentel e sugere alterações como o fim da letra H no início de palavras (“homem” e
“hoje” viram “omem” e “oje”), o fim da junção CH (“chave” e “chuva”, viram
“xave” e “xuva”) e o fim da letra S com som de Z (“precisar” e “casa” viram
“precizar” e “caza”), entre outras. O objetivo é tornar a linguagem escrita igual à
falada.
Muito
nobre a intenção do professor, seria muito mais simples termos a nossa língua
escrita exatamente da forma como é falada, mas estamos passando pelas
dificuldades de uma reforma agora, reforma essa proporcionalmente simples, se
comparada com a proposta agora. E já está dando o maior trabalho para todos,
seja na escola ou para quem escreve, profissionalmente ou não.
O Acordo Ortográfico, que pretende ser comum a
todos os países que falam o português e que já está sendo aplicado nas escolas
e nas publicações brasileiras há alguns anos, era para vigir a partir do dia
primeiro de janeiro de 2013, mas teve a sua vigência obrigatória adiada por
mais três anos.
Livros
didáticos e apostilas, usados em todas as escolas do país, tiveram que ser
atualizados e reimpressos. Muita coisa foi para o lixo para ser substituída por
novas versões atualizadas com a nova ortografia. Agora tudo vai ter que ser
substituído novamente? Isso envolve dinheiro público, que poderia ser
canalizado para outras necessidades da própria educação brasileira, que vem
sendo sucateada sistematicamente. Será que não há nada mais importante para se
pensar, para reformar, do que tumultuar o ensino e o uso da língua mãe?
Ou será
que estão tentando “simplificar” a nossa língua justamente para disfarçar o
sucateamento, por parte de nossos governantes, da educação brasileira, do
ensino que está sendo praticado?
Os
governantes que aí estão mudaram, recentemente, entre outras coisas, a idade de
alfabetização de nossas crianças, que sempre aprenderam a ler e a escrever aos
sete anos. Há alguns anos, a data de alfabetização dos pequenos mudou para oito
anos. Claro, porque foram feitas muitas mudanças, nos últimos anos, no ensino
do primeiro grau, e não foi para melhor. Não só na maneira de ensinar, mas no
conteúdo curricular, também. De maneira que existem muitos estudantes no
terceiro, quarto anos do ensino fundamental brasileiro que não sabem ler e
escrever. Por causa disso, o governo brasileiro decidiu aumentar um ano no
prazo para a alfabetização dos estudantes. Simples, não?
Sem considerarmos
a confusão que as mudanças causam na maioria dos cidadãos brasileiros. Já havia
dificuldade para escrever corretamente. Agora, então, é que não se tem mais
segurança de nada.
Felizmente,
o projeto ainda não está na Comissão de Educação do Senado, ela será
apresentada no Simpósio Internacional Linguístico-Ortográfico da Língua
Portuguesa que acontece em setembro, em Brasília. É um assunto que precisa ser
pensado e discutido, com muita calma e serenidade, com objetividade, porque
afinal, não saímos ainda de uma reforma e já estaríamos prestes a entrar em
outra? O que diz disso a Academia Brasileira de Letras? E os outros países que
falam a língua portuguesa, o que acharão disso?
Como
disse Sérgio Nogueira, colunista de português, “A ‘simplificação’ me parece
muito mais um empobrecimento, uma confissão de incapacidade: Fracassamos. Não
conseguimos ensinar nem a nossa própria língua porque as regras são difíceis.
Não será um acordo ortográfico que vai resolver nossos problemas com o
analfabetismo”.
De pleno
acordo. O que precisamos é de melhor manutenção e equipamentos apropriados nas
escolas, melhor qualificação e pagamento digno aos professores, um conteúdo
curricular planejado e eficiente para nossos estudantes.
Não é possível que se busque criar mais confusão e não haja uma real preocupação com as dificuldades atuais e contínuas daqueles que estão nos bancos escolares e sempre demonstradas nos cursos pré- vestibulares, e nem ,etc.O que precisa reforma é o ensino como um todo e não esta inexplicável vontade de mudar a ortografia!
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