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sábado, 29 de junho de 2013

DE ANIMAIS E DE HUMANIDADES

 
 Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Lembram daquele vídeo do menino de dois ou três anos que se recusa a comer polvo que a sua mãe lhe oferece, por que “não se deve comer animais”? Pois então, ele não só não comeu, justificando repetidas vezes que “são os animais, mamãe”, como fez a mãe chorar, emocionada pela reação do filho. Quem dera todas as crianças fossem levadas a ter essa consciência no que diz respeito à preservação da vida, a nossa e a dos animais, de qualquer ser vivo, enfim. Alguém me enviou uma mensagem pedindo que eu escrevesse uma crônica a respeito e eu acabei não escrevendo, mas hoje, vendo outro vídeo, não resisti.

Acabo de ver, enviado pela minha grande amiga e conterrânea, a professora Mariza Schiochet, um vídeo que vou chamar de “Comporte-se como uma criança e aja como um cão”, pois isso está escrito lá no fechamento desse poema dos mais belos que já vi. Um menino especial, de mais ou menos dois anos, talvez três, não dá pra ver direito, pois ele não se levanta do chão, dá a impressão de que ele não anda, está perto de um labrador. Está sentado na calçada e começa a se aproximar do labrador, maior do que ele.  Quando o menino percebe que o cão também começa a se aproximar dele, ele começa a se esquivar. O cão tenta deitar a sua cabeça  nas pernas dele e ele se afasta, o cão chega mais e estende a pata e o menino a afasta e continua a se afastar. O cão chega mais perto e rola no chão, estendendo a pata para mais perto do menino. O menino vai se afastando até encostar na parede. O cão senta e, sentado, fica quase mais alto que o menino que também está sentado. Coloca a pata no ombro do menino e ele tenta tirá-la, afastando-se de novo. O labrador deita no chão de novo e fica de barriga pra cima, rola e estende as patas para o menino e ele as afasta de novo. Mas o cão insiste, põe as patas em cima das pernas dele de novo e o menino acaba passando a mão na cabeça dele, abraçando-o em seguida.

O cão não desistiu, insistiu até o menino aceitar o seu carinho. Se existe poesia nos gestos, esse é o maior poema que uma imagem pode compor. Mais uma vez um cão nos mostra que nós, humanos, temos muito a aprender com ele. Que um cão pode nos ensinar humanidades, sim, por que não? Melhor até do que um ser humano.

Como eu já disse em outra crônica, não me chamem de cachorro. Eu não mereço tamanha deferência, tamanha honraria. Eu sou apenas humano.

 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

33 ANOS DE LITERATURA


  

 Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O Grupo Literário A ILHA completou, neste mês de junho de2013, trinta e três anos de atividades em prol da divulgação da literatura catarinense e brasileira e da manutenção de espaços para novos escritores.  E também comemoramos trinta e três anos de circulação desta revista, o Suplemento Literário A ILHA.

E estamos comemorando em grande estilo todo esse tempo nesta caminhada que tem cumprido o seu objetivo, qual seja o de levar até o leitor a literatura de nossos escritores. O Grupo Literário A ILHA esteve presente no Salão Internacional do Livro de Genebra, na Suiça, um dos eventos literários mais importantes da Europa. Através do fundador e coordenador do grupo A ILHA, este que vos escreve, a literatura catarinense e os escritores que publicam na nossa revista foram divulgados lá fora, já que na Suiça há uma comunidade muito grande de praticantes da língua portuguesa: brasileiros, portugueses, moçambicanos, cabo-verdianos, etc. Duas edições desta nossa revista foram levadas e distribuídas no Salão.

Essa edição comemorativa do Suplemento Literário A ILHA comemora a incursão do grupo num evento internacional tão importante como o Salão Internacional do Livro de Genebra, o início das comemorações de aniversário do grupo. Exatamente neste mês de aniversário do grupo, estivemos participando da Feira do Livro de Jaraguá, também, com o lançamento do livro “O Rio da Minha Cidade” e dessa edição da nossa revista.

Continuamos na caminhada, pois somos o grupo literário mais perene que se conhece.

 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

CHEGOU O INVERNO NO MEU JARDIM

   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br 

Meu pé de jacatirão (ou manacá-da-serra, que é como se chama essa variedade de inverno) começou a  florescer. Atrasado, em relação aos outros, mas está florindo lindamente. É que os outros tantos pés de jacatirão, por aí, já começaram a florir há mais de mês, por conta da desorientação das estações, que não estão muito fiéis aos seus tempos, chegando antes, chegando depois, às vezes quase não chegando. Mas o importante é que meu pé de jacatirão-manacá floriu, pois no ano passado, por causa do verão muito forte, os botões nem conseguiram abrir. Então eu o podei e ele está lindão.
Com o desequilíbrio climático, quase nada floresce no tempo certo e o manacá-da-serra, o nosso belíssimo jacatirão de jardim adiantou-se bastante e chegou antes do inverno. Só o meu, parece, está florescendo no tempo correto.
As primeiras duas ou três flores que desabrocharam, com suas pétalas brancas, me deixaram muito feliz, pois é como se a primavera visitasse meu jardim, em pleno inverno. E as pétalas foram ficando mais vermelhas, a cada dia, e novas brancas foram aparecendo, para passarem por um degradé e ficarem quase da cor do vinho.
Este ano não plantei amor-perfeito e petúnias, por isso meu jardim estava um pouco triste. Mas, por outro lado, já estou colhendo morangos, tenho bastante manjericão para temperar peixe e fazer molho pesto e defumar anchovas e tenho, também, hortelã, cana-limão, sálvia, guaco e alecrim, para fazer chá e enfrentar a gripe que vem por causa do frio e salsinha, cebolinha, os temperinhos verdes que não podem faltar. Além de alguns pés de hibisco.
E ainda há tempo para plantar os amores-perfeitos e petúnias, para fazerem companhia aos jacatirões floridos e assim deixar mais colorida e feliz a minha casa. Dos dois pés de funcionárias que lá existiam, um ainda insiste em florescer. O outro, os mesmos bichos que comem minhas folhas de couve comeram ele todo, deixando só a raiz.
Mas nem ligo, porque meus jacatirões floresceram.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

AS PUBLICAÇÕES LITERÁRIAS ALTERNATIVAS


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Recebi de uma amiga brasileira que vive no exterior, uma apreciação de quem está vendo de fora o panorama das publicações literárias e culturais no Brasil. Ela percebe que as revistas e jornais alternativos, publicados por pessoas ou grupos ligados à cultura, mas que não têm nenhum apoio da “cultura oficial”, são na verdade aqueles que dão impulso ao desenvolvimento da literatura brasileira.
Sempre defendemos essa idéia, de que é através das publicações alternativas, de grupos alternativos, que muitos autores de talento são revelados. Houve época em que existiram muito mais páginas culturais e suplementos literários nos grandes jornais, isto é: havia muito mais espaço para a literatura nos meios de comunicação em massa. Além dos jornais, existiram bons programas na televisão, programas de rádio onde se declamavam poemas, etc.
O tempo foi passando e as páginas foram sumindo, os suplementos foram rareando e o que perdurou, mesmo, foram as publicações alternativas. Até os jornais culturais das imprensas oficiais dos estados sumiram, mesmo sendo custeados com recursos públicos e publicando normalmente os mesmos autores, quase sempre ligados à “cultura oficial”.
Então aplaudo o trabalho da escritora Teresinka Pereira sobre escritores, poetas, artistas e editores alternativos do Brasil, pois é um reconhecimento que eles merecem, por manter espaços valiosos em prol da divulgação do novo que aparece na arte literária.
Apesar de viver nos Estados Unidos há vários anos, ela mantém contato com grande número de agitadores culturais deste nosso imenso Brasil e sabe o que está acontecendo. E olhar de fora, ter uma vista panorâmica do cenário literário brasileiro estando longe, apenas observando as manifestações culturais, vendo com lucidez e reconhecendo o trabalho desses “heróis na batalha contra a ignorância, a inaptidão e a indiferença da política do governo” é, no mínimo, meritório.
Ela reconhece o valor destes abnegados e faz uma lista das publicações brasileiras existentes, num trabalho completo, dando, inclusive os endereços.
Transcrevo um trecho do artigo da escritora, com o qual não é preciso dizer mais nada: “Aos leitores de colunas literárias, dos suplementos e das revistas que contém poesia e artigos de literatura, não é necessário lembrar a importância dos mesmos. Embora nos países capitalistas sempre se fale de liberdade de imprensa e de pensamento, o que vemos é sempre o contrário do que dizem. O governo não faz investimentos na literatura porque diz que os escritores sempre pertencem à esquerda radical ou são anarquistas e usam a pena para falar mal dos políticos eleitos. E mesmo que assim não fosse, não há ajuda para publicações literárias.”
Nós do  Grupo Literário A ILHA sabemos bem disso, nunca conseguimos sequer uma sala para nos reunirmos, mas estamos completando 33 anos de atividades neste mês de junho, sempre abrindo espaços para os novos e também para os não novos. E somos alternativos e independentes, sim, com muito orgulho. Nunca  tivemos que escrever sob encomenda ou muito menos que modificar nossos textos, por causa de censura de órgãos públicos, como já aconteceu em outros grupos dos quais participamos e que tinham vínculo com a cultura oficial.

terça-feira, 18 de junho de 2013

POETA OU ESCRITOR?


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Escritor é aquele que escreveu pelo menos uma obra de qualquer gênero, desde a literária até a científica. Há quem diga que é preciso que a obra precisa estar publicada. Até pouco tempo atrás, dir-se-ia publicada em livro, mas hoje há outras mídias, há a internet, o e-book, então...

Escrever é um ato solitário, mas é natural, para alguns, o escritor tentar se aproximar de outros escritores. Além das academias literárias e dos grupos e associações literários, existe a amizade entre alguns escritores, que aproveitam a proximidade para trocar impressões sobre a obra de um e de outro, trocar conselhos, sugestões, um intercâmbio salutar para as suas produções.

O interessante disso tudo é que a gente percebe, às vezes e em alguns lugares, uma certa rivalidade entre os poetas e os prosadores. Frise-se, aqui, que poetas e prosadores são escritores, todos. Independente do gênero que praticam. Só que, não raro, um escritor pode enveredar por vários gêneros. Pode produzir poesia e pode produzir, também, algum outro gênero literário dentro da prosa, como conto, crônica ou romance.

E então pode acontecer de um grupo de escritores que só pratica a poesia, não admitir em seu rol algum escritor que pratica só a prosa. Ou vice-versa, um grupo de praticantes de gêneros de prosa achar que não devem admitir um adepto da poesia.

Já fomos testemunha desse tipo de situação e achamos singular, para não dizer lamentável. Já ouvimos até coisas do tipo: “você não é poeta, você é escritor”. E o contrário também: “Você não é escritor, você é poeta”.

Chamamos mais uma vez a atenção para um detalhe importante: independentemente do gênero praticado, todos são escritores. Seja o gênero escolhido crônica, poesia, conto, romance, ensaio, etc., quem os escreve é escritor.

Então não há como fazer diferença, querer separar quem escreve poesia e quem escreve prosa. Temos, sim, é que nos apoiar. Somos nós, os escritores, que mais falamos de literatura. Então, é importante que nos unamos a nossos pares, pois eles poderão divulgar a nossa obra e cada um de nós poderá fazer o mesmo em relação aos colegas.

Não importa de que gênero seja a nossa lavra. Se escrevemos, somos escritores e temos que divulgar a literatura como um todo, para promover o incentivo pela leitura e valorizar as letras brasileiras.

sábado, 15 de junho de 2013

ANO DO BRASIL EM PORTUGAL


      Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Encerrou-se, neste mês de junho de 2013, o Ano do Brasil em Portugal e o ano de Portugal no Brasil, dois eventos paralelos, levados a efeito em ambos os países desde setembro de 2012, para divulgar manifestações artísticas e culturais, intensificar o intercâmbio científico e tecnológico e estreitar as relações econômicas entre os dois países irmãos. O Brasil levou a Portugal atrações  nas áreas da música, do teatro, da dança, da literatura, da fotografia, das artes plásticas e artes visuais.

Eu tive a honra e o prazer de estar em Portugal em duas oportunidades em que estava vigorando o Ano do Brasil em Portugal e vice-versa. Participei de alguns eventos, como a estréia  do filme de Pierre Aderne, “Música Portuguesa Brasileira”, no Teatro São Jorge e de  edições da tertúlia que deu origem ao programa do mesmo nome, exibido no Brasil no Canal Brasil e em Portugal pela RTP, também no Teatro São Jorge. Nas duas tertúlias, vários cantores brasileiros e portugueses, como Nuno Gonçalves, Luanda Cozetti, Mu Carvalho, Luiz Caracol, Cuca Roseta, Cristiana Pereira, Susana Féliz e outros, uma autêntica conversa musical entre Portugal, Brasil e Cabo Verde.

Infelizmente não pude participar da Feira do Livro de Lisboa, que aconteceu em maio. Ela começou logo depois de eu ter voltado ao Brasil, não previ a realização do evento em tempo hábil, pois poderia ter ficado mais tempo em Portugal na volta de Genebra, onde participei do Salão Internacional do Livro e lançado meu livro também na capital portuguesa, reforçando a presença do Brasil no final do ano dos dois países.

Muitas atrações brasileiras foram apresentadas em Portugal e a integração dos dois países foi além do esperado. Fico feliz de ter participado de pequena parcela das celebrações da arte brasileira em Portugal e rendo a minha homenagem a Pierre Aderne, que faz um trabalho constante e de antes do Ano Brasil-Portugal, em prol da musica popular brasileira fora do Brasil, notadamente em terras portuguesas.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E A ALFABETIZAÇÃO


   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Meu sobrinho de sete anos, Ramon, saiu-se com esta, recentemente, quando lhe deram um texto escrito em letra cursiva para ele ler: “Como é que vocês me dão uma coisa com uma letra que eu não sei ler?”

E ele tinha razão. Ele está sendo alfabetizado pelo sistema novo que inventaram, há alguns anos, para o ensino fundamental, segundo o qual a escola começa com as letras “de forma” ou “de livro”.  Ao contrário da sistemática antiga, na qual começava-se pela letra cursiva e só depois das famílias de sílabas, que hoje em dia já não se usam mais, quando a criança já começava a ler, é que se entrava com as letras de imprensa.

E, comprovadamente, as crianças têm muito mais dificuldade para aprender a letra cursiva depois da letra de forma. A maneira que se usava antes era muito mais prática, tinha uma sequencia que funcionava, mas os donos do poder, na última década, resolveram “modernizar” a educação brasileira e as nossas crianças, agora, estão aprendendo a ler e a escrever com oito, nove anos, por osmose, ao contrário de antes, que era com sete anos.

Então o Ramon tem razão de ficar indignado, pois se ensinaram para ele  primeiro a letra de forma, que é quase quadrada, com muitos traços retos e poucas curvas, não dá para esperar que ele reconheça um texto escrito em letra cursiva, até porque, se ele está no segundo ano, a esta altura talvez essa letra nova, toda cheia de curvas, grudada uma na outra, como se fosse um trenzinho muito comprido, não tenha sido apresentada a ele, ainda.

Precisamos que o MEC reveja a nossa sistemática de ensino, pois não está funcionando. Estão tornando o ensino cada vez mais fraco neste nosso país, com modificações que deveriam ser para melhorá-lo, mas na verdade o sucateiam cada vez mais.     

E não é só o conteúdo programático do ensino fundamental e médio que devem merecer atenção do poder público. As escolas públicas precisam de manutenção, de equipamentos, pois muitas estão caindo aos pedaços, literalmente, e os professores precisam de qualificação e salários decentes. A educação precisa de uma reforma de verdade, mas uma reforma que melhore o ensino público e até o particular, pois as modificações que foram feitas até agora foram só para encaminhar a nossa educação para a falência.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

ENCONTROS LITERÁRIOS EM JARAGUÁ DO SUL


  Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Estive na 7ª. Feira do Livro de Jaraguá do Sul, fazendo o lançamento do meu mais recente livro de crônicas, “O Rio da Minha Cidade”. Fiquei impressionado com duas coisas, no mínimo: primeiro, o novo local, o grande estacionamento do SCAR – Sociedade Cultura Artística de Jaraguá do Sul. Um espaço amplo, onde as barracas da feira ficaram muito bem instaladas. E perto de tudo, perto do centro, com fácil acesso e lugar para o visitante deixar o carro. Sem contar toda a infraestrutura do Grande e do Pequeno Teatros e dos auditórios, usados para shows, palestras, ,encontros, seminários, etc.

Segundo, os escritores da cidade vieram prestigiar a minha sessão de autógrafos. Quem não pode vir, mandou mensagem. Marcou presença a poetisa, professora e tradutora Selma Ayala – e entabulamos um projeto de revisão do meu livro trilíngue “A Cor do Sol” – em português, inglês e espanhol, para uma segunda edição. Também estiveram lá a jornalista e cronista Sonia Pilon, que me entrevistou para o Jornal Folha SC, o escritor Gil Salomon, de extensa produção literária, a escritora Ana Janet Pedri, parceira literária de Gil, com outros três escritores, de antologias de prosa temáticas periódicas interessantíssimas, a poetisa Adriana Niétzkar, sem contar as escritoras de Joinville que estavam lançando seus livros, como Célia Biscaia Veiga, cronista, poetisa e editora, Lilian Cristiana Peixe e Eliana Quadra Correa.

Destaco a presença dos escritores, porque é quase comum, em outros lançamentos, que a maioria dos colegas escritores não apareça. E em Jaraguá muitos deles compareceram.

A feira do Livro de Jaraguá do Sul está crescendo a cada edição e está concorrendo com a de Joinville, no sentido de se consagrar a maior feira do gênero em Santa Catarina. É uma concorrência saudável e que sai ganhando é o público leitor e também os produtores de literatura, notadamente locais ou estaduais.

terça-feira, 11 de junho de 2013

FALANDO DE AMOR


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Não quero falar do inverno, de solidão, de saudade. Quero falar de aconchego, de carinho, de ternura. Quero falar de seu sorriso, dos seus olhos castanhos, da sua companhia. Pois eu gosto de acordar com o seu beijo, de dizer-lhe "eu te amo", assim, de maneira simples, descomplicada e sincera.
Gosto das coisas simples: de um sorriso de criança, de um rio de águas claras, de flores, campos e praças. E gosto do meu amor. Gosto da sua companhia, na noite quente ou fria, na tarde de chuva ou de sol. Também gosto de poesia, seja com rima ou sem ela. Mas gosto mesmo é dela, meu poema mais bonito...
Gosto de natureza, simplicidade, pureza, da flor do jacatirão, de terra, mar e de sol.
E gosto mesmo é dela. De segurar sua mão, de sussurrar no seu ouvido, de misturar nossos eus. Gosto do sol na pele, mas gosto mais da luz dos seus olhos castanhos a aquecer minha alma.
Gosto de sonhar, viajar, a bordo do seu sorriso. Ele me embala, me enleva; me leva de encontro ao seu coração. Se embarco numa saudade, numa lágrima, numa dor, que falta eu sinto dela: me perco pelo caminho, à procura da passagem, que é a janela do sorriso, o sorriso da chegada.
Aqueles olhos castanhos, brilhantes pedaços de sol, entraram pelos meus e nunca mais saíram... Aqueles olhos castanhos - meigos, brejeiros, malandros, sinceros – são as luzinhas acesas na janela do seu rosto, convite irresistível que me atrai para o aconchego carinhoso do seu/nosso coração. E eu me sinto em casa, com todo amor que há lá dentro. Só saio pra ver de novo aquelas luzes castanhas convidando-me a entrar.
O meu poema é ela, inspiração, emoção, a rima do corpo-a-corpo, pele-a-pele, boca-a-boca, o ritmo em sincronia de corações como um só... A métrica da ternura.
E eu me refaço em nós. Sou eu, completo, por inteiro, sou nós, sou ser. Ela é parte de mim, indivisível, é coração que pulsa no meu peito, é luz a brilhar no meu olhar, é música a tocar nossa canção, é ternura de mãos entrelaçadas, é carinho ao tocar de peles.
É ela que invade meu coração, infiltra-se no meu sangue e aguça os meus sentidos... Que me afaga, me afoga, nessa fuga desenfreada do mundo fora de nós.
Pra que traduzir em palavras o que o coração bate forte e os olhos dizem tão bem? Não é preciso palavras quando estamos só nós, como um só, mais ninguém. É deixar o coração comandar nossos sentidos, deixar falar nossa pele, nossos olhos, nossos corpos. Há discurso mais bonito?

segunda-feira, 10 de junho de 2013

POEMA DE AMOR


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


O inverno está chegando e uma saudadezi­nha, escondida, insiste em levantar a voz. Saudadezinha doída, vem me lembrar, atrevida, que amor a gente não esquece. Que cada carinho é um carinho, que cada ternura é só uma, que amor não morre jamais.

Saudadezinha companheira, vem me dizer, no ouvido, que preciso de você. Porque eu gosto de você. Sei que já disse isso, mas eu gosto de você. Junto de você, gosto do frio que aconchega e gosto da chuva lá fora, a ninar nosso adormecer.

E gosto do seu sorriso. Seu sorriso é minha casa, o meu mundo, é o meu tudo. É minha luz, porto seguro, o meu horizonte, infinito. Seu sorriso é minha vida.

Seu sorriso é boa vinda, é ternura aconchegante, é calor que me aquece. Seu sorriso é primavera, que se espalha por seu rosto e sorri a sua boca e sorri o seu olhar e sorri seu coração e sorri a sua alma...

Ah, o seu sorriso... seu sorriso é minha bússola, é meu ponto de partida e meu ponto de chegada... Como vou fazer poesia, se o seu sorriso tão meigo é o verso mais bonito que jamais vou escrever? Minha poesia é você. Pra que então, escrevê-la? Fiz-me poeta em você, poeta em seu amor... Vem comigo, minha musa, vem morar no meu poema...

Este poema, seus olhos, imenso poema de amor. Vejo nós dois espelhados, nestes grandes lagos castanhos e cristalinos. Navegamos mansamente, nas serenas águas claras, cheias de luz e poesia. É nossa grande viagem, percorrendo os caminhos que nos levarão de encontro à descoberta de nós.

Então vem e afugenta a saudade vadia, que passeia insistente, pelo fundo dos meus olhos. Vem mandar embora essa saudade que brinca com a tristeza que transcende o meu olhar, tentando invadir meu coração para matar todas as flores que você desabrochou em mim...

Quero-te aqui, ternura que me aquece, carinho que embriaga, amor que faz viver. Pra que falar do inverno, de solidão, de saudade, se a tua presença me traz, num dos dias mais frios, o calor de um verão pleno e brilhante?

E desabrocham as flores em nosso pequeno jardim...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

LIVROS NOS TERMINAIS DE ÔNIBUS DE JOINVILLE


   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Joinville acaba de lançar um projeto de incentivo à leitura semelhante ao “Floripa Letrada”, aqui de Florianópolis. O Projeto “JoinviLÊ” pretende incentivar e auxiliar a criação do hábito leitura na Cidade das Flores. Assim na capital, serão colocadas estantes nos terminais de ônibus urbanos. A iniciativa da Fundação Cultural de Joinville que possibilitar que os cidadãos joinvillenses tenham acesso livre e sem limites a livros, sem ter que pagar empréstimos e sem fazer registros, apenas com o compromisso de ler e devolver as obras emprestadas para que outros possam ler.

Os primeiros lotes de livros serão de autores da cidade e a Fundação está solicitando aos escribas joinvillenses que doem um ou mais exemplares de suas obras para que sejam disponibilizadas aos usuários do transporte público. Também foi lançado um edital para acolher doações de empresas e pessoas físicas.

Em Florianópolis, o funcionamento do Floripa Letrada é o mesmo. A prefeitura recolhe doações e disponibiliza ao público, através de estantes em três terminais de ônibus urbanos. O objetivo do projeto é que os usuários levem os livros, mas os devolvam depois de lidos. Só que não é o que vem acontecendo. No início, a secretaria municipal responsável pelo Floripa Letrada conseguiu doações generosas de livros de todos os gêneros e as estantes estavam sempre sendo abastecidas. Mas os livros só saem, nunca voltam. Desde o ano passado – o projeto já está no terceiro ano – as estantes estão quase sempre vazias, por falta de doação, e quando são abastecidas, os livros são, invariavelmente, didáticos. Livros que foram usados na escola e que, infelizmente, quase sempre estão defasados.

Se houvesse a devolução, por parte do leitor, do livro lido, o rodízio faria com que houvesse, sempre, bons livros nas estantes. Mas algumas pessoas pegavam pilhas de livros e alguns já foram oferecidos, para venda, em sebos da cidade. Eu já fui parado, no centro da capital, por vendedor que me oferecia um livro – pasmem – com o carimbo do Floripa Letrada.

Desejo sucesso para o projeto “JoinviLÊ”. Que os idealizadores tenham mais sorte do que tivemos aqui em Florianópolis. A intenção é boa, é a nossa eterna luta no sentido de incutir o gosto, o hábito da leitura, principalmente entre os leitores em formação. Que os usuários do transporte urbano de Joinville mostrem que um projeto assim pode ser bem sucedido.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

MEIO AMBIENTE E ECOLOGIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Estamos na Semana Mundial do Meio Ambiente e hoje, dia 5, é o Dia da Ecologia e do Meio Ambiente. Acho que, como o Dia da Água, todo dia é dia do meio ambiente, todo dia é dia de ecologia. E está mais do que na hora de nos conscientizar-nos disso, pois a natureza já não está mais apenas dando avisos, ela está cansada de esperar que o ser humano se dê conta de que é preciso preservar o lugar onde vive. Ela está se rebelando, mostrando o resultado de tanto tempo de descaso e desrespeito. Estamos vendo isso no Brasil e em várias partes do mundo.

O que Mãe Natureza precisará fazer para que nos convençamos de que estamos destruindo nosso meio ambiente, nosso planeta? Como diziam meus avós, ela sempre pega o que é dela de volta. Ainda mais em ela vendo que não estamos cuidando nada do nosso planeta, não estamos levando a sério o fato de que se não tratarmos dele, ninguém o fará por nós. E tratar dele, tratar do meio ambiente é tratar de nós mesmos.

A Semana Mundial do Meio Ambiente está aí, então, para pararmos e refletirmos sobre nossas ações, tão irresponsáveis e nada preventivas para que tenhamos nosso planeta mais saudável para nós, para nossos filhos e netos.

Que meio ambiente deixaremos para o futuro, para os nossos filhos e netos? Haverá futuro para o meio ambiente, para a vida, se continuarmos a agredir a natureza, destruindo o ar, a água, o mar, o solo?

Não cuidamos do lugar onde vivemos, fragilizamos a saúde do planeta, envenenamos o ar, a água, a terra, o mar. O resultado é a nossa saúde fragilizada. Precisamos devolver a saúde ao meio ambiente, ao planeta, para restabelecer a nossa própria saúde. Com muita urgência. Porque o tempo está se esvaindo. Há que se trabalhar, e muito, com muita urgência, pelo restabelecimento da saúde do planeta. Como poderemos nos redimir, se cometemos incomensuráveis crimes contra o meio ambiente, não cuidando direito da coisa mais elementar, do mais básico, que é o nosso lixo? É assim que cuidamos da natureza?

Infelizmente nós, os seres humanos, fazemos questão de não aprender. Com todas as tragédias que vêm acontecendo nos últimos anos, em função das variações do clima, parece que não aprendemos e continuamos a agredir a nossa Mãe Natureza, poluindo-a de todas as maneiras possíveis. Quando vamos aprender? Haverá tempo?

sábado, 1 de junho de 2013

FIM DO ROMANCE ENTRE A ANTT E A AUTOPISTA?


   Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O escândalo da proteção, por parte da ANTT, em favor da Autopista, concessionária de pedágio na Br 101 em Santa Catarina e em outros Estados brasileiros, finalmente está mostrando o quanto os usuários, o povo brasileiro, está sendo lesado. Depois de tantas denúncias e questionamentos feitos em meu blog e em artigos publicados em vários jornais, nos últimos anos, matérias com evidências e documentadas, parecem começar a surtir efeito. Lanço mão de informações publicadas nas últimas semanas em jornais e na TV.

A Autopista não tem cumprido o contrato firmado com a ANTT para manutenção da BR 101, desde o início da concessão. Os usuários querem saber para onde vai todo o dinheiro arrecadado com o pedágio nestes cinco anos e porque a empresa não é penalizada – ela não tem pago as multas aplicadas pela não realização de obras previstas – e porque o contrato não é rompido.

Além da reclamação dos usuários e da denúncia da imprensa, uma comissão de prefeitos foi à Brasilia para cobrar providências, recentemente, e as coisas começam a acontecer.  No final de maio, o pedágio de Palhoça, na Grande Florianópolis, foi suspenso e deixará de ser cobrado até que aquela praça de cobrança seja transferida para Paulo Lopes, como foi decidido pela ANTT, há algum tempo, mas ficou só na falação e de concreto, nada foi feito.

Além disso, a própria ANTT, colocada na parede, apresentou números que mostram o descaso da Autopista com relação ao contrato firmado entre ela e o governo. Mais de dez obras pendentes no trecho da BR 101 SC foram listadas pela agência reguladora (?), conforme denúncias. Nos cinco anos de concessão, menos de vinte por cento das obras obrigatórias, previstas em contrato, deixaram de ser realizadas. Em 2010, a Autopista deixou de cumprir 90% das obras; em 2011, deixou de cumprir 80% e em 2012, 90% das obras não foram executadas. A concessionária deixou de investir, portanto, 700 milhões de reais na BR 101-SC. Para onde foi todo esse dinheiro que deveria se aplicado no rodovia?

A dona ANTT reconhece, pasmem, que “os atrasos e falhas da concessionária não podem mais ser tolerados e a postura da Autopista é “inadequada” e “deficiente”. Desde 2008, a ANTT emitiu 43 multas, num total de 23 milhões de reais que a Autopista nunca pagou. E a ANTT também não fez nenhum esforço para cobrar.

A comissão catarinense que exige providências, quer que a ANTT retenha a receita da Autopista, fora a cobrança imediata das multas, com correção, que só assim a empresa fará o trabalho que vem adiando a cada ano. A concessionária está convocada a apresentar cronograma para a realização de tudo o que não foi feito até agora, com conclusão das obras até fevereiro de 2014. Se não cumprir o derradeiro prazo, só então terá o contrato suspenso.

É muita regalia, não é? Por muito, muito menos, muitos contratos de prestação de serviço foram rompidos. A Autopista, claro, diz que os dados sobre sua desastrosa (e por que não dizer criminosa?) atuação aqui no sul são “equivocados”. Brincadeira tem hora, é ou não é?

Interessante é a manifestação oficial da ANTT sobre o caso: “está acompanhando proativamente as execuções de todas as obras previstas para o presente ano”.  Será que ela sabe o significado da palavra “proativamente”? Acho que alguém deveria explicar a ela, ou dar um dicionário de presente, pois ela, como os políticos, é craque em distorcer o sentido das palavras.

O governo federal parece ter resolvido apertar o cerco com relação à concessionária – será? – instaurando processo administrativo ordinário para verificar a atuação dela. Se a empresa não cumprir todos os itens cobrados, constantes em contrato, o resultado pode ser o rompimento do contrato. O governo, através da ANTT, não é? Então tá bom.

Mas custa muito para romper o tal contrato, não? Acho, até, que o governo deveria é romper o “contrato” com a ANTT. Chega de passar a mão na cabeça de quem só arranca o dinheiro do cidadão que paga pedágio para ter uma rodovia mais segura e decente e não faz nada. Sabemos bem que nome se dá a isso.

Está na hora de dar um basta nesse estado de coisas. Por que o governo não faz um levantamento para saber para onde vai tanto dinheiro arrecadado diariamente nos postos de pedágio? E não esqueçamos que esse problema não se resume ao que está acontecendo no Sul do Brasil. Ele vem acontecendo em outras regiões também. A ANTT é a mesma em todo o país.