Por Luiz Carlos
Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
A propósito do artigo “As Bibliotecas prometidas”, sobre a
falta de bibliotecas em muitas escolas públicas e mais uma promessa do poder
público de resolver o problema, chamou-me a atenção o texto de Galeno Amorim, a
respeito do não zeramento do número de municípios brasileiros sem bibliotecas.
A minha ênfase foi sobre as bibliotecas escolares, mas uma cidade sem
biblioteca, por menor que seja, é uma situação inaceitável.
Galeno foi presidente da Fundação Biblioteca Nacional e, segundo
ele, quando deixou a casa, no ano passado, estavam sendo entregues os últimos
kits para montagem de biblioteca aos municípios que ainda não as tinham. O
principal vem agora: centenas de municípios que receberam os kits ainda não
tinham aberto as suas bibliotecas. A justificativa, conforme o texto: “para
muitos prefeitos manter uma biblioteca aberta dá um trabalhão danado, por menos
que façam. Sendo assim, justificam esses, melhor nem abrir...”
Dá pra acreditar? Dá trabalho promover
cultura e educação, não há verba, não há pessoal, não há espaço. Conheço essa
história de cor. Nosso grupo literário, que existe há quase 34 anos, nunca
conseguiu um espaço para reuniões e estudo, por todas as cidades onde teve sua
sede. Fazíamos o atendimento de escritores iniciantes que procuravam a Casa da
Cultura, em Joinville, por exemplo, a qual por sua vez, mandava as pessoas para
nós. Mesmo assim não conseguíamos espaço.
Então, não duvido da veracidade do fato. Mas o
mais grave é que para outras finalidades bem menos importantes, quase sempre,
há verba, como carnaval, como a farra da Fifa, em Florianópolis, que teve o “patrocinío”
do governo do Estado, etc., etc.
Mas tem mais no texto lido, igualmente
terrível: a notícia de que muitos municípios acabam fechando suas bibliotecas.
Sim, bibliotecas vêm sendo fechadas, sistematicamente. Por falta de leitores,
dizem. Sinal de que o descaso com a educação brasileira está dando frutos. Mas,
a bem da verdade, o motivo principal do fechamento de bibliotecas é que o poder
público acaba cortando os pagamentos de tudo o que é necessário para a
manutenção dos espaços, até que eles tenham que ser fechados, por não ter mais
condições de receber ninguém.
É lamentável que alguns de nossos prefeitos
deem tão pouca importância ao valor da educação de seus eleitores. E o pior é
que não são só os prefeitos.
As prefeituras, e os governos estaduais gastam com propaganda política e institucional, das mais variadas formas, sejam declaradas ou disfarçadas em eventos e obras. Estes recursos deveriam ser aplicados em capacitação e equipamentos educacionais. Já o que as crianças e jovens recebem fora da escola, é o mesmo que seus pais e avós vêm recebendo há décadas: desinformação e uma subcultura de aniquilação dos estímulos à aquisição de conhecimentos.
ResponderExcluirA família, última célula do cultivo de valores éticos e religiosos, onde a linguagem e os princípios morais podem ser vivenciados, está quase que por completo destruída pela relativização dos valores disseminada irresponsavelmente pela Publicidade. Esta, a serviço das grandes marcas, demoliu sem nada colocar no lugar.
Prezado Luiz Carlos, para enriquecer essa reflexão indico o texto do Galeno, sobre o tema: http://www.blogdogaleno.com.br/blog/2014/02/27/forca-fe-e-coragem
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